Além Do Fraternal escrita por Gey Scodelario


Capítulo 3
Quando o novo assusta e atrai...


Notas iniciais do capítulo

Hey! muuito obrigada pelos Reviews divônicos cara, amei cada um deles! e queria agradecer a Vanessa172 pela recomendação, eu amei *-* Boa leitura a todos!



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Gael e Dandara procuraram não transparecer a preocupação deles para os filhos durante o jantar. Pedro não estava à mesa, pois tinha ido se arrumar para a festa. Voltou alguns minutos depois com um perfume que encheu a casa, uma camisa pólo preta, calça jeans azul marinho e tênis preto.

_Então, pai, mãe._ Pedro falou._ Eu vou dar uma saída, combinei um programa com alguns amigos.

_Não volta tarde querido, por favor._ pediu Dandara, enquanto ele lhe dava um beijinho no rosto.

_Fica tranquila!

Ele caminhou em direção à Karina e também lhe deu um beijinho no rosto. Karina não entendeu o porquê, mas sentiu seu rosto queimar no lugar onde os lábios dele tocaram seu rosto, além de um ciuminho chatinho remoendo seu peito. Por isso, quando ele já estava abrindo a porta para sair, ela grita:

_MANDA UM BEIJO PARA A BARBÁRA!

_BARBÁRA?_ Dandara dá um salto da cadeira._ BARBÁRA?

Pedro, que já estava de volta à cozinha, tentava contornar a situação.

_Pois é mãe... È uma reunião na casa dela, uma festinha...

_Não.

_Mãe...

Dandara se aproxima do filho e toca o seu rosto com carinho.

_Você quer ir muito a essa festa meu amor?_Pedro balança a cabeça positivamente._Pois é mas... EU SOU MUITO NOVA PARA SER AVÓ!

Gael e Karina seguravam o riso, enquanto Pedro subia para seu quarto. O som da porta batendo foi o último sinal de vida que ele deu no resto da noite.

_Você é má._ disse Gael para Karina.

_Não pai, só não quero ser tia aos 17.

A campainha tocou e interrompeu a conversa. Dandara pediu para Karina atender, enquanto limpava as louças do jantar. A surpresa de Karina ao atender a porta pôde ser notada quando ela falou:

_Nando? Como vai!

_Vou bem minha querida e você? Não vai me visitar mais...

_Bom, eu estava pensando em ir agora, nas férias.

_Vá sim... Onde está o Pedro?

_No quarto de castigo._ foi Gael quem respondeu, dando um abraço no amigo.

_Ele já não é bem grandinho para ficar de castigo?

_Não para mim._ foi a vez de Dandara responder.

Gael pediu para que Nando o acompanhasse até a sala, enquanto Dandara e Karina voltavam para a cozinha.

_Mãe, tá um pouco tarde para ele vir aqui,será que aconteceu alguma coisa?

_Não sei querida, mas se tiver acontecido com certeza ele vai querer conversar particularmente, por isso vá para o seu quarto ok?

Karina deu um beijinho de boa noite na mãe e subiu a escada. Seguia para seu quarto, mas se pegou parada na frente da porta do quarto do seu irmão. Sentia-se mal pelo o que tinha acontecido, ela não queria denunciá-lo e não entendia o porquê o tinha feito. Decidida, ela bateu na porta e ouviu um "Entre." vindo do outro lado. Ela abriu a porta devagar. Pedro estava deitado na sua cama, olhando para o teto, parecia perdido em pensamentos. Quando viu que a irmã o observava, ele disse, com o olhar fixo no teto:

_O que quer?

_Vim ver como você está.

A reação dele assustou Karina: ele sentou-se na cama e fez um gesto para que ela se sentasse também. Ela fechou a porta e fez o que ele pediu. Não conseguia olhar nos olhos dele.

_K o que aconteceu? Você me garantiu que não me entregaria! Eu te fiz algo?

_Não._ ela mantinha os olhos fixos nos próprios pés._Pedro me desculpe, eu sinceramente não sei o que aconteceu!

