So Far Away escrita por Erzy, Shion


Capítulo 1
Armadura - Ponto Fraco.


Notas iniciais do capítulo

Em alguns capítulos, vou colocar um trecho da música, se puderem ouvir, agradecerei. o:

https://www.youtube.com/watch?v=XZ-alXuScDE
Boa leitura! o/ poaskpoksok



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¹"Plans of what our futures hold
Foolish lies of growing old
It seems we're so invincible
The truth is so cold
"

Avenged Sevenfold - So Far Away.

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"Você pensa em mim de vez em quando?"

Ultimamente essa pergunta tem passado pelos meus pensamentos diversas vezes como nesse momento, é algo automático, não posso evitar mesmo sabendo que as chances são mínimas de isso acontecer. Dizem que é pensamento de gente apaixonada, mas prefiro não acreditar nisso.

Então retomo o caminho para o colégio, olho para o céu e percebo que ele começa a derrubar seus primeiros pingos de água, vejo pessoas correndo para abrigos tentando se proteger dela, como se fosse os ferir, mas não sabem que se parassem e a sentissem, veriam que não é apenas uma "chuva". Foi o que Juvia me dissera há um tempo atrás, que a "chuva do céu" ao se chocar com a pele pode fazer você se sentir vivo, mas a "chuva do coração" pode torturá-lo, e é essa chuva que devemos evitar em nossa vida, nunca entendi muito bem algumas das coisas que a azulada falava, porém, essa, passei a entender...

"Sentindo a água escorrer pelo meu corpo

Como uma cura momentânea

Levando toda mágoa que tenho

E trazendo lembranças de momentos felizes

De um passado que agora não existe mais."

Saio dos meus pensamentos ao sentir uma leve cutucada no ombro, olho para o lado, e, de imediato, reconheço a menina loira, de cabelos medianos e olhos achocolatados.

–- Erza olha seu estado! O que faz parada aqui? Ainda mais na chuva? - Dizia ela, apontando para minhas roupas e me puxando para a entrada do colégio.

–- Eu estou bem, você não deveria se preocupar comigo, só... Quero ficar sozinha, Lucy. - Digo em voz baixa.

–- Pelo menos se seque e vá para a sala de aula, qualquer coisa estarei na carteira dos fundos. - Diz dando um pequeno e confortante sorriso ao seguir o corredor em que fica nossa sala.

Sei que ela estava preocupada, aliás, uma das qualidades da Lucy é a preocupação com seus amigos, mas eu precisava me recompor, precisava colocar minha "armadura" novamente e parar de pensar nele. Essa Erza vulnerável é desconhecida para todos, mostra - lá seria humilhante para mim no momento, e o motivo imperdoável. Sigo até a enfermaria que se encontrava vazia, abro o armário um tanto enferrujado retirando uma toalha para secar meus cabelos, que no momento, era o de menos comparado com minhas roupas. Sento-me em uma das camas da enfermaria, relembrando de como fui irresponsável em ficar parada na chuva justo quando estava indo para o colégio, se ao menos fosse na volta eu não precisaria ficar a manhã inteira com a roupa molhada. Tsc.

–- O quão criança você ainda é, Erza? - Digo quase que num sussurro, dando um riso fraco ao olhar para os fios vermelhos que ficaram na toalha após eu tê-la usado. Fios que trazem uma história consigo. Olho para o relógio de parede quadrado que fica em acima da porta, que pelo tempo, foi passando de branco para amarelo desbotado.

–- Está na hora de voltar, ou melhor, entrar. – Digo para mim mesma.

Levanto-me e saio da enfermaria, fazendo o mesmo trajeto que Lucy havia feito uns 30 minutos atrás. Chego em frente a sala 3-B, onde eu já podia ouvir uma discussão, que sem muito esforço, previ que era Natsu, um garoto de cabelos rosas e de olhos verdes, bem animado por sinal , mas de pavio curto. E Gray, um moreno de cabelos pretos azulados e de olhos negros , que assim como Natsu, era bem esquentado, o que resulta em desentendimentos entre os mesmos. Mas poucos sabem que eles tem um laço muito forte, que apesar de sempre estarem se "matando" aos olhos dos outros, são bem próximos. Dou três batidas na porta e escuto um "Entre." do professor Makarov, que pelo tom de voz, já estava cansado de tanta baderna.

–- O que está acontecendo aqui? - Digo com uma voz autoritária e expressão séria ao adentrar na sala de aula.

–- E- Erza?! - Escuto Natsu e Gray, exclamarem um tanto com medo. Não que eu gostasse de passar essa imagem, mas era o único jeito de manter aqueles encrenqueiros na linha.

–- Natsu! Gray! É impressão minha ou estão brigando? - Pergunto lançando um olhar reprovador ao ver um segurando a gola da camisa do outro, mesmo sabendo o que estava acontecendo e o que eles responderiam.

–- C- Claro que não, Erza. Só estamos... Felizes por... Por você, não é verdade, Natsu?? - Dizia Gray, que no momento já se encontrava sem camisa e abraçado com Natsu.

–- Aye!

–- Por... Mim?

–- Sim! - Disse como se tivesse se lembrado de algo. - Você foi escolhida pra ser representante da turma junto com o Jellal. - Olho para o professor, que desde minha entrada não havia se pronunciado, esperando que ele desmentisse e desmascarasse Gray, assim eu poderia espancar ele por causar um mini-ataque cardíaco, mas ele balança a cabeça em afirmação. Será que estou sendo castigada por comer bolos de morango escondidos? Ou por ter comprado uma fatia de bolo quando era dia de comprar duas? Seja o que for não vai se repetir, Senhor.

