Setevidas escrita por tony


Capítulo 28
Eu canto, tu tocas e as estrelas dançam


Notas iniciais do capítulo

...Ela celebrava uma coisa, e sinto que essa coisa... É a vida!



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Acordo com a cabeça latejando. Minha cabeça está doendo tanto que chega a me dar tontura. Abro meus olhos lentamente e percebo que estou no meu quarto. É! Meu quarto. O relógio na mesinha ao lado mostra 8h50min. Ainda estou confuso sobre a noite passada e não entendo muito bem o que aconteceu.

Levanto com dificuldade da cama e percebo que ainda estou com a calça e blusa preta que usei ontem à noite para ir ao parque. Abro o armário e retiro uma blusa qualquer e um short que nem me dei o trabalho de conferir qual é.

Ainda estou com sono, entretanto saio do meu quarto descendo as escadas seguindo em direção à cozinha.

— Bom dia, mãe. — Digo ao vê-la sentada a mesa.

— Bom dia dorminhoco. — Ela diz.

— Bom dia, pirralho. — Denner verbaliza saindo do banheiro e me dando um soco no braço. Ele vai de encontro à cozinha.

— Dormiram bem?

— Melhor impossível. — Diz Denner com uma baita olheira nos olhos.

Será que ele acha que eu não sei que ele continua saindo à noite escondido?

— Eu ainda estou com sono. — Reclamo me assentando ao lado dela.

— Ainda? — Minha mãe diz assustada. — Ontem a noite, o amigo do Denner teve que te trazer no colo de tão cansado você tava. — Começo a corar. — O coitado que te colocou na cama quando chegou. O rapaz é tão educado que pediu desculpas por ter chegado tão tarde.

— Coisa que você não é né Nathan? EDUCADO! — Denner diz.

Chuto o pé dele por debaixo da mesa. Ele abafa o grito de dor.

— Ele te deixou isso. — Minha mãe fala colocando uma carta em cima da mesa. — Disse que era seu prêmio por ter acertado a boca do palhaço três vezes seguido.

Pego a carta e olho com atenção.

Então eu consegui captura-la ontem?!

Na imagem: Há dois homens que caem de uma torre atingida por um raio. Um raio com várias cores que decapita o edifício. A torre parece estar localizada num terreno montanhoso, há também na torre três janelas azuis; a maior delas parece estar num andar mais alto que as outras. Não aparece a porta de entrada. Ou melhor, a torre não tem uma entrada. Um dos homens está caindo na frente da torre; o outro, mais atrás, vê-se apenas a parte superior do corpo. Os dois estão de perfil.

Em baixo da imagem há uma fita bem desenhada que dentro dela está escrito “A torre”.

— Pra ter ganhado uma carta... — Minha mãe diz retirando minha atenção. —... Acho que você não acertou a boca do palhaço direito.

— Você é que pensa mãe. — Digo terminando de comer e fui correndo pegar minha mochila.

Tomo um banho, escovo os dentes e desço as escadas correndo com a minha mochila nas costas. A dor de cabeça está passando.

— Mãe, estou indo na casa do Lupin, ta? — Grito da sala.

— Ok. Mas volte antes do jantar.

— Ta. — Respondo.

Ando pela calçada com meus fones de ouvido novos. Pego Clarinha em sua casa e aviso à tia Ruth que estamos indo na casa de um amigo no final da rua, e que voltaríamos antes do jantar. Espero Clara se arrumar e logo partimos para casa de Lucas.

Clara me lança um olhar observador, como se esperasse encontrar alguma coisa anormal em mim, como por exemplo uma mancha ou um...ferimento.

— Fique tranquila Clara. — Digo andando ao seu lado. — Não me machuquei ontem à noite.

Ela fica aliviada e sorri.

Toco a campainha da casa. Lupin abre a porta, o menino pede pra eu me abaixar e eu me inclino para ele cochichar no meu ouvido.

— Se prepara, porque você vai ouvir... E muito. — Ele sussurra.

Respiro fundo e entro na casa.

— Lucas? — Grito.

Ele sai da cozinha e anda com um jeito furioso em minha direção. — QUAL É O SEU PROBLEMA? — Ele berra. — USAR TODAS AS CARTAS PARA CAPTURAR UMA? UNIR DUAS CARTAS CONJUGANDO UMA MAGIA PROIBIDA E AINDA POR CIMA USA TODOS OS SEUS LIMITES NA MAGIA. — Ele diz olhando pros meus olhos e quando eu abro a boca para responder ele continua. — ISSO FOI UMA ATITUDE, INFANTIL, IMPRUDENTE E VOCÊ NÃO TEVE RESPONSABILIDADE COMO ANTEP...

— Bom dia pra você também. — Digo serenamente debochado.

— VIU?! É DISSO QUE EU ESTOU FALANDO!

— VOCÊ HAVIA SIDO TRANSFORMADO EM UM ESQUELETO O QUE QUERIA QUE EU FISSESSE? — O interrompo gritando.

Lupin coça a nuca.

— AQUILO FOI UMA BRINCADEIRA, SERÁ QUE VOCÊ NÃO CONSEGUIU PERCEBER?

— BRINCADEIRA? V...VOCÊ ESTAVA ME ASSUSTANDO E ACHA QUE AQUILO FOI... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGGGGGGGGGGGHHHHHH! — Urro pulando em cima do garoto desferindo tapas em seu corpo. — SEU IMBECIL.

Clara dá um pontapé em Lupin.

— Hey. — O garoto diz. — Eu não sabia que era brincadeira até que...

A garota prefere não ouvir o restante e sai andando para a cozinha dando as costas pro garoto.

Lupin vai atrás dela.

— SUA CRIANÇA. — Lucas retruca.

— SEU ARROGANTE.

— SEU...

— CALA BOCA. — Digo dando um tapa na sua cara. As marcas dos meus dedos ficaram na sua cara. Ele está estático enquanto minha mão ainda paira no ar. — Primeiro aquela brincadeira com o conselho e agora isso! Você acha que eu gosto dessas brincadeiras e que EU NÃO ME IMPORTO COM VOCÊ? — Grito.

Ele permanece estático.

— Foi o que eu pensei. — Digo me levantando de cima dele. — CLARA?! — Berro. A garota vem atrás de mim. — Vamos, acho que não temos mais o que fazer nessa casa.

Abro a porta e saio com a garota ao meu lado. Não faço questão de fechá-la, apenas quero sair dali e chorar, mas não me atrevo à fazer isso ao lado da minha prima. Devo demonstrar ser forte.

Andamos por alguns minutos até Clara perceber que estávamos sem rumo. A menina me cutuca.

— Que?

A menina aponta pra uma feirinha onde várias pessoas estão mutuadas comprando nas barracas.

— Você quer ir lá? — Pergunto. A garota assente com a cabeça.

Sem pensar duas vezes, caminhamos em direção à feirinha e ao chegarmos percebemos que na verdade era um tipo de doação. As pessoas pegam o que querem e por isso está essa confusão.

Clarinha se afasta de mim por alguns instantes e pega uma caixinha dentro de uma caixa maior. Ela abre e uma bailarina começa a girar com seu vestido azul claro com uma sinfonia estranha no fundo. Sinto um arrepio estranho, mas Clara fecha a caixa e coloca de volta no lugar.

— Você não quer? — Uma menina diz. E antes que Clara pudesse responder “Não”, retiro a caixinha novamente e digo. — Sim, ela só é um pouco tímida.

A menina vira pra Clara e diz: — Aqui, você pode pegar o que quiser.

Clara sorri meio sem jeito e depois de passearmos um pouco, levo a menina de volta pra casa.

— Você não se importa se eu ficar com a caixa, né? — Pergunto.

A menina sorri balançando a cabeça enquanto segura todas as bonecas de pano que pegou da doação.

— Obrigado. — Digo.

Abraço a pequena e ela entra em casa.

Volto pro meu lar sem ao menos falar com ninguém. Vou direto para o quarto e tranco a porta me deixando sozinho. Finalmente começo a chorar. Libero toda mágoa que estava segurando na frente de Clara. Lucas é um verdadeiro idiota.

Choro.

Choro. Deito na cama.

Choro. E por fim adormeço segurando a caixinha da bailarina na mão.

Ao acordar, olho para o relógio que marca 23h12min.

Levanto e me sento na cama encostando a cabeça na parede. Olho ao redor e abro a caixinha fazendo a bailarina girar. Quando a música começa a tocar bolha de luzes começam a flutuar iluminando meu quarto escuro.

— Mas o que...

As bolhas começam a dançar em uma sintonia única e se juntam formando uma mulher luminosa. Seu vestido é azul claro e seu corpo brilha tanto que é como se eu estivesse olhando para o sol. A musiquinha continua e a mulher também continua a dançar me encantando com a sua dança. Ao mesmo tempo em que me acalma me proporciona certo medo.

A paz interior não dura pra sempre.

Ela salta e levanta seus pés lá em cima. Fico incrédulo com sua dança e o modo como ela balança até que ela gira e a musica começa a dar entonação de fim. Mas algo me diz que a música não pode terminar. Algo dentro de mim me diz que ainda não é a hora dos aplausos.

Levanto da cama sussurrando: Halo!

E ao me transformar a mulher pega em minhas mãos me contagiando com a sua dança fazendo meu corpo involuntariamente brilhar e dançar ao seu lado.

Suas mãos são macias e quentes. Não muito, mas o suficiente para aquecer um coração gelado, igual ao coração de Lucas.

A garota sorri e balança a cabeça. Ela é gentil e sabe o que eu devo fazer. Ela também sabe que a música não pode acabar. Ela também sabe que não vale à pena lutar. Ela sabe que não vale a pena. Ela só quer dançar e sem ao menos um motivo.

Ela é feliz e não se importa com isso.

Quando à música se encontra nos três últimos toques, abro a minha boca hesitando falar as palavras, mas novamente a mulher concorda com a cabeça.

— A sete chaves eu selo sua aura! — Sussurro. As luzes aos poucos vão sendo sugada para minhas mãos e depois de emergir um enorme brilho a caixa se fecha e uma carta se forma. Levanto minhas mãos para ver melhor, na carta há uma imagem de uma mulher ajoelhada de frente para uma caixa aberta de onde flutua uma estrela brilhante que parece ter saído da caixa. Na imagem há também inúmeras libélulas negras saindo da caixa, mas a estrela é o que mais chama atenção, tanto que a mulher olha atentamente para ela. Na fita, está escrito: A estrela.

Essa foi a carta mais fácil de domar e a mais difícil de capturar.

Mal tive tempo de perguntar o motivo de seu sorriso. Mas tenho certeza que ela celebrava uma coisa, e sinto que essa coisa... É a vida!


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Notas finais do capítulo

Oiiiiiiiie pessoal :3
Sei que estou sumido, mas voltei com esse combo (2 capítulos) de SETEVIDAS.
Como vocês sabem, essa será um fic longa (até porque né ¬¬ Nash só capturou 5 cartas até agora, está meio que óbvio que ainda vai demorar um pouquinho), mas mesmo assim ainda há muitaaaaas aventuras novas, muitaaaaas tribos para visitar e principalmente muitas confusões dos nossos casais preferidos NASH + LUCAS / LUPIN + CLARA / NATÁLIA + (Ops, Spoiler... Aconselho à ler rapidinho o próximo capítulo se quiser saber quem é Natália rsrssrsrs’) Enfim, espero que tenham gostado desse capítulo. A carta “A estrela” é uma das minhas preferidas, não por ser fofa, mas também por ser pacífica. Caso não tenham percebido, a carta faz uma pequena lembrança a caixa de pandora, onde todos os males são as “libélulas negras”, a esperança é “a estrela” e pandora é a “mulher luminosa”. Espero que tenham gostado da comparação :3
Pra quem não conhece, ou não se lembra da história de pandora vou dar um resuminho:
...
...
o mito da caixa de Pandora se passa na Grécia antiga e gira em torno da história dos irmãos Prometeu e Epimeteu, deuses encarregados de criar o ser humano e animais que povoariam a Terra.
Epimeteu se encarregou de criar as características dos seres, porém, criando antes os animais, encontrou-se sem recursos suficientes para criar o homem, que deveria ser superior a todos. Assim, recorreu a seu irmão, que subiu ao céu e roubou o segredo do fogo, o que deu ao homem a superioridade necessária para sua criação.

Zeus sentiu-se afrontado pelo Titã Prometeu, com isso resolveu puni-lo, criando Pandora, mulher que recebeu vários atributos dos deuses, como persuasão e a beleza, assim como um coração traiçoeiro e mentiroso. Ele ofereceu a mulher a Prometeu, que desconfiado negou o “presente”, sendo assim a ofereceu a Epimeteu, que apesar das recomendações do irmão aceitou a mulher e acabou se casando com ela.
A partir dessa história surgiu o mito dos males da sociedade. Sendo a caixa de Prometeu, Epimeteu ou de Pandora, como dizem as várias versões existentes, uma das similaridades das historias é que Pandora abriu a caixa, espalhando os males para a sociedade na versão em que a caixa era maligna ou deixando escapar os bens oferecidos à humanidade, restando apenas a esperança na versão em que a caixa seria benigna.
Umas das versões mais conhecidas é que a caixa seria de Prometeu que antes de ser punido por Zeus deu a caixa a seu irmão, que teria que cuidar dela e protegê-la de curiosos. Ele não soube cumprir sua missão, foi seduzido por Pandora, que abriu a caixa liberando os males ao mundo, sobrando apenas o mal “o fim da esperança”. Ou seja, Hesíodo criou a história para justificar o estado em que se encontra a humanidade.
Encontro vocês nos próximos capítulos meus pimpolhos do coração.
Bjos mil



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