Finalmente ela o olhos nos olhos. O olhar do rapaz não dizia como ele se sentia naquele momento, por isso ela foi com calma nas explicações:

_Acho que também fiquei preocupada com você, Barbára tem uma péssima reputação assim como os amigos dela! Pedro você não pertence àquele mundo.

Pedro ficou um pouco emocionado com a preocupação da irmã, mas mantinha-se firme.

_Olha, me desculpe, acho que foi um... Ciúme de irmã...

Pedro não pode segurar o sorriso e disse:

_Você tem ciúmes de mim?

Karina levantou-se imediatamente e caminhou até a porta. Parou por um instante para dizer:

_É, mas não vá se acostumando.

E saiu imediatamente. Pedro ficou um tempo olhando para a porta fechada, até que se deitou novamente e voltou a olhar para o teto. Também morria de ciúmes dela, mas não confessaria isso, nem morto!

–*-*-*

No andar de baixo, Dandara, Gael e Nando conversavam aos sussurros.

_Eu sabia que isso iria acontecer um dia!_ disse Nando depois de ler a carta._Gente vocês não poderão fugir para sempre, um dia eles terão que saber a verdade!

_Nando, por favor, não insista nisso! Estamos decididos a não contar nada para eles!_ rebateu Dandara.

_Os dois são felizes assim..._ completou Gael.

_Ok, e vocês então irão passar o resto da vida de vocês privando os dois de ter uma vida familiar saudável e comum?

_Eles têm uma vida familiar saudável, somos uma família unida._ Dandara já estava ficando irritada.

_Eu quis dizer almoço na casa da avó, visita aos primos durante as férias, aulas de culinária com a tia, isso é uma vida saudável!_ Nando insistiu._ Além disso, eles irão passar o resto da vida acreditando que todos os outros familiares morreram?

_Os dois sobreviveram muito bem durante esses 17 anos sem essas coisas que você falou._ Gael argumentou._ E quanto aos parentes, para todos os efeitos eu e Dandara somos filhos únicos e nossos pais morreram antes dos dois nascerem.

Gael se aproxima de Nando e implora:

_Por favor, nos ajude!

Nando não sabia o que responder. Aquele era o momento perfeito para que seus queridos afilhados ficasse sabendo de toda a verdade, finalmente. Ele nunca gostou da ideia de mentir para os dois, ainda mais uma mentira como aquela, que afetaria a vida deles drasticamente. Mas, por outro lado, entendia a preocupação de Gael e Dandara, que só queriam o melhor para os filhos.

_Está bem... Eu acho que sei o que fazer._ ele disse, sentindo-se vencido.

Tirou o celular do bolso e disca os números.

_Oi, Sr. Ferraz, aqui é o Nando... Estou bem, obrigado, estou ligando para dar uma resposta sobre aquela proposta que o Sr. me fez, lembra-se? ... Essa mesmo. Sinto muito senhor, mas não poderei aceitá-la... Então, ocorreu um problema de família e terei que ficar por aqui mesmo infelizmente... É eu sei disso, mas eu gostaria de dar uma sugestão, se o Sr. permitir... É eu gostaria de indicar o Gael... Ele vai adorar, qualquer um ficaria satisfeito em saber que seu salário seria triplicado... A Dandara? Bom, acho que ela quer o melhor para os filhos, por isso não se importaria... O Senhor vai fazer a proposta?... Ok então, muito obrigado mesmo assim... Ah pode deixar, um abraço.

Ele desliga o celular e volta-se para o casal, que aguardavam ansiosos.

_Bom... Preparem-se para o Rio de Janeiro.

Dandara dá um abraço apertado no amigo e o agradece. Gael faz o mesmo.

_Olha, não precisam agradecer. Gael, o Sr. Ferraz irá te fazer a proposta amanhã, pode aceitar tranquilo, seu salário irá triplicar!

_Eu aceitaria qualquer coisa para sair daqui.

_Só quero deixar uma coisa clara: se ela contratou detetive particular uma vez, ela irá contratar novamente e quantas vezes forem necessárias para encontrar. Vocês não poderão fugir para sempre. Pensem em uma maneira de contar a verdade aos dois logo, antes que seja tarde.

