Meu perfil estava na minha frente e eu já sabia oque iria fazer, só me faltava coragem. Com muita dificuldade procurei o nome da pessoa com quem eu queria falar. E, por incrível que pareça, ela ainda tinha um perfil e ainda era minha amiga! Quem era essa pessoa? Dave, claro.

“Oi, Dave.” Falei.

Ele me respondeu no mesmo segundo!

“Ah, oi Lauren.” Ele disse;

Me senti mal, não queria falar assim com ele, muito menos que ele me respondesse dessa forma, tão impessoal.

“Como está?” Continuei.

“Bem e você?”

“Também.”

Nós parecíamos dois estranhos. Nunca pensei que isso poderia acontecer nem em um milhão de anos.

“Como anda sua carreira?” Perguntei.

Eu tinha que fazer algo pra levar a conversa ao ponto que eu queria. Logo nós teríamos terminado a lista imensa de perguntas clichês que se pode fazer a um desconhecido. Dave iria se empolgar com a pergunta, afinal, é futebol americano, ainda mais empolgante porque é sua carreira!

“Muito bem! Não sei se você viu meu último jogo, mas acho que fiz algo ali, Lauren, algo grandioso. Você o assistiu?”

“Não, infelizmente.”

“Ah.”

Não. Eu já tinha conseguido muita coisa, não poderia perder o pouco de intimidade que já tinha conseguido.

“Tenho certeza de que você foi bem, como no colégio!”

“Acredite, eu não exercia nem metade do meu potencial lá.”

“E o que te fez mudar?”

“Sinceramente, não sei; mas acho que meu amadurecimento no time foi importante. Antes eu era ofuscado por eles, entende?”

“Sim, eu lembro.”

“Acho que apenas me desenvolvi.”

Eu precisava de uma resposta exata, concreta, nem que pra isso eu precisasse ser um pouco direta, até mesmo indelicada.

“Algo a mais?” Perguntei.

“Acho que no ano em que você se mudou, eu passei a me dedicar muito a isso, Lauren. Você não estava aqui, mas, pergunte a qualquer pessoa. Acabei Ganhando uma bolsa numa universidade muito boa por causa disso.”

Agora tudo fazia sentido. Eu não era louca, apenas, em algum momento criei coragem pra fazer a coisa certa com relação a tudo. Agora parecia até que seria errado se eu tivesse feito de outro jeito.

Não queria deixar Sam ou Dave saírem da minha vida, mas, ao mesmo tempo, queria conhecer todas aquelas novas pessoas, principalmente Brian.

Bem, não sabia ao certo oque ia fazer agora. A única certeza que eu tenho é que eu precisava aproveitá-los, os dois, o máximo que eu puder. Iria lutar ao máximo pra armazenar em meu coração todos os momentos preciosos em que estive na companhia dos dois.

Antes de terminar a conversa, tinha que perguntar algo que ficou martelando em minha mente desde que o encontrei em meu perfil.

“Dave?” Perguntei.

“Sim?”

“Como uma pessoa famosa como você tem um perfil no Facebook?”

“Não sou tão famoso quanto você imagina. Além do mais, você sabe que eu amo o Facebook, não lembra?”

“Claro que lembro. Aliás, não foi você quem me convenceu a criar um?”

“Você lembra disso!?”

“Hum rum.”

“Nossa. Faz muito tempo.”

Eu ainda estava curiosa, com relação a Dave. Quer dizer, eu sabia da carreira, mas, de sua vida pessoal não sabia de nada. Será que ele se incomodaria se eu perguntasse? Achei que não.

“E sua vida fora dos campos?” Perguntei.

“Ah. Bem normal.”

Percebi que ele não iria falar mais nada, então insisti na pergunta.

“Você não vai me fazer procurar na internet, né?” Brinquei.

“Quem sabe você não dê a informação a um blog? Acho que o espírito de jornalista ainda está dentro de você.”

“Somos dois! Vai me falar ou não?”

“Como todos querem saber, e, estou dizendo com exclusividade pra você, há uma garota. O nome dela é Jelli e ela é da raça Pit Bull. Não é tão empolgante quanto dentro dos campos, mas, o que posso fazer?”

“Jelli?”

Jelli era o nome EU havia dito a Dave ser perfeito pra uma cadela. Me senti estranhamente bem com essa descoberta.

“Sim.”

“Ah...”

Quando pensei que a conversa já estava oficialmente acabada, Dave me chamou.

“Lauren?” Disse.

“Sim?”

“Eu tenho que te dizer uma coisa. Sei que a culpa foi do acaso, destino, sorte ou até azar, mas eu precisava te agradecer, e, como foi a primeira vez que nós falamos do passado, achei a oportunidade perfeita. Agradecer não apenas por ter me apoiado e acreditado em mim quando ninguém acreditava, mas também...”

Só li a mensagem de Dave até aí. Depois tudo simplesmente ficou preto e eu não via mais nada.