Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 48
Capítulo 47




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Sam fitou Seu Romero surpreso. Finalmente alguém lá de cima aparecia para atender seu chamado. No momento, entretanto, ele mal conseguia formular alguma frase coerente.

– Apelando para o álcool?! - perguntou Seu Romero, com ar de reprovação.

Winchester soluçou baixinho. - Trás o meu amor de volta! - pediu, enquanto, cambaleante, tentava se aproximar do espírito.

– Sam, não vamos conversar agora. Você não está em condições... Vamos trabalhar contra os efeitos da droga que intoxica seu corpo. Eu vou estar aqui quando acordar...

Winchester tentou protestar, mas o sono tornou-se irresistível. Ele dormiu ali mesmo, no sofá da sala.

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Sam acordou horas depois. Estava sóbrio, e, milagrosamente, sem nenhum sintoma de ressaca. O homem olhