POV Austin

–Não Dez eu não vou! – Eu falei terminando de me arrumar, enquanto o ruivo resmungava alguma coisa que eu não entendi.

–Você vai Austin e ponto final. Antes de ela decidir ir com o Elliot você prometeu que ia assistir o filme comigo, então não me interessa. Você vai. - ele falou decididamente sentando em minha cama.

Eram 19h. Respirei fundo e escutei um barulho de um carro na frente da casa da Ally, olhei pela janela e vi o Elliot parado perto de um táxi, de dentro da casa a morena saiu e caminhou até ele, se abraçaram e ele abriu a porta do carro para ela, depois ele também entrou e os dois foram embora.

Minha repulsa em ver aquilo era enorme.

–Você não vai me dá outra opção não é? – Perguntei cansado, ele sorriu enquanto mexia no celular.

–De jeito nenhum. – Suspirei pesadamente e nós saímos de casa.

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Chegamos ao shopping, e seguimos rapidamente para a fila do cinema. A sessão do filme começava às 20h. Eu tentava esquecer que ela estava ali, mas apesar de ter muita gente, era impossível não notá-la. Seu jeito tímido que colocava os fios de cabelo atrás da orelha, ou o modo de que ela não conseguia ficar quieta por um minuto, sempre se movendo ou olhando para algum lugar, me dizia que ela estava nervosa. Eles não estavam muito distantes de nós. Mas mesmo assim ainda não tinham nos visto. Os dois conversavam animadamente e ela parecia feliz em estar ali.

–Você a encontrou não é? – Dez perguntou me analisando.

–O que te faz achar isso? – Debochei e ele riu

–O modo em que você está à quase 5 minutos olhando para mesma direção, e essa sua cara de bobo irritado. Ela deve estar muito bonita. – ele concluiu e olhou em volta a procurando, mas sem sucesso.

–Ela é bonita Dez. – Eu o corrigi e apontei para onde eles estavam. Ele abriu a boca num perfeito O.

–Uau. A Allyzinha tá arrasando os corações. – O olhei irritado e ele abaixou a cabeça. –Foi mal cara. – Revirei os olhos e mudei minha visão para uma placa qualquer no local, não queria continuar vendo o quanto o encontro deles era promissor.

Começaram a vender os ingressos, para a sorte nós não ficamos na mesma sala. Para falar a verdade eu não tava nem prestando atenção no filme. Quase uma hora depois Dez me cutucou:

–Austin – ele me chamou baixo – Acabou a pipoca. – ele falou sem tirar os olhos da tela.

–E porque eu tenho que ir? – resmunguei no mesmo tom.

–Porque eu não vou. –ele explicou enquanto me dava o dinheiro e eu bufei me levantando e saindo da sala.

POV Ally

O Elliot realmente é incrível.

Ele me faz rir, é carinhoso, atencioso e é muito divertido. Estava tudo tão bem que eu nem me lembrei que Austin poderia estar ali também. Em mais de meia hora de filme nossa pipoca tinha acabado, e ele parecia estar vidrado na tela.

–Eu vou comprar. – falei chamando sua atenção.

–Não Ally, eu vou não tem problema. – ele disse

–Não se preocupe, eu vou. – sorri, ia pegar minha bolsa, mas ele me olhou em sinal de reprovação e me deu o dinheiro, me fazendo sorrir. –Já volto.

Saí tomando cuidado para não atrapalhar quem assistia e segui para fora, não tinha quase ninguém do lado de fora das sessões. Isso mesmo. Quase.

Gelei quando o vi. Porque ele tinha que ser tão lindo? Ele vestia uma calça azul com manchas, e uma camisa preta social de golas até a altura dos cotovelos e calçava seu all star tradicional. Seu cabelo bagunçado e aquele seu cordão, eram de tirar o fôlego de qualquer uma. Ele pediu pipoca, e enfiou as mãos nos bolsos da calça, dando um charme indiscutível. Respirei fundo e segui para lá. Antes de ele virar e me ver, a vendedora sorriu para mim.

–Oi, vou querer duas pipocas tamanho médio, por favor. – falei enquanto ficava ao lado de Austin, ele me olhou surpreso. – Oi. –falei sorrindo para ele.

–Oi All. – ele sorriu minimamente – Comprando a pipoca? Não deveria ser o Elliot a fazer isso? – Pronto estava demorando aparecer à ironia.

–Eu que me ofereci a vir, não tem problema nenhum. – Ele riu irônico. – Porque você faz isso? –Reclamei irritada

–Isso o quê? – ele falou praticamente no mesmo tom que eu.

–Tudo isso, o que você tem contra ele? Afinal ele não te fez nada! - A vendedora de vez em quando olhava para nós. Ele ficou calado. Suspirei com raiva e mantive meu olhar na tabela de preços.

–Você mudou. – Ele falou sem me olhar, o olhei incrédula.

–Eu mudei? - Indaguei com ironia - Eu sou a mesma Austin. –Falei enquanto a vendedora me entregava as pipocas e eu a pagava, ele me olhou. Comecei a caminhar tentando acalmar meus nervos.

–Você não é a mesma, admita. E eu não tô falando só da aparência, porque isso eu sei que você fez por ele. – eu me virei e não me contive.

