"Mais quais são as palavras que nunca são ditas?"

Quase Sem Querer - Legião Urbana

Assim que Pedro subiu, a galera começou a chegar. Eu fui pro escritório, estava colocando minha bandagem, quando Cobra entrou pelo porta.

– E aí maluquinha, ta bem?

– Idiota. To sim, ainda com uma vontade de lutar de verdade, mas bem.

– Relaxa ai, Doida. Já disse que não quero problema com seu pai.

– Meu pai nem desconfia.

– Esquece, não irei mais fazer isso, você ficou muito machucada da outra vez.

– É eu sei, mas fez bem pra minha raiva. - eu digo, e sorrindo continuo. - E gostaria de fazer de novo.

– Eu já saquei a sua, no fundo o que você gosta mesmo é de apanhar de mim. - ele fala, e eu sorrio pra ele, pois é ridículo. - To te entendendo.

– Como é que é? Então quer dizer que foi você que bateu na Karina? - Duca interrompe a conversa, e olha feio pra Cobra. - Porque você não arruma alguem do seu tamanho, mais não, você prefere lutar com mulher.

– Eu que quis lutar com ele, Duca. - eu grito com Duca

– Fica fora disso, Karina. - Duca diz brabo, e então aponta pra Cobra. - O problema dele agora é comigo.

– Você quer bancar o herói agora, Duca? - Cobra provoca.

– Vou te mostrar quem é o herói agora. - Duca fala partindo pra cima do Cobra.

– Para. - eu grito, pois estou no meio dos dois. - A culpa não é dele.

– Tu ficou maluco. Ta doente? Tu é mais velho e mais forte que ela como é que você aceita a lutar com a Karina assim.

– Isso é culpa sua Duca. - Cobra explica, e eu só fico quieta já que não sei o que fazer. - A Karina ficou com raiva por sua culpa. Ela só queria colocar pra fora e eu dei um empurrãozinho. E aí?

– Ela chegou toda arrebentada. Você traiu o Gael. - Duca fala.

– Ele só quis ajudar. - eu defendo Cobra.

– Cala a boca, Karina. - Duca diz e me empurra pro sofá e começa a lutar com Cobra.

Eu entro em desespero, os dois se engalfinham e vão pra fora do escritório, e todos começam a parar em volta.

– Façam alguma coisa! - eu grito, mais todos me ignoram, estão adorando ver Cobra apanhar.

Então vou atrás da única pessoa que pode parar Duca, subo as escadas da Ribalta correndo e pergunto aonde Bianca está.

– Bi, preciso falar com você. - eu paro assim que vejo Pedro em uma malha toda grudada ao seu corpo fazendo uma dança muito estranha, e na hora começo a rir, e ainda tiro uma foto. Só me lembro do que vim fazer nesse lugar, quando a professora deles chama minha atenção, então puxo Bianca comigo e saio correndo com ela.

– Anda Bianca, você precisa parar ele. - eu digo descendo as escadas.

– Parar quem, K?

– O Duca. - eu falo quando chegamos na academia, e está um tumulto.

– Eu vou acabar com você. - escutamos Duca gritando.

– Para com isso, já disse que ela pediu. - Cobra argumenta.

– DUCA! - Bianca grita. - DUCA, PARE COM ISSO AGORA.

Duca e Cobra param de brigar, e todos olham pra nós quatro, então Bianca assume uma postura totalmente nova, e se vira para os alunos do meu pai.

– E vocês podem ir se aquecer, não quero moleza. - ela diz, e realmente parece um pouco com meu pai. - E vocês três, vem comigo agora.

Cobra, Duca e eu vamos pro escritório calados, já que Bianca não é de ficar brava, esse é mais meu estilo. Ela se senta e olha feio pra nós três.

– Podem me explicar o que aconteceu aqui?

– Lembra quando a K chegou toda machucada, foi o Cobra que bateu nela.

– Vocês não tem nada a ver com isso. - eu digo, Bianca até tenta me interromper, mas não permito. - Cobra me ajudou, e ele não quer mais brigar comigo, pois realmente adora lutar aqui, e respeita o meu pai, e repito de novo, vocês não tem nada a ver com isso.

Duca e Bianca encaram Cobra que está em silencio, então eu olho pra ele também.

– Eu e Karina lutamos, pois ela estava com raiva dos dois. - ele diz, e os dois ficam sem graças. - Mas quando ela pediu de novo, eu me neguei, pois não quero sair da academia e apesar de fazer a mesma coisa que ela, não bateria nela novamente.

Bianca fala conosco, e diz que papai não precisa saber disso, Duca não gosta mas obedece, eu e Cobra meio que sorrimos um para outro, mas aceitamos também. Depois fomos treinar, e Bianca subiu para suas aulas na Ribalta, eu termino de treinar e vou pro colégio.

~ Noite ○

– K, o que custa você sair com a gente? - Bianca tenta me convencer mais uma vez pra sair com ela e Duca.

– Eu não quero! - eu digo, estou tentando levar numa boa esse namoro, mas ela insiste em esfregar na minha cara, e ainda quer que saiamos juntos, o que é demais pra mim.

– Eu sei que você não quer sair com a gente, pois somos nós. Mas terá mais gente, o pessoal da academia está indo também.