–- Erza, os alunos que foram escolhidos como representantes de suas salas, foram convocados para uma rápida reunião no grêmio. Nesse momento todos estão lá, mas como você não estava presente, falei para o Jellal ir à frente, sugiro que se apresse e siga para o grêmio. - Dizia o professor Makarov, enquanto eu tentava assimilar toda aquela história. - Entendeu?

–- Sim, estou indo para lá agora mesmo. - Saio da sala que nem sequer cheguei, ainda podendo escutar algumas falas como “Cara, essa foi por pouco", "Aye? Que diabos é isso?".

Passo pelos corredores que, por estar em horário de aula, se encontravam vazios, subo as escadas para o segundo andar, onde ficava a sala do grêmio. Repenso se entro ou não, mas já que vim até aqui, não custa nada... Ou custa? O que de ruim pode acontecer?

Abro a porta, tentando não fazer barulho, mas parece que quanto mais você tenta menos você consegue. No momento em que eu a abro, escuto um gemido seguido de um tombo.

–- Aiii! Droga... Essa doeu. - Resmungava o pobre coitado que ainda estava no chão.

–- Sinto mui... to. -Só pode estar de brincadeira comigo... - J-Jellal?

–- Tudo bem, não foi nada de mais, mas confesso que doeu. - Ele se levanta passando a mão sobre o local atingido.

–- T- Tem certeza? - Pergunto toda desajeitada.

–- Não se preocupe, eu estou bem, Scarlet. - Scarlet... Já faz alguns meses que ele voltou a me chamar assim... Antes das férias, ele me chamava pelo primeiro nome, passávamos os intervalos conversando, e até passamos a conversar pelo celular algumas vezes, agora me trata, quase, com indiferença. Logo após eu voltar de uma viagem, e tentei ligar para ele, porém o celular nunca funcionava, e, quando finalmente nos vimos, com o retorno das aulas, ele me aparece com uma tatuagem estranha no rosto e passou a agir como se mal me conhece-se!

–- Scarlet está me ouvindo? – Disse ele, friamente.

–- O que foi, Fernandes? – Falei um pouco alterada, irritada com a forma que ele passou a falar.

–- Já podemos voltar para sala, a reunião já acabou, e não teve nada muito importante, só aquele falatório sobre as responsabilidades que temos como representantes, que temos de dar exemplo para o resto dos alunos e etc.

–- Imaginei que seria assim, mas o que faz aí sozinho na sala? – Falei, observando a sala, que, com exceção de Jellal, não tinha uma alma viva.

–- Ultear me pediu que a ajuda-se a arrumar a sala, antes de voltar, só que teve de sair antes de mim.

–- Hm... Entendo... – Falei, usando um tom desconfiado, Ultear, irmã de Gray, uma bela jovem que, diferente do irmão, tinha cabelos negros e longos, além de uma íris também negra. A amizade que os dois tinham nunca me incomodou muito, porém, atualmente, receio sentir um pouco de inveja.

Seguimos para a sala de aula, em um silêncio nada agradável, a cada passo que eu dava ao seu lado meu coração falhava, eram tantas perguntas que eu queria fazer que chegava a ser sufocante não ter uma resposta, mas sem eu perceber, já estávamos em frente à sala de aula, e ele me olhou como se dissesse “Vai entrar ou ficar aqui fora?”, então apenas balancei a cabeça positivamente e adentrei seguida dele.

As aulas seguintes passaram normalmente, ou seja, discussões e brigas entre Natsu e Gray, fora os que se envolviam na intenção de separá-los, mas acabavam entrando na baderna, isso apenas quando eles “achavam” que eu não estava olhando. Realmente não tomam jeito.

Ao escutarem o toque do sinal para irmos para casa, a velocidade em que saíram foi inacreditável, como se suas vidas dependessem dele e rapidamente a sala se encontrava vazia, suponho que seus materiais eram apenas jogados na mochila. Pobres cadernos, não gostaria de ser eles.

Guardo meu material e olho para a porta, encontrando certa loira sorrindo, acho que ela está andando muito com o Natsu, mas isso não importa, então retribuo o sorriso.

–- Melhor? – Ela me pergunta sem rodeios.

–- Sim, estou.

–- Isso é bom, agora podemos ir a uma do--.

–- Hoje não é um bom dia para sair. – Interrompo-a, olhando em algum ponto qualquer da sala.

–- Ok, mas é uma pena não querer ir à doceria, ouvi dizer que tem uns bolos mui--.

–- Nossa! Que lindo dia para sair! – Exclamo, interrompendo-a novamente, com os olhos brilhando ao ouvir a palavra “bolo”.

A loira cai na gargalhada ao ver que caí direitinho no seu plano, como se já esperasse minha reação.

–- Loira burra! – Digo em um tom brincalhão mostrando a língua e cruzando os braços como uma criança birrenta.

–- Ruiva dramática! – Diz me dando um leve empurrão com o próprio corpo.

Mal sabe ela que, naquela doceria, as coisas não seriam tão doces quanto esperava...


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Notas finais do capítulo

¹ Plans of what our futures hold
(Planos sobre o que o nosso futuro nos reserva)
Foolish lies of growing old
(Mentiras tolas sobre envelhecer)
It seems we're so invincible
(Parece que éramos tão invencíveis)
The truth is so cold
(A verdade é tão fria)

A fanfic depende de vocês, então comentando bem ou não, já está valendo. Uuaheuhuaehuhea