Sombras do Passado escrita por BastetAzazis


Capítulo 22
Ataque no Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

Agora que Isabelle voltou à Inglaterra, Severo pode continuar seus planos, e Lord Voldemort continua seu reinado de terror.



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Sombras do Passado

Sombras do Passado

escrito por BastetAzazis

DISCLAIMER: Os personagens, lugares e muitos dos fatos desta história pertencem à J. K. Rowling. Abaixo estão apenas especulações do que pode ter acontecido com alguns de nossos personagens favoritos!

BETA-READERS: Ferporcel e Suviana – muito, muito, muitíssimo obrigada!

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Capítulo 22: Ataque no Beco Diagonal

Quando Isabelle abriu os olhos, sentiu-se um pouco perdida e teve que recordar em sua mente os acontecimentos da noite passada para entender onde estava. Já se acostumara a essa sensação de acordar num lugar diferente a cada dia; os quase dois anos que passara viajando fizeram-na esquecer-se do seu quarto na antiga casa dos pais. Entretanto, nesta manhã, ela sentia-se diferente. Ela não acordara sozinha num quarto de hotel em algum lugar exótico que suas viagens a levaram. E, além disso, havia mais alguém ao seu lado.

Ainda deitada, Isabelle lembrou-se como as coisas aconteceram rápido no dia anterior. Logo pela manhã, ela recebeu uma coruja do irmão que, entre outras notícias, contava-lhe sobre a morte do Sr. Prince há algumas semanas. Assim que leu aquelas linhas, Isabelle procurou a embaixada bruxa da Inglaterra, exigindo permissão para usar a rede Flu imediatamente. Ela estava angustiada pensando em Severo; com a morte do avô, ele não tinha mais nenhuma família. Mas por que ele não havia lhe dito nada em suas cartas? Ela sabia o quanto Severo podia esconder seus sentimentos, e sabia que ele não buscaria outra pessoa para se consolar além dela. Isto é, se ele ainda sentia o mesmo por ela depois de todo o tempo que ficaram afastados. Aquela notícia fora tudo que precisou para tomar a decisão de voltar. A promessa que fizera para a mãe já estava praticamente cumprida, ela poderia concluir as pesquisas que estivera fazendo todo esse tempo na Inglaterra mesmo, e Severo precisava dela. Ela tomara a decisão de começar o ano novo em casa, e nenhum funcionário do Departamento de Transportes Mágicos a impediria. Foi necessário muita paciência e o uso da influência da Família Malfoy no Ministério para que toda a documentação com a permissão para a viagem de última hora ficasse pronta no início da tarde e Isabelle pudesse retornar para casa. Entretanto, foi só quando pisou na sala de estar da Mansão Malfoy que ela se lembrou da diferença de horário entre a América do Sul e a Europa. Encontrou Narcisa e Dobby correndo de um lado para o outro da casa, terminando os últimos preparativos para a festa de Ano Novo, e foi recebida pelo irmão em vestes de gala. Ela teria recusado comparecer a festa não fosse a notícia de que Severo também estaria lá. Procurou por ele o tempo todo e já estava quase desistindo quando o viu sozinho, afastado dos outros convidados. Ela sentiu um frio na barriga quando o viu parado de costas. O que dizer a ele? Será que eles ainda ficariam juntos depois do tempo que ela estivera longe? Será que ele realmente havia esperado por ela como dizia em suas cartas, ou havia deixado mais coisas de fora, como fizera com a morte do avô? Mas foi só encarar aqueles profundos olhos pretos, acompanhados do sorriso ao vê-la, que ela teve a certeza que ele ainda sentia o mesmo por ela. E o desenrolar da noite não poderia ter sido diferente, eles tinham quase dois anos para recuperar...

Sentando-se na cama, Isabelle passou a observar o homem em que Severo se transformara e que ainda dormia ao seu lado. Era difícil olhar para ele e não ver o garoto misterioso que chamara sua atenção assim que se sentara à mesa da Sonserina. Agora ela sabia que o amara desde aquele dia, quando o viu pela primeira vez. Um garoto magro, de cabelos e olhos negros, brilhantes, e que não parecia se importar com suas provocações. Ela sorriu ao se lembrar como ele era o único garoto da escola que conseguia irritá-la, e de como ela era a única que o irritava facilmente sem levar uma azaração como resposta. Fisicamente ele não havia mudado tanto, os mesmos olhos que pareciam sugá-la para a escuridão e a fazia esquecer o nariz de gancho e os cabelos escorridos e compridos. O corpo continuava magro e a pele mais clara que o normal, como se ele passasse mais tempo fechado num laboratório de poções que à luz do sol (e ela sabia que isso era bem provável). Mas havia uma coisa que a perturbava: desenhada no antebraço esquerdo estendido sobre a cama, a Marca Negra ocupava toda a atenção dela. Ele havia lhe contado em cartas que já fazia parte do círculo mais íntimo do Lorde das Trevas, mas mesmo assim, ela estremeceu ao ver o símbolo que assombrava a mente de todos os bruxos na Inglaterra, e que também já encontrara em outros lugares do mundo, no braço dele. Esticou a mão para tentar tocá-lo, como se o desenho houvesse dominado seus pensamentos e a impelisse a alcançá-lo. Mas então, o braço se moveu, e ela sentiu ser abraçada e ouviu a voz de Severo sussurrando ao seu ouvido:

– Bom dia.

