Pov Ally

Um passo. É só isso o que preciso para mudar completamente minha vida. Estão todos ali, esperando minha tal ação. As portas estão prestes a se abrir, basta que eu dê o comando.

Trish está ao meu lado, me olhando com carinho e cautela. Seu vestido é vermelho, na altura dos joelhos e uma fina alça aos ombros. Clary está ao seu lado, vestida exatamente igual com os cabelos presos em um coque trabalhado.

Dez, Dallas, meu pai, todos nos esperam. E Austin, não vejo seus olhos há dias. Tenho vontade de abrir esta maldita porta correr até seus braços e nunca mais sair.

Respiro fundo. Minhas mãos estão trêmulas, assim como o resto de meu corpo. Arrumo minha postura. Olho para mim mesma na esperança de estar pronta. E estou. Olho em volta, em seguida para Trish, balanço a cabeça afirmamente.

Ela e Clary se posicionam atrás de mim. Trish assovia o mais alto que consegue e diz para mim:

– Conte até cinco e respire fundo.

Um...

Dois...

Três...

Quatro...

E...

Cinco...

As portas se abrem.

Lá está ele. O amor da minha vida. Parado há alguns metros de mim, me olhando fixamente com um sorriso no rosto.

Posso até ouvir She Looks So Perfect versão acústica ao fundo. Meu pai se posiciona ao meu lado. Dobra o cotovelo de forma formal e eu passo meu braço pelo seu. Aperto seu antebraço e digo:

– Não me deixa cair, pai.

– Nunca, querida.

Iniciamos a caminhada. Um passo de cada vez. Passando pelas fileiras de convidados. Mimi está ao lado de Mike, atrás de Austin. Não posso acreditar que todos eles cancelaram seus compromissos para nos ver.

Estamos a um metro dos degraus. Noventa centímetros. Setenta e cinco centímetros. Quarenta e seis centímetros. Quinze centímetros. Três... Dois... Um... Zero.

Meu pai segurou minha mão e entregou para Austin. Olhou em seus olhos e disse:

– Cuida bem dela. - murmurou ele.

Austin assentiu e me conduziu a seu encontro. Nos posicionamos em frente ao padre, que logo disse:

– Estamos todos aqui reunidos para celebrar a união deste belo casal: Austin Mônica Moon e Allycia Ellen Dawson.

Austin e eu nos olhamos. Ele estendeu cautelosamente sua mão e eu a segurei.

Enquanto o padre ditava seu discurso sobre uniões, amor e Deus, fiquei sonhando acordada sobre coisas futuras (família, carreira e nossa relação).Voltei à realidade quando Austin apertou minha mão e o padre disse:

– Austin Mônica Moon. Aceita Allycia Ellen Dawson como sua legítima esposa; para amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

Ele me olhou, sorriu e disse:

– Aceito.

– Allycia Ellen Dawson. - disse o padre - Aceita Austin Mônica Moon como seu legítimo marido; para amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

Respirei fundo e pensei.

Este é o momento Ally. Basta dar este passo e mudar a sua vida...

– Aceito.

– As alianças, serão o símbolo de sua união. Que elas não se partam, mas que se tornem eternas.

Clary chegou atrás de nós. Austin e eu nos viramos um para o outro. Ele pegou uma das alianças e pôs em meu dedo. Logo em seguida, eu fiz o mesmo. Peguei a outra aliança e pus em seu dedo.

Olhei para cima e nossos olhares se encontraram.

– Eu vos declaro, marido e mulher.

Soltei uma risada abafada. Fiquei na ponta dos pés, passei os braços em volta de seu pescoço e nossos lábios se encontraram. Ele passou os braços pela minha cintura e me puxou para mais perto de si.

Os convidados aplaudiam. Posso ouvir inclusive os choros de algumas mulheres e tenho certeza que Dez está entre elas (risos).

Nos afastamos. Ponho as mãos em seus maxilares e digo:

– Eu te amo, Moon.

– Acho que todos nós sabemos disso. - diz ele rindo.

***

Após alguns drinks e o corte do bolo, começaram os discursos, começando por Dez:

– Austin e Ally é o casal mais complicado que eu conheci em toda a minha vida. Eles se amam, se odeiam... Não tem nada em comum, nunca concordam com nada, sempre ajudam um ao outro. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferiram não dizer nada. Preferiram meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela queria atitudes, ele queria ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Eles não tem nada em comum, mas juntos, se completam. E eu nunca imaginei que estaria aqui esta noite, na festa de casamento do meu melhor amigo e sua compositora. Na verdade eu meio que sou cúmplice desse relacionamento afinal, participei dos planos de ambos para conquistar o outro - disse ele soltando uma risada abafada - Eu estou me segurando para não chorar aqui, porque... Ally, agora você tem meu melhor amigo como marido, então cuide para que ele não faça nenhuma besteira... E Austin, cuidado para não perdê-la, não existem mulheres tão boas como ela.

Assim que finalizou todos aplaudiram. Dez desceu do palco, dando seu lugar à Trish, que começou seu discurso curta e grossa:

– Eu vou ser breve. Eu não concordava com esse relacionamento no início, mas as coisas foram tomando um rumo diferente do que o que eu esperava. Ally era feliz e agora estamos aqui, e ela parece mais feliz ainda... O que está feito, está feito, então só digo uma coisa: Hey, Moon! Abre o teu olho, se você magoar a minha amiga, vou fazer com que você tenha sérias dificuldades para eliminar todo esse refrigerante que você bebeu. Se é que me entende…

Todos riram, mas Austin parecia tenso. Segurei sua mão e beijei sua bochecha. Ele sorriu.

– Quem vem agora? - disse Trish.

Meu pai levantou a mão e andou até o palco. Trish cedeu seu lugar a ele e desceu. Ele começou o discurso

– Há alguns anos, quando Ally ainda estava entrando na adolescência, entrei no quarto dela e a vi compondo uma canção. Começei a ler e disse à ela "Não é o mesmo estilo das suas músicas de costume..." e lembro perfeitamente de ela me responder "Esta é diferente, pai.". Algumas semanas depois, ouvi esta música tocar na rádio, na voz de um garoto qualquer. Lembro de ter ficado orgulhoso do trabalho de minha filha, mas irritado por não terem reproduzido a "versão original". No mesmo dia, entrei na Sonic Boom, subi as escadas e encontrei ela com um garoto loiro cantando em frente ao piano. Ela apenas me olhou e disse "Pai, este é o Austin. Meu parceiro."

Ele tinha lágrimas nos olhos, assim como eu. Respirou fundo e continuou.

– E-Eu mau consigo acreditar que este garoto estaria esperando a minha garotinha no altar daquela igreja para começar uma vida nova com ela. Mas... eu estou feliz que tenha sido assim. Por que ele a faz feliz. Ele faz a minha garotinha feliz. - finalizou.

Todos aplaudiram. Ele desceu do palco, levantei da mesa e andei até ele e e o abracei. Meu pai segurou as lágrimas.

Austin andou até o palco, pegou o microfone e começou a discursar:

– Eu gostaria de agradecer, primeiramente, a presença de todos. E antes de tudo, gostaria de falar sobre a garota mais bonita que eu conheço. A garota mais bonita que eu conheço não é nenhuma miss, nem engata tantos olhares quando passa por aí. A garota mais bonita que eu conheço nem acha que é bonita. Acha graça e não acredita quando eu à digo assim. A garota mais bonita que eu conheço não faz nada para parecer bonita. Não usa muita maquiagem, não usa jóias ou roupas da moda, não vai pra academia nem tem belo manequim. A garota mais bonita que eu conheço simplesmente sorri, e, quando sorri, ela é a garota mais linda do mundo! Ally, sei que muita coisa aconteceu antes de durante nós, muitas ruins, muitas boas. Sei que não tenho muita moral para te conceder felicidade eterna, mas você tem esse poder, e acabou de me conceder. Vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão. E agora a minha vontade é de gritar, para que o mundo saiba que “Eu amo a Ally Dawson.”

Todos aplaudiram. Mimi estava em lágrimas, assim como Clary e eu. Levantei-me da mesa e andei até ele. Beijei sua boca e tomei seu lugar no palco, peguei o microfone e comecei a falar.

– Se eu pudesse reproduzir um vídeo dizendo tudo o que eu quero dizer, eu faria. Até por que eu odeio falar para uma platéia. - todos riram - Mas como isso não vai ser possível, vou tentar descrever em palavras o que eu estou sentindo.

Respirei fundo e continuei.

– Houve uma época, em que eu não acreditava mais no amor, e nem em finais felizes. Eu me recusava a acreditar que em um dia ensolarado em que eu estaria vestida com mais belo dos vestidos, apareceria um príncipe em um cavalo branco que faria com que a minha vida tivesse sentido. Mas aí, você apareceu. - falei olhando para Austin - Você apareceu de novo, pela centésima vez. Durante aquela tempestade de emoções, enquanto eu estava vestida com um moletom velho e sugado graças à chuva, você dirigindo a Mercedes preta da sua mãe, e fazendo com que meu mundo virasse de cabeça para baixo. Fazendo com que eu enxergasse que aquilo era o amor que eu procurava, disfarçado de pura confusão. Fazendo com que eu descobrisse que em um relacionamento, as coisas não precisam ser fofinhas, românticas e clichês. Fazendo com que eu aprendesse que em um relacionamento o casal não precisa se ver todo dia, não precisa se tocar ou trocar carinho toda hora. Que não é pra sempre que vai haver assunto ou coisas para fazerem juntos. Aprendi que todo relacionamento tem suas falhas, mas nem por isso deixa de ser perfeito. E o mais importante: Aprendi que quando as pessoas se amam, elas se contentam só por estarem juntas. E… - falei já com lágrimas nos olhos - Eu sei que esse não é o meu final feliz. É apenas o começo. O nosso começo.

VESTIDO DA ALLY: http://weddingdecorstyle.com/wp-content/uploads/2014/07/simple-wedding-dress-styles.jpg