POV America

Como o tempo passou rápido. Ontem, meus filhos tinham acabado de nascer, e hoje, eles fazem três anos. Eu não tinha notado ainda, mas eles eram muito inteligentes para sua idade. Katrina falava sobre coisas de um novo mundo, uma liberdade sem igual, ela tem uma plena consciência de seu posto e o que fará com ele quando maior. Ela era muito dócil e extremamente obediente. Ela brincava e conversava muito bem com seu melhor amigo, Harry. Ethan já parecia um homem. Alguns dias atrás, ele entrou no escritório do pai e tentou ler algumas planilhas sobre o planejamento de Illéa. Ele, obviamente, só entendeu algumas palavras, mas o suficiente para falar sobre o que tinha lido para mim a noite toda. Quando Katrina estava com Harry, Ethan tratava logo de se afastar e brincar sozinho. Seu desprezo pelo melhor amigo da irmã era incompreendido por mim e Maxon. Como era possível sentir ciúmes aos três anos?

Bom, mas neste aniversário, não convidaríamos ninguém, apenas nossas famílias, e inclusive, eu necessitava falar com todos. Eu estava lendo um livro na biblioteca quando alguns guardas entraram e me disseram que minha família havia chegado. Corri até os portões do palácio e fui surpreendida com um abraço. May já estava com catorze anos, e ficava mais linda a cada dia. Ela ainda era um pouco mais baixa do que eu, mas nosso parentesco era evidente, ela era basicamente uma cópia minha. Depois que nos separamos, foi a vez de Gerard me abraçar. Ele já estava quase do tamanho de May, com apenas onze anos. Eu me orgulhava muito dos dois. Depois que me tornei rainha, tratei de ingressá-los no melhor colégio do país. E após a abolição das castas, um grande peso foi retirado dos ombros de Gerard, que agora já sabia que queria ser professor de física no futuro. Era nestas horas que me lembrava do quanto que ele gostava de brincar com a única bola que possuía. Depois dele, minha mãe veio me abraçar. Nosso abraço foi breve, pois logo depois ela já estava andando atrás de Gerard, que correra pelo palácio a dentro. Astra correu até mim e eu a abracei erguendo-a do chão. Senti seus cabelos encaracolados em minhas mãos e seu sorriso em minha pele. Logo a desci novamente e abracei Kenna e seu marido. Todos entramos e fomos a sala de estar, que antigamente era o Salão das Mulheres. Como eu passava praticamente o tempo todo ou com Maxon ou com as crianças, não vi mais sentindo em ter um cômodo apenas para as mulheres e transformei o antigo salão em uma ótima sala de estar, a qual todos podiam entrar. Apenas tive tempo de conduzi-los até lá e ser interrompida por outro guarda, que me disse que a família de Maxon havia chegado. Novamente fui para a entrada do palácio e aguardei-os. A tia de Maxon logo veio com seus filhos e seu marido. Cumprimentei a todos com abraços, como antes, e me surpreendi ao encontrar um dos primos de Maxon com a mesma idade de May. Eu me lembrava dele, foi com ele que Maxon brincou pelos jardins quando eu ainda era uma mera selecionada. Eu o cumprimentei e logo perguntei seu nome, o qual ele respondeu que era Ernest. Os levei até a sala onde minha família estava e depois fui a procura de meus filhos e de meu marido.

Encontrar Ethan e Katrina foi fácil, ambos estavam em seus devidos quartos, brincando. Os conduzi até a sala, e durante o caminho fomos conversando. Eles eram muito curiosos, queria saber de tudo. Apesar de fofo, eu tinha medo dessa curiosidade, até que ponto ela os levaria. Como eu desejava que fosse apenas a bons lugares. Quando abri a porta da sala, todos gritaram feliz aniversário, e eles logo correram sorrindo em direção a avó e a tia-avó. Minha mãe tinha ido ver Kenna e James por uns tempos mas ela ainda morava no palácio comigo. Sua idade era mais aparente agora, ela não conseguia subir as escadas, então tivemos que instalar um elevador no palácio. Era um tanto engraçado, no hall de entrada havia uma escada de cada lado e um elevador no meio. Provavelmente a pessoa que o visse pensaria “Ei, por que usar as escadas se temos um elevador?” . Todos se cumprimentaram e notei um ar um tanto pesado entre May e Gerard. Quando se abraçaram, ambos coraram. Eu sorri com a cena e decidi procurar Maxon. Fui em nosso quarto e nada. Seu escritório, vazio. A biblioteca, desértica. Depois de alguns minutos de procura e angústia lá estava ele, sentando em nosso banco, no jardim. Ele estava olhando fixamente para o horizonte e se assustou quando me aproximei.

– Ah, Meri, eu não a notei. – disse ele virando-se para mim.

– Não foi minha intenção ser notada. – ele sorriu um pouco e me convidou a sentar-me ao seu lado.

Depois de alguns instantes, eu lhe contei que nossas famílias haviam chegado.

– Que maravilha! – disse ele com entusiasmo.

– Eu sei, e por falar nisso, vamos, tenho algo a declarar, mas necessito que seja a todos. – eu disse fazendo-o estranhar, mas concordar comigo e me seguir pelos corredores.

Estávamos na esquina do corredor aonde estava a sala quando duas risadas nos surpreenderam. Voltamos um pouco e notamos May e Ernest mais adiante no corredor ao lado. Ficamos escondidos e observamos a cena. Ele dizia algo e sorria e ela ria, e vice-versa. Até o momento em que os dois pararam e ficaram se olhando intensamente. Ele aproximou sua mão e a tocou no rosto. Sua cabeça foi seguindo em frente e de repente, eles se beijaram. Olhei espantada para Maxon, com a minha boca formando um O perfeito. Ele também olhou em nossa direção e depois rimos abafados. Minha irmã e o primo de Maxon, quem diria? Nós estávamos agachados e nos levantamos. Eu me afastei um pouco e gritei.

– May,Ernest, aonde vocês estão? – disse rindo, sentindo a minha voz ecoar pelo corredor.

Eu e Maxon entramos atropelados no corredor em que eles estavam, pegando ainda uma pequena parte da cena. Fingi um espanto, mas logo depois comecei a rir, ambos estavam extremamente corados. Eu puxei Maxon pelo braço e disse novamente.

– Venha querido, vamos deixar os pombinhos a sós. – eu disse, fazendo Maxon rir histericamente.

Voltamos a sala e nos sentamos um pouco. Logo depois, notamos a porta abrir novamente e dela saíram May e Ernest, com os cabelos completamente bagunçados. Eu e Maxon nos entreolhamos e sorrimos. Notei que todos estavam ali presentes e decidi me declarar antes que algo mais acontecesse. Me levantei e fui até o meio da sala.

– Pessoal, um minuto de atenção por favor. – disse, fazendo todos pararem de conversar e olharem fixamente para mim. – Hoje é um dia muito especial para mim. Hoje, minha menininha e meu rapazinho realizam seus três aninhos. Isso já é motivo para muita comemoração, mas creio não estar mais em condições para grandes festas e trabalho.

Todos olharam para mim incertos. Maxon se levantou do sofá em um pulo e aproximou-se de mim.

– Querida, você está bem?

– Não querido. – eu disse, arrancando um suspiro da boca de todos. Eu me virei para nossa família novamente. – Nós estamos bem. – disse colocando as minhas mãos sob a minha barriga. – Eu estou grávida de novo.

Katrina e Ethan - três anos