Além Do Fraternal escrita por Gey Scodelario


Capítulo 12
Quando o fim é decretado...


Notas iniciais do capítulo

Hey People! *desviando das pedras* kkk gente, me desculpem pela grande demora, juro que não foi por querer! o que aconteceu foi que houve um problema com a minha conta e eu fiquei dias sem poder acessa-la e com isso, sem poder postar também. Eu solicitei o Nyah e o problema já foi resolvido! Eu realmente espero que vocês entendam... ah, e eu também não consegui responder todos os Reviews do capitulo passado pois estava muito ansiosa pra postar esse aqui pra vocês, prometo que no próximo respondo TODOS, ok?!

Vamos ao capitulo? Boa Leitura *-*



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—Espero que eu esteja sendo bem claro Srta. Karina.

—Sim Clemente, você está sendo bem Claro.

—Bom, então continue anotando. Como eu dizia...



O dia estava realmente entediante para Karina. Naquele momento ela escutava sem nenhuma vontade um cliente muito chato reclamando sobre... Sobre o que mesmo? “Ah meu Deus! Se concentra mulher!” disse a si mesmo enquanto intensificava as batidinhas da caneta que segurava, na mesa. No entanto, seus olhos estavam bem atentos à tela do seu computador, onde lia pela milésima vez mais um dos vários e-mails de Pedro.

Distraiu-se vendo uma foto do irmão em algum lugar na Itália, quando algo chamou sua atenção: na aba de sua caixa de e-mail um símbolo “+1” indicava que um novo e-mail havia chegado. Automaticamente, ela clicou na aba e abriu o e-mail em destaque. Logo um sorriso brotou em seu rosto, antes entediado. Como se, enfim, tivesse sido despertada, ela falou:

—Clemente, por favor, prometo que farei um relatório para você levantando todos os dados que está me pedindo, mas agora eu infelizmente preciso desligar... Sim.. Tchau!

Bateu o telefone com força no suporte e voltou sua atenção para o e-mail que dizia:

Olá,

Teria um tempinho livre na sua agenda para mim? Que tal um almoço? Te espero hoje no pub de sempre (risos)

Beijos, Pedro.”

Releu o e-mail umas cinco vezes, para ter certeza de que não era uma piada até que decidiu seguir seus instintos e ir ao encontro marcado. Enfim Pedro havia dado sinal de vida! Bom, pelo menos para ela!

Pedro tinha uma vida agitada que havia começado logo após Karina sair do coma, isso há uns... 10 anos? Sim, 10 anos atrás. Lembrava-se bem do dia em que ele reuniu a família e disse simplesmente “Estou indo viajar à trabalho e não tenho previsão para voltar.”

O anúncio ocorreu dois dias após a formatura na escola e sem mais detalhes, pegando todos de surpresa. Desde então, ele visita a família à cada 6 meses ou 1 ano, dependendo da carga de trabalho e da distância. Mas, o que mais irritava Karina, era o fato dele nunca responder aos seus e-mails. Não que ele nunca enviasse e-mails, na verdade ele enviava um e-mail diário contando como estava, no entanto esse e-mail era direcionado à ela, sua mãe e seu pai. Ele nunca respondia aos e-mails que pertenciam apenas à Karina.

—Karina, você poderia me ajudar aqui?

Uma voz a trouxe de volta para sua realidade atual: estava em pleno horário de trabalho! Olhou o relógio e ainda faltava uma hora e meia para o almoço. Não poderia esperar nem mais um minuto para vê-lo!

—Rebeca, por favor, posso te ajudar quando eu voltar?

—Voltar de onde?

Rebeca era a colega de trabalho de Karina e se sentava ao seu lado na ampla mesa localizada em um canto afastado da também ampla sala da empresa. Outras tantas mesas como àquela que ocupavam se espalhavam pelo o que era chamado de Unidade de Projetos.

—Preciso sair mais cedo hoje, recebi um e-mail do meu irmão! _ ela relatou entusiasmada enquanto desligava o computador.

—Hummm aquele gato? _ a outra deu uma risadinha. _ Pode ir amiga! Quer que eu diga algo ao Cobra?