Ela virou-se para olhar para o rosto de Severo e sorriu.

– Bom dia – respondeu com um beijo leve nos lábios dele.

– Pensei que esse dia jamais chegaria – ele começou, acariciando o rosto dela levemente com os dedos. – Cheguei a achar que você jamais voltaria.

– Demorei um pouco mais do que imaginava – ela respondeu –, mas estou aqui. E não pretendo deixá-lo de novo. Nunca mais.

Severo sorriu. Isabelle devolveu-lhe o sorriso, e os dois se abraçaram por um momento que lhes pareceu uma eternidade. Eles não queriam se soltar, como se fosse impossível suportar a separação dos seus corpos. Quando finalmente sentiram-se seguros para soltarem-se, percebendo que eram donos de suas próprias vidas agora e que ninguém poderia afastá-los novamente, Isabelle levantou, procurando as vestes da noite passada pelo chão. Quando já estava vestida, voltou a sentar-se na cama e beijou Severo nos lábios mais uma vez.

– Eu tenho que ir. Não quero passar meu primeiro dia em casa dando explicações de onde passei a noite – ela disse com um muxoxo.

Ela fez menção de se levantar, mas Severo a impediu segurando-a pelo braço. A idéia dela deixando-o mais uma vez, mesmo que por algumas horas, o fez sentir um aperto no coração. Uma sensação de perda que ele sabia que jamais se acostumaria. Respirando fundo, tomou coragem para lhe fazer a pergunta que tanto se preparara quando imaginava a volta de Isabelle:

– Belle, quer casar comigo?

Isabelle sentou-se novamente, surpresa com a pergunta, e não conseguiu reprimir o sorriso largo que se formou em seus lábios.

– Casar? – ela perguntou com os olhos arregalados de espanto. – Mas nós... Eu...

– Eu sei que parece precipitado – ele apressou-se em explicar –, mas venho pensando nisso desde que você partiu. Eu amo você, Isabelle, e não quero mais ter que encontrá-la escondido, com medo de sermos descobertos, ou tê-la apenas através de cartas. Eu quero você integralmente, sem ter que vê-la partir todas as manhãs...

– Eu amo você também, Severo, mas casar? – Isabelle mordeu os lábios, ainda em choque com as palavras de Severo. Depois, acostumando-se com a idéia, ela continuou com um sorriso malicioso: – Você já pensou que vai ter que enfrentar o meu irmão?

Era apenas uma brincadeira, mas Severo pareceu ter tomado suas palavras a sério:

– Não se preocupe com isso. Diga que aceita casar comigo, e eu farei qualquer coisa para ficarmos juntos.

– Qualquer coisa? – ela repetiu, fechando o sorriso e estreitando o olhar.

– É só você dizer que sim – ele reafirmou, um leve tom sombrio na sua voz.

A mudança de tom de Severo fez Isabelle ponderar por um instante, lembrando-se da Marca Negra. Mas por pouco tempo, afinal, ela também faria qualquer coisa para ficar com Severo, e era claro que aceitaria seu pedido de casamento.

– Você tem alguma dúvida? – ela perguntou sorrindo novamente.

Severo levantou uma sobrancelha e esboçou um sorriso leve.

– Eu vou tomar isso como um sim – disse. Então, depois de mais um beijo, ordenou: – É melhor você voltar para casa agora.

Isabelle olhou em dúvida para ele por um instante. Ela também não queria deixá-lo, uma noite apenas não era o suficiente para esquecer quase dois anos de ausência. Mas Severo deu-lhe um sorriso encorajador, assentindo com a cabeça, e ela seguiu relutante para a lareira, como uma recordação dos seus primeiros encontros.

Chegando ao seu próprio quarto, seguiu direto para o banheiro. Mergulhou na banheira de água quente e permaneceu refletindo nos últimos acontecimentos pelo que lhe pareceram horas. Ela fora pedida em casamento, seria a futura Sra. Snape. Um sorriso cínico formou-se em seus lábios ao pensar o que Lúcio diria quando soubesse da novidade. Ela não era mais uma garotinha com medo do irmão mais velho, sabia o que queria e não deixaria mais Lúcio intrometer-se na sua vida.

Fechando os olhos, ela entregou-se novamente à sensação de tranqüilidade do seu banho, imaginando com um sorriso largo sua nova vida como a Sra. Snape.

*-*-*-*-*-*-*-*

Algumas horas depois, Isabelle finalmente descia as escadas da Mansão Malfoy e foi abraçada ferozmente por Narcisa, que veio correndo ao encontro dela.

