Segredos de Família escrita por Carolina Moreira


Capítulo 2
Um belo domingo de sol




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12 anos depois...

Era um domingo ensolarado, sem nenhuma nuvem no céu e com clima agradável. Poderia ser um outro dia qualquer, parado e sem novidades. Mas este domingo era diferente. Haveria um almoço na casa da vovó Gardenia, unindo toda a família, algo que já não acontecia há muito tempo. Desde a morte do avô Abel, os primos nunca mais se viram, por motivos jamais ditos por seus pais. Eles eram melhores amigos quando crianças, mas agora cada um havia tomado seu próprio rumo. Laila e Thomaz já prestavam vestibular e estavam prestes a encerrar o ensino médio, enquanto os demais se encontravam em várias universidades Brasil a fora.

Laila levantou-se cedo para se arrumar. Ela estava muito diferente desde a última vez que vira os primos. Era uma sensação esquisita reencontrá-los, ela não sabia o que diria. Provavelmente cada um deles seria uma pessoa totalmente diferente, assim como ela. Pelo menos eles não encontrariam a Laila de dois anos atrás: gordinha, de aparelho e óculos. Agora ela estava magra, usava lentes, o cabelo com luzes e não saía de casa sem maquiagem ou com alguma das roupas fabulosas de seu guarda-roupa. Essa transformação lhe custou um pouco caro, já que perdera todos os amigos, sendo chamada de esnobe e mimada pelas más línguas da escola. Isso sequer importava agora, ela provavelmente teria apenas mais duas semanas no ensino médio.

A jovem caminhou até o banheiro e deparou-se com a porta fechada. Pelo visto, seu irmão mais velho Marcos havia se apropriado do banheiro que dividiam.
Ela sentou-se e esperou cinco minutos. Esperou dez, quinze. Por que diabos ele demorava tanto? Ele sequer era uma menina! Laila levantou, bateu à porta e lhe fez essa pergunta.

– Isso não é da sua conta.

A irmã caçula apenas resmungou algo, puxou um grampo do cabelo e o enfiou na fechadura, disposta a arrombar a porta como já fizera tantas outras vezes.

Ela conseguiu entrar no banheiro e o caos foi instalado. Gritos e o barulho de coisas caindo no chão acordaram os pais. Eles novamente precisaram intervir, tal confusão era constante em dia de eventos importantes.

Não era apenas naquela casa que a confusão pairava. Não muito longe dali, Regina Aires, filha de Gardenia, estava recém-divorciada e seu filho mais novo, Thomaz, parecia não aceitar bem as coisas. O belo rapaz de rosto com traços finos, tinha dezessete anos e possuía olhos verdes e cabelos castanhos, deixando sempre todas as garotas babando. Ele estava em conflitos constantes com a mãe, já que não conseguia aceitar de forma alguma que o pai os tinha deixado. Ele não queria ir de forma alguma ao almoço na casa da avó, já que praticamente estava rompendo com a família materna.

Mais uma vez seu irmão mais velho Daniel precisaria intervir e convencer Thomaz de que ninguém ali tinha culpa pelo ocorrido, era algo natural, às vezes simplesmente as coisas não funcionam entre um casal.

Daniel era provavelmente o neto de ouro de Gardenia. O rapaz, assim como o irmão, não deixava a desejar. Alto, forte, de cabelos negros e olhos verdes, estudava engenharia de produção em uma universidade federal não muito longe dali. Era inteligente desde os tempos de colégio. Também era muito querido pelos colegas e professores. Se a perfeição existia na família Aires, Daniel era sua personificação.

Não demorou muito para que conseguisse convencer o irmão caçula de dar paz e sossego pelo menos um dia à mãe e ir encontrar os primos que há tanto tempo não via.

Valentina entrou embaixo das cobertas. A mãe estava em pé ao lado da cama, insistindo para que ela se levantasse.

– Não, eu não vou. Já te disse meus motivos. Agora, me deixe dormir.

Valentina desde sempre foi assim. A jovem de cabelos negros e sombrancelhas grossas nunca gostou de sair de casa. Era muito tímida e custava a fazer amizades quando criança. Sua mãe diversas vezes foi chamada pelos professores para tentar convencer a filha a interagir com os colegas, mas fora em vão. Desde que perdeu o contato com os primos, seus melhores amigos quando criança, ela passou a se isolar e ficou ainda mais tímida e retraída do que já era.

Agora, tendo a oportunidade de encontrá-los, ela não fazia questão alguma de rever os antigos amigos.

– Minha filha, você não é mais uma adolescente, já está na faculdade! Não faz mais sentido se esconder como um tatu numa toca. Seja mulher, levante-se e venha encontrar seus parentes.

– Me dê só mais cinco minutos.

Havia uma bela mesa de café-da-manhã posta. Café, leite, pão de queijo, torradas, geléias, mel, pães, presunto e queijo. Estava tudo perfeito nos mínimos detalhes, assim como Olívia gostava. Inteligente, dedicada, esforçada e perfeccionista. Essas quatro características a definiam perfeitamente.

Seu cabelo castanho-claro estava preso numa trança, enquanto servia o café numa xícara para seu pai viúvo.

– Obrigado, Olívia. Está tudo maravilhoso.

Ela apenas esboçou um sorriso. Gostava de agradar alguém sempre que podia.

– Está ansiosa para ir visitar sua avó hoje?

Olívia continuou passando a geléia na torrada, pensando no que dizer.

– É estranho minha avó fazer isso só agora. Quer dizer, há quanto tempo não vejo meus tios e primos? Desde que o vovô morreu. Por que ela não fez esse almoço quando ainda éramos adolescentes?

– Sua avó tem sempre uma razão para fazer algo ou deixar de fazê-lo. Provavelmente era a coisa mais adequada naquele momento.

– Ainda não sei o que aconteceu para a família se dividir. Quando vou enfim saber?

– Não tão cedo. – disse o pai dando uma risada.


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