POV Austin

Sai do quintal e passei reto pelas pessoas. Estavam tão entretidas que nem me perceberam subir rapidamente.

Eu não acredito nisso. Não acredito.

A minha raiva foi tanta que eu bati a porta, e a maçaneta quebrou. Eu estava com muita raiva, vê eles chegando juntos. Ela ter esquecido.

–Que droga! -Esbravejei puxando os cabelos. Logo ouvi passos próximos. Tentei me controlar e me acalmar.

–Austin? -Kira me chamou. -A festa é lá embaixo, o que você está fazendo aqui? -Ela perguntou sorrindo.

–Me desculpe Kira, eu só quis fugir um pouco do barulho. -Falei e ela se aproximou.

–Austin eu... Eu quero te contar uma coisa. -Ela deu um passo a frente e eu franzi o cenho confuso. -Eu não vou ter coragem de contar, meu Deus. Porque é tão difícil?

Ela suspirou e quando eu menos esperei, ela tinha segurado o meu rosto com as mãos e me beijado.

Levei alguns segundos para entender o que ela tinha feito. Não dava pra acreditar que isso estava acontecendo. Quando me toquei, e quis afastá-la, um barulho a despertou e a Kira se afastou. Minha visão correu até o quarto da Ally. E lá estava ela, parada, em pé nos encarando com o olhar embaçado por lágrimas e que mostravam pura mágoa.

Kira a viu, e me olhou assustada e sem entender nada. Quando eu olhei de volta para o quarto da frente, ela não estava mais lá.

Pulei a varanda e subi na árvore, quando cheguei em seu quarto, corri descendo as escadas a procurando.

Eu estava com muita raiva, mas ela me viu sendo beijado por outra, eu precisava explicar.

–Ally?! Ally! -Gritei na sala, e fui até a cozinha. Lá, ela estava com as mãos apoiadas na pia, de costas pra mim com a respiração irregular.

–Ally eu posso explicar, eu... -Ela virou com ódio nos olhos.

–EXPLICAR? COMO? COMO VOCÊ PODE EXPLICAR O QUE EU ACABEI DE VER? COMO?! -Ela gritou.

–Me deixe falar, eu, não foi culpa minha, eu... -Ela me interrompeu de novo.

–NÃO FOI?! Eu não te vi afastar ela! Eu avisei! Eu falei um milhão de vezes que ela gostava de você! MAS VOCÊ NÃO ME OUVIU! VAI DIZER AGORA QUE ELA É SÓ AMIGA, VAI?! VOCÊ NUNCA ME OUVIU! EU SEMPRE FALEI AUSTIN! E ESSE TEMPO JUNTO A ELA SÓ PIOROU TUDO! -Ela continuava a gritar e a raiva também me apossou.

–Então você quer falar de tempo? Tudo bem, vamos falar de tempo. Quando foi a última vez que você teve tempo pra mim? QUANDO FOI QUE VOCÊ DEIXOU DE ESTAR COM O ELLIOT PRA ESTAR COMIGO?! FOI VOCÊ QUE SUMIU! Você que tem o projeto, você me esqueceu! FOI VOCÊ! E agora você vem falar de tempo, pra mim?! ME POUPE! -Eu exclamei e ela me olhou incrédula.

–Eu só fiquei mais tempo com ele por causa do trabalho e você sabe disso. -Eu assenti.

–Eu sei, sei muito bem disso. Por isso eu tive toda a paciência do mundo, mesmo quando o vi sem camisa na sua sala, ou quando em todas as tardes que você tinha livre, que só era para ficar estudando com ele. Acha que foi fácil? Ver a minha namorada passar horas com o cara que a quer ?! Como chegar atrás de te ver e sempre te pegar trabalhando ou dormindo? Você tem noção do que eu passei nesses dias?! Mas eu aguentei tudo por você e não desconfiei de você em nenhum momento! -Ela saiu e esbarrou em mim com raiva, abriu a porta da sala e saiu. Fui atrás e segurei seu braço fazendo-a parar no jardim. Acho que tinha alguém na varanda da minha casa, mas eu nem me importei.

–ME SOLTA! -Ela gritou- Eu não quero falar com você! NÃO QUERO!