– Oh minha querida! Eu pensei que você jamais sairia daquele quarto! – ela disse enquanto ainda abraçava Isabelle. – Nós temos notícias maravilhosas!

– Eu já sei que vai ser um menino, Ciça – Isabelle respondeu rindo assim que conseguiu escapar da cunhada. – Você acha que o Lúcio me deixaria sem notícias do meu sobrinho? – continuou enquanto as duas mulheres caminhavam para a sala.

– Eu não estou falando disso, sua boba! – Narcisa respondeu com um sorriso afetado. Então, aproximou-se mais de Isabelle e disse em voz baixa: – Seu irmão está com uma visita no escritório, e eu acho que eles estão falando de você!

– De mim? – Isabelle estacou. – O que Lúcio está tramando agora? Eu já disse que...

Mas a porta do escritório se abriu, e Isabelle pode ouvir a voz do seu irmão e da visita misteriosa. Ela já conhecia aquela voz, era Severo. Mas o que ele está fazendo aqui? Eu acabei de deixar a casa dele... Entretanto, o que mais chocou Isabelle foi a visão dos dois homens que saíram do escritório. Os dois caminhavam juntos em direção a ela, sorrindo, e Lúcio ainda tinha um braço sobre os ombros de Severo. Desde quando os dois são amigos? – ela pensou franzindo o cenho.

Assim que a viu com Narcisa, Lúcio deixou Severo para trás e foi ao encontro da irmã, beijando-a no rosto. Isabelle não se lembrava de ter visto o irmão tão feliz, principalmente com ela, em toda a sua vida.

– Finalmente, o tema da nossa conversa resolveu aparecer! – ele exclamou. Depois acrescentou em voz baixa para Isabelle: – Tem uma pessoa aqui que quer falar com você. Espero que não me faça passar vergonha, eu já dei o meu aval – completou num sussurro forte e determinado.

Ela olhou confusa para o irmão, mas não teve tempo de responder qualquer coisa. Severo já estava à frente dela também, oferecendo-lhe uma caixinha quadrada, nas cores verde e prata. Ela olhou confusa para Lúcio, que agora se deslocava para o lado de Narcisa, os dois observando a cena com um sorriso afetado no rosto. Enquanto isso, nem percebeu quando Severo tomou sua mão direita, a caixinha ainda estendida à sua frente.

– Isabelle – Severo começou –, este anel sempre esteve na família do meu avô. Ele é herdado para cada filho, para então ser entregue a uma mulher digna de merecê-lo. Eu estou oferecendo-o a você e serei o homem mais feliz da Bretanha se você aceitá-lo.

Ele empurrou a caixinha para mais perto dela, e ela a pegou com as duas mãos, sem conseguir frear o brilho no olhar e o sorriso largo quando olhou para o seu conteúdo. Havia uma única pedra presa no anel dourado, um diamante perfeitamente lapidado que lhe parecia até um pouco exagerado no tamanho. Uma prova para mostrar o poder da, agora extinta, Família Prince.

Isabelle tirou os olhos de Severo e voltou-se para o irmão e a cunhada. Lúcio olhava firme para ela, enquanto Narcisa esticava o olhar para avaliar o anel. De alguma forma, ela sentia-se como se estivesse aceitando um contrato de casamento, como aquelas uniões arranjadas entre famílias de sangue puro – como às vezes ela julgava ter sido o casamento do seu irmão com Narcisa. Mas ela realmente gostava do Severo, e era sua família que sempre o desprezava por causa do nome trouxa. Era a Marca Negra no braço dele que fazia todos pensarem diferente agora?

Ela voltou o olhar para encarar os olhos pretos de Severo. Não queria acreditar que aquele olhar doce não era do mesmo garoto que conhecera na escola, mas o de um Comensal da Morte, com as mesmas idéias que o irmão dela. Sabia que deveria se preocupar se seu irmão estava por trás deste casamento, mas jamais seria capaz de negar aqueles olhos. Deu um sorriso e respondeu:

– É claro que eu aceito.

Ela deixou que Severo tomasse sua mão novamente e deslizasse o anel em seu dedo. Os dois se encaravam com os olhos brilhantes de expectativa, aproveitando o momento sem tomar conhecimento do que estava à sua volta, até que Lúcio os fez voltar à realidade lhes oferecendo uma taça de champanhe para brindarem a ocasião.

Pouco tempo depois, uma batida insistente na janela do escritório tirou Lúcio da sala, que voltou logo em seguida com um pergaminho nas mãos.

– Régulo Black – disse sem rodeios. – Era esse o nosso traidor.

– O quê? – Isabelle e Narcisa perguntaram praticamente juntas. Severo limitou-se a erguer uma sobrancelha.

– Ele tentou fugir na noite passada. Provavelmente o Lorde deve ter descoberto alguma coisa. Sua tia não soube explicar direito – explicou, entregando o pergaminho para Narcisa.

– Como assim, tentou fugir? – Isabelle perguntou, visivelmente perturbada. – Ele está bem? Nós deveríamos fazer uma visita a Sra. Black. Pobre Walburga! Primeiro o Sirius e agora...

– Eu não sei do que você está falando, Belle – Narcisa a interrompeu irritada. – Minha tia não tem filhos, entendeu? Você não deveria se preocupar com ela.

– Mas... e o Régulo? – Isabelle insistiu. Virando-se para Severo, continuou: – Ele era nosso amigo... Vocês estavam sempre juntos em Hogwarts, lembra-se?

– Eu me lembro que ele nos delatou para o Dumbledore e quase conseguiu que fôssemos expulsos – Severo respondeu seco. – Ele e o irmão nunca foram confiáveis. Agora os eventos daquela noite ficaram claros.

Isabelle arregalou os olhos com a rispidez da resposta. Estava claro que, assim como Sirius, Régulo também fora banido da família Black e, conseqüentemente, de toda a restrita sociedade de bruxos de sangue puro. Nos quase dois anos que estivera fora de casa, ela já havia esquecido de como algumas idéias jamais mudavam, de como as aparências eram sempre mais importantes no pequeno mundo onde vivia. A notícia do desaparecimento de Régulo Black serviu para lembrar-lhe que estava de volta em casa e para mostrar que Severo Snape já parecia estar totalmente adaptado e aceito neste mundinho.

– Você esteve fora por muito tempo, Belle. Não tem idéia de como esses amantes de trouxas podem iludir as mentes mais fracas – Lúcio explicou dirigindo-se à irmã e pousando um braço sobre os ombros dela. – Felizmente, nós podemos confiar em Severo. Eu tenho certeza que vocês formarão uma das famílias mais distintas quando o Lorde finalmente triunfar.

Isabelle olhou do irmão para o futuro marido, ainda sem entender como o fato do sangue mestiço de Severo pareceu ter sido completamente esquecido. Sem palavras, observou o irmão propor mais um brinde à nova união e simplesmente levantou sua taça negligentemente.

Minutos depois, Lúcio e Narcisa deixaram o jovem casal a sós, e Isabelle conduziu Severo até a biblioteca, lançando um Abafiatto para ter a certeza de que não seriam ouvidos.

– O que acabou de acontecer aqui? – ela perguntou num misto de dúvida e contentamento. – Desde quando o Lúcio o considera capaz de formar uma família distinta? – Pronunciou as últimas palavras numa imitação divertida do irmão.

Severo sorriu com a brincadeira e, puxando-a pela cintura, disse quase encostando os lábios nos dela:

– Eu avisei que faria qualquer coisa para ter você comigo.

– E qualquer coisa significa... – Ela deixou a frase solta no ar, desvencilhando-se dele com um passo para trás.

 Severo levantou uma sobrancelha e ficou observando-a. Isabelle imitou o gesto, ele sabia que ela não descansaria enquanto não lhe desse uma resposta.

– Meu avô estava certo. Com uma posição de confiança junto ao Lorde das Trevas, Lúcio jamais poderia duvidar do meu caráter. Eu ainda sou um Prince, apesar de ter herdado o nome do meu pai.

– Você quer dizer que está carregando a Marca Negra por minha causa? – ela perguntou com os olhos estreitos.

Severo interpretou sua indignação como preocupação. Desde que estavam em Hogwarts ela evitava as conversas dele e seus amigos sobre os Comensais da Morte, principalmente no último ano. Sabia que ela temia pela vida do irmão e, agora, temeria pela vida dele também. Aproximou-se novamente dela, abraçando-a e fazendo-a descansar a cabeça em seus ombros, acariciando-a com uma mão.

– Não se preocupe – ele a assegurou. – Eu não estou em perigo. Voltei há pouco tempo de Mortlake e, em breve, estarei infiltrado em Hogwarts. O Lorde jamais vai correr o risco de me expor, ou perderá seu espião.

– Mas e a Marca Negra no seu braço? – ela contestou, levantando o rosto para encará-lo. – Se alguém leal ao Ministério descobrir... Você será condenado para Azkaban, e o que eu vou fazer sem você?

Severo sorriu para ela e não disse nada, simplesmente a beijou. Quando seus lábios tocaram nos de Isabelle, ela sentiu como se o chão tivesse desabado sob seus pés, mas ainda assim, estava segura envolta nos braços dele. Bastava um simples beijo dele, e todas suas dúvidas e preocupações desapareciam instantaneamente. Não havia uma guerra, nem lados opostos. Não havia trouxas ou sangues-ruins, mestiços e sangues puros. Tudo aquilo desaparecia por completo, e restavam apenas eles dois, apaixonados e alheios ao mundo que os cercava.

*-*-*-*-*-*-*-*

Severo passou o resto do mês ainda providenciando toda a papelada para a transferência da sua herança e ocupado com os proclames do casamento. Ficou acertado que o casamento ocorreria dentro de um ano, assim que a ala principal da mansão fosse redecorada ao gosto de Isabelle para a ocupação do casal, quando ele finalmente deixaria seu quarto de solteiro. Um ano era tempo suficiente para que toda a sociedade bruxa se habituasse ao fato de que a futura Sra. Snape era uma Malfoy, e portanto, não se uniria a uma família que não fosse igualmente digna e honrada.