No dia seguinte, assim que Gael voltou do trabalho, foi convocada uma reunião de família.

_Queridos, _ iniciou Dandara._ o pai de vocês tem uma notícia maravilhosa para dar.

Gael espera que os dois digam algo, mas como isso não acontece, ele prossegue:

_Eu fui promovido e recebi uma proposta de emprego que poderá triplicar o meu salário.

_Que maravilha pai!_ diz Karina, dando um abraço no pai.

_Meus parabéns pai._ Pedro faz o mesmo.

Dandara interrompe a comemoração e diz:

_Ok, mas agora o assunto é sério. Quero que se sentem e prestem muita atenção e só falem quando o pai de vocês tiver terminado._ ela aponta para o sofá e os dois a obedecem.

_Nossa, quanto mistério._ diz Karina.

_Pois bem..._Gael procura as melhores palavras para dar aquela notícia para os dois._ Porém essa proposta é em outra cidade, no Rio de Janeiro. E eu e Dandara conversamos bastante e chegamos à conclusão que o melhor é todos nos mudarmos para lá.

Pedro e Karina esperaram o pai terminar de falar e imediatamente atacaram:

_Não, vocês estão loucos?_ Karina protesta, colocando-se de pé.

_Nós estamos começando o último ano na escola, vamos nos formar!_ Pedro acompanha a irmã.

_Sabemos que será difícil, mas tenho certeza de que tudo dará certo!_Dandara tenta amenizar a situação._Além disso, com o pai de vocês recebendo um alto salário, poderei largar o emprego e ficar por conta da casa. Significa que você, Karina, terá mais tempo para estudar para o vestibular.

_E comigo recebendo mais, poderei comprar aquele carro que você sonha meu filho._ Gael argumenta.

Os protestos de Pedro e Karina continuam. Gael e Dandara mal conseguem se impor. Até que ela toma as rédeas e diz:

_Nós vamos nos mudar sim e ponto final!

Os dois se calaram de imediato. Gael sente um desconforto por estar mentindo para os filhos, mas entende que aquilo é o melhor.

_Nos mudaremos no sábado. Vocês têm dois dias para arrumarem suas coisas. Deixem os mais pesados para trás, contrataremos um caminhão de mudança. Dandara irá amanhã à escola de vocês pedir transferência. Agora, se não se importam, eu quero conversar com sua mãe em particular.

O tom na voz de Gael foi o suficiente para que os dois se dessem por vencidos. Cabisbaixos, eles rumaram para o andar de cima. Dandara esperou para ouvir as portas dos quartos batendo e disse:

_Eu odeio deixá-los tristes! Viu como ficaram?

_Foi necessário amor._Gael a abraçou forte, queria mostrar para ela que não estava sozinha.

_Talvez o Nando tenha razão, não poderemos fugir para sempre._ a voz dela saiu abafada.

_Sim... Mas sinto que ainda não é o momento certo.

Dandara se afastou um pouco e olhou nos olhos do marido. Sentiu o quanto o amava, como sempre!

_Eu te amo!_ as lágrimas escorriam pelos olhos dela.

Gael não respondeu, simplesmente a abraçou mais forte e encheu a bochecha dela de beijos.

–*-*-*-*

Karina sentou-se em sua cama e começou a chorar. Por que estavam fazendo aquilo? Afastando-a de seus amigos, de seus sonhos? Por que não podiam esperar que ela se formasse? Passou toda a sua vida naquela casa e com certeza ir embora dali não era fácil.



Batidas leves na porta a alertaram e ela pediu para que a pessoa entrasse. Pedro também tinha o semblante triste. Sentou-se ao lado da irmã e disse:



_Vai dar tudo certo K! Eu não vou te deixar sozinha nem um minuto, prometo. Lembra quando tivemos que sair da nossa escola do jardim de infância? Eu entrei de mãos dadas com você no novo colégio e vai ser assim em qualquer lugar novo, que conhecermos juntos!

Karina o olhou com lágrimas nos olhos e sorriu. O sorriso mais lindo que ela já tinha dado, pelo menos que ele se lembrasse.

