P.O.V – Elsa

Não pude evitar, assim que saímos para o enterro começou a nevar e a temperatura caiu fazendo Anna bater os dentes de frio e Coelhão reclamar que suas patas estavam congelando.

Não muito longe do Polo estava um caixão de madeira preta, reluzente com detalhes feitos de gelo a mão e a sua direita varias cadeiras que por milagre não haviam congelado ainda. Logo todos estavam sentados e Norte em pé a nossa frente. Bem eu não fiquei sentada, como disse ficar parada me trazia pensamentos. Porem mesmo de pé mais para trás de todos, acabei adentrando minhas lembranças sem notar.

*Flashback*

– Me desculpe… - Eu disse baixinha quando parei em sua frente, eu já havia arrumado um jeito de matar Pitch sozinha. Mas precisava fazê-lo pensar que estava do seu lado.

– Disse alguma coisa pequena? – Pitch perguntou, imaginei que ainda de costas, como eu odiava quando ele me chamava de pequena. Apenas Jack podia me chamar assim apenas ele!

– Não. - Respondi rapidamente. – Me desculpe… Mas você vai entender Jack, eu prometo que vai. – Sussurrei o mais baixo que pude, e então encostei minha mão fria em seu machucado ainda quente.

Imaginei que seu mundo estava rodando quando ele caiu, minha vontade era de segurá-lo, abraça-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas eu não podia, não agora.

*Fim do Flashback*

– E nunca mais vou poder. – Disse amarga com a lembrança.

P.O.V. – Jack

Lá estavam eles, me enterrando. Meu Deus como aquilo era estranho. Mas não estava ali por isso, estava ali por ela, por Elsa, apenas por ela. Passei os olhos pelas cadeiras e então notei uma linda mulher loira vestida de preto mais para o fundo, sozinha.

Eu nunca havia dito, mas ela ficava linda de preto, a cor destacava seus cabelos e olhos claros. Aproximei-me, e notei que ela olhava para o caixão sem ao menos piscar, ela estava inerte em seus pensamentos, mas quando me aproximei ela piscou, e disse algo que não pude ouvir.

Ela olhava na minha direção, mas seu olhar me atravessava. Eu já devia estar acostumado com isso, mas… Vindo dela. Uma dor tomou meu peito… Embora eu tecnicamente não pudesse sentir dor.

Virei-me e olhei na direção em que ela olhava, Norte dizia algumas coisas chorado, quis correr até ele e dizer “Eu to aqui, chora não. Ver o Papai Noel chorando é estranho.”. E depois vê-lo sorrir e me mandar catar coquinho. Norte era como um pai para mim, e vê-lo chorar… Respirei fundo… Por mania já que eu também não respirava mais.

Olhei novamente para Elsa, seus olhos começaram a se encher, fui até ela a passos lentos, observando cada detalhe seu, os cabelos loiros presos, a coroa de gelo que eu havia feito para ela, o vestido preto que lhe deixava ainda mais linda. E então quando estava de frente para ela, abracei-a.

P.O.V. – Elsa

Ver Norte naquele estado não me ajudava em muita coisa, senti meus olhos marejarem e então minha visão ficou embaçada pela quantidade de lagrimas ainda guardada. Quando pensei que elas iriam cair, meus olhos simplesmente foram voltando a ver normalmente, como se as lagrimas tivessem voltado de onde vieram.

Uma sensação boa me invadiu, tentei reprimi-la. Mas não funcionou. Então quis cair de joelhos e ficar ali, mesmo sem chorar quis ficar ali. Chamei Anna baixinho. Apenas ela poderia me confortar nessa hora, mas não queria que ninguém me ouvisse chama-la. Então como se meu sussurro tivesse sido levado até ela Anna se levantou e caminhou até onde eu estava.

P.O.V. – Anna

Elsa queria ficar sozinha, eu havia entendido isso, e por mais que não quisesse deixa-la só, era uma escolha dela. Eu estava sentada entre Coelhão e Olaf quando vi Jack parado na minha frente, seus lábios se moveram sem emitir som, apenas formando uma frase “Ela precisa de você, agora.”.

Levantei e caminhei até onde ela estava seus olhos estavam marejados, e ela tremia, não de frio, mas tremia.

– Oh Elsa… - Eu disse sentindo meus olhos lacrimejarem ao vê-la assim.

Ela simplesmente saltou de onde estava me abraçando, abraçando-me ela chorou, como uma criança, soluçando e fazendo seu choro ecoar pelo deserto de neve, fazendo com que qualquer um sentisse sua dor naquele momento.

Não pude ignorar aquilo, a dor dela era compartilhada comigo, fazendo com que parecesse menor, nos ajoelhamos no chão e ela ficou ali chorando nos meus braços. Droga! Como eu queria saber o que dizer! O que fazer!

“Apenas de estar com ela fisicamente você já ajuda.”. A voz de Jack ecoou na minha mente. Pude senti-lo por perto, mas não o vi. Juntei-me a Elsa em seu choro, porem chorei sem emitir som, não queria que ela me visse daquele jeito, eu tinha que ser forte por ela.

P.O.V. – Elsa

Quando ela chegou, não pude me conter. Saltei de onde estava e abracei-a, comecei então a chorar tudo que não havia conseguido ainda, senti soluços aparecerem e ouvi-os ecoando por todo o local, de alguma maneira ter Anna ali fazia a dor diminuir, não sumir, mas apenas abrandar.

De olhos fechados pude rever varias coisas, desde a primeira vez que vi Jack até a ultima, cada pequeno momento, que sem eu notar havia se tornado único.

Droga! Como eu queria que ele estivesse ali! Mesmo que não fisicamente, apenas para que eu pudesse vê-lo, para que eu pudesse explicar, eu havia prometido explicar! Droga!

“Você não me deve explicações minha pequena… Eu te entendo… Agora segue em frente com Anna, eu ficarei bem.”

Sua voz ecoou na minha mente, e então mesmo de olhos fechados pude ver… Seus olhos azuis tinham um brilho terno, os cabelos prateados estavam bagunçados como sempre porem ele estava todo de branco. Eu quis correr e abraça-lo, mas no que ele piscou eu abri os olhos, e lá estava eu, abraçada com Anna chorando no chão de neve do Polo.