Setevidas escrita por tony


Capítulo 31
Então me diz: O que é o amor?




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Não me lembro de absolutamente nada. É apenas uma sensação estranha que me agoniza antes que eu possa abrir meus olhos. No fundo, eu não quero. Sinto que há algo errado, mas não sei o que é. O mais estranho é que por mais que eu tente, não consigo me lembrar de quem sou, onde estou e por que me sinto assim. Deve ser algum pressentimento, ou talvez coisa da minha cabeça que no momento dói muito. Abro meus olhos, hesitando, e vejo uma mulher de cabelos loiros sorrindo. — Éeer... Oi? — Digo assustado. A menina tem cabelos encaracolados e olhos tão claros quanto mel. Seus cabelos não são loiro castanho, loiro fraco, forte ou sei lá o que mais se pode chamar de loiro no planeta Terra. Seus cabelos são loiros amarelos. Um amarelo tão puro que eu nunca havia visto antes. Seu rosto é redondo e não há sinais de espinhas, manchas ou até mesmo sarnas nele. Ela aparenta ter vinte anos e seus lábios são totalmente rosa.

— Olá. — Ela diz com uma voz exageradamente serena. — Se sente melhor?

— Acho...Acho que sim. — Gaguejo. — Só estou com dores na cabeça.

— Faz sentido. — Ela verbaliza sorrindo.

— Ah?

— Quando eu o encontrei, você estava com um corte enorme na cabeça. O que foi que aconteceu?

Quando me perguntam “O que foi que aconteceu?” eu sempre penso nas coisas que eu fiz, antes, durante e depois do ocorrido. O que não faz muito sentido agora, pois eu não sei o que ocorreu e nem o que fiz antes de ocorrer. Apenas me lembro o que aconteceu depois, que foi o que essa menina mesmo disse, ela me resgatou com um sangramento na cabeça. — Eu... Eu... Não me lembro. — Digo.

— Pelas vestes... — Ela diz rapidamente. — ...Suponho que você seja um peregrino.

— O que tem de errado com as minhas roupas?

A menina gargalha. — Nada. São apenas diferentes dos trajes que se usam na nossa tribo.

— Tribo? — Digo e um milhão de pensamentos explodem na minha cabeça, fazendo que eu grite agonizado de dor.

— O...O que foi? — Ela diz assustada.

— Eu não sei... — Digo chorando. — Minha cabeça dói muito.

Continuo me debatendo e minha cabeça começa a doer ainda mais. A menina apenas observa a minha agonia e sem saber o que fazer coloca as mãos na minha testa.

— Ao sétimo raio da Transmutação da água, pelo símbolo da serpente, eu ordeno que me ajude a transmutar todas as auras negativas que o peregrino causou nesta vida. — A menina verbaliza enquanto suas mãos massageiam minha testa. — Om Namah Shivaya.

E após ouvir estas palavras... Desmaio.

Acordo um pouco tonto e cambaleio ao me levantar da cama. Ainda não me recordo de nada, a não ser da menina e de seus poderes de cura. Eu ainda estou em sua casa. É pequena e simples, porém muito bonita. Olho pela janela do quarto e vejo um vasto jardim com suas cores claras. No jardim da frente há espaço para até 4 carros, entretanto, não vejo nenhum automóvel passar pela rua, apenas crianças correndo de um lado para o outro. O que é estranho, pois nesse horário, já deveriam estar na escola.

— Olá pequeno sonolento. — A menina fala entrando com uma bandeja de comida.

— Oi. — Digo um pouco envergonhado pela cena de hoje mais cedo.

— Como se sente?

— Melhor. — Respondo. — Muito obrigado.

— Nada. — Ela retruca sorrindo. — Qual é o seu nome?!

Fito a menina por alguns instantes. Ela se assusta e diz: Oh Sinto muito, que falta de educação é a minha. — Anuncia fazendo uma careta. — Meu nome é Neophina.

A loira coloca a bandeja sobre a mesa e me oferece a mão para que eu possa cumprimenta-la e assim faço.

— Prazer. — Digo.

— Você é o...?

— Eu não me lembro.

— Ah? — Ela diz em tom incrédulo. Sua expressão também afirma isso.

— Eu não me lembro de nada. Absolutamente nada do que aconteceu antes de chegar aqui. — Digo aflito. — Antes de machucar minha cabeça.

Começo a chorar e Neophina me abraça no mesmo instante. — Ta tudo bem, não precisa ficar assim. Você deve ter perdido a memória, mas logo logo irá recuperá-la. Tenho certeza.

— Obrigado.

— Posso te chamar de Edgar até lá? — Ela pergunta contendo o riso.

— Que nome esquisito. — Digo sorrindo.

— Eu sei, só estava brincando. — A garota verbaliza.

Ela sorri.

Observo atentamente sua expressão até que ouço um terrível barulho que estremece toda a casa.

— O que foi isso?! — Grito assustado.

— Estão nos bombardeando. — A menina diz surpresa. — Preciso pegar as crianças. — Ela grita saindo do quarto.

Corro atrás dela e ao sair vejo as únicas crianças que estão no jardim correrem desesperadas com medo e pavor. Mas que raios de lugar eu estou? E por que no meio de uma Guerra?

