Gina estava estupefata com tudo o que tinha acontecido. Aquilo era terrível. Mas a culpa não era dela que Harry a beijou. Se Draco não tivesse dito todas aquelas coisas horríveis a ela, ela não teria saído correndo da sala e não teria encontrado Harry.

Então o culpado de tudo era Draco, com toda a certeza. Gina não iria atrás dele, mesmo querendo estar com ele. Talvez isso seria o melhor a ser feito, quem sabe o que ele viu não foi uma desculpa para se afastar de Gina. Quem sabe eles estejam certos, pensou Gina, quem sabe ele só quer se aproximar de mim para atingi-los. Mas então por que ele nunca tocava no assunto? ,perguntou-se. Bom deixa para lá, pensou por fim.

Gina também sentia muita falta de Hermione, apesar da amiga ter lhe dito coisas horríveis. Queria voltar a falar com ela. Então resolveu que era isso que iria fazer, deixar o orgulho de lado e ir falar com ela.

O sábado amanheceu bonito, Gina levantou e foi tomar café. Na mesa ela encontrou Hermione, mas decidiu não se aproximar, ali não seria um bom lugar para conversas.

Depois do café, Gina subiu para a sala comunal porque Hermione já havia subido, ao chegar lá, viu a amiga lendo um livro. Resolveu se aproximar. Ao chegar perto perguntou:

– Posso me sentar?

Hermione ergueu os olhos e ao ver que era Gina, ficou vermelha.

– Er... hum... claro – disse.

Então Gina sentou.

– Hermione, precisamos conversar, não acha? – perguntou Gina.

– Também acho, Gina – respondeu ela fechando o livro e pousando-o em seu colo.

– Olha, sei que não nos falamos desde aquela noite – Gina deu uma pausa e respirou fundo. – Mas, sinto sua falta Hermione.

– Também sinto sua falta – falou ela corando novamente. – Mas ainda discordo das suas atitudes!

– Eu sei Hermione, eu sei – respondeu. – Mas, você ainda não conversou com o Harry?

– Com o Harry? – indagou confusa. – Bem... ainda não, não o vejo desde ontem à noite.

Então Gina contou, resumidamente, o que aconteceu na noite passada. A expressão de Hermione era de total horror.

– Então você e Malfoy ainda se encontravam...?

– ...Hermione não é isso que importa, mas sim o que o Harry fez! Ele me agarrou Hermione!

– Eu sei, ele também não deveria ter feito isso – concordou Hermione.

– Mas agora, por outras coisas e graças a isso também, eu e Draco não vamos mais nos falar – disse Gina.

– Mais que o certo – disse ela. – Você já parou para pensar o que ele pode estar fazendo Gina? Ele pode estar sendo legal com você, mas ao mesmo tempo pode estar ajudando a destruir aquilo que você ama!

– Hermione, Draco não era assim...

– Como você pode saber Gina! – cuspiu Hermione. – Você não sabe as razões reais para ele vir falar com você. Ou sabe? Ele te falou alguma vez?

– Bem, ele... não, nunca – Gina corou.

– Talvez seja melhor assim Gina – falou Hermione. – Ele não é uma boa pessoa.

Gina quis contrariá-la, dizer que não, que Draco era uma boa pessoa. Mas depois do que aconteceu ela já não tinha mais tanta certeza assim. Então preferiu responder com apenas um “Talvez”.

Ela e Hermione ficaram juntas conversando por um momento, até que Gina viu Harry entrando pelo buraco do retrato com alguns livros. Seus olhares se cruzaram, e o dele caiu sobre Hermione. Gina sabia que aquele era seu toque de retirada. Ela sentia que de alguma forma a amiga estava chateada com ela, por defender Draco. Decidiu deixar as coisas se ajeitarem sozinhas, iria deixar Hermione decidir.

– Bom, vou indo Hermione – disse se levantando. – Ainda tenho umas coisas pra fazer. Tchau.

– Bom, é... tchau então – respondeu.

Então Gina subiu rapidamente as escadas em aspirais, entrou no dormitório e deitou na sua cama, lendo qualquer coisa para passar o tempo.

~*~*~

Harry viu Gina sair de perto de Hermione assim que ele atravessou o buraco do retrato. Será que as duas haviam voltado a se falar? Correu para falar com a amiga.

– Hermione, você e a Gina voltaram a se falar? – perguntou rapidamente.

– É o que parece, e oi Harry – respondeu-lhe.

– Oi – falou sorrindo. – Isso é ótimo não?

– Bom, acho que é – afirmou. – Agora que história é essa que você agarrou a Gina?

Harry sentou ao lado de Hermione e começou a narrar sua história para a amiga. Logo os dois passaram o resto da manhã juntos.

~*~*~

Draco acordou com uma dor de cabeça terrível. Lembrancinha da noite passada, pensou. Draco se recusava acreditar que aquilo foi verdade. Não queria. Tudo sua culpa Weasley, pensava consigo. Sentia raiva, muita raiva de tudo. Por Draco, ele não tinha culpa. Os únicos culpados na história eram Gina e Harry. Gina por ter feito aquilo com ele, logo depois da briga e Harry por agarrá-la.

