Amor sem Compromisso escrita por BecaM
Após a apresentação, um grupo de meninas do orfanato (todas entre 6 e 13 anos) vieram até mim pedir autógrafos, o mesmo aconteceu com Austin. Quando Trish, Maia e Dallas começara a distribuir os presentes, notei que havia uma garota de aproximadamente 13 anos sozinha em um canto. Andei até ela e me sentei ao seu lado.
– Oi. - falei para ela.
– Oi. - disse ela sorrindo timidamente.
– Está gostando do Natal?
Ela assentiu.
– Então por que não se junta aos seus amigos.
– Eles não são meus amigos…
– Não? Posso saber o motivo?
– Ninguém aqui gosta de mim. Me acham… Diferente…
– Diferente? Por quê?
– Eu sou a única do orfanato que conheço os meus pais, que sabe por que fui abandonada e todos me zoam por causa disso…
– Você os conhece?
– Sim… Entrei aqui há menos de um ano… Minha mãe era uma prostituta e meu pai é médico…
– Como assim sua mãe “era uma prostituta”?
– Encontraram ela morta em um quarto de hotel, ela cometeu suicídio. Então meu pai me pôs aqui. Ele não queria que soubessem que ele teve uma filha com uma “puta”.
– É uma bela história…
– Você me ouviu? Eu sou fruto de um relacionamento sujo e repugnante! E como se não bastasse fui abandonada! Acha que isso é uma boa história?!
– Por enquanto não. Mas será.
– Como assim?
– Isso se chama karma. Você faz algo ruim para alguém e algo ruim acontece com você; você faz algo bom e recebe o bem de volta.
– Você os ama? Mesmo com o que lhe fizeram?
– Eu não… Eu não sei por que fizeram isso comigo…
– A pergunta é: Você os ama?
– Amo. Mesmo não querendo.
– Então se você os ama, alguém irá amá-la. Você já assistiu algum filme?
– Eu ia às vezes no cinema…
– Você percebeu que na maioria dos filmes, o mocinho tem uma vida muito contraditaria, ruim e problemática? - ela assentiu - … E que ele começa a fazer as coisas certas e tudo melhora? - ela assentiu - Não é diferente na vida real.
– Como você sabe?
– Eu vivi, o karma. Eu dei amor e compreensão para quem afirmavam ser “incorreto (a)”, “diferente” e “anormal”, mas no fim eu recebi amor e compreensão desta pessoa e de quem eu mais amo hoje.
– Quer dizer que se eu tratar as pessoas bem, elas irão me tratar bem também?
– De certa forma. Mas lembre-se que o karma nem sempre é justo. Ele é como se fosse o irmão do destino, ambos não tem muito como explicar mas normalmente fazem o melhor para nós.
– Minha intuição estava certa.
– Por quê?
– Sempre achei que você era uma garota incrível, agora eu tenho certeza.
Eu sorri, como eu queria abraçá-la.
– Ninguém nunca teve tanto interessem em me ouvir.
– Mas afinal, eu ainda não sei o seu nome.
– É Melody.
– Que nome lindo. Pois bem, Melody. Por que você não está com os seus colegas recebendo os presentes?
– Eu não vou receber presente algum.
– Espere um pouco.
Levantei e andei até Dallas e sussurrei.
– Tem algum presente para a Melody?
Ele procurou no saco e tirou um pacote do tamanho de uma maleta, eu peguei o presente, verifiquei o nome e levei até ela.
– Tem certeza que você não vai receber presente nenhum?
– Ele é pra mim? - assenti.
Ela abriu o pacote e tirou de lá uma maleta preta, ela abriu, mas eu não consegui ver o que havia dentro.
– Então, gostou? - perguntei.
– Sim! É o melhor natal da minha vida!
– Conhece essa maleta?
– Era da minha mãe, ela usava para viajar de vez em quando. Acho que meu pai quis que eu tivesse alguma lembrança deles.
Ela fechou a maleta, levantou me abraçou e disse:
– Obrigada Ally.
– De nada. - falei retribuindo o abraço.
