Contos Fragmentados escrita por Maria Antônia Freitas


Capítulo 4
O garoto magricela. - II parte.


Notas iniciais do capítulo

Bom, dando continuidade e encerramento ao conto "O garoto magricela", aqui está, mais um capítulo.
Boa leitura.

(Math, pegue seus lenços de papel.)



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[...]

No dia seguinte, Maria combinou de se encontrar com o garoto no metrô perto de sua casa.
Às 12h20, Maria ainda estava em casa, procurando incessantemente seu colar de contas e um grande símbolo para a amizade dos jovens: uma nota de R$2,00 rasgada ao meio. Ninguém nunca entendera o motivo de uma simples nota rasgada ser tão importante para os dois, mas como o velho ditado diz: “pequenas coisas se tornam grandes lembranças.”
Finalmente a garota estava pronta para encontrar seu amigo, apressou-se para sair de casa e seguiu até o metrô o mais rápido que pôde, mas por um descuido, ela tropeçou em seu cadarço e seus joelhos se ralaram na calçada quente.
“Ótimo, agora o Matheus me deve alguns band-aids.” Murmurou para si mesma, tentando apaziguar a situação constrangedora.

Na entrada da estação, estava o garoto encostado na parede, vestido com seu boné preto para trás, flertando o grande relógio que se encontrava em teu fino pulso direito.
“Olha olha, a noiva finalmente chegou!” Caçoou o garoto.
“Sem piadinhas, fiquei presa em casa procurando uma coisinha que trouxe para você.” Respondeu a garota indo aos abraços de seu amigo.
Por fim, ela lhe entregou o colar e a nota rasgada. Ambos riram ao se lembrar da situação em que aquela nota havia os colocado, e por hora, a garota pareceu estar chorando, mas continuou rindo junto com o menino.
Para surpresa da garota, Matheus lhe estendeu um pedaço de papel, e pediu para que ela lesse apenas quando ele estivesse bem longe. Ela resolveu não questionar. Reparou que estava atrasada para a escola, despediu-se com um longo abraço, e seguiu até o ponto de ônibus.
O ônibus não tardou a chegar, e a garota se acomodou no último assento, selecionou a música “What Could Have Been Love”, e começou a ler o poema que se estendia no pequeno pedaço de papel.

“Pequena –grande-amiga,
Lamento ter que assim partir.
Jurei que essa hora tardaria a chegar.
Mas um grande tolo fui,
Recusando-me a acreditar,
Que eu não iria lhe deixar.

Sei que ainda será forte,
Da forma mais fria,
Como sempre foi.
Sei que ainda irá amar,
Do jeito menos doce,
Como sempre amou.
Sei que ainda se preocupará comigo,
Da forma mais irritante,
Como sempre se preocupou.

Isto poderia ser um adeus,
Ou poderia se encerrar com um.
Mas não é o fim.
Nossa amizade não irá terminar assim.

Então, pequena-grande-amiga,
Encerro este poema,
Assim como encerra-se nossa música:
'And I want you in my life
And I need you in my life'


Com um pouco de amor,
Matheus.”


Uma pequena lágrima escorreu pela bochecha da garota, e assim se iniciou um grande dilúvio em seu pequeno rosto.
O vazio preencheu um espaço no seu coração. As lembranças a perturbaram em seu subconsciente. E sua mente a levou para o dia em que o conheceu.

“Tarde de julho, um sol laranja, se pondo ao fundo das árvores do grande Parque do Ibirapuera.
A garota estava em uma roda de amigos, enquanto o grande Thalles tocava algumas músicas que os jovens pediam.
Ao final de uma música, a qual a garota não conhecia, ela resolveu pedir a sua música favorita “You” de
The Pretty Reckless, e foi quando o garoto magricela que vendia canecas se destacou no lado esquerdo da roda,e disse: “Boa escolha, é minha música favorita também.”
E ao decorrer da voz meiga de Thalles,o garoto se voltou para a pequena figura e disse: “Ei, você quer comprar canecas personalizadas?“. A garota riu, recusou a oferta, e voltou-se para a nova música que havia sido escolhida. Entretanto, o garoto persistiu, e iniciou uma conversa com a garota, e assim, se foi aquela esplendorosa tarde de 14 de Julho.”


Por fim, ela desceu no ponto em frente à escola, e seguiu o dia deixando de lado o acontecimento anterior.
Assim foram os dias daquela semana. E os daquele mês. Como também foram os dias daquele ano. Exceto pelo dia 14 de cada mês, vulgo data de quando ambos se conheceram, único dia em que a garota tornava a se recordar de tudo o que viveu e aprendeu com aquele garoto magricela, o qual não poderia mais abraçá-la em seus piores dias, o qual não iria mais fazê-la sorrir quando ela fosse aos próximos encontros no Ibirapuera, o qual não iria fazê-la ficar emputecida por falar muito, e o qual deixou um vazio cheio de saudades no seu pequeno coração.


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Notas finais do capítulo

"mi mi mi"



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