— Garry, Nanda, Alga, Shina, Osty. — A loira grita assim que pisa no gramado do jardim.

Todas as crianças correm chorando em sua direção.

— Olha! — Digo apontando para um míssil vindo em nossa direção.

Neophina fica assustada e abraça as crianças achando que poderá protege-los sendo um escudo humano. Uma mulher corre aos gritos da casa de Neo, o que me faz achar que deve ser a sua mãe que no momento está desesperada.

Sem ao menos pensar no que estou fazendo, coloco as mãos no bolso procurando algo que não sei o que é. Algo que sei que pode parar o míssil.

Fico estático ao retirar duas cartas do bolso. Cada um com uma ilustração diferente.

Uma delas brilha. Será que foi isso mesmo que eu vi ou estou ficando doido?! Acho que não. Se estou na mira de um míssil eu não posso estar ficando doido.

— A torre. — Leio a carta em voz alta tentando associar em que isso poderia me ajudar a deter aquilo. Até que algo inacreditável acontece. Uma enorme barreira se forma ao redor da casa e o míssel explode assim que entra em contato com ela. A explosão é tão grande que a fumaça negra ainda paira por todo o lado a fora do escudo. Neo ainda está assustada com as crianças nos braços. A carta salpica em minha mão brilhando constantemente até que aos poucos a barreira vai sumindo e a fumaça se espalhando por dentro dela.

— Entrem. — Digo antes que o jardim seja domado pela poeira.

Todos correm novamente para dentro da casa. Neo fecha as portas e janelas. As crianças ainda estão tremendo e a velha senhora que supus ser a mãe de Neophina está andando em nossa direção.

Ela ergue as mãos e desfere um forte tapa na cara da loira. Ouço o barulho do estalo, que me faz arrepiar no mesmo instante.

— Por sua culpa... — A mulher verbaliza. Ela puxa a menina pelos cabelos e a coloca de frente para a janela transparente. — Isso tudo é por sua culpa.

Engulo em seco.

— SE VOCÊ NÃO FOSSE UMA SALIENTE, ISSO NÃO TERIA ACONTECIDO COM A NOSSA TRIBO.

As crianças começam a chorar cheias de medo.

A mulher continua agredindo Neophina.

Tapa após tapa. Soco após soco. Gritos e choros e eu não consegui fazer nada. Apenas abaixar a cabeça e esperar enquanto a mulher agride a menina.

A loira não faz nada a não ser chorar e a mulher não faz nada, além de agredir.

Minhas mãos se fecham e na hora que a mulher levanta as mãos novamente, eu me ponho na frente de Neophina que está atirada sem forças no chão.

A mulher me observa de cima à baixo.

— Quem você pensa que é seu bruxo dos infernos?! — Ela diz despejando seu ódio em mim.

— Eu sou Nathanael, o anteposto e caçador das doze cartas de Shat. O escolhido através da profecia para resgatar a paz e unir todas as tribos que existem.  — Digo.

A mulher recua.

— Impossível. — Ela diz.

Sorri. — Peço para que nos deixe à sós.

— Como ousa dizer isso na minha própria casa?

— SAIA! — Berro.

A senhora dá de ombros sem ao menos olhar para trás, eu me agacho ao lado de Neophina.

— Sinto muito. — Ela diz.

— Eu é que sinto... Por demorar a reagir.

A garota me abraça e começa a chorar.

Assim como ela fez quando eu acordei chorando por não me lembrar de quem era, retribuo o abraço segurando a menina em meus braços. Tudo que se planta, colhe... E tenho certeza, que Neophina não plantou sementes ruins... Não ao ponto de merecer tamanho castigo.

Ela se afasta e diz: — Você já se lembra de quem é?

— Não completamente. — Digo fitando seu rosto inchado devido às socos. — Mas sei que não estou aqui sozinho, tenho que encontrar meus amigos.

— Eu quero ir com você.

Observo a garota e depois viro minha atenção para as crianças no fundo da sala. Assustadas e encolhidas.

— Por que ela... — Temo que não seja a melhor hora para fazer essa pergunta, então hesito.

— Ela teve motivos para me bater. — Neophina responde.

— Nenhum motivo justifica o que ela fez. — Retruco.

— Ela tinha razão quando disse que eu era a culpada.

— O que está acontecendo?!

— Nossa tribo está sendo castigada por eu ter me relacionado às escondidas com o príncipe de outra tribo. Bombardeio atrás de bombardeios... Estamos em uma guerra por causa dos meus caprichos. Por que eu fui idiota o suficiente para acreditar no amor.

— Eu... Sinto muito. — Digo.

— Nem tanto quanto eu. — A garota responde me fazendo ficar em silêncio. Estou no meio de uma guerra e não sei ao menos o que fazer para voltar pra casa.


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Notas finais do capítulo

Oiii pessoal.
Me perdoe pelo desaparecimento repentino, é que tive que terminar uma fanfic, postar uma nova, resolver os probleminhas de "final de ano" e outras tretas.
Mas aqui está o novo capítulo e espero que vocês gostem.
Bjos mil e até breve ;)
Não deixem de comentar o que acharam :3



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