A Culpa é das Estrelas escrita por My Hobbit


Capítulo 5
Capitulo 5: Rachel Berry


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo eu tirei um pouco do Livro (resumindo quase tudo).
Participação de Rachel, Henry, e um pouco de Faberry!

Trilha sonora: Enchanted (Taylor Swift)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/535726/chapter/5

Continuação...


Não quis usar o elevador porque isso é o tipo de coisa que você faz nos seus “Últimos dias no Grupo de Apoio”, então fui de escada. Peguei um biscoito, coloquei um pouco de limonada num copo descartável me virei.
Uma garota olha fixamente para mim.


Eu tinha quase certeza de nunca ter visto aquela garota na vida. Baixinha e morena, cabelos negros lisos, olhos incrivelmente castanhos. Parecia ter minha idade, talvez mais nova, e estava sentada na cadeira de plástico que parecia maior que ela. Usava um vestido preto simples e estava de pernas cruzadas, do lado de um garoto, talvez seu irmão.


Desviei o olhar, repentinamente consciente da quantidade infinita de coisas erradas em mim. Eu estava com uma calça jeans velha, que algum dia foi justa, mas que agora ficava folgada, e uma camiseta de malha amarela com o nome de uma banda da qual nem gostava mais. Tinha também meu cabelo loiro: cortado acima dos ombros, e eu nem tive tempo para dar uma escovada nele. Além disso, minhas bochechas estavam ridiculamente redondas, e inchaço nos tornozelos, efeito colateral do tratamento. Mesmo assim dei uma espiada rápida e os olhos dela ainda estavam grudados em mim.


Foi então que eu entendi o verdadeiro sentido de aquilo ser chamado de contato visual.


Andei até a roda e me sentei ao lado de um garoto chamado Jacob, a duas cadeiras da garota. Olhei de novo, rapidamente. Ela ainda me observava.


Na boa, vou logo dizendo: ela era linda. Se uma garota (o) que não é gata (o) encara você sem parar, isso é, na melhor das hipóteses, esquisito, e na pior, algum tipo de assédio. Mas se é uma garota gata... na boa...


Peguei meu celular e apertei uma tecla para ver as horas. Os lugares na roda foram ocupados por azarados de doze a dezoito anos e, então, o David começou com uma oração. A garota ainda estava me encarando. Senti meu rosto ficar vermelho.


Por fim, resolvi que a melhor estratégia seria também olhar fixamente para ela. Depois de um tempo a garota sorriu e, até que enfim, desviou os olhos castanhos. Quando me olhou de novo, arqueei as sobrancelhas como que dizendo: ganhei.
Ela deu de ombros. O David prosseguiu e, enfim, a hora das apresentações chegou.


— Pessoal este aqui é Henry Mills. Ele é novo aqui, então boas-vindas Henry! Vamos lá pessoal, dei boas-vindas a ele! – David falou.
— Bem-vindo Henry! – todos gritaram.
— Henry, talvez você queira ser o primeiro hoje. Sei que está enfrentando um grande desafio no momento! – David falou dando um sorriso.
— É – o Henry disso – Meu nome é Henry. Tenho quatorze anos. Tireoide. Mudei-me há três semanas para cá com minha mãe e minha irmã Rachel que veio me acompanhar hoje – ele olhou para a garota a seu lado, que agora tinha nome. – Pois é... – continuou – Não há nada que se possa fazer para mudar isso.
— Estamos do seu lado, Henry – o David falou – Vamos lá, pessoal, digam para o Henry ouvir.
— Estamos do seu lado, Henry! – dissemos todos nós em uníssono.


O Mike foi o próximo. Ele tinha minha idade. Também sofria de Leucemia. Desde que se entendia por gente. E estava bem.


A Tina tinha dezesseis anos, era uma japa assim como Mike. E tinha apêndice, que eu nem sabia que existia. Ela disse que se sentia forte por participar do grupo de apoio.


Outros cinco falaram antes da linda garota. Ela deu um sorrisinho quando chegou sua vez. A voz era alta, aveluda e supersensual, mas linda.


— Meu nome é Rachel Mills Berry – disse – tenho dezesseis anos. Não tenho câncer, estou aqui somente acompanhando meu irmão, Henry.
— E como está se sentindo? – O David perguntou.
— Ah, maravilha. – Rachel deu um sorrisinho – Estou bastante feliz de estar aqui, amigão. – disse e chegou minha vez.
— Meu nome é Quinn. Tenho dezessete anos. Leucemia. E estou bem.


A hora passou rápido, já estava quase para acabar. Olhei o relógio na parede e suspirei, encarei a Rachel que sorria para o irmão. Ela era linda, de verdade, eu senti meu coração acelerar mais quando ela me encarou com os olhos castanhos.


