POV America

E lá estava eu, com nove meses novamente. Desta vez, foi extremamente mais fácil do que quando eu tive os gêmeos. Talvez por eu já ter passado por isso, me senti mais tranquila, eu senti poucas dores, poucos enjoos. Eu me assustava, ficava imaginando se ele realmente estava lá. Eu ainda não sabia o sexo, Maxon e eu queríamos surpresa, então no quarto mês de gravidez, apenas recebemos a notícia de que era apenas um. Isso me deixou imensamente aliviada, não que os gêmeos fossem ruins, pelo contrário, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo, porém eles necessitavam de muito trabalho. Maxon estava maravilhado, todos ficaram espantados naquele dia em que eu revelei estar grávida. Maxon me abraçou me encheu de beijos, e todos os outros me parabenizaram e me abraçaram. No começo, Katrina e Ethan não entenderam, mas após eu dizê-los que eles teriam um novo irmãozinho, eles piraram de felicidade. Katrina queria uma menina para brincar de boneca com ela, já que eu nem sempre podia brincar com ele. Ethan queria um menino para brincar de super herói com ele. Eu sorri com suas férteis imaginações. Sinceramente, eu tinha poucas expectativas para esta gravidez, afinal tudo o que eu sonhava já estava realizado. Desta vez, eu estava bem menos gorda e pesada que da última vez. Os hormônios estavam me matando, eu tinha poucas dores, mas cansava com muita facilidade. Em uma noite, eu estava sentada no sofá do quarto de Katrina, lendo a história A Tartaruga e a Lebre para ela dormir. Acabou que eu dormi primeiro do que ela e ao me ver dormindo, ela tratou de seguir o meu ritmo.

Eu já estava com nove meses e muito nervosa. As possibilidades de quando o bebê poderia nascer me enchiam a cabeça. Eu tentava ao máximo esquecer isso, mas era quase impossível. Ethan passava o tempo todo ou com Maxon no escritório ou na biblioteca. Eu tinha tanto orgulho do meu menino, mas creio que sua busca pelo conhecimento estava fora de sua idade e estava interferindo em nossa família. Eu me sentia culpada, eu tinha permitido eles estudarem desde cedo. Mas, em compensação, Katrina passava o tempo todo comigo. Nós brincávamos de boneca, fazíamos piqueniques, líamos, e várias outras coisas. Às vezes Harry e Marlee nos faziam companhia, mas quase sempre éramos apenas nós duas. Com o tempo, ela passou de ser apenas minha filha e se transformou em minha amiga e confidente. Claro que as vezes não entendia o que eu estava sentindo e passando, mas sempre tão educada, me perguntava e ouvia pacientemente.

Após o meu terceiro mês de gravidez, outra pessoa entrou em nossas vidas. May me pediu para morar no palácio e óbvio que eu e Maxon permitimos. Eu apenas estranhava a razão para ela ter decidido morar conosco tão repentinamente, mas ela nunca me disse. Depois de um tempo entendi. Ernest começou a nos visitar com mais frequência, praticamente toda semana. Eu notava como ela ficava diferente perto dele e como ele possuía um brilho nos olhos muito conhecido por mim quando ele estava perto dela. Hoje era sexta-feira e provavelmente ele viria para cá. Eu os flagrei várias vezes no jardim, se beijando. Eu queria saber se eles estavam namorando, mas May nunca me dizia nada. Durante a semana, May normalmente acompanhava o dia a dia dos criados, ela queria aprender. Algumas vezes ela ficava comigo e com Katrina, mas muito raramente. Ela quase não fala com Maxon e apenas no jantar ela e Ethan se encontravam. Ela também passava as tardes no piano, treinando e aprimorando seu dom cada vez mais. Um dia, eu estava andando com Katrina e paramos na porta do quarto de May. Seu quarto era no corredor ao lado do nosso e do das crianças. Notamos que ela ainda estava dormindo e estranhamos, afinal ela sempre acordava tão cedo quanto nós. Adentramos o local com passos minuciosos e vagarentos. Quando parei um instante e olhei em volta, me surpreendi. Haviam várias fotos dela e de Ernest. Pelo visto, o dom da fotografia era da família de Maxon. Em várias delas eles estavam sorrindo e nas outras, se beijando. Me aproximei da cama de May e notei que ela estava dormindo pesadamente, com uma foto Ernest na mãos esquerda. Sorri e mostrei a cena para Katrina. Ela deu uma risadinha. May começou a se mexer e decidimos sair apressadamente.