Entretanto, a maior parte do seu tempo era gasta no laboratório montado secretamente na Mansão Prince para suprir única e exclusivamente as necessidades do Lorde das Trevas. Enquanto o Lorde não decidisse que estava na hora dele procurar Dumbledore e tentar se infiltrar em Hogwarts, seu papel como Comensal da Morte era preenchido pelo seu talento e aprendizado como Mestre em Poções.

Nos últimos anos, o número de Comensais da Morte crescera estupidamente. Severo sabia com certeza que seus colegas de Hogwarts também eram portadores da Marca Negra, além de seu novo amigo Karkaroff, o casal Lestrange e Lúcio Malfoy e seus inseparáveis comparsas Crabbe e Goyle. Entretanto, ele jamais vira os outros membros sem suas máscaras, e era impossível dizer suas identidades – uma estratégia do próprio Lorde para se proteger de traidores como o Black. Havia também aqueles que se recusavam a ajudar, mas que, por serem peças importantes nos planos do Lorde, acabavam obedecendo-o com a ajuda da Maldição Imperius. Em todos os anos de ameaça do Lorde das Trevas, o Ministério conseguira prender alguns poucos coitados de mente fraca, todos inocentados depois de provado que estavam sob a influência de uma Imperdoável.

Mas foi graças a essa dominação do Lorde das Trevas e seus Comensais que o Beco Diagonal estava deliciosamente vazio quando Isabelle o arrastou para ajudá-la a escolher a nova tapeçaria e móveis e peças de decoração, e ele nem sabia mais o quê. Severo sentia que havia se transformado num títere nas últimas horas, que simplesmente assentia com a cabeça a tudo que lhe era mostrado. Entediado, tentava se convencer que só concordara com aquela jornada porque precisava de alguns ingredientes que só encontraria na Travessa do Tranco, embora sempre soubesse que ficava sem ação frente a qualquer pedido de Isabelle, especialmente quando ela usava o tom de voz e olhar exatos. Ela estava tão animada nos últimos dias, depois de receber a confirmação de que fora aceita em St. Mungus, que ele seria incapaz de se negar a acompanhá-la. Vê-la feliz daquele jeito trazia uma sensação de conforto em seu coração, uma sensação que ele não queria que terminasse e que lhe dava a certeza de que ainda era capaz de fazer qualquer coisa para estar ao lado de Isabelle e fazê-la feliz. Entretanto, quando ela deu o primeiro passo em direção a uma loja de artigos para crianças para comprar um presente para o futuro sobrinho, ele estancou de repente e cruzou os braços.

– Eu não vou entrar – ele disse como uma criança fazendo birra. – Tenho algumas coisas para providenciar na Travessa do Tranco, nós nos encontramos lá depois.

Isabelle deu meia volta e sorriu, divertida com o fato de ter conseguido arrastar Severo com ela até ali. Realmente, estava na hora de dar-lhe uma trégua. Com um beijo leve nos lábios dele, se despediu e entrou na loja.

 A notícia da gravidez de Narcisa a deixara felicíssima; finalmente uma criança chegaria à família para animar as coisas. Ela já estava cansada das tragédias dos últimos anos na Mansão Malfoy e decidiu que usaria todo o direito de tia para mimar o novo sobrinho.

A loja com diversos artigos para bebês e crianças bruxas era a única lotada em todo o Beco Diagonal. O número de casamentos e de mulheres grávidas parecia ter crescido estupidamente nos últimos anos entre os bruxos, como se a guerra iniciada pelo Lorde das Trevas fizesse crescer uma necessidade nas pessoas de estarem cada vez mais juntas, como se o amor incondicional de uma família fosse a única arma para se protegerem das loucuras que aconteciam em seu mundo.

Isabelle tentava se decidir entre um conjunto de pequenos bichinhos de pelúcia animado e um móbile de fadas coloridas quando uma voz conhecida a chamou por entre a confusão de murmúrios da loja.

– Malfoy? Isabelle? Eu pensei que você estava fora da Inglaterra...

Isabelle virou-se curiosa para a voz, para tomar conhecimento de sua dona.

– Evans? Quanto tempo... – ela respondeu atônita. Não sabia o que Lílian Evans podia querer com ela.

– Na verdade, agora é Lílian Potter – ela respondeu animada. – Eu e Tiago nos casamos no ano passado, e em breve seremos três – continuou apontando para a barriga volumosa.

Isabelle arregalou os olhos tentando esboçar um sorriso, sem saber o que dizer. Depois de alguns segundos infinitamente demorados, ela finalmente conseguiu formular:

– Você e Tiago? Quem diria... Eu sempre achei que você odiasse aqueles garotos.

Lílian riu, então respondeu:

– Acho que teve uma época em que eu realmente os odiava. Mas isso tudo é passado. Não somos mais classificados em sonserinos e grifinórios fora de Hogwarts, não é?

