Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

Jonas revisava alguns papéis sobre a mesa, todos os funcionários já haviam ido embora, os únicos que restaram foi o seu fiel Murphy e Edmilson, que estava lá fora dormindo no volante do carro estacionado.

Murphy entrou sorridente, como sempre, no escritório do seu boss e lhe entregou mais um papel, este era diferenciado, bem pequeno e com um endereço anotado de caneta preta.

– O jantar foi marcado para as oito horas, boss

– Porque tão tarde?

– Ela que escolheu o horário, e não lhe vejo em uma posição muito confortável para questionar

– Ok... boa noite Murphy

Jonas pegou o papel e colocou dentro do bolço, reuniu alguns outros entre suas mãos e os colocou na gaveta mais próxima, a qual foi fechada e verificada rapidamente com uma senha, depois se levantou e caminhou em direção a porta, o indiano permanecia como uma estátua.

– Desculpe boss... mas você não vai ligar pra Marra Womem?

– Não Murphy, eu mando uma mensagem - Jonas respondeu sem olhar para trás

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O restaurante era um dos mais privilegiados de todo o Rio de Janeiro, escolhido pelo acompanhante é claro, nada que tirasse o restante de paciência que Jonas ainda tinha, pediu para que Edmilson estacionasse em frente e depois procurasse alguma vaga, queria acabar com aquilo logo.

Desceu do carro e disse rapidamente um nome para o recepcionista, que o levou até a mesa desejada, de longe Jonas já a avistou, com o cabelo preso em um coque elegante e com um vestido digno do ambiente.

O garçom afastou a cadeira e Jonas sentou, o sorriso no rosto de Verônica foi instantâneo, já o mesmo não se encontrava no rosto do Jonas, o qual permanecia sério e levemente irritado.

– Pode me dizer o porque disso?

– Você não me procurou depois da notícia, e como ela viralizou total... achei que no mínimo você ficaria irritado

– Eu não me meto com jornalistas, conheço bem o tipo de vocês, fazem tudo por uma matéria, e já que o mundo todo tá sabendo, pra que me dar o trabalho, certo?

– Certo... mas eu estou aqui por outro motivo - Jonas a observou - você se lembra da Sandra? Não seria nada bom se Pamela soubesse.... não é?

– Eu nunca tive nada com a Sandra, exceto no passado, antes mesmo de conhecer a Pamela

– E o encontro de vocês em Brasília? Quando você usou a desculpa do pajé?

– Agente só conversou - ele estava perdendo a paciência

– Você não sabe do que as lentes de um repórter são capazes....

Aquilo havia sido uma provocação, ela podia ter ou não as fotos, mas como Jonas poderia arriscar? Ele poderia perder a família. A raiva fez seu sangue ferver e as veias dos músculos ficaram salientes, ele queria esgana-la, e o teria feito se não tivesse tanta gente por perto.

– E quanto você quer? - ele falou grosso

– Acho que você sabe como agradar uma dama... mister Marra

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– Você tem certeza de que é isso o que você quer?

– Why?

– Por que eu vou ser sempre assim, o Danilo, o atrapalhado que sempre estraga tudo

– Eu não acho! Pelo contrário, você é uma pessoa incrível, diferente... mas incrível

Danilo sorriu com a resposta da amada, e aquilo que já havia começado se deu continuidade, depois desse breve "pedido", o que os dois mais queriam era um ao outro.

Danilo deitou lentamente na cama, impulsionado pela mão de Baylee é claro, ela foi desabotoando os botões de sua camisa um a um, passou a unha em seu peito, o que lhe provocou um pequeno arrepio.

Baylee passou os joelhos por cima de suas pernas, os posicionando lado a lado de sua cintura, Danilo tirou seu vestido e a presenteou com um beijo ardente, em quanto ela desabotoava a calça dele.

Danilo pôde tocar, sentir, admirar e beijar cada parte do corpo de Baylee, a pele limpa de porcelana brilhava sob a pouca luz vinda do abajur no criado-mudo, Baylee também teve sua oportunidade, de explorar cada pedaço do corpo daquele que graciosamente, ela apelidou de "Dani".

Pouco a pouco nenhum dos dois conseguia mais soltar o corpo um do outro, o desconhecido se tornou conhecido e a vontade, insaciável, se continuassem naquele ritmo, a noite seria curta demais ora tanto fôlego.

Eles não estavam nem ligando para as opiniões, para o que as pessoas vão achar ou deixar de o fazer em relação a esse novo "status", eles só queriam estar perto um do outro, poder tocar, sentir... e ter a certeza de que o outro está bem ali, ao seu completo alcance.

Para o amor existem diversos significados, paixão, dedicação, mitologia, zelo, compreensão, abstrato, devotado... um sentimento borrado, a afeição viva por alguém ou por alguma coisa, mas a verdade, é que ninguém nunca soube explicar com palavras o que é o amor.

É um sentimento especial, que traz uma sensação gostosa no coração e que nos faz sorrir instantaneamente, sinônimo de felicidade e de vida, a verdade, é que nada e nem ninguém é feliz... sem nunca ter provado do sentimento, amor.

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O raio de sol que entrou pela fresta da janela entreaberta, foi mais rápido que o meu despertador, me acordando antes que o mesmo tivesse chance, por conta disso eu sabia que ainda tinha alguns minutos na minha... cama, bem aquilo não era exatamente uma cama, e sim o meu colchão junto com meu pequeno sofá, formando uma espécie de cama de casal.

Esfreguei os olhos com as palmas das mãos, levantei apenas meu torso, permanecendo sentado no colchão ralo, tanto que quase dava para sentir o chão, Megan ainda dormia tranquila ao meu lado, com a cabeça sobre o travesseiro e enrolada com o cobertor, ela parecia mais um anjo.