Karina ficou estática por um momento, havia se esquecido dele! Porém, seu remorso se dissipou quando viu o mesmo conversando alegremente com sua secretária ao lado da máquina de impressão.

—Acho que ele não vai reparar muito... _ ela voltou a organizar suas coisas.

—Mesmo que reparasse não é meu bem? Ele é o diretor da empresa e você é a namorada dele, ou seja, ele vai te perdoar.

Karina sorriu em resposta, enquanto se levantava e, sem mais, caminhou à passos largos até a saída.




—O Senhor aceita mais alguma coisa?_ o garçom depositou a xícara de cappuccino na mesa do rapaz, que respondeu:

—Por enquanto não, obrigado!

Observou o homem se retirar e provou um pouco da sua bebida, se arrependendo em seguida, estava extremamente quente! Mordendo o lábio inferior, voltou seu olhar para a rua onde o pub se encontrava. Naquele momento, nevava consideravelmente e ele começou a se perguntar se era uma boa ideia deixar a irmã dirigir sozinha pelas ruas escorregadias. Logo, esse pensamento foi substituído pela ansiedade de vê-la novamente! Já fazia um ano e alguns meses que ele não retornava à Londres para visitar a família e, devido à essa atitude recebia e-mails um tanto agressivos das duas mulheres da sua vida: sua mãe e Karina. Com a primeira ele se entenderia mais tarde, já a segunda... Sentiu o coração disparar quando pensou nesta e, por isso, insistiu em mais gole do cappuccino, agora com uma temperatura aceitável.

Sabia que, há 10 anos atrás, havia tomado uma decisão extrema, mas já estava ficando impossível conviver com Karina por perto. Desde que esta última havia saído do coma e retornado para a escola, sua vida virou um pesadelo! A jovem havia se tornado uma espécie de atração na escola, sendo paparicada por professores e alunos que antes simplesmente à ignoravam. E, na cola disso tudo, estava Cobra: o namorado herói! Passando de rapaz esquisito à homem mais desejado. Já Pedro, havia caído em um total esquecimento social, mas o que mais lhe feria era o esquecimento por parte de Karina. Ela simplesmente o ignorava, agindo como... Uma irmã deveria realmente agir. Ela havia se tornado “Popular” e estava cada vez mais linda, mais desejável, mais encantadora.

Nas noites de fins de semana, seu perfume caro (presente do namorado) impregnava a casa, seus risos altos ecoavam por cada canto e o som dos saltos altos permanecia até depois de ela sair pela porta principal. Voltava para casa de madrugada, seus pés descalços faziam um barulho engraçado enquanto ela se dirigia para seu quarto.

Em uma noite atípica, Pedro ouviu o som abafado dos passos dela muito próximos e levou um susto quando ouviu leves batidas à sua porta...



“... Ela não esperou que ele respondesse, foi logo entrando quarto adentro. Segurava o par de sandálias como uma criminosa.

—O que faz aqui? _ ele foi ríspido ao questioná-la.

—Não sei... _ ela respondeu debilmente, o olhar vagava pelo quarto, como se tentasse reconhecer o local.

Pedro colocou-se de pé de imediato e foi até ela. Logo sentiu o hálito diferente que emanava dela.

—Você... Você bebeu?

Karina levou o indicador aos lábios muito vermelhos.

—Shhhh! Papai e Mamãe não podem saber!

—Desde quando você está bebendo? _ ele a pegou pelo braço e a levou até sua cama.

—Desde... _ ela se jogou de costas para o colchão, fechando os olhos em seguida _ Hoje!

Pedro ficou um minuto sem fôlego ao ver as pernas da jovem sob a saia pregueada e a barriga um pouco exposta. Respirou fundo e continuou:

—Vá para o seu quarto tomar uma ducha fria e vê se disfarça amanhã cedo!

Karina deu uma risada e logo levou a mão direita à boca.

—Estou falando sério. _ ele insistiu.

Karina sentou-se na cama e ficou fitando o rapaz por um tempo.

—Sabe, _ disse finalmente._ Você até que é bonito, não entendo por que está solteiro até hoje!

—Karina, vá agora mesmo para seu quarto!

Ela se colocou de pé com dificuldade e caminhou cambaleante até a porta, saindo em seguida.