Depois de muita insistência, e meu pai meio que me obrigar a ir, vou no quarto tiro o pijama, e troco de roupa. Quando Bianca me vê com apenas uma calça e regata, ela bufa mas não fala nada.

Ao chegarmos no Perfeitão, encontramos a galera já toda sentada, ainda falta alguns mas nos sentamos do mesmo jeito.

– Ora, ora. Quem diria que a esquentadinha tem amigos? - Pedro diz, ao vir anotar nossos pedidos.

– Se toca, garoto. - eu respondo já nervosa, e vejo uma troca de olhar suspeita entre Bianca e Duca, mas ignoro.

– Nem pensar, eu acho que você que gostaria de me tocar. - ele diz, eu reviro os olhos e o ignoro.

– E aí galera !? - Zé e Marcão chegam a nossa mesa, tem um lugar vago ao meu lado que rapidamente Zé ocupa, então ele coloca o braço em meu ombro, me abraçando.

– Tira o braço daí, menino. - falo meio que sorrindo, sempre gostei do Zé que sempre foi um bom amigo, ele sorri mais não tira.

– Ela mandou você tirar o braço. - Pedro que ainda estava atrás de mim, olha feio para o Zé, mas ele ignora.

– Eu escutei, colega. Não sou surdo. - Zé responde, então me puxa pra ele, e olha pra Pedro. - Mais todos nós sabemos que Karina sempre teve uma quedinha por mim. E quando ela diz não, quer dizer sim. - Zé diz, e todos sabemos que ele faz isso pra zoar com minha cara, mas Pedro continua com a cara fechada.

– Zé, dê um tempo pra menina. - Duca fala.

– Já disse que ele gosta do perigo. - Marcão diz piscando pra mim.

Não sei o que deu nesses meninos hoje, mais acabo aceitando já que eles me fazem rir. Então pedimos e Pedro - que ainda está com a cara feia, e me ignorando - vai pegar nossos pedidos.

Depois de um tempo, eu meio que fico abraçada com Zé, e então conversamos bastante, na academia nem dá pra conversamos direito, já que seu Gael é barra pesada. Então a banda do Pedro se preparam pra tocar, eles cantam “Ultima Ligação” do NX Zero, fecho meus olhos e curto a música pois a adoro, quando a música acaba percebo Pedro olhando em minha direção, e o vejo piscar pra mim, e me sinto super bem, até perceber que ele piscou pra Pri que está indo em direção a ele.

No exato momento tudo que comi quis voltar, então saio de lá, e encosto em um cantinho, pra entender o porque de tanta raiva de ver Pedro piscando pra outra garota. Depois de um tempinho, escuto duas pessoas conversando.

– Será que você precisa de uma musa inspiradora? - escuto Pri falando, e já imagino com quem.

– Até que é uma boa ideia. - o idiota do Pedro responde e parece gostar do que ouviu.

– Que bom que gostou, pois queria me candidatar. - ela diz toda dengosa, meu estomago embrulha, já que odeio as dengosas.

– Tipo pra ser minha musa, temos que ter química. Muita química, sabe.

– Aé? - ela fala baixinho, então dou uma esticada pra ver o que está acontecendo, e vejo o quanto eles estão próximos. Então rapidamente me impulsiono pra frente pra sair dali, mas acabo tropeçando e caindo de bunda no chão.

– Droga. - eu digo assim que bato no chão.

– Karina? - escuto Bianca dizendo, pelo visto a galera resolver sair agora do restaurante.

– O que você estava fazendo ai? - Pri pergunta, e então vejo o braço do Pedro em volta dela.

– Tava nos espionando, esquentadinha? - Pedro pergunta, com seu abtual sorrisinho no rosto.

– Logico que não, moleque. - eu falo, droga estou ficando vermelha.

– K, deixa que eu te ajudo. Você se machucou? - Zé vem em minha direção, e estica a mão pra me ajudar.

– Ela sabe se levantar sozinha, ela tem pernas sabia? - Pedro diz, seu sorrisinho já se fora.

– K, o que aconteceu? - Duca pergunta, apesar de eu já ter avisado que não queria que me chamasse assim.

– Eu estava tomando um ar, e resolvi voltar, foi quando tropecei. - explico.

– Uhum, sei. - Pedro desdenha. - Você veio atrapalhar minha ficada, isso sim.

– Tá louco? - eu grito. - Não me importo com você, ou com quem você fica.

– Até parece, você ficou a noite inteira grudada com esse aí, pra me provocar. - ele diz apontando pra Zé. - E agora quer me atrapalhar.

– Você está com ciumes, Pedro? - Pri pergunta.

– Eu? Ciumes? Dela? Nunca. - ele diz, mas está todo vermelho, dou um sorrisinho mas rapidamente paro.

– Querem saber? Eu estou indo embora, e Pedro pode ficar a vontade que não atrapalharei nada, e não fiz nada pra te provocar. - eu digo, e então me viro pra Pri. - Você tem um mau gosto enorme, de todos os caras escolher o Pedro! Mas gosto é gosto. Mesmo os ruins.

– Vou te levar até lá, K. - Zé oferece, então nos viramos e vamos em direção a minha casa. Apesar do Zé está dizendo algo, única coisa que fica na minha cabeça é: “Será que o Pedro tem ciumes de mim?”.