Isabelle fechou o sorriso. Sabia que aquilo fora dirigido para ela.

– É... – começou – acho que você está certa. Nós somos adultos agora – completou sem muita convicção.

Lílian sorriu para ela e a abraçou espontaneamente, deixando Isabelle ainda mais sem graça.

– Que bom, Isabelle! – ela disse depois que a soltou. – Você sabe que precisamos estar todos unidos em tempos como esses.

– Sim – Isabelle respondeu com um suspiro. – Acho que você tem razão.  – Depois, como se seu novo papel de Curandeira a acometesse de súbito, acrescentou em tom preocupado: – Mas você não deveria andar pelo Beco Diagonal sozinha. Você é uma... você sabe... e está grávida! Nós não estamos numa época muito propícia para bebês.

Lílian sorriu com um olhar de agradecimento em seus profundos olhos verdes.

– Não se preocupe, Isabelle. Eu não vim aqui sozinha; Tiago está lá atrás, providenciando o pagamento de todo o enxoval do bebê. E quanto ao Harry – ela disse baixando os olhos para sua barriga –, ele só nos trouxe mais força e esperança para continuarmos lutando contra esta guerra. Eu jamais desistiria dele.

Isabelle ficou sem palavras frente à convicção da nova amiga. Ela estava apenas sorrindo quando Tiago se aproximou da mulher, reclamando do volume de compras.

– Pronto! Acho que compramos a loja inteira – disse, pousando um braço nos ombros de sua esposa. Quando reconheceu a mulher com quem ela conversava, exclamou: – Isabelle Malfoy? Não sabia que estava de volta!

– Olá, Potter – Isabelle o cumprimentou, meio sem-graça. – Lílian me contou as novidades. Parabéns!

Desde aquela noite no Salgueiro Lutador, quando Tiago salvara Severo do ataque de um lobisomem, que Isabelle mudara completamente seu comportamento em relação a ele. Ela era grata ao Potter, e isso a deixava incapaz de odiá-lo por causa de uma estúpida partida de Quadribol ou de uma tradicional antipatia entre suas Casas. Entretanto, Severo jamais poderia suspeitar disso, ela sabia que ele ainda odiava o Potter por estar preso a uma Dívida de Vida com ele, e o fato da amizade dele com Sirius só aumentaria seus ciúmes.

– Obrigado. – Ela o ouviu responder. – Vamos Lílian – ele disse então, dirigindo-se à esposa –, ainda temos que descobrir onde o Almofadinhas se meteu. Antes que ele arranje uma nova conquista no Caldeirão Furado e se esqueça que prometeu jantar conosco esta noite.

Isabelle despediu-se do casal com um sorriso e ficou parada, observando-os sair. Uma vendedora se aproximou e perguntou se ela já tinha feito sua escolha, e ela pediu para embrulhar os dois presentes, sem se importar realmente com o que tinha em mãos. Aquele encontro realmente a confundira. Mas não mais do que ainda estaria por vir.

 Depois de pagar pelos presentes, ela saiu da loja dirigindo-se a botica da Travessa do Tranco onde sabia que encontraria Severo. Caminhou apenas alguns metros quando sentiu um aperto forte em seu braço. Ela parou e virou-se para trás para saber quem era seu agressor, e o rosto de Sirius Black apareceu na sua frente.

– Belle! Então é você mesma – ele disse admirado. – Cheguei a pensar que jamais a veria novamente.

– Olá, Sirius – Isabelle respondeu séria. – Tudo bem?

– Sim, e você? Faz tempo que voltou para a Inglaterra?

– Eu cheguei no início do ano. – Depois de um curto silêncio, acrescentou: – Eu soube da morte do seu pai, sinto muito.

– Não precisa – ele respondeu fechando o sorriso. – Nós já não nos falávamos há muito tempo. O Régulo sempre foi o queridinho da família.

– Eu fiquei sabendo sobre o seu irmão também – ela acrescentou devagar. – Foi uma pena. Apesar de tudo, nós éramos amigos em Hogwarts...

Sirius baixou os olhos, o rosto outrora alegre agora era um misto de tristeza e arrependimento.

– Eu jamais pensei que Régulo fosse capaz de... Se ele tivesse me procurado, confiado em mim... Talvez eu pudesse ajudá-lo... Ele sempre foi muito ligado aos meus pais, não sei o que pode ter acontecido para...

– Shhhh – Isabelle murmurou enquanto o fazia levantar a cabeça. – Você não tem culpa do que aconteceu. E ninguém sabe exatamente como ele desapareceu. Ele pode ter fugido e ainda estar vivo, escondido em algum lugar. – Ela sabia que isso era praticamente impossível, mas precisava dar alguma esperança ao homem enorme à sua frente, mas que estava a ponto de chorar como uma criança.

Com aquelas palavras, um brilho de esperança pareceu surgir nos olhos de Sirius, e ele a abraçou, como uma criança pequena abraça um ente querido que não vê há muito tempo.

