Pov Austin

Hoje faz oito meses que Ally e eu terminamos. Desde o término ela se afastou muito de grande parte de nós. De vez em quando ela tem algumas recaídas e fica quieta por um tempo...Não conseguimos ficar de acordo com nada desde então...

Tentávamos entrar em acordo, mas nada. Depois do término, ela parou de escrever canções e começou a frequentar com mais frequência o psicólogo. Lester diz que ela está melhorando e que está se esquecendo cada vez mais do sonho.

Nossa formatura foi há três semanas e agora todos, menos eu, estão estudando para o vestibular. Ou seja, eu fiquei sozinho...

Clary está em Washington para as cinco semanas de preparação em uma faculdade que pretende estudar.

Trish está estudando para o vestibular de Administração e fazendo testes para novos talentos para empresariar.

Dez está em Los Angeles para conhecer a faculdade Columbia de Cinema.

Dallas se mudou para NY onde pretende estudar Design Gráfico.

Ally está estudando para cursar Química na faculdade federal da Flórida.

Ou seja, todos estão seguindo seus rumos e planejando seu futuro... E eu fico aqui vivendo minha vidinha idealizada enquanto eles idealizam suas vidas...

Durante a tarde, eu fiquei apenas tentando compor uma nova canção. E em meio a arranjos e versos mau feitos, pensei em como Ally era melhor que eu nisso. A facilidade que ela tinha em criar músicas, a conexão que tínhamos durante o processo de criação, o resultado surpreendente após horas sentados em frente ao piano... Sinto falta desses momentos.

Sinto falta de quando ela sorri, quando canta baixinho com medo que alguém ouça. Sinto falta das vezes em que ríamos juntos do nada. Sinto falta das vezes em que ficávamos sozinhos e eu podia dizer sem ter medo, que ela é a garota mais bonita que eu já vi. Sinto falta das vezes em que estávamos compondo e nossas mãos se tocavam sem querer, sinto falta da sensação que eu sentia quando isso acontecia...

Em meio aos meus pensamentos, ouvi a campainha tocar no andar de baixo. Desci as escadas e andei até a porta. Assim que girei a maçaneta, um choque de realidade invadiu meu corpo. Era ela.

Ally estava parada na minha frente. Seus cabelos castanhos estavam molhados devido a chuva, suas roupas estavam encharcadas e surradas. Seu rosto estava inchado, os olhos vermelhos e as mãos tremendo.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela disse:

– Ela morreu, Austin. Minha mãe morreu...

Não disse uma única palavra, apenas a puxei para perto e a abracei com força. Ela chorava em meu ombro e tremia intensamente. Seu corpo estava gelado como nunca.

Após alguns longos minutos, Ally conseguiu recuperar a fala depois do choro. Eu havia dado um cobertor para ela enquanto a consolava no sofá.

– Disseram que ela morreu dormindo.

– E-Eu sinto muito, mesmo, Ally...Todos nós estávamos torcendo para ela se recuperar.

– MAS ELA NÃO SE RECUPEROU! ELA FOI EMBORA!

– Eu sei que é difícil, que dói... Mas... Pense que ela está aqui com você.

– Como assim?

– Você acredita em anjos? Mesmo depois de... mortos, eles continuam aqui. Para nos proteger e observar. E eu realmente acredito que ela vai estar ao seu lado, não importa onde ela esteja...

Ally abaixou a cabeça e deixou escapar um meio sorriso.

– Escuta, eu sei o que você está sentindo… - menti.

– NÃO, VOCÊ NÃO SABE! - gritou ela - VOCÊ NEM A CONHECIA! E NEM MESMO SE TIVESSE CONHECIDO NÃO SABERIA O QUE EU ESTOU SENTINDO! ELA ERA A MINHA MÃE, NÃO A SUA! Ela era… uma parte de mim. Uma parte de mim que não existe mais...

Seus olhos estavam vermelhos e marejados. Era possível ver claramente a dor em seus olhos...

Eu não faziam idéia de como poderia fazer com que ela se sentisse melhor, então tive uma ideia. Levantei do sofá e corri para meu quarto, peguei o violão e voltei para a sala. Sentei novamente ao lado dela comecei na dedilhar as primeiras notas:

http://youtu.be/W3zgTEcLbhk

Take off your mask, put down your guard
Don’t need a symbol on your chest
It’s all right for once to play
The damsel in distress

You’re gonna use up all your strength
Trying to be so strong
Don’t have to shoulder all the weight
Together we can take it on

You don’t have to face your fears alone (you’re not alone, baby)
‘Cause whenever you’re in trouble
I’ll know, oh

Let me be your superhero
There isn’t a place I won’t go
Whenever you need me by your side
I’ll be there, be there

Never be afraid if you fall
I’ll carry you away from it all
Let me be your superhero
Let me be your superhero

– Let me be your superhero... - disse ela sorrindo um pouco - Foi o que você escreveu no bilhete quando eu saí do hospital...

Eu sorri. Pus o violão de lado, inclinei-me e segurei suas mãos.

– Eu sei que doí. Sei também que não vai ser fácil. Mas passa com o tempo.

– Mas... Quanto tempo?

– Não tenho como dizer. Só depende de você.

Ela abaixou a cabeça novamente enquanto brincava com os dedos.

– Mas posso te dizer uma coisa… - continuei - Pessoas vem e vão, é o ciclo da vida. Um dia você não vai mais estar aqui, e pode acreditar, eu vou ficar pior do que você agora. - brinquei - Te aconselho a erguer a cabeça e encarar a vida de frente. Pois afinal, só existem duas soluções para tudo: o tempo e o foda-se. Estou dizendo tudo isso não como um amigo, mas sim como alguém que já fez parte da sua vida e sofre ao te ver sofrer…

– Você… Nunca saiu da minha vida. - disse ela baixinho - Você está nela, é inevitável. E eu… Gosto disso.

Soltei um pequeno sorriso.

– Tudo acontece por um acaso. - falei olhando para o chão.

– Como?

– Tudo tem um motivo. Pessoas se vão, se separam, se decepcionam… Faz parte da vida. Meu pai sempre diz que todas as ocasiões ruins, vem para nos ensinar a seguir em frente, aprender que virão coisas piores. Não sei se vai te ajudar, é apenas um pensamento alto. Desculpe.

– Tá tudo bem… Acho que eu… Vou pra casa, preciso pensar um pouco.

– Se precisar de qualquer coisa, fale comigo. Faço qualquer coisa pra te ver feliz.

– Qualquer coisa? - disse ela.

– Sim. - falei olhando em seus olhos.

– Me beije. - disse ela com os olhos marejados de lágrimas.

Soltei uma risada abafada, sem acreditar no que estava acontecendo.

Mesmo depois de tudo que eu fiz, ela…

Estávamos lado a lado no sofá. Não a questionei, apenas inclinei-me para mais perto, olhei em seus olhos e selei nossos lábios. (https://38.media.tumblr.com/1b74f1c1865e0f2f06c94a5bd64cacc9/tumblr_n9gdpakSZB1qcgj4mo1_500.gif)

Por um instante pensei que ela iria se distanciar, mas não. O beijo foi calmo e lento. Durou cerca de 10 segundos. Assim que nos distanciamos, notei que ela respirava profundamente, se forçando à segurar as lágrimas. Ela me olhou nos olhos e disse em voz baixa, quase impossível de se ouvir:

– Você pode ter tido várias, mas você sempre foi o meu único…

Eu sorri e a abracei levemente.

Eu já a perdi uma vez, não quero perdê-la novamente...

Parecia um final de filme, mas não era. Essa é a vida real, e este, é apenas o inicio da minha história.