Contando Estrelas escrita por Letícia Matias


Capítulo 5
Capítulo 4




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Entrei no táxi.

– Para onde senhorita¿

Green’s. – eu disse sorrindo.

Ele sorriu e voltou sua atenção ás ruas.

Durante todo o trajeto fiquei olhando pela janela, com os vidros abertos. Beverly Hills era maravilhosa de noite, mas eu não via a hora de ir para Nova York. Havia muitas pessoas andando pelas calçadas, algumas com roupas de praia, algumas extremamente chiques, outras com roupas “simples” de usar em casa e a maioria que se passava eram pessoas arrumadas para a noitada em algum clube próximo.

O céu estava com aquele azul de fim de tarde e tinha uma brisa maravilhosa. Estava começando uma noite maravilhosa.

O taxista parou o táxi por causa do trânsito uma rua antes do Green’s, eu disse que tudo bem e lhe entreguei 25 dólares, agradeci e lhe desejei uma boa noite, ele fez o mesmo.

Andei por alguns minutos e cheguei no clube, comprei meu ingresso na bilheteria que estava vazia e entrei no local.

Quando eu entrei vi centenas de pessoas dançando e rindo com os copos para cima e com suas mãos batendo palmas e balançando. A maioria ria e se divertiam, alguns se beijavam em algum canto escondido e em alguns pontos havia rodinhas de amigos conversando.

Fui em direção ao bar e pedi uma Margarita. O barman me olhou desconfiado, porém não disse nada.

Demorou uns cinco minutos para preparar a bebida e colocou em cima do balcão. Entreguei-lhe 20 dólares.

Dei um gole. Ah... Divino!

Dei uma olhada para os lados e vi que minha amiga Katie estava saindo do banheiro.

Ela me viu e veio correndo e sorrindo.

– Mary! Eu não esperava lhe encontrar aqui, mas ainda bem que você está aqui. Ficar sozinha numa balada é horrível.

– Eu sei. E Melanie, não vem¿

– Não, ela disse que ia ser uma merda e um monte de bobagens.

Revirei os olhos e ri.

– Típico de Melanie.

Ela riu.

– Sim.

Dei mais o último gole na minha bebida e deixei o copo em cima do balcão.

– Ah meu Deus! Swedish House Mafia! Vamos! – Katie me puxou e eu a segui rindo.

Fomos para a pista de dança onde as pessoas dançavam loucamente e algumas só se mexiam de um lado para o outro.

Eu e Katie começamos a dançar e a pular com as mãos para cima, mexendo os cabelos, a cabeça e rindo e cantando.

– Don’t you worry, don’t you worry child...

Percebi que alguns meninos nos olhavam, na verdade muitos meninos.

– Estamos arrasando. – Katie disse alto demais.

Eu ri.

Acho que você está bêbada. – pensei.

Joguei meus cabelos para trás e comecei a pular conforme a música. Olhando no salão em volta as pessoas ficavam prateadas, verdes, azuis, amarelas e um vermelho intenso por causa dos holofotes que giravam.

– Ah meu Deus! Ellie Goulding! – eu disse.

A batida eletrônica da música Fall Into The Sky começou a ecoar por todo o salão.

Fechei meus olhos e comecei a me movimentar fazendo movimentos de psy do meu jeito, e pulando e gritando e rindo junto de Katie.

Aquilo era maravilhoso, todos dançavam e riam, e estavam ali se divertindo.

Eu mexia a cabeça de um lado para o outro com os braços para frente, alguns meninos chegaram em mim e em Katie e começaram a dançar perto de nós e tudo o que fazíamos era dançar e rir.

Logo após que a música da Ellie se finalizou, o DJ pegou o microfone e pediu a atenção de todos. Todos estavam olhando para sua cabine no alto do salão.

– Boa noite pessoal, estou aqui para dizer que a próxima música tem tudo a ver com o que o pessoal do Green’s vai entregar para vocês agora. São pulseiras de neon e quem quiser pintar alguma parte do corpo, eles estão passando com um balde com tinta neon, então vamos apenas curtir o som Neon Lights de Demi Lovato, com “Neon Lights”!

Todos riram e assoviaram.

Uma mulher de uniforme me deu três pulseiras de neon e as coloquei no braço. Quando todos estavam ou pintados ou com as pulseiras de Neon. As luzes se apagaram e uma luz negra foi acionada no salão. Quando se olhava em volta apenas viam-se neons por todos os lados. Todos riam e falavam. Alguns holofotes de led começaram a piscar e a música invadiu o salão.

Todos começaram a gritar e assoviar.

– Eu amo essa música! – eu disse.

