POV Ally

Sábado. O dia em que a Piper chegaria. Já parei para pensar várias vezes o motivo de eu me incomodar tanto com ela. Será porque eu não terei mais tanta privacidade com Austin? Será que é somente ciúmes? Talvez não tenha nada demais, e eu esteja me preocupando à toa.

Devo dizer que estou bem animada com o projeto de artes para a escola maternal de Miami. Eu irei duas vezes por semana depois da aula, e ficarei a tarde inteira fora, dando aulas de violão, e de teatro. Umas das matérias que eu mais me dou bem. Artes cênicas, a dona Clarissa diz que a música nasceu dentro de mim.

Estou muito ansiosa. Será ótimo trabalhar com as crianças, eu até perguntei se Austin poderia ir junto, e ela disse que seria ótimo mais um professor.

Pensei em tudo isso antes de abrir os olhos.

Quando acordei, a claridade do quarto me atingiu fazendo com que eu piscasse algumas vezes antes de finalmente despertar.

Estava sozinha no quarto. Austin não tinha dormido comigo ontem, ele estava muito cansado e acabou dormindo cedo em seu próprio quarto.

Piper chegaria no fim da tarde. Meu pai iria buscá-la e a traria para casa.

Milagrosamente nessa manhã estava fazendo frio em Miami, olhei no relógio eram 9 horas da manhã. Levantei e fiz minha higiene matinal. De repente eu senti uma saudade tão grande de Trish. Então peguei meu celular para ligar ela, sorri ao ver o papel de parede. Era Austin se escondendo em meu pescoço, uma das fotos que tiramos no dia do restaurante. Disquei o número da latina, e alguns segundos depois ela atendeu.

–Ally! Pensei que tinha me esquecido! -Ela falou animada e irritada ao mesmo tempo.

–Isso nunca! Você sabe! Mas é que aconteceram tantas coisas ultimamente que eu acabei deixando pra ligar hoje. -Eu expliquei.

–Conta tudo! -Ela falou me fazendo rir. Contei tudo, desde o meu não para Elliot, o dia do restaurante, o projeto, a Piper. Tudo. Só não contei nada sobre o Austin, e isso me parte por dentro, Trish sempre me ajudou e eu não posso contar a verdade. Porque infelizmente ela é como Dez. Não consegue guardar um segredo por muito tempo. -Amiga você ficou mesmo ocupada esses dias hein? Nossa! Eu tenho certeza que você e Austin irão arrasar! Já vou logo dizendo que estou com ciúmes dessa Piper aí, ela vai querer ser sua melhor amiga, e esse posto é meu! -Eu ri -Estou brincando, mas ela tem sorte. Eu queria tanto estar aí! Sinto tanto a falta de vocês! Sinto tanto a sua falta! Los Angeles é um saco! Não tem nenhum ruivo idiota para eu brigar. Até daquele imbecil eu sinto falta.

–Isso tudo é amor você sabe. Você e Dez se amam, mesmo que briguem muito! -Ela riu.

–Irmãos brigam, você sabe. Ally eu tenho que ir, lembrei que tenho trabalho hoje. Eu posso ligar depois?

–Claro que pode, na próxima ligação quero saber tudo daí. -Eu disse.

–Mas você ainda não falou tudo. -Ela falou -Ainda falta um certo loiro que eu sei que foi o motivo de você dizer não ao Elliot. Beijos amiga! Até depois! -Ela falou e desligou.

O frio ainda continuava em Miami. Mas eu precisava de um banho. Me dirigi ao banheiro e coloquei a água para o tempo inverno. Sem pressa em tomei um bom banho. A água estava ótima, o que me fez relaxar. Sai do banho e procurei uma roupa confortável. Uma calça moletom preta, e uma camiseta. Penteei meus cabelos e os prendo num coque frouxo. Arrumei meu quarto e abri a porta da varanda, na casa ao lado o meu loiro dormia tranquilamente. Decidi não acordá-lo. Piper chegaria hoje então eu tinha que limpar o quarto de hóspedes, como também a casa. Comecei pelo quarto que ela ficaria, depois de limpo e arejado eu troquei os lençóis e lavei o banheiro do quarto, já que os três quartos da minha casa eram suítes. Arrumei o dos meus pais, e o banheiro minha mãe tinha lavado. O andar de cima já estava todo pronto. Limpei a sala, o lavabo, e por último a cozinha. Quando terminei estava muito suada e cansada. Sentei no sofá para descansar e vi a hora, ia dar meio dia. Me surpreendi por Austin ainda estar dormindo à essa hora. Fui para a cozinha, e fiz um almoço rápido. Macarronada. Subi e olhei pela janela, ele ainda dormia. Franzi o cenho e entrei no banheiro, tomando uma ducha para me limpar. Vesti um short, e um moletom simples de manga 3/4. Atravessei a árvore e entrei no quarto do meu namorado.

Toquei em sua testa e ele estava quente. Me assustei um pouco e o chamei.

–Austin?- Ele se mexeu um pouco reclamando- Amor, vamos. -Ele abriu um pouco os olhos, e tossiu.

–E-eu...- Ele tentou falar e sua voz estava rouca. -Tá doendo All. - Ele disse, ele parecia mesmo doente.

–O corpo? - Ele assentiu -Vamos eu vou cuidar de você. Está com febre, provavelmente isso é uma virose. -Ele tossiu de novo, e eu tive dó de vê-lo naquele estado. -Você precisa tomar banho, vamos eu te ajudo. -O ajudei a levantar e ele reclamou de dor, Austin estava com febre. O levei ao banheiro, e o sustentei enquanto ele escovava os dentes, tarefa não muito fácil já que ele era grande e pesado.