–MAS VOCÊ VAI ME OUVIR! AH VOCÊ VAI! É muito bom jogar na cara o que apenas você vê, mas você vai me escutar. Eu já disse que eu não tive culpa. -Ela puxou seu braço da minha mão e me encarou com raiva.

–EU NÃO QUERO SABER! Falou em tempo? Abandono? Ótimo. Vamos falar sobre isso. Que tal falar do fato que eu sempre te procurava e você sempre tinha algo pra fazer com ela!!! Ou pior, que eu notei o quão próximo você está da Piper?! ATÉ ELA? -Eu não acreditava no que estava ouvindo.

–A Piper? Você tem noção da besteira que está dizendo?! Eu me aproximei dela sim, aliás ela era a única em casa não é?! -Ela bufou. -Nós nos aproximamos desde que ela me contou que estava apaixonada e... -Ela me interrompeu, de novo.

–POR VOCÊ? BEM QUE EU SABIA. Ter a imagem de solteiro colabora para ter todas aos seus pés. -Ela ironizou e eu explodi.

–ISSO É CULPA SUA! -Ela me olhou revoltada.

–Minha?! VOCÊ BEIJA A KIRA E A PIPER ESTÁ APAIXONADA POR VOCÊ E A CULPA É MINHA?!

–SE VOCÊ TIVESSE ACEITADO NOS ASSUMIR NADA DISSO TINHA ACONTECIDO! -Eu gritei.

–FOI UMA DECISÃO DOS DOIS! NÃO FOI SÓ MINHA! - Ela gritou.

–Não, não foi. VOCÊ ME IMPÔS ISSO! -Apontei pra ela, e continuei falando gesticulando no ar. - Por mim desde sempre eu quis contar! EU QUIS GRITAR PARA OS QUATRO CANTOS DO MUNDO QUE VOCÊ ERA A MINHA NAMORADA! MAS NÃO! VOCÊ FICOU PREOCUPADA EM NÃO MAGOAR AQUELE IDIOTA! Você não vê?! Não vê que desde o início você só se preocupou com ele? E não, não me venha com o papo de que estava com medo da reação dos nossos pais. Porque eu não acredito! Você nunca quis magoá-lo principalmente agora que vivia colada nele. -Seus olhos caiam lágrimas frequentemente e não duvido que os meus também.

–Eu cansei Austin, cansei. Cansei de tudo parecer só minha culpa. -Ela falou chorando.

–Quer saber? CHEGA! Quem cansou foi eu! Cansei dessa palhaçada! Cansei! Só eu estou errado pra você. -Eu disse.

–Não fui eu que trai. -Ela soltou, e eu a olhei incrédulo.

–NÃO FOI EU QUE ESQUECI VOCÊ! NÃO FUI EU QUE ESQUECI ATÉ A PORCARIA DA DATA DO ANIVERSÁRIO! -Eu esbravejei vermelho de raiva -Mas para quê lembrar não é? Você não podia dizer não a ele, então simplesmente me esqueceu.

–EU JÁ PEDI DESCULPAS! -ela gritou -Já você nem nega que me traiu.

–VOCÊ É SURDA? QUAL A PARTE QUE EU DISSE QUE "EU NÃO TENHO CULPA" QUE VOCÊ NÃO ENTENDEU?! MAS VOCÊ SÓ QUER PENSAR O QUE QUER! -Eu gritei e por um momento, apenas por um momento vi arrependimento em seus olhos. -Eu não aguento mais Ally. Não aguento, não aguento te ver distante, não aguento te ver com ele. Não aguento! E depois de hoje, eu, eu pude ver que passou o tempo que você se preocupava comigo. - Respirei fundo e passei a mão no rosto. - Eu te esperei hoje de manhã All. -Sorri amargurado chorando e mais lágrimas caíram de seu rosto. -Quando eu entrei na cozinha e vi todos o primeiro rosto que eu procurei foi o seu! E você não estava lá. Eu fiquei mal enquanto todos comemoravam, porque não dava pra acreditar que você tinha esquecido. Quando eu acordei e vi que já se passavam das 10 horas e você não tinha... eu... -as palavras não saíram mais. -Mas você só quer me julgar.