Passei a mão pelo cabelo e comecei a dançar. Todos jogavam os braços para cima pulando e gritando, e um grande grupo de pessoas cantava e pulava. Eu fazia parte deste grupo com Katie.

Olhei em volta e parei de pular. Eu fiquei chocada.

Era Johnny, do outro lado do salão, me olhando.

Ele tinha uma pulseira de Neon no braço.

Reprimi um sorriso e comecei a pular e dançar novamente.

– Eu não acredito. – eu disse.

– O que foi¿ - Katie perguntou.

Eu olhei para ele e disse para Katie ao mesmo tempo.

– Um cara novo na empresa do meu pai está aqui. Ele entrou na empresa e ele está aqui.

Ela viu Johnny e virou-se para mim.

– Uau, ele é gato. E velho!

Fiz uma cara séria e depois ri.

– Sim ele é um gato, e ele não é tão velho. Tem 28 anos.

– E eu acho que está rolando uma química.

Olhei para ela espantada.

– Não seja ridícula.

O DJ anunciou que Calvin Harris e David Guetta iriam assumir o lugar dele a partir dali e iríamos curtir músicas de ambos.

Calvin e David apareceram na cabine e todos começaram a aplaudir e assoviar, eles se apresentaram e logo começaram as músicas.

Eu e Katie dançamos mais umas quatro músicas e depois subimos para o andar de cima onde tinha o bar.

– Vamos comer alguma coisa. – eu disse.

Sentamo-nos no balcão em frente ao bar.

– O que você acha de uma porção de salame e azeitona temperado com orégano, azeite e limão¿ - perguntei.

Katie assentiu animada.

– E bebida¿ - o barman perguntou.

– Eu quero uma Heineken.

– Eu quero um TNT.

O barman anotou e passou o pedido para uma mulher que se dirigiu para dentro da cozinha.

– E então, você veio mesmo sem guarda-costas.

Meus olhos se arregalaram e meu coração se acelerou.

Virei meu corpo e vi Johnny olhando-me e sorrindo.

Sorri de um modo tímido. Ele estava absolutamente lindo. Com uma calça jeans preta, uma camisa polo branca e um tênis da Puma branco com preto.

– Eu disse que não traria nenhum guarda-costas.

Ele riu e balançou a cabeça veio até mim e me deu um beijo no rosto cumprimentando-me.

Senti seu cheiro embriagador do perfume Armani. Fechei meus olhos por puro prazer de sentir aquele cheiro.

Ele se recuou e sentou-se no banco do meu lado.

Olhei para Katie que me olhava reprimindo um sorriso.

– Ah... – senti minhas bochechas ferverem. – Esta é Katie, minha amiga da escola.

– Ah, muito prazer Katie, sou o Johnny. – ele estendeu a mão e Katie timidamente, o que não era de seu feitio, apertou a mão dele.

Katie havia corado intensamente. Ela tinha uma pele branca e tinha cabelos loiros cor de mel, seus olhos eram castanhos e suas bochechas sempre estavam pálidas, mas agora estavam super vermelhas.

O barman chegou com nossa porção de salames com azeitona e minha cerveja e com o energético de Katie.

Peguei a garrafa e dei um gole.

Olhei para a porção, era uma porção grande, então, Johnny poderia se juntar á nós.

– E então, você se junta á nós para comer¿ - perguntei olhando para ele.

Ele me olhou por um instante.

– Sim, claro. – ele disse pegando um palito e espetando uma azeitona e um salame e enfiando na boca.

Aquela boca.

Minha boca secou e eu tomei mais um gole da minha cerveja.

– Ah meu Deus. – Katie disse olhando para o celular.

– O que¿ - eu disse voltando à atenção para ela.

– Mike está no hospital.

Mike era o meio-irmão de Katie que tinha 20 anos.

– Como assim, o que aconteceu¿

– Ele desmaiou e ninguém sabe o porquê. Eu preciso ir Mary. Desculpe-me.

Ela se levantou e me deu um abraço e depois apertou a mão de Johnny corando novamente.

Ignorei a sensação de ficar incomodada por causa disso.

– Ah, você tem dinheiro para o táxi¿ - perguntei.

– Sim. Qualquer coisa eu te ligo, ok¿

Assenti e vi ela partir.

Agora éramos apenas eu e Johnny.

Peguei um salame e coloquei na boca mastigando sem olhar para Johnny, porém, eu podia ver pelo canto do olho que ele me olhava.

– E então, seus pais falaram algo de você vir para cá sozinha¿

– Não. Eles não tiveram escolha. Eu me arrumei para vir e vim.

Ele assentiu e tomou um gole da sua cerveja, Heineken também.

Comemos a porção em silêncio.

Peguei minha bolsa para tirar o dinheiro.