–VOCÊ ACHA QUE EU MUDEI POR ELE?! – Gritei chamando a atenção das mulheres na bancada da lanchonete – FOI POR VOCÊ SEU IDIOTA! –Eu gritei mais alto, ele me olhou assustado e surpreso. –Eu mudei por você. Mas você não percebe, nunca percebeu. – falei essa parte mais calma e saí sem deixar que ele visse as lágrimas que queriam descer.

Respirei fundo e entrei, agradeci mentalmente por o cinema ser escuro, pois Elliot não perceberia.

POV Austin

Ok isso sim me deixou surpreso.

Ela mudou por minha causa? Ela gosta de mim? Como eu não percebi nada antes? E como eu pude deixá-la naquele estado?

Depois que ela saiu minha mente tentava voltar ao normal, pois ainda estava processando toda aquela cena. A vendedora me olhou e sorriu minimamente, e me entregou meu pedido, eu a paguei e sai indo em direção a sala.

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Eu já estava em casa. Disse para o Dez que assim que terminasse o filme eu queria ir embora, não contei o que tinha acontecido, mas ele concordou.

Eu estava esperando ela chegar, ela me devia uma explicação.

Não era culpa minha eu não perceber que ela gostava de mim. Ela nunca demonstrou nada, como eu ia adivinhar? A minha confusão com os meus sentimentos já é o suficiente.

Eu estava andando de um lado para o outro no meu quarto, e até que enfim eles chegaram. Corri para a janela e estava aflito com o que eu iria ver. Afinal encontros não acabam com um simples ‘’boa noite’’. Mas eles conversaram alguma coisa e se abraçaram, ele foi embora depois de dar um beijo na bochecha dela, e Ally entrou em casa, não esperei ela entrar no quarto para eu poder ir, quando ela abriu a porta eu já estava lá.

POV Ally

–Não querendo ser clichê, mas eu me diverti muito hoje. – Elliot riu

– Não querendo ser clichê, - ele repetiu piscando para mim – Mas eu também me diverti muito. Boa noite Ally.

–Boa noite Elliot. – Nos abraçamos e ele beijou minha bochecha, em seguida entrei em casa. Como o esperado, meus pais já estavam dormindo então fechei a casa e fui direto para o meu quarto. Abri a porta e me assustei, Austin estava na porta da varanda, com os braços encruzados. Suspirei lentamente e fechei a porta.

–O que você tá fazendo aqui? – Perguntei seca, enquanto jogava a bolsa em cima da cama.

–O que eu tô fazendo aqui? Eu quero que você me explique o que foi que você disse. – Tirei as sapatilhas e comecei a tirar os brincos, calada. Ele me olhou impaciente. –Ally, como assim você mudou por mim?

–Foi isso mesmo que você ouviu, eu mudei por você. Mas você não percebe Austin, não tá nem aí! – Eu falei irritada

–E você acha que eu sou vidente? Como é que eu vou adivinhar? Você nunca demonstrou nada! – ele falou com tom elevado, mas não querendo fazer barulho por causa dos meus pais. Passei as mãos na testa, nisso ele tinha razão.

–Quer saber você tem razão, - ele me olhou incrédulo – Eu nunca demonstrei nada, mas mesmo sem você saber você me deu esperanças Austin, ou você acha que foi fácil você tentar me beijar duas vezes e depois querer que eu simplesmente esquecesse? – ele me olhou culpado – Quer saber eu não quero mais falar sobre isso, eu cansei. Cansei de me machucar por uma coisa que não tem futuro. Eu estou começando a ficar bem.

–Você está sendo injusta. – Ele falou seco – Você nunca me contou que gostava de mim, eu não podia adivinhar. – ele falou e saiu me deixando arrasada.

O pior é que ele me magoou sim, mas 50% da culpa foram minhas, ou os 100% talvez.

Se eu tivesse contado a ele o que sentia, ele não teria brincado com os meus sentimentos, afinal ele não fez isso. Mas ele não gosta de mim, porque vou insistir?

Respirei fundo e peguei uma roupa para dormir, e fui tomar banho.

POV Austin

Fui direto para o meu quarto eu estava com raiva e feliz ao mesmo tempo. Feliz por saber que ela gostava de mim, e com raiva por não ter sabido disso antes. Mas parei para pensar, se ela gostava, como pode me esquecer tão rápido?

Fiz meu percurso e voltei para o seu quarto, ela estava tomando banho, quando me viu revirou os olhos e prendeu o cabelo num coque. (Roupa da Ally:http://www.polyvore.com/pijama_da_ally/set?id=134699781 )

–Quero saber só de uma coisa. – falei chamando a atenção da morena irritada em minha frente.

–O que é? – ela indagou

–Você gostava ou ainda gosta de mim? – perguntei e sua feição foi de surpresa.

–Gostava. – depois de alguns segundos ela falou, sua voz mostrava dúvida.

–Não acredito em você. Olhe nos meus olhos e diga que não gosta mais de mim. – falei dando um passo a frente, ela pareceu querer recuar, mas não o fez. Me olhou com ternura, mas balançou a cabeça negativamente.

–Você não pode fazer isso! – ela falou alto com raiva – Não pode vir aqui e querer simplesmente que eu me declare – ela falava rápido e com raiva enquanto se virava - , eu não vou fazer isso, você não gosta de mim e está feliz com... -

Não me contive e puxei a morena pela cintura colando seu corpo ao meu, e a calei com um beijo.