O final de semana passou rápido, e na segunda-feira, a primeira aula era junto com a Grifinória. Que ótimo, bufou Draco.

Depois do café, ele subiu com Blásio, para a aula de história da magia. Como ainda faltava alguns minutos, alguns alunos aguardavam do lado de fora da sala. Entre eles, Harry, Rony e Hermione.

Quando Draco viu Harry, sentiu vontade de explodir sua cara.

– Então Rony – disse Harry mais alto. – Estive pensando em marcar alguns treinos a mais pro time de quadribol, o que acha? Podíamos ver com Gina também o que ela acha...

– Harry, você é o capitão, não é? – disse ele, bem mais baixo que o amigo. – O que quiser mandar... e por que perguntar pra Gina?

– Ah você sabe né... ela é uma das melhores artilheiras do time – disse ainda alto. – Boa jogadora, também a Gina é sua irmã, nossa amiga não é?

Draco respirou fundo.

– Vou arrancar os miolos desse Potter – disse só para Blásio ouvir.

– Calma cara, se você fizer algo, as pessoas vão desconfiar – disse-lhe o amigo.

– Tem razão, ninguém pode saber...

– Que tal uma partida de xadrez de bruxo ou Snap Explosivo hoje à noite – recomeçou Harry. – A gente podia fazer nós dois contra Hermione e Gina o que acha, Rony?

– Harry, para – falou Hermione autoritária pela primeira vez.

– Cara, não estou entendendo porque você está falando tanto da minha irmã hoje – disse Rony, fechando a cara.

– Não é nada, Rony – disse Harry. – Eu já disse, ela é sua irmã e nossa amiga também.

Rony não respondeu.

Vai lá cenoura, agora você já pode socar esse testa rachada, pensou Draco divertido quando, finalmente a sineta tocou.

– Cara, estou te falando – disse Blas – esse Potter está armando pra cima de você, ele está te provocando! Tá na cara, não paro de fala da Weasley!

– É, eu percebi... percebi – respondeu Draco.

– Se eu fosse você ficava de olho – falou. – às vezes ela nem tem nada a ver, o cara deve ter agarrado ela e...

– Não Blás, eu vi... – disse passando a mão no cabelo.

– Bom, eu...

– Silêncio turma, agora a aula já começou – disse a voz do Professor Flitwick e na sala se espalhou silêncio. E sono também.

O resto da aula percorreu normal, mas Draco não conseguiu prestar muita atenção, só pensava na noite passada. Já estava com ódio de si mesmo por isso. Aquilo parecia uma espécie de humilhação para ele.

Sua segunda-feira percorreu normal, exceto pelas piadinhas sem graça de Harry. Parece que tudo está se invertendo, pensou Draco, ele tirando sarro, eu quieto, só falta pegar a mocinha e então pensou em Gina com certa tristeza.

A terça-feira foi parecida com a segunda, porém Draco estava com mais vontade ainda de estourar os miolos de Harry. Mas em momento algum ele retrucou, não poderia.

Mas na quarta-feira foi o dia em que ele mais se irritou com Harry, agora você vai ver Potter, pensou Draco. Ele já tinha chegado em seu limite. Ele ouvira Hermione pedir para Harry parar muitas vezes, mas parecia que aquilo estava subindo sua cabeça. E isso não iria ficar assim. Draco também viu que Harry tentava se aproximar de Gina, mas a garota sempre dava um jeito de escapar. O que levava mais Blas a encher o saco de Draco dizendo que Harry só esteve provocando Draco.

Depois que acabou a última aula do dia, Transfiguração, todos os alunos iam saindo, menos Harry. A Prof.ª McGonagall havia pedido para ele ficar que ela precisava ter uma conversa com ele à sós. Minha chance de colocar esse cara contra à parede, pensou Draco. Então ele esperou por Harry uns dez minutos, meio escondido, até que o viu sair da sala da professora. Discretamente Draco o seguiu e, para sua sorte Harry passou por um corredor vazio.

– Ora ora – disse Draco, fazendo Harry se assustar –, se o queridinho do Potter não levou uma chamadinha da professora hoje.

– Cala a boca, Malfoy – respondeu seco.

– Ah, qual é Potter – disse ríspido, se aproximando de Harry. – Não vai me falar algo sobre Gina?

– Você não precisa saber nada sobre ela – falou.

Nesse momento Draco se aproximou ainda mais dele e o jogou contra a parede.

– Estou lhe avisando Potter, mais uma piadinha ou gracinha sobre isso e eu lhe arranco os miolos.

– Estou morrendo de medo de você, Malfoy – disse Harry tentando se soltar dele. – Não chegue perto de Gina, senão eu lhe arranco os miolos!

– Se toca, testa rachada, ela não quer nada com você – atacou Draco. – Quando ela estava na sua você nunca deu moral, agora que ela desencanou você volta a atrapalhar a vida dela!

– Do que você está falando? – perguntou ele.

– Nada, esquece – então Draco o soltou da parede. – Está avisado, Potter!

– Volte aqui Malfoy, quero saber do que estava falando – disse Harry autoritário.

– Eu não te devo satisfações, Potter – dizendo isso Draco saiu andando e o deixou sozinho no corredor.