– Quanto deu¿ - perguntei para o barman.

– Sua amiga pagou a cerveja dela então, sua cerveja e a porção dá 50 reais.

Assenti e estendi cinquenta dólares para o barman enquanto eu tentava fechar a bolsa.

Senti o dinheiro ser arrancado da minha mão, e não era pelo barman.

Olhei para Johnny que segurava os 50 dólares numa mão e entregava ao barman 60 dólares.

– O que está fazendo¿ - perguntei.

– Pagando.

– Você não pediu a porção, não é justo você pagar. – eu disse me curvando para tentar pegar os 60 dólares de sua mão.

Ele revirou os olhos.

– Porém eu também comi.

– Então vamos dividir.

Ele revirou os olhos.

– Cale a boca. Não deixarei você pagar.

Ele entregou os 60 dólares para o barman e antes que eu pudesse protestar o barman já tinha pegado e registrado na caixa registradora.

Olhei confusa do barman para Johnny que colocava os 50 dólares de volta na minha bolsa.

Ele me olhou bem no fundo dos meus olhos.

Era demais suportar tudo aquilo, em silêncio. Nossos olhos falavam por nossas bocas.

Meu coração estava a mil e eu me sentia levemente tonta por causa da cerveja e por causa de seu cheiro embriagante.

–Ah, obrigada Johnny. Eu já vou indo. – eu disse levantando-me.

Ele se levantou também.

– Também já vou.

Eu me sentia completamente tonta.

Descemos as escadas e passamos pela multidão que dançava sem parar.

Quando chegamos do lado de fora já estava escuro e caía um temporal.

– Você quer que eu te leve para casa¿ - ele perguntou virando-se para mim.

– Não, eu estou bem. Daqui a pouco passa um táxi por aqui.

Ele segurou em minha mão.

– Vamos, você não vai conseguir achar um táxi.

Nossos olhos se encontraram e eu puxei minha mão.

– Não. Está tudo bem Johnny, obrigada!

Ele ia falar algo, porém o motorista chegou com seu carro e lhe entregou a chave.

Seu carro era um Audi preto e combinava extremamente com ele.

– Por favor, Mary, entre no carro.

Revirei os olhos.

– Não, eu estou bem!

Ele fez uma cara feia e saiu de perto de mim. Deu a volta no carro e entrou no carro batendo a porta levemente.

Ele abaixou o vidro.

– Vamos!

Bati o pé e disse alto.

– Não, eu vou ficar bem Johnny! Não seja chato.

Ele mordeu o lábio inferior e deu de ombros.

– Você que sabe.

E deu partida no carro.

Eu sentei-me no banco. Eu só esperava que aquela chuva passasse para que um táxi chegasse.

Passou-se uma hora e meia e a chuva estava forte e nenhum táxi havia passado no ponto. Olhei em meu celular, já eram 22:30 da noite.

Bufei e levantei-me. O jeito seria ir embora a pé.

Comecei a andar na rua os pingos fortes da chuva caía sobre mim com força total e parecia que eu ia ser esmagada.

Eu me sentia desprotegida e estúpida por não ter aceitado a merda da carona.

Eu era a única que estava andando na rua na chuva, todos ou já tinham ido embora, ou estavam dentro dos restaurantes e clubes.

Virei numa rua onde postes no estilo britânico iluminava a rua.

Um carro preto parou do meu lado e abaixou o vidro.

Abri a boca surpresa.

Era Johnny. O que ele estava fazendo ali¿

– Entre no carro Mary Anne. Não diga que está bem. – ele falava alto por causa do barulho da chuva.

– Eu estou bem Johnny. – eu disse e continuei a andar.

Eu andava o mais rápido que eu podia, aqueles sapatos escorregavam de mais. Então eu consegui a pachorra de escorregar num papel molhado e cair de costas no chão batendo a cabeça.

Minha visão escureceu e eu não conseguia enxergar nada por um segundo. Eu sentia a chuva esmagar meu corpo para baixo e eu queria que o chão me engolisse.

Eu estava mortificada de vergonha.

Senti dois braços me pegarem no colo. Abri meus olhos e forcei para enxergar na chuva.

Era Johnny.

Seu cabelo estava pingando e seus olhos estavam fixos nos meus e ele respirava pela boca assim como eu.

Ele foi curvando a cabeça e eu fui de encontro a ele até que nossos lábios se encontraram urgente.

Ele me segurava em seu colo como aqueles noivos seguram a noiva, meus braços estavam em volta de seu pescoço e eu nunca havia sentido tanta felicidade e prazer em toda a minha vida. Era a coisa mais estúpida e romântica que tinha acontecido comigo. Ainda bem que o táxi tinha atrasado.


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