Megan não vai mais a Marra, pelo menos não por enquanto, resolveu passar uns dias comigo e ajudando na Plugar, com as aulas de inglês para as crianças, não acho que seja algo que tenha futuro, mas ao menos vai manter ela entretida, longe dessa família problemática e de toda essa pressão.

Delicadamente, com a ponta dos dedos, coloquei o cabelo dela, que cobria o rosto, para trás da orelha, deixando sua pele de porcelana aos olhos de qualquer um que por ali tivesse o privilégio de passar, levantei mais suave que uma pétala de rosa quando cai sobre a grama, tudo para que ela não acordasse, missão cumprida com sucesso, o máximo que ela fez foi suspirar.

Peguei uma roupa no armário e fui até o banheiro silenciosamente, coloquei a mesma na pequena pia e encarei o espelho, o cara do outro lado não parecia muito bem, o cabelo bagunçado, as olheiras em sinal de cansaço, a pele amaçada de uma noite de sono não muito confortável, era sinais claros de que alguma coisa estava errada.

Por mais que Megan tenha passado a noite ao meu lado, o que foi maravilhoso, eu não consigo esconder nem de mim mesmo, o meu completo desinteresse de ir á Marra, não é por estar sem Megan, pois sei que ela vai ficar bem, mas é que não estou afim de ficar trabalhando em um outro projeto quando poderia ser no meu, mas... o que posso fazer?

Abri a tornei e acolhi a água com as palmas das mãos, joguei a mesma no meu rosto, em um sinal de "acorda Davi! Você tem trabalho!", a ordem foi captada e eu parti para um banho rápido, o dia seria bem longo.

Sai fechando a porta silenciosamente, um pequeno rangido no final foi inevitável, e a minha careta em temer ter a acordado, também, mas Megan já havia levantado sem a ajuda daquele pequeno e irritante barulho, ela permaneceu sentada na "cama".

– Não ia me acordar?

– Achei melhor te deixar dormindo

– Esqueceu que eu vou dar aula pras kids hoje?

– É mesmo... desculpa

– Tudo bem

Me despedi da Megan com um beijo e parti em direção a Marra, para um dia entediante sobre como o projetor 4D é "incrível" e sobre como ele vai "mudar vidas", da até enjoou só de pensar.

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Subi os degraus e entrei no pequeno prédio parcialmente movimentado, vários voluntários faziam suas respectivas tarefas, Herval deveria estar no escritório pois não o encontrei, Rita fez questão de vir me cumprimentar, com um sorriso enorme no rosto.

– As crianças estão te esperando lá fora - ela disse

As crianças estavam todas sentadas no campinho, tão comportadas que quase não as reconheci, Rita me desejou boa sorte e se retirou.

– Você vai se sair bem

– É o que eu espero...

Confesso que estava um pouco nervosa, nunca estives á frente de um grupo de crianças, muito menos como professora.

Sentei no centro da turminha, em uma das toalhas estendidas e em uma posição onde todas pudessem me ver, os olhinhos curiosos me observavam atentamente, não posso dizer que sei o nome de todos, mas rostinhos conhecidos estavam ali, como Samuel, Pedro e Alice.

Abri meu caderno calmamente, os olhinhos direcionaram sua atenção para ele, a mesma atenção com a qual eu procurava minhas anotações, feitas na noite anterior com a ajuda de Davi, que demonstrou bastante interesse nas minhas aulas, ele estava feliz.

Resolvi começar com o básico, me apresentando e ensinando palavras simples primeiro, o que foi like um sucesso, já que todas as kids são muito inteligentes, em poucos dias já vão estar falando frases completas!

Os risos fizeram parte daquela aula, o que só deixava tudo mais gostoso, eu estava me sentindo ótima, mesmo depois de tudo... e os sorrisos que me contemplavam eram os responsáveis.

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A maioria dos "convidados" já estavam na sala de reuniões, inclusive a Manu, que pediu para que eu me sentasse ao seu lado, visando que era única cadeira vazia, fiz isso, mas Jonas ainda não havia chegado na Marra, que ótimo.

Depois de quase uma hora de espera, finalmente Jonas entrou na sala, os que já estavam cochilando acordaram rapidamente, Murphy veio logo atrás, como o fiel cão que nunca deixa o seu dono.

Jonas sentou em sua cadeira e posicionou alguns papéis sobre a mesa, todos estavam ansiosos para saber o motivo da reunião, mesmo que este já seja completamente óbvio, todos inclinaram a cabeça para frente, para ouvir as palavras de Jonas.

– Eu chamei todos vocês aqui para dar uma grande notícia, como todos sabem o projetor 4D foi um sucesso e vai ser produzido pela Marra e vendido em escala internacional - ele começou o discurso previsto - mas isso vocês já sabiam, a novidade é que a Marra vai produzir não só o projetor 4D, como também um carinho que ficou bastante famoso no MarraIdeia, o Júnior, criado pelo meu sucessor, Davi Reis

Todos começaram a bater palmas e dirigir sorrisos para mim, não consegui acreditar que aquilo era verdade, aquelas palavras estavam mesmo saindo da boca do Jonas? A felicidade não cabia.

– Isso... isso é serio, Jonas? - gaguejei

– Claro Davi, o Júnior é incrível e eu não poderia deixar um projeto desse porte passar

– Nossa, muito obrigado Jonas, eu... eu não sei nem o que dizer

– Então não diga - ele me interrompeu - apenas escute as novas mudanças do projeto

– Mudanças?!