– Belle! – ele sussurrou em seus ouvidos enquanto a abraçava. – Eu senti tanto a sua falta. Eu jamais consegui esquecê-la, você sabe disso.

Então, Isabelle percebeu que cometera um grande erro. Precisava corrigi-lo.

Desvencilhando-se dos braços de Sirius, ela olhou fixamente para ele, reunindo forças para juntar as palavras que precisava dizer.

– Sirius, eu vou me casar.

Sirius a encarou boquiaberto. Milhares de perguntas se passaram em sua cabeça, mas não conseguiu articular nenhuma. Desviou o olhar dos olhos dela, tentando pensar numa forma de sair daquela situação embaraçosa. Respirou fundo e a encarou novamente, tentando dissimular um sorriso.

– Nesse caso – começou a dizer devagar –, acho que devo lhe dar os parabéns. Quem é o felizardo?

Isabelle mordeu os lábios antes de responder:

– É o Severo. Severo Snape.

– Eu não acredito que você ainda continua iludida por aquele Ranhoso! – Sirius perdeu todo o autocontrole que conseguira juntar segundos antes. Agarrou-a pelos ombros e começou a gritar, chamando a atenção dos poucos passantes na rua. – Isabelle! Você sabe do que ele é capaz! Eu te avisei! Ele só vai fazê-la sofrer e...

– Me larga, Sirius – ela também gritou, afastando-se dele.

Sirius percebeu que estavam sendo observados e tentou se controlar. Depois de respirar fundo mais uma vez, continuou em voz baixa:

– Ele sempre foi vidrado nas Artes das Trevas, provavelmente já se tornou um Comensal da Morte. Você tem certeza que é isso que quer fazer com a sua vida?

– Você não o conhece, Sirius – ela revidou. – Você não tem provas contra ele, tem? Ele não é o que você está pensando.

– Você tem tanta certeza assim? – ele perguntou com os olhos estreitos.

– Tenho – ela mentiu. – Severo não é um Comensal da Morte.

A determinação no rosto de Sirius se transformou em desapontamento, mas ele ainda tinha algumas palavras para dizer-lhe:

– Eu realmente espero que você esteja certa, Isabelle. Eu ainda acho que aquele Ranhoso não serve para limpar o chão que você pisa, e se um dia eu souber que ele a machucou, eu juro que vou atrás dele nem que seja até o inferno!

– Obrigada, Sirius, mas eu sei me cuidar sozinha – ela respondeu firme. – Agora, eu acho melhor você ir. Eu sei que Lílian e Tiago Potter estão procurando você.

Sirius franziu a testa ao ouvir o nome dos amigos, mas o olhar severo de Isabelle o impedia de fazer qualquer pergunta.

– Está bem – foi só o que ele disse. – Adeus, Belle.

Isabelle não respondeu quando Sirius virou as costas e seguiu em direção ao Caldeirão Furado. Entretanto, não conseguia desviar os olhos do homem alto que acabara de deixá-la. Eles já estavam há quase dois anos fora de Hogwarts, mas para ela, era como se estes dois últimos anos tivessem sido um hiato em sua vida, desconectado dos amigos e inimigos que tinha na Inglaterra. Mas agora, depois que retornara para casa, os personagens da sua infância voltavam, alguns com suas vidas já feitas, não mudaram nada; outros estavam quase irreconhecíveis, tamanha a mudança que sofreram em tão pouco tempo. Apenas ela parecia ter ficado parada no tempo, ainda tentando decidir qual estrada seguiria. Era assim que se sentia, parada numa estrada que se dividia em dois caminhos; seu coração a mandava seguir para um lado, mas a razão lhe mostrava, a cada dia, que o outro lado é que era o certo. O problema é que ela sabia que seria incapaz de negar seu coração, e por isso continuava parada. Entretanto, aqueles dois últimos encontros lhe diziam que já estava na hora dela dar o primeiro passo, e ela precisaria pensar rápido em qual caminho seguir.

– O que aquele cachorro pulguento queria com você? – A voz irritada de Severo a despertou de seus pensamentos.

– Severo? – Ela virou-se para ele e o abraçou. – Eu estava indo encontrá-lo.

Severo continuou parado, insensível ao abraço da noiva.

– Isso não responde a minha pergunta – disse simplesmente.

Isabelle suspirou e voltou a encará-lo.

– Nós estávamos apenas conversando – ela respondeu brava. – Eu não acredito que você ainda não...

– Arrrgh! – Severo soltou um grito enquanto segurava com força o braço esquerdo.

– Severo? Aconteceu alguma coisa? – Isabelle olhava alternadamente do rosto para o braço dele sem entender o que estava acontecendo. Mas no instante seguinte, ele se endireitou de novo, como se nada tivesse acontecido.

– Tome – ele disse aflito enquanto lhe entregava um pequeno relógio de bolso. – Se você sentir que está em perigo, use-o. Vai levá-la direto para minha casa. Eu a encontrarei lá.

– Mas... – Isabelle começou, a testa franzida em preocupação. Mas Severo não estava mais ouvindo, já havia desaparatado.