Ele havia recomendado a ducha fria á ela, mas, naquele momento, até que essa não era uma má ideia para ele também!”

Nunca mais a viu naquele estado, mas não colocava a mão no fogo por ela. E foi com esse último “show” que ele finalmente tomou sua decisão: iria aceitar uma proposta de emprego que, entre outras exigências, deixava claro ao funcionário que o mesmo deveria estar sempre disposto a viajar à qualquer dia, hora ou época do ano. Pedro já havia comemorado várias datas importantes estando totalmente sozinho, como natal, ano novo e aniversário. Mas, não se importava. Estava totalmente satisfeito com os rumos que sua vida havia tomado: era um consultor procuradíssimo e disputado no mercado de T.I., tinha amigos em várias partes do mundo, não negava que tivera romances rápidos. Mas nenhum superava o que ele e Karina tiveram. Karina... Era impressionante como seus pensamentos sempre voltavam nela! Durante suas viagens, adorava visitar lugares exóticos e sempre se imaginava naqueles lugares na companhia dela. Estivera em um luxuoso hotel em Dubai e percebeu que aquele lugar ficaria muito mais especial se ela estivesse ali, com ele.



O barulho de sininhos indicou que a porta do pub fora aberta e fechada em seguida. Um perfume doce invadiu o ambiente, fazendo mosca voltar sua atenção para a porta.

Por um momento não a reconheceu: os olhos azuis contrastavam perfeitamente com a pela clara, que no entanto, naquele momento, ganhava um tom corado devido ao frio cortante. O cabelo liso que antes era curto, estilo Joãozinho, agora chegava á cintura, marcada pelo cinto que fechava o sobretudo. Os lábios dela estavam vermelhos, e ele não soube definir se era batom ou o tom natural. Ela era mulher perfeita... “Mulher”... Sim. Karina agora era uma mulher de 27 anos.



Karina sorriu abertamente ao vê-lo e rumou até ele sem demora. Antes que o rapaz pudesse dizer alguma coisa, ela o abraçou.

—Ah Pedro! _ dizia com a voz abafada. _ Pedro, que saudade!!

—Eu também senti saudades.

Ela se afastou um pouco, o suficiente para que pudesse encará-lo, mantendo os braços entrelaçados no pescoço dele.

—Olha só para você! _ ela disse, rindo em seguida. _ Você é um homem já... Quando você resolveu crescer?

—Ainda não sei bem... Me pergunto o mesmo todos os dias.

Os dois riram juntos, mas a risada foi cessando até se calarem. Ele buscava no olhar dela, algum indício de que ela havia se lembrado de tudo, mas o que encontrava era saudades e felicidade em vê-lo. Nada de amor, paixão ou algo do tipo. Por isso, ele delicadamente se afastou dela.

—Sente-se, por favor! _ indicou a cadeira no lado oposto ao que ele estava.

Era como se não o visse há anos! Enquanto se sentava e esperava ele fazer o pedido ao garçom, Karina analisou cada traço dele. Os olhos castanhos ainda estavam lá, mas um pouco mais cansados e menos brilhantes. Os cabelos estavam curtos, o que o deixava ainda mais bonito. A barba por fazer dava um charme ao rosto másculo. Seu irmão era realmente lindo e, se dependesse dela, ele não iria viajar novamente solteiro.

—Pedi o prato do dia. _ o ouviu dizendo. _ Acho que você irá gostar, é algo bem leve.

Karina deu uma risadinha antes de dizer:

—Se eu pudesse comeria um sanduíche bem gorduroso, com tudo o que tenho direito! Mas preciso entrar no meu vestido de noiva.

Pedro se engasgou ao ouvir aquela palavra, por isso demorou um pouco até perguntar:

—Noiva?

—Sim! Aliás, essa era a surpresa que eu iria te fazer, falei no último e-mail que te enviei e que, para variar, você não respondeu.

—Karina, me desculpe! Eu realmente não tenho tempo para responder todos os seus e-mails!

Era mentira. Durante todos aqueles anos Pedro lia os e-mails que ela mandava pelo menos umas cinco vezes ao dia. Optara por não responder para não piorar a situação para si mesmo.

—Me conte mais sobre esse noivado.

—Então. _ ela se endireitou na cadeira e apoiou o queixo na mão direita, fazendo a aliança dourada reluzir. _ Eu e o Cobra estamos juntos há 10 anos praticamente. Foi uma decisão conjunta, percebemos que não há mais nada que nos impeça de nos casarmos. Antes tínhamos os estudos, depois eu quis me firmar em um emprego. Agora, somos bem sucedidos, temos condições de seguir em frente... Juntos!

Pedro demorou um pouco para absorver tanta informação, até que perguntou, fingindo desinteresse:

—E a surpresa para mim é...?

—Quero que você seja um dos meus padrinhos!

Karina parecia estar anunciando um premio maravilhoso, fazendo Pedro rir disfarçadamente. Ele realmente estava com sérios problemas.

—Não posso prometer isso Karina, você sabe que eu estou constantemente viajando e...

—E, dessa vez, você vai dizer seu primeiro “Não” à eles, pois será padrinho da sua adorada irmã. Você vai ficar até quando na cidade?

—Umas duas semanas.

—Ótimo! Meu casamento é na semana que vem, no sábado! Ainda temos duas semanas!

Pedro não estava acreditando no que estava ouvindo: seria padrinho do casamento da mulher que amava! E ela não se tocava do quanto aquela situação seria desconfortável para ele!

—Mas... Karina, por que se casar com ele? Você o ama?

Por um momento, ele achou que a irmã havia se abalado com aquele questionamento. Percebeu que estava enganado quando a ouviu dizer:

—Claro que amo! Cobra é o homem da minha vida. Olha Pedro, eu sei que você nunca gostou muito dele, mas eu o amo! Seria maravilhoso para mim se vocês se dessem bem, os dois são importantes! Olha, eu...

Ela foi interrompida pelo som do próprio celular. Pedindo desculpas, o atendeu. Pedro não pôde deixar de notar que ela ficou um pouco assustada ao ver o número que a ligava naquele momento.

—Oi meu amor! _ fez uma pausa. _ Eu sei que combinamos de almoçar juntos, mas eu recebi um e-mail do Pedro _ outra pausa. _ Sim, ele está na cidade, aliás, o estava convidando nesse exato momento para ser nosso padrinho! –breve pausa. – Meu amor, depois conversamos isso ok? Eu te amo!

Desligou o telefone com pressa. Pedro preferiu agir como se não o assunto anterior à ligação fosse interrompido.

—Bom, eu aceito ser o seu padrinho, por que não?

O rosto de Karina se iluminou e, apenas aquilo, bastava para Pedro.

—Obrigada Pedro! Agora, me conte sobre você! O que tem feito?



O assunto entre os dois rendeu o resto da tarde. Karina simplesmente não voltou para o trabalho. Mas, como Pedro descobriu dentre os vários assuntos daquela tarde, Cobra era um dos diretores da empresa onde a irmã era gerente de projetos, por isso ele não ligou para ela questionando o horário. Foram para a casa juntos, ou melhor, ele no carro dele seguindo o carro dela, pelas ruas geladas. Era fim de ano e a cidade se transformou em um show de luzinhas piscantes. Durante o caminho para casa, ele repassou mentalmente cada detalhe daquela conversa. Realmente, aquele era o decreto do fim de algo que, agora, só existia na mente dele.



Já em casa, foram recebidos com festa pelos pais. Dandara chorava emocionada, enquanto abraçava o filho. Pedro se espantou ao ver como seu irmão mais novo, Manuel, havia crescido.



Ninguém reparou quando Karina seguiu para seu quarto, sentindo tonteiras fortes. Não queria atrapalhar o momento especial entre seus familiares. Parou na frente do espelho e ficou mirando a si mesma. Flashes iam e voltavam à sua mente, deixando-a mais tonta. Viu-se rindo há dez anos atrás, sentada em uma pracinha com Pedro, enquanto o Sol se punha ao longe, viu sua mão encostando na dele e sentiu a reação involuntária do seu corpo. “De novo não”, pensou desesperada, levando a mão direita à testa. O quarto ficou muito escuro de repente...


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