– Me responde uma pergunta?
– Claro. O que quer saber?
– Você e o Austin estão namorando?
– Se eu te responder, promete que vai guardar segredo.
– Sim, sim e sim!
– Pois bem, sim. Nós estamos namorando.
– Demais!
– Meninas! Venham aqui! - gritou Austin.
Melody e eu andamos até o pessoal, Austin me chamou para dançar, quando ele estava me puxando para a pista, virei para Melody e disse:
– Não fica aí parada, vai dançar.
Minhas palavras foram em vão, mas nem tanto. Melody ficou fora da pista mas dançou um pouco, de repente ela parou de dançar e começou a olhar para um ponto fixo próximo de mim, acompanhei seu olhar e notei que ela olhava para o Jeremy, o meio-irmão do Dallas, ele tinha a mesma idade de Melody. Pelo visto eles gostaram um do outro.
Afastei-me de Austin e andei até Jeremy.
– Oi Jeremy!
– Oi Ally, você foi incrível na apresentação.
– Obrigada. Você conhece a Melody?
– A ruiva lá no canto?
– Ela mesma.
– Só de vista. Dallas me trouxe aqui algumas vezes e de vez em quando eu via ela no pátio.
– Por que não chama ela pra dançar?
– Você acha?
– Tenho certeza. - falei empurrando ele na direção de Melody.
Alguns minutos depois, os dois já estavam dançando, ela tinha um sorriso enorme no rosto.
Voltei a dançar com o Aus. Tarefa cumprida.
(...)
Quando saímos da festa, Clary, Dez, Maia e Trish foram no carro de Dallas. Austin e eu fomos no meu, sozinhos. Eu estava indo na direção de sua casa quando ele disse:
– Vira nessa rua. - disse ele apontando para a rua oposta.
– Mas…
– Só vira.
Fiz como ele pediu. Ele me disse que ruas eu devia seguir até que ele, por fim, disse:
– Agora é só estacionar perto da cerca.
Estávamos em uma rua completamente vazia, na beira de um quase precipício, havia uma cerca branca na beirada. Saímos do carro, ele sentou no capô e pediu para que eu sentasse junto, e assim o fiz.
Ele pôs o braço em volta do meu ombro e eu a cabeça no (ombro) dele.
– Por que pediu para que viéssemos aqui?
– Gosto desse lugar.
– E…
– E eu queria um tempo a sós com você.
– Podíamos ter ido para minha casa.
– Não é a mesma coisa.
– Como assim?
– Aqui não tem sinal pra celular.
– O que?
– Relaxa, ta tudo certo.
– Quer me dizer alguma coisa? Antes que seja tarde?
– Só que… Não sei se estou no caminho certo.
– Referente a o que?
– Me refiro à nós.
– O que está querendo dizer?
– Nada. É só que… Eu imaginava que seria mais devagar, com calma.
– Entendi. Está se referindo ao bebê.
– De certa forma. Fiquei pensando, e quando ele ou ela nascer? O que vai acontecer? Minha carreira está deslanchando e sempre vou ter novas turnês para fazer. Além do mais…
– Austin! Não esquenta com isso agora. Iremos pensar nisso com mais calma mais para frente.
– Quando foi que você ficou tão paciente e passiva?
– Desde que eu percebi que de nada adianta fazer as coisas com pressa.
– Você é incrível.
– E você já disse isso.
– Eu só digo a verdade.
– Sei…
– Sabe que dia da semana é hoje?
– Quarta-feira…
– Dois dias para eu ir.
– Você tinha que me lembra disso, né? - falei abraçando-o.
Passaram-se cerca de uma hora e meia e nós ainda estávamos no capô do carro. Austin tentava lutar contra o sono, até que se rendeu. Desci do capô e andei até o outro lado de Austin, puxei-o mas o segurei antes que caísse no chão, ele não era tão pesado assim.
Enfim, pus ele dentro do carro e entrei em seguida, dirigi até a nossa rua e fiquei em dúvida se o levava para a minha ou a sua casa. Decidi deixá-lo na sua mesmo, Mimi e Clary iriam ficar preocupadas. Estacionei o carro em frente a casa dele e andei até a porta de entrada.