— Rachel, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
— Meus medos?
— É.
— Eu tenho medo de ser esquecida – disse ela de bate-pronto – Tenho medo disso como um cego tem medo do escuro.
— Calma ai... – Rory o garoto cego falou, abrindo um sorriso.
— Estou sendo insensível? – perguntou Rachel – Eu posso ser cega quando o assunto são os sentimentos das outras pessoas. – Henry estava rindo, mas David levantou um dedo, o repreendendo-o.
— Por favor, Rachel.Voltemos a você e suas questões. Disse que tem medo de ser esquecida?
— É. – respondeu Rachel e David pareceu perdido.
— Alguém, ahn, alguém gostaria de fazer algum comentário?
Eu não gostava do Grupo de Apoio, e, mesmo assim, só dessa vez, decidi abrir o verbo. Levantei a mão, e a satisfação de David estava estampada na cara e disse:


— Quinn! – eu estava, tenho certeza que ele pensou “se tornando parte do grupo”.
Olhei na direção de Rachel Berry, que me encarava. Dava quase para ver através dos olhos dela, eram lindos.


— Vai chegar um dia – eu disse – em que todos vamos estar mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembra que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui – fiz um gesto abrangente – vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá. Deus sabe que é isso o que todo mundo faz.


Assim que terminei fez-se um longo silêncio, e eu pude ver um sorriso se abrindo de um canto ao outro da Rachel – não o tipo que quer seduzir você – era um sorriso sincero, quase maior que a cara dela.


— Caramba! – Henry quebrou o silencio – Não é que você é mesmo demais?


Eu e Rachel não falamos mais nada, só ficamos nos encarando o tempo todo até o fim da reunião, quando todos se deram as mãos e o David nos guiou a uma prece.


— Senhor Jesus Cristo, estamos aqui reunidos em seu coração, literalmente em seu coração, como sobreviventes do câncer. Oremos para que o Senhor consiga nos curar e para que possamos sentir seu amor e sua paz. E nos lembremos em nossos corações daqueles que um dia conhecemos, amamos e que foram para sua casa: Maria, Kade, Joseph, Haley, Abigail, Angeline, Taylor, Gabriel...


A lista era grande. Tinha muita gente morta no mundo. Enquanto o David continuava a ladainha, lendo a relação em uma folha de gigante. Fiquei de olhos fechados, imaginando o dia em que meu nome ocuparia um lugarzinho ali, bem no fim da lista, quando ninguém mais estava prestando atenção.


Quando o David acabou, entoamos juntos, um mantra idiota, e foi o fim da reunião. Sai andando para fora da sala quando senti alguém parar a meu lado. Era o tal Henry, então parei de andar, e ele parou junto sorrindo para mim.


— Sou Henry... – falou esticando a mão.
— Quinn Fabray! – apertei a mão dele que sorriu.
— Oi! – ouvi e me virei, vendo Rachel nos encarar sorrindo lindamente.
— Oi! – falei e ficamos em silêncio, parecendo os três patetas.
— Qual é o seu nome? – ela perguntou.
— Quinn.
— Não, o nome completo.
— Ahn, Lucy Quinn Fabray. – disse estendendo a mão para ela que apegou. Senti uma corrente elétrica e encarei os olhos dela intensamente, hipnotizada por eles.
— Então, tá. Já vou indo. Mamãe está esperando! – Henry falou dando meia volta descendo as escadas.
— Bem – falei, mexendo a cabeça vagamente na direção dos degraus que levavam para fora. Virei-me e comecei a andar, com Rachel ao meu lado. – Então, a gente se vê na próxima, talvez? – perguntei.
— É talvez! – ela respondeu passando por mim, eu a segui escada abaixo.


Aí fomos até o estacionamento, o frescor da brisa da primavera na medida certa, a lua cheia brilhava no céu junto com a companhia das estrelas.


Mamãe ainda não tinha chegado ainda, o que era estranho, porque ela quase sempre estava lá esperando por mim. Olhei em volta vendo todos partirem em seus carros, ai só sobramos eu e Rachel, paradas em silêncio. Ouvi meu celular tocar e atendi, sendo observada por Rachel.


“Aló?”
“Oi, querida” – ouvi a voz da minha mãe.
“Onde você está. Não vem me buscar?” – perguntei.
“Desculpa, mas o pneu do carro furou. Você pode pedir um taxi!” – falou e eu suspirei.
“Tudo bem. Tchau” – falei.
“Tchau, e tome cuidado” – ela desligou.


Encarei Rachel, que olhava para a lua brilhante, sorri. Olhei o relógio em meu celular e vi as horas 19h00. Coloquei a mão no bolso e tirei de lá, um maço de cigarros. Levantei a tampinha da caixinha e coloquei na boca.


