The 69th: For What I Believe In escrita por Luísa Carvalho


Capítulo 46
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Vocês sumiram do mapa, mas eu, não (:
Bom, é isso, gente, chegamos ao último capítulo da fic - que é muito provavelmente o último capítulo da história da June que começou lá em The 68th. Fechamentos, agradecimentos e etc nas notas finais.



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(POV June)

“Se nós queimarmos, você queimará conosco.”

A Arena explodiu como faziam os fogos de artifício no céu durante os levantes no 6. Ainda é estranho dizê-lo; eles realmente explodiram a Arena. De certa forma, nós a explodimos.

Mas se for para mencionar todas as verdades que ainda não soam como tal, a lista é imensa.

Há um Distrito 13 e, como se não bastasse, esse nunca deixou de existir. As forças rebeldes em Panem não surgiram agora, mas estão na ativa há anos. Agora, eles brigam com a Capital por meio de propagandas na televisão. O número de baixas cresce a cada segundo. Não vejo Elise desde a Colheita e ninguém está autorizado a me dizer seu paradeiro.

E mesmo assim, dentre tantas outras coisas absurdas em que preciso me forçar a acreditar, a pior é de longe o fato de que Burton se foi.

Porém, apesar de devastada, voltei ao Distrito 6 com mais esperanças que nunca. Na minha cabeça, aqueles que durante os últimos meses se revelaram rebeldes estariam ainda mais fortes e determinados, e o fim repentino dos Jogos teria sido a prova de que tínhamos mais do que só alguma chance.

Não foi nada disso o que vi quando cheguei.

Nossas fábricas haviam sido incendiadas, estávamos sem qualquer tipo abastecimento e os Pacificadores mais pareciam matadores de aluguel. A população, desesperada, cedia. Eu, Wallace e Constance tentamos ajudar, mas, sozinhos, não éramos de muita utilidade.

“Se nós queimarmos, você queimará conosco.”

E foi aí que assistimos à única propaganda rebelde útil até então. E aqueles poucos minutos de Katniss Everdeen parada em frente às chamas ardentes no Distrito 8 foram suficientes para que as pessoas daqui voltassem ao que eram antes dos Jogos.

Mas dessa vez não basta o 6. Ah, não; elas querem a Capital.

O pequeno grupo na sala escura agora fita meu rosto enquanto repasso mentalmente todos os acontecimentos desde a explosão da Arena. Através da tela trazida do Distrito 13 para um canto afastado do 6, o rosto de Plutarch Heavensbee é quase nítido, e a pergunta que ele me fez ainda paira no ar. Sei que todos ali esperam por uma resposta, e não uso meu tempo para me decidir, mas sim para ter ainda mais certeza do que já sei que farei.

A Edição 75 terminou e eu retornei achando que tudo se resumiria a proteger as pessoas do distrito. Eu de fato o fiz, e era só no que Constance e Wallace também pensavam. Porém, isso não me parecia o bastante. Eu tinha a impressão de que quanto mais gente deslocávamos das áreas de risco, ainda mais bombas eram jogadas pelas aeronaves da Capital. Essa manhã foi uma das poucas em que não houve sinal de conflito algum.

À minha volta estão pessoas de todos os cantos do distrito que, em algum momento das últimas semanas ou até mesmo hoje, choraram pelas baixas pelo menos uma vez. Minha mãe está parada bem em minha frente, e seus olhos são exatamente como eram os de Cameron.

Em meu peito, o brilho dos pingentes é ofuscado por algo que reluz ainda mais na mesma corrente; o anel prateado, entregue a mim por Saya depois dela ter revirado os pertences de Burton, estaria em minha mão direita se tudo houvesse sido diferente.

São tantas as coisas que a Capital já arrancou de mim e dos outros habitantes dos distritos, e ainda assim parecemos perder mais a cada dia. Não é difícil perceber o que há de errado comigo desde que voltei dos Jogos esse ano.

Eu não quero mais ajudar as pessoas do 6; eu quero lutar para que elas não precisem passar por isso nunca mais.

– June - Plutarch Heavensbee me chama atrás da pequena tela -, vou te perguntar mais uma vez: você lideraria um ataque do Distrito 6 em direção à Capital?

Tenho certeza do que vou responder, mas não quero fazê-lo de qualquer jeito. Respiro fundo. Penso em minha mãe, nos gêmeos, em meu pai. Penso em Constance, em Otto Dash. Em Kryanna e em Wallace. Penso em Saya e até em Gerwin Robertsen, apesar de tudo. Penso em todos aqueles que merecem muito mais do que têm.

Penso em Joy, a amiga que tive nas piores circunstâncias possíveis e cujo maior desejo era ver essa rebelião estourar. Penso em Madeline Pryce, que arriscou a própria vida em nome de quem amava e falhou. Penso em Yolah, a filha de Constance que não conheci, mas de quem sei o bastante para saber que sequer pôde completar a infância. Penso em Rietta, em Elijah e em todos os meus tributos que também vi partirem. Penso em Lyandra Borgman e em sua família, da qual foi afastada. Penso em Elise, que nunca, em nenhuma circunstância, serei capaz de substituir.

Por fim, penso em Cameron e em Burton, que dispensam palavras. Penso em todos aqueles que não mereceram o que tiveram.

Em minha mente está também tudo o que fiz até agora. Foram mais de seis anos desde que decidi falar por mim mesma pela primeira vez e comecei essa bagunça que é minha vida hoje. Uma bagunça que foi muito mais longe do que qualquer um poderia imaginar, e uma vida da qual eu nunca poderia me arrepender.

São as memórias de todos e de tudo em que acredito que me dão forças para que, quando Plutarch me faz a mesma pergunta uma última vez, eu responda da maneira mais sincera que encontro:

– Eu mal posso esperar.

FIM


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Notas finais do capítulo

Eu encerro a história da June encerrando também uma fase minha; a June foi a minha primeira personagem de história longa que cresceu e amadureceu, e eu cresci e amadureci com ela.
Bom, vamos aos agradecimentos desde o começo. Agradeço a Joy Mariot (que, como vocês conhecem bem, fez pacas por essa fic) e a Burniss (Cindy, aqui no Nyah!), mais conhecida como Madeline Pryce pela June. Elas leram os primeiros rascunhos da fic e me incentivaram a postar, então devo muito a elas!
Obrigada a todos os leitores que leram e comentaram em The 68th e The 69th. Na segunda fic, um obrigada especial ao Tiago Pereira, que me ajudou demais durante todo o processo. Tiago, eu e a June agradecemos o carinho!
Por fim, agradeço também os leitores fantasmas que, mesmo que às escondidas, acompanharam a June em algum momento desses três anos.
Em homenagem ao fim da fic, preparei algumas surpresinhas pra vocês:
* Polyvore - modelos desenhados por Fennie pra June + perfil de todos os personagens desde The 68th: http://luisagrossic.polyvore.com/?filter=collections
* 8tracks - playlist com as músicas que representam os personagens e/ ou me inspiraram durante a escrita das fics: http://8tracks.com/luisa_carvalho/the-68th-the-69th-for-what-i-believe-in
* Início de The 69th rescrito pra deixar a fic inteira com pontuação de diálogo correta (:
Eu e June Haylon agradecemos infinitamente o carinho de todos os leitores e amamos vocês!



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