Cap. 1 – Aulas Novamente... Tédio!

Era noite, a chuva batia com força em minha janela. O som me acalmava, me inspirava, relaxava minha alma. Sempre adorei a chuva. Desde que meus pais se separaram, poucas coisas me traziam alegria. A chuva era uma delas. A água caia, formava um som, um tom, cada gota diferente da outra. Essa era minha natureza.

Estava deitada em minha cama, de roupa de dormir. Meus fones de ouvido pendiam mudos, meus olhos fechados, a boca entreaberta. A manhã cedo seria meu primeiro dia de aula.

Estava ouvindo Taylor Swift no meu novo Ipod Touch. Uma das únicas coisas boas de ter pais separados é que no aniversário eu ganho dois presentes. Moro com meu pai e como ele passa dias me vendo ouvindo música e já viu minhas amigas com um Ipod, ele concluiu que devia me dar um. Minha mãe me deu uma câmera digital, ela sempre disse que eu era fotogênica.

Estava com saudades de minhas amigas, Bruna e Michelle me ajudaram muito na época da separação de meus pais, elas eram minhas melhores amigas. Bruna era loira, cabelos longos e lisos, olhos acaju. Sua pele era avermelhada, um rosto doce, em forma de coração. Conheci Bruh quando ainda éramos muito pequenas, estávamos no jardim de infância. Ao longo do tempo, minha grande amiga foi se tornando uma mulher muito bonita, uma das mais desejadas da escola. Ela e Pedro não escondiam de ninguém seu relacionamento amoroso. Era bastante físico, mas eu sabia que Bruna realmente gostava dele. Já Michelle era quase o oposto de Bruna. Ela tinha cabelos escuros, marrons e cacheados. Sua pele era muito branca, embora ela gostasse muito de sol. Os olhos eram de um azul quase translúcido, um rosto de princesa. Ela era tão emocional, tão tímida, o completo oposto de Bruna. Michelle tinha certa queda por Lucas, um garoto mais alto e loiro de nossa aula de Educação Física. Quanto a minha vida amorosa, não ia muito bem.

Na verdade, quase nada na minha vida ia bem. Meus pais estão separados, mamãe esta namorando um garoto mais novo que ela. Eu tenho um irmãozinho mais novo, o Daniel. Ele tem dez anos e não para de chorar. Meu pai passa os dias em seu escritório, não tem tempo para nós. Sou completamente louca por um garoto, Rafael Albuquerque. Ele é lindo, tem cabelos encaracolados, pretos e macios. A pele caramelo, os olhos profundos, que lavam a alma. Ele combinava perfeitamente com meu padrão “chuva”. Ele, assim como minhas amigas, assim como a chuva, me trazia felicidade.

Adormeci com aqueles pensamentos.

*****

 Acordei com o irritante som de meu pai me chamando:

- Carol! Vamos, acorda! Hoje é seu primeiro dia de aula no 1º ano, não vai querer chegar atrasada, vai?

 Ele me chamava incessantemente. Estava com sono, queria dormir. Mas definitivamente não podia.

-Tá bom pai! Já acordei! Pode parar de gritar no meu ouvido!
Levantei com a maior cara de sono e fui pro banheiro escovar meus dentes, quando terminei fui tomar meu café da manhã. Posso dizer que apesar de ter cara séria e trabalhar quase o dia todo como advogado, meu pai cozinhava muito bem. Ele tinha feito para o café da manhã suco de laranja, panquecas e sanduíches. Comi tudo bem rápido e subi para o meu quarto no segundo andar.

Arrumei-me apressada, uma nova rotina se estabelecendo. O coro dos pássaros fora de minha janela anunciava um novo dia. Sinceramente, esperei que esse dia fosse melhor que as últimas semanas. Um fraco raio de sol entrava pela minha janela, fortalecendo-se ao passar dos minutos. O relógio soou sete horas, enfiei meu celular em um bolso e o dinheiro do lanche em outro. Eu, meu pai e Daniel saímos para rua, em direção ao novo carro de meu pai, um Fiat bravo 2009, cor de vinho.