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O céu escureceu de repente naquela tarde de primavera no Beco Diagonal. Num primeiro momento, Isabelle não entendeu o desespero dos vendedores e dos poucos pedestres que ainda se aventuravam no centro comercial bruxo, até que ela resolveu olhar para cima. A Marca Negra flutuava no céu, exatamente como ela vira anos atrás em Hogsmeade. Agora ela podia entender a preocupação de Severo com a segurança dela. Mas por que ele lhe dera uma chave de portal? Ela podia muito bem desaparatar dali e...

Gritos de todos os lados chegavam aos seus ouvidos. Ela não conseguia se mover, aterrorizada, enquanto as pessoas corriam de um lado para o outro, desesperadas. Era impossível desaparatar. Alguém – possivelmente o Lorde das Trevas – havia protegido o Beco Diagonal contra Aparatação. Ela agarrou o relógio que Severo lhe deu, mas a chave de portal ainda não estava ativa.  Sem saber o que fazer, olhou para os lados; as pessoas à sua volta tentavam se esconder para não cruzarem o caminho de Você-Sabe-Quem ou de um dos seus Comensais da Morte, perguntando-se como os aurores chegariam se não poderiam aparatar. Estava claro que seria uma matança, seja lá qual fosse o alvo escolhido pelo Lorde das Trevas.

No meio da correria que logo se formou perto dela, Isabelle sentiu uma mão forte agarrá-la pelo braço e ouviu as vozes de Sirius Black e Tiago Potter atrás dela.

– Eles estão vindo na nossa direção – Tiago gritou.

– Isabelle! – E o puxão que Sirius deu em seu braço a fez despertar para o pesadelo real que estavam vivendo. – Você não pode ficar parada aí!

Ainda atordoada, ela deixou ser levada por Sirius que, junto com Tiago e Lílian, corria a procura de um lugar seguro. Finalmente, encontraram uma loja que ainda estava aberta, cujo dono acenava para que eles entrassem antes de colocar as proteções mágicas.

– Você e Isabelle fiquem aqui – Tiago ordenou para Lílian assim que chegaram à entrada da loja. – Eu e Sirius vamos atrás dos outros para ajudá-los.

– Não! – Lílian protestou. – Eu não vou deixá-lo sozinho. E não vou ficar escondida enquanto aquele crápula continua espalhando medo e ódio em todo o mundo bruxo.

Tiago abriu a boca para retorquir alguma coisa sobre a segurança dela e do filho deles, mas já era tarde demais. Por trás de Lílian e Isabelle, ele pode ver o grupo de homens mascarados e encapuzados que seguiam o Lorde das Trevas. Sem pensar duas vezes, ele e Sirius se puseram à frente das duas mulheres e empunharam suas varinhas.

Temendo ser reconhecida – por seu irmão, Severo, ou algum de seus amigos –, Isabelle levantou o capuz da sua capa e encolheu-se nela. Quando colocou a mão no bolso, sentiu a chave de portal que Severo lhe dera; estava dando sinais de que começava a se ativar.

A figura de Sirius e Tiago tentando proteger duas mulheres do ataque iminente de seus Comensais da Morte só fez o Lorde das Trevas gargalhar. Sua risada desconcertou os jovens rapazes, que foram facilmente desarmados por dois Comensais. Quando outro Comensal se adiantou para soltar uma azaração no grupo, Voldemort os interrompeu:

– A sangue-ruim é minha.

O Lorde das Trevas apontou sua varinha para Lílian, que também mantinha a sua empunhada. Sem pensar, Isabelle, sentindo a chave de portal vibrar cada vez mais forte, agarrou a mão livre de Lílian e colocou-a sobre o relógio que acabara de tirar do bolso. As duas mulheres ouviram as palavras que evocavam a Maldição da Morte, mas no instante seguinte, o mundo parecia girar abaixo delas. Um raio verde atravessou o espaço que elas ocupavam segundos atrás, e tudo o que se ouviram foi o grito de frustração de Voldemort enquanto demais membros da Ordem da Fênix juntavam-se a Sirius e a Tiago.

Longe dali, Severo se concentrava em usar todo o seu conhecimento em Artes das Trevas para manter o escudo que prevenia o uso da Aparatação no Beco Diagonal. Estava protegido pelos seus amigos – também Comensais da Morte – Paulo, Evan e Roberto. Ele não estava totalmente ciente do que acontecia à sua volta, as Artes das Trevas exigiam um esforço de concentração fenomenal, como se uma parte dele se esvaísse com o uso da magia. Desta maneira, seu estado de concentração profunda não permitiu que ele visse com clareza quando Roberto o despertou de seu transe, desfazendo o feitiço e permitindo que os dois desaparatassem dali, deixando os corpos de Paulo Wilkes e Evan Rosier caídos junto com o de mais dois membros da Ordem da Fênix: Dorcas Meadowes e Beijo Fenwick.


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Notas finais do capítulo

A seguir: A vidente entreouvida...



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