Eu havia pego a chave dele em seu bolso, então abri a porta com facilidade. Ao entrar, deparei-me com Mimi, Clary e Dallas sentados no sofá. Eles pareciam aliviados com a minha chegada, mas nem tanto.
– Cadê o Austin?
– No meu carro. Dallas me ajuda a carregá-lo?
– Claro. O que aconteceu?
– Ficamos um tempo na rua de trás e ele pegou no sono.
– Ah…
Dallas e eu pegamos Austin e o levamos para dentro.
– Bem… Boa noite. - falei andando até a porta, já com a minha mala na mão.
– Espera Ally. - disse Mimi - Não vai ficar?
– Desculpa Mimi, o Jake já foi embora, a casa ta vazia… Achei melhor voltar pra lá, aliás daqui dois dias o Austin vai começar uma nova turnê.
– Ah, entendo. Mas não desapareça viu?
– Pode deixar. Boa noite.
Saí da casa deles, entrei no carro e apenas manobrei até a entrada da minha garagem. Peguei as minhas coisas, entrei em casa e fechei a porta.
Olhei em volta e pude ver todos os momentos maravilhosos que passei nessa casa.
Pude ver Dez e eu sentados no sofá conversando sobre o Aus; eu recebendo a ligação da minha mãe dizendo que estava doente; Austin e eu nos beijando na porta da cozinha; Austin, meu pai e eu chegando quando recebi alta do hospital; eu arrumando as minhas coisas para voltar para Sidney; etc.
Eram tantas memórias, tantos segredos, tantos momentos especiais, e outros nem tanto....
Enfim, entrei em casa, tirei os sapatos e pus a bolsa no sofá. Tomei um banho, pus meu pijama e sentei no sofá da sala. Fiquei apenas olhando para o local, até que percebi uma pequena caixa de DVD na cor vermelha em cima da mesa. Abri a caixa, peguei o DVD que nem nome tinha, e pus para reproduzir.
Era um mix, dos vídeos que gravamos durante o distúrbio da Kira, e após a minha partida, no caso, eles gravaram a última parte. Austin cantava a música I Can’t Do It Without You enquanto Trish e Dez mostravam fotos nossas em plaquinhas.
Sem perceber, peguei no sono, e dessa vez, não sonhei com nada. Absolutamente nada. Isso não me parece bom…
POV Austin
A última coisa que me lembro é de estar em cima do capô do carro da Ally abraçado com ela. Não faço a mínima idéia de como vim parar no sofá de casa.
Acordei de manhã cedo, não muito cedo, mas cedo o bastante para ver Dallas e Clary se pegando na porta da frente. Pus as mãos nos olhos e disse:
– Na boa, já é nojento saber que vocês estão namorando, mas se pegar na minha frente não dá, né?
– Mals. - disse Clary - Até depois.
– Ta. Tchau Austin, ou devo chamá-lo de cunhadinho? - brincou ele.
– Vai a merda Dallas! - gritei.
Ele riu, deu um beijo na bochecha da Clary e foi embora.
– Não precisava ser tão grosso. - disse ela se sentando no sofá e pondo a minha cabeça no seu colo.
– E vocês não precisavam se pegar na minha frente.
– Ele é meu namorado!
– E você é minha irmã!
– Ok, você venceu.
Eu ri.
– Dormiu bem?
– Minha cama é mais confortável.
– Não reclama. A Ally já fez muito só de te carregar até aqui.
– Ela que me trouxe?
– Quem mais seria? Ela e o Dallas te carregaram do carro dela até o sofá, depois disso ela foi pra casa.
– Acho que vou dar uma passada lá.
– Não precisa. - disse Ally entrando pela porta.
– Como você…
– Sua chave ficou comigo, só vim devolver.
– Essa é a minha deixa. - disse Clary saindo da sala.
– Eu tava pensando, na gente ir no cinema ou assistir uns filmes hoje.
– Eu até que quero, mas não posso…
– O que? Por quê?
– Tenho uma reunião.
– Com quem?
– Jake. Ele tava em Portland mas…
– Peraí, você vai se encontrar com o seu ex-noivo?
– Sim, e por que esse espanto? Não esqueça que fui eu quem larguei ele no altar.
– Mesmo assim! Afinal o que vocês tem para falar de tão importante?
– Quando eu estava no acampamento foi o Jake que cuidou da loja, estava tudo no nosso nome. Vamos arrumar as papeladas e passar tudo para o meu nome.
– Vai demorar muito?
– Cerca de duas horas. Quando eu terminar eu te ligo.
– Ok. E por que eu não posso ir?
– Jake nunca foi com a sua cara, e nem você com a dele, então obviamente vocês iam ficar se atacando com palavras e se exibindo com as coisas que ambos fizeram comigo. Ou seja, ficaríamos lá por muito mais tempo.
– Ainda não estou de acordo.
– Se quiser pode ficar me esperando do lado de fora.
– Ta bem. Quando você vai encontrar ele?
– Daqui a pouco, só passei mesmo para devolver a chave.
– Ok. Vou comer alguma coisa, trocar de roupa e depois vou pra lá.
– Ta. Não esquece, Sonic Boom.
– Não vou esquecer.
– Até daqui a pouco.
– Até.
Ela ficou na ponta dos pés e me deu um beijo na bochecha. É tão fofo quando ela fica na ponta dos pés para me beijar.
Ela saiu da minha casa, andei até a janela e pude vê-la entrando no carro e dando a partida. POV Ally
Era óbvio que Austin ficou chateado quando soube que eu vou me encontrar com o Jake. Se não fosse por ele, Austin e eu teríamos um namoro muito mais duradouro…
Cheguei na Sonic Boom em cinco minutos, pensei em dar uma passada no carrinho de acessórios para celular para ver o Dallas, mas o carrinho estava fechado.
Ao entrar na loja, vi que estava tudo vazio, literalmente (não entenda mal, estava vazio de clientes, não de objetos).
Subi as escadas, abri a porta da sala de ensaio e vi Jake sentado no sofá. Ele não mudara em nada, a não ser a barba que estava por fazer.
– Achei que não viesse.
– Só dei uma passada na casa do Austin.
– Ele veio?
– Não, mas vai vir. Daqui a pouco… Podemos começar?
– Sim. Eu estou com os papéis, minha advogada que redigiu. Ela disse que é só assinar.
– Posso ler?
– A vontade.
Ele me entregou os papéis, eu li tudo, literalmente, aproximadamente cinco páginas frente e verso em letra miúda. Após ler tudo e ter certeza que estava tudo correto eu disse:
– É, parece que não tem nada de errado. Tem caneta?
– Aqui. - disse ele me entregando.
Assinei nos espaços indicados, assim como Jake. Olhei para o relógio, havia se passado quase uma hora e meia.
Ao terminar de assinar, Jake, sem tirar os olhos dos papéis, disse:
– Mas então… O que você tem com o Austin afinal?
– Ah, a gente ta namorando.
– Estão bem?
– Melhor do que nunca, se bem que amanhã ele vai pra Nova York começar uma nova turnê.
– E por que você não vai junto? Afinal você é a compositora.
– Eu não posso… Nem pergunte.
– Eu não ia.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ele me entregou os papéis e disse:
– Sinto sua falta. De verdade.
– Também sinto a sua…
– Mas não do mesmo jeito.
– É… Acho que não.
Ele me olhou fixamente por alguns segundos, eu estava prestes a perguntar o que havia de errado, quando ele rapidamente se aproximou de mim e me beijou à força (https://38.media.tumblr.com/801e5572dc619d80c2d61aa7484550c4/tumblr_mrzu57AsR81srnf50o1_400.gif )
Tentei me separar dele mas ele me segurou com força. E como se não bastasse, o que eu menos queria que acontecesse, aconteceu:
– Ally, eu… - disse Austin entrando na sala.
Jake me largou rapidamente.
– QUE MERDA É ESSA?!
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