Com a minha ajuda ele entrou no box, e enquanto eu trocava o lençol de sua cama ele tomou seu banho. Ele vestiu uma bermuda simples e uma camiseta. Eu penteei seus cabelos molhados e mesmo tossindo ele riu. Eu estava preocupada com ele, era muito raro Austin ficar doente. O deitei na cama e avisei que eu iria em casa mais que voltava logo. Peguei um remédio para febre e dor no corpo e levei para ele. Ele prontamente tomou.

–Se eu soubesse que você ia cuidar tão bem de mim, ficaria doente mais vezes. -Ele falou com a voz rouca.

–Nunca mais diga isso Austin Moon, Deus me livre! Você doente! Enlouqueceu?! Você precisa comer. -Ele fez uma careta.

–Não All, eu não quero. -Ele reclamou.

–Mas vai e ponto, descanse, eu trarei sua comida. -Beijei seus lábios quentes e sai para o andar de baixo da sua casa. Atravessar a árvore com comida não daria certo. Preparei uma simples sopa, ele tinha que comer algo forte, mais ou menos uma hora depois eu estava subindo com a sua comida. Ele dormia de novo. Verifiquei a febre, graças a Deus tinha baixado.

–Austin? Você tem que comer, eu trouxe sua comida. -Ele acordou e sorriu fracamente para mim.

–Eu só te dou trabalho não é? -Ele disse se sentando e eu beijei sua bochecha.

–Nada disso, para mim é uma honra cuidar de você. Só não fique mais doente, eu não gosto de te ver assim. -Sentei ao seu lado na cama de frente para ele, ele olhou para o prato.

–Você que fez? Tem certeza que você quer que eu fique bom? -Ele disse rindo e eu o encarei séria.

–Haha muito engraçado, estando boa ou não você vai tomar. -Ele levantou as mãos em sinal de rendição e eu ri. Eu estava dando a comida na boca dele, era tão bom cuidar dele, o ajudar quando ele precisava. Ele comia calado, e não reclamou do gosto. Me olhava com ternura e eu já estava com vergonha. - Porque você está me olhando assim? -Perguntei.

–Quando eu digo que tenho sorte em ter você, é porque é a mais pura verdade. Obrigada por cuidar de mim. - Ele agradeceu -Você não deveria, isso pode ser contagioso. -Ele pareceu lembrar disso agora.

–Não agradeça meu amor, é o mínimo que eu devo fazer por você. E eu não estou nem aí que seja contagioso, você ficando bom, é o que importa. -Eu coloquei o prato no criado mudo e sorri para ele.

–Você é muito teimosa. -Ele disse sorrindo, e me parecia bem melhor.

–Eu sei. -Falei e nós rimos. Ele me chamou para deitar com ele e lógico que eu fui. O loiro respirava lentamente, e logo em seguida adormeceu comigo aninhada ao seu corpo quente.

POV Austin

Maravilha é ter uma namorada linda e cuidadosa. Ela cuidou tão bem de mim, tanto que eu já estava bem melhor, e preocupado se ela também iria pegar a virose.

Já estava perto de nossos pais chegarem com a Piper. Eu e Ally tínhamos dormido muito. Ela dormia tranquilamente em cima de mim.

–All acorde. -Fale a balançando levemente e levei um susto. A garota levantou de repente dando um pulo e me olhando assustada.

–O que foi?! Tá doendo? Tá com febre? -Ela praticamente pulou em cima de mim e me perguntava sem parar. Eu quase morro de tanto rir.

–Não ria seu idiota, quase me mata de susto. -Ela reclamou passando a mão no rosto. -Você está melhor? -Lea perguntou se sentando.

–Estou ótimo, muito obrigada, puxou a sua mãe, sabe bem cuidar de doentes. -Falei e ela sorriu.

–Tenho que ir, meu pai chegará logo. -ela disse.

–Eu vou tomar banho e vou atrás de você. -Falei e ela me olhou com os olhos semicerrados.

–É bom estar vestido, não quero a garota louca por seus músculos.

–E você é louca por eles? -Perguntei malicioso e ela sorriu.

–Por cada milímetro do seu corpo querido. Agora vamos eu tenho que me arrumar. -Ela falou e me beijou saindo logo em seguida.

Tomei banjo e vesti uma calça, mesmo sabendo que estaria em casa, o frio ainda estava grande e tenho certeza que essa mudança de temperatura que me fez ficar doente.

Vesti uma camisa de mangas longas e fui ao quarto da Ally, de dentro do banheiro ela saiu apenas de toalha.

–Perdeu algo Moon? -Perguntei sorrindo sapeca enquanto eu a olhava.

–Na verdade achei! -Falei e a beijei e ela riu me empurrando.

–Eu preciso me vestir, ela falou pegando a roupa e indo ao banheiro.

............

Assim que descemos seu pai tinha chegado com a Piper. A menina era loira, e bonita, mas não como a minha Ally. Ela cruzou a porta e pareceu admirar a casa, quando viu a Ally que estava em minha frente sorriu.

–Você deve ser a Ally não é? -Ela perguntou se aproximando.

–Sim sou eu, é um prazer Piper. -Ela a abraçou e a menina me olhou por cima do ombro de Ally.

–Você é Austin?-Eu assenti e ela se aproximou, lhe dei um breve abraço e a mesma se afastou.

–Vamos eu te ajudo a levar as malas. -Ally falou e ela sorriu agradecendo.

É pelo visto ela não será um problema.