_Muito obrigado._ ela lhe deu um beijo no rosto.

Pedro ficou um pouco sem graça com aquele gesto, não entendia o porquê.

_Sabe, _ ela disse._ Se você não fosse meu irmão eu com certeza me apaixonaria por você.

Pedro riu encantado.

_Meu sonho é me casar com você!_ ele disse agarrando a irmã, em um abraço apertado._ Por que você sabe que eu vou me apaixonar e me casar, mas você é eterna.

–*-*-*

Dois dias depois, todos estavam embarcando para uma nova cidade: Rio de Janeiro. Era uma cidade grande. Durante todo o vôo, Pedro e Karina permaneceram em silêncio. Uma pequena festa de despedida, no dia anterior, foi organizada na casa de Nando e, para a surpresa dos dois, todos os seus amigos estavam lá.

Agora voavam para uma cidade desconhecida, com pessoas desconhecidas. Sentiriam a falta de Nando, mas ele prometeu que na primeira folga os visitaria.

Pousaram ao meio-dia no Aeroporto do Rio, como programado. Gael e Dandara tentavam animar os filhos e conseguiram assim que chegaram à nova casa.

Era uma casa enorme, com 6 quartos, sendo 4 com suíte; sala de jantar, cozinha dos sonhos, quintal enorme, piscina e mais um cômodo vazio.

Pedro e Karina olharam maravilhados para a casa.

_Pai,_ Karina maravilhou-se._ é linda!

_O que estão esperando? Vão escolher os quartos!

A sugestão de Dandara empolgou os jovens que subiram correndo para o 2º andar. Depararam-se com um corredor grande, com três portas de cada lado.

Resolveram olhar um por um e, por questões de cavalheirismo, Karina ficou com o segundo, deixando o primeiro maior para os pais e o terceiro para Pedro.

_Podemos pintar as paredes da cor que quiserem._ disse Gael, observando Karina dar voltas e mais voltas em seu novo quarto.

_Quando chegam os móveis da mudança?_ela perguntou.

_Dentro de uns 5 dias, a distância é longa.

Karina foi até o pai e lhe deu um abraço forte:

_Eu te amo pai.

–*-*-*

Como Gael disse, 5 dias depois os móveis da mudança chegaram. Não foi fácil colocar a casa em ordem, mas no fim das contas deu tudo certo. Pedro e Karina tentavam não demonstrar a tristeza que ainda sentiam por terem se mudado tão repentinamente, pois percebiam que os pais faziam de tudo para agradá-los.

Quando deram por si, o período de férias já estava acabando. No último dia, os irmãos resolveram dar uma volta pela região. Encontraram um parque pequeno, à um quarteirão da casa deles.

_Vamos dar uma parada ali._Karina sugeriu.

Era um fim de tarde belíssimo. Os dois se sentaram em um banquinho e ficaram em silêncio. Algumas crianças brincavam, casais assistiam ao por do sol juntos.

_Como você acha que será amanhã?_ Karina quebrou o silêncio.

_Não sei... Teremos que descobrir... Juntos.

Pedro pegou a mão dela e a acariciou. Karina se repreendeu silenciosamente por ter sentido um arrepio na espinha.

_Pelo menos é inicio de ano letivo, não seremos os únicos novatos._ ele disse, ainda segurando a mão dela.

Mais uma vez o silêncio caiu entre eles. Pedro agora levava a mão dela aos lábios e depositava ali um beijo. Era tudo tão inocente, mas Karina não conseguia deixar de sentir um arrepio na espinha. O olhar dele fixou no dela e ele sorriu:

_Não precisa ficar nervosa, vai ser legal amanhã.

Nervosa por causa do dia seguinte? Isso nem passava pela cabeça dela agora. A única coisa que ela pensava era no quanto o sorriso dele a encantava, no quanto os olhos dele a atraiam e no quanto o simples contato dos lábios dele contra a pele dela fez seu coração disparar. Estava nervosa perto dele. Estava tímida perto dele. Sentia coisas que apenas era natural se sentir quando se estava... Apaixonada.


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