— Isso é sério? – ouvi Rachel perguntar – Você acha isso legal? Ai, meu Deus, você acabou de estragar a coisa toda.
— Que coisa toda? – perguntei me virando para ela. O cigarro estava em minha boca, ele pendia apagado, no canto da minha boca que não sorria.
— A coisa toda em que uma garota que não é pouco atraente ou pouco inteligente ou, aparentemente, de forma pouco tolerável me encara e chama minha atenção. Mas é claro que sempre tem uma harmatia e a sua é que, ai, meu Deus, mesmo você TENDO TIPO UM RAIO DE UM CÂNCER ainda dá dinheiro para uma empresa em troca da chance de ter MAIS CÂNCER. Ai, meu Deus. Deixa eu só dizer para você como é não consegui respirar? É UM INFERNO. Totalmente decepcionante. Totalmente.
— Uma harmatia? – perguntei, com o cigarro ainda na boca.
— Uma falta trágica... – explicou, dando as costas para mim.


Senti um misto de aperto no peito e tristeza em mim. Nem sei direito que sentimento era aquele, sério, só que havia muito nela, que me deixava descoordenada. Ela já estava de pé sobre o meio-fio, então corri até ela pegando sua mão, ela puxou a mão se virando para mim.


— Eles não matam se você acender – disse encarando os olhos dela – E eu nunca acendi nenhum. É uma metáfora. Metáforas são importantes. Tipo: você coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço.
— É uma metáfora? – perguntou hesitante.
— É uma metáfora – repeti.
— Você determina seu comportamento com base nas ressonâncias metafóricas...
— Ah, é – dei um sorriso. Um sorriso largo, meio bobo e sincero – Sou uma grande adepta da metáfora, Rachel Berry.— Ela sorriu para mim começando a caminhar.
— O.k... Você pode me levar para casa!


[...]


Rachel Berry falava de mais, nem se quer respirava. Eu achava tudo àquilo fascinante, o jeito como ela mexia as mãos e o sorriso no rosto dela, toda a vez que falava de música.


Na verdade, ela vinha falando de música desde que saímos do estacionamento, tínhamos dado várias voltas sobre o quarteirão, tinha a trazido em casa cinco vezes. E essa era a sexta vez, ela vinha falando sobre alguma coisa e eu estava perdida.


Eu não consegui parar de olha-la, linda, Rachel Berry era linda. Tínhamos percorrido novamente mais dois quilômetros só no quarteirão.


— Então você estuda? – ela perguntou e eu a encarei sorrindo.
Eu sabia o porquê dela fazer aquela pergunta. Normalmente seus pais tiram você da escola quando já estão esperando que bata as botas.
— Estudo. – respondi – No McKinley High.
— Sério? Eu vou estudar lá também! – ela falou alegre e eu abri um sorriso.
— Que bom... Fico feliz! – falei, eu estava realmente feliz.
— Há quanto tempo tem câncer? – perguntou encarando o chão enquanto andava.
— Há cinco anos! Foi um milagre eu ter sobrevivido até agora – suspirei e ela sorriu sem jeito.
— Sinto muito!
— Tudo bem... Deve ser difícil para você também, Henry parece um bom garoto! – disse acolhedora.
— É muito difícil ver seu irmão morrendo aos poucos. – ela sussurrou baixo.
— É você fingi não se importa, mas quando você se toca você se importa muito mais! – disse e ela me encarou dando um sorriso triste.
— E seus pais? Vocês moram há onde? – perguntou e eu fiz careta.
— Eu moro somente com minha mãe... Meu pai me abandonou quando descobriu que eu tinha câncer – falei encarando a estrada, colocando as mãos no bolso.
— Sinto muito... Eu não deveria ter falado sobre isso! – falou desviando o olhar para o vazio da estrada.
— Tudo bem, Rachel Berry... Você só fez uma pergunta! – disse sorrindo e ela retribuiu.
— E seus pais? – perguntei.
— Bom, eu moro somente com minha mãe, Regina, junto com Henry... – falou – Meu pai morreu em um acidente de carro junto com minha mãe Biológica.
— Então você é adotada? – perguntei e ela assentiu.
— Sinto muito por eles... – paramos enfrente a casa dela.
— Eu também! – ela sussurrou.
— Bom você está entregue... – falei encarando a casa dela.
— Vamos dá mais uma volta? – fez bico e eu ri pelo nariz.
— Mas eu te trouxe em casa seis vezes! – disse dando um passo para frente com as mãos no bolso.
— Então me traga sete! – sorriu caminhando.


E eu tive certeza, que eu estava me apaixonando por Rachel Berry!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ficou gay né? Mas ficou bom? Mereço comentários?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Culpa é das Estrelas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.