–Se coloque no meu lugar! Eu nunca beijei o Elliot! E eu não me aproximei de propósito por quem estava apaixonado por mim! -Pela primeira vez pude tirar o olhar dela e ver que todos que estavam na festa olhavam para nós assustados e surpresos, Nossos pais tinham as expressões de dó, e de tristeza.

–Já chega. -Falei e comecei a caminhar.

–Isso, quando a verdade dói a gente foge. -Me virei e a encarei furioso.

–ERA PELO DEZ! -Ela me olhou confusa. -A PIPER ESTÁ APAIXONADA PELO DEZ! E ELA SÓ PEDIU A MINHA AJUDA PARA CONQUISTAR ELE, ELA É LOUCA POR ELE! MAS QUE DROGA ALLY! -Ela se calou.

–Eu, eu não sabia. -Ela falou baixo.

–E por acaso você me escuta? Não! Só sabe julgar! CHEGA! Eu. Cansei. -Falei e ela me olhou com os olhos marejados.

–Austin... Eu... -Ela deu um passo a frente e eu recuei.

–Eu nunca pensei que você pudesse fazer isso Ally, nunca pensei que você pudesse me julgar e duvidar de mim desse jeito. Se você achou tudo isso de mim, eu não te reconheço mais. E não foi por essa Ally que eu me apaixonei. -Meu peito se contorceu ao dizer aquilo.

–O que você quer dizer com isso? -Ela perguntou chorando.

–Já chega Ally, acabou. -Pela última vez pude ver a dor em seus olhos, a mesma dor que corria dentro de mim. - E muito obrigada, belo presente de aniversário o que você me deu. - Olhei para todos e desviei o olhar, saindo dali. Eu só queria ficar sozinho.

POV Ally

–Já chega Ally, acabou. -Quatro palavras que me destruíram por dentro. Eu assisti ele ir embora me deixando sozinha. Respirei pesadamente tentando me controlar, e controlar as lágrimas violentas e intensas que nublavam a minha visão. Quando eu o perdi de vista, a minha ficha caiu.

Austin tinha terminado comigo.

Fiquei parada por um tempo, paralisada. E eu nem sei quanto tempo levou. Quando percebi olhares em mim me virei e vi todos me encarando. Nenhum deles parecia saber o que dizer naquele momento. Engoli o choro.

–M-me desculpem, eu, eu não quis a-atrapalhar a festa. -Me virei e entrei em casa. Corri subindo as escadas e ao fechar a porta do meu quarto e olhar para a varanda o choro desesperado de dor surgiu. Sentei em minha cama e me dei conta:

Eu o tinha perdido.

Enquanto eu soluçava com a mão cobrindo o rosto, senti alguém me abraçar.

–Ei, ei calma. Vai ficar tudo bem. Calma. -Piper falou e eu abracei com toda a força que podia.

–M-me desculpe, M-me desculpe, E-eu não quis, meu Deus como sou idiota. M-me perdoe Piper... -Eu falei a encarando, ela estava abaixada em minha frente. Ela sorriu e tirou uma mecha molhada de lágrimas que estava colada em meu rosto, a pondo atrás da orelha.

–Está tudo bem Ally, eu entendo você. Só se acalme, calma. -Ela falou e me abraçou de novo. Minha mãe apareceu no quarto.

–Filha? Ah meu amor... -Ela disse com os olhos marejados, e Piper se afastou para que ela pudesse me abraçar. -Eu sinto muito Ally. -E eu continuava chorando.

–Como? C-como isso pôde acontecer? -Eu disse e elas se entreolharam.

–Você e ele estão de cabeça quente. Tem que se acalmar, e poderiam resolver tudo mais calmos.

–Você não ouviu o quê e como ele disse? Não tem mais o que resolver. -Elas se calaram e eu pude chorar silenciosamente com as duas ao meu lado. Depois de alguns minutos eu disse que elas precisavam descansar e que eu queria ficar sozinha. Elas assentiram e saíram me deixando.

Deitei na cama, e respirando fundo pude sentir o cheiro dele no meu travesseiro.

Meu peito doía. Não era uma dor física, e eu preferiria mil vezes que fosse.

Preferia levar outra pancada na cabeça, a não ter que sentir o que eu estou sentindo.

Um buraco. Um vazio. Um nada. É assim que eu me sinto sem Austin Moon.