Como eu previ, enquanto eu e Katrina estávamos andando em direção aos portões do palácio, anunciaram que Ernest havia chegado. Numa velocidade impressionante, May conseguiu passar a nossa frente e sair em disparada em direção aos portões. Eu olhei para Katrina e ela riu. Quando chegamos perto dos portões, May e Ernest já saiam de lá abraçados. Nós nos aproximamos, mas fui logo dizendo.

– Desde quando você cumprimenta primeiro a irmã da rainha e depois a rainha? - disse em um tom brincalhão.

– Perdão madame. Mas creio que eu venho aqui com apenas um objetivo em mente. - disse ele olhando para May e fazendo-a corar.

– Bom, então vou...- eu fui interrompida pela sensação de algo escorrendo pela minhas pernas. Olhei para baixo cautelosamente e presenciei uma poça de água em baixo de mim. Olhei para May e Ernest que estavam antônimos.

– Vão chamar Maxon. - eu disse olhando para eles. Eles pareceram não entender o que eu tinha dito. - Rápido! - gritei, fazendo-os se assustarem e saírem correndo em direção ao escritório de Maxon.

– Vai ficar tudo bem mamãe? - disse Katrina, com os olhinhos cheios d'água.

– Claro, meu amor. Seu irmão apenas quer nascer. E tem que ser agora.

Quando olhei para o horizonte, notei uma figura loira correndo em mina direção, e uma um pouco menor ruiva logo a trás.

– Meri, vamos. - disse Maxon, colocando uma mão em minhas costas e me dando a outra para segurar. Me virei a tempo de ver May chegando com Ernest e ambos segurando meus filhos.

– Nós queremos ir! - gritavam.

– Crianças, fiquem com a titia May. A mamãe já volta. - eu gritei de volta.

Não tive tempo de ver o que eles fizeram, eu já havia virado no corredor e já havia chegado na sala de parto. Felizmente meu médico já estava lá, eu apenas tive que trocar minha roupa e deitar na maca.

Dai em diante, eu não me lembro de nada. Sim, eu estava acordada, mas a dor era tanto que eu mal conseguia me concentrar nas palavras do médico. Eu só conseguia fitar o rosto de Maxon, que após que a dor parou, olhou em meus olhos e sorriu. Minha visão, antes turva, voltava a dar sinal novamente. Mais a diante, notei o meu filho. Era um menino. Eu sorri, Maxon se aproximou e me beijou.

– Bom trabalho, querida.

Depois disso, uma enfermeira se aproximou de nós e me entregou meu filho. Eu o peguei cuidadosamente e fiquei assim por um tempo. Ele era tão lindo. Eu não ouvi um único ruído de choro, nada. Eu me certifiquei se ele estava bem, mas a enfermeira que ainda estava ao meu lado disse que ele era bem saudável. E então, ele abriu os olhinhos. Eram azuis, como os meus, como os dos irmãos. Olhei para sacanear e notei um pequeno chumaço de cabelo, loiro. Meu pequeno Maxon. Fomos levados, ainda na maca, para um quarto do hospital. A enfermeira nos observou um pouco e disse que eu poderia sair dali amanhã. Pedi a Maxon para chamar Katrina e Ethan e ele logo saiu do quarto. Fiquei um tempo fitando meu filho enquanto ele me fitava. Sorri e ele também sorriu. Eu ri com aquilo, ele parecia querer me imitar. De repente, a porta do quarto foi aberta bruscamente e dela saíram meus filhos e meu marido.

– Mamãe! - ambos gritaram.

– Shhh. Vão assustar o seu irmão. - eu disse baixo, quase sussurrando.

– Irmão? - eles disseram juntos novamente. Eu concordei com a cabeça, o que fez Ethan comemorar e Katrina suspirar. Ela tentou subir em minha cama, mas não conseguiu sozinha, apenas quando Maxon a pegou no colo e a colocou em cima de minha cama. Ela se aproximou vagarosamente do irmão.

– Isso é um bebê? - ela perguntou.

– Sim filinha.

– Eu queria uma menina, mas te amo mesmo assim. - ela disse e em seguida beijou a testa do irmão. Lágrimas de alegria correram pelas minha bochechas. Maxon colocou Ethan na cama também. Nos unimos em um abraço, mas logo nos separamos com o choro de...Espere! Meu filho ainda não tinha um nome!

–Maxon, que nome vamos dar a ele? - perguntei.

– O que acha de...Malcolm?

– Hum...eu gosto de Malcolm.

Ele sorriu e me beijou. Ethan e Katrina fizeram sons e expressões de nojo, nos fazendo rir.

E assim, meu terceiro filho veio ao mundo. Bem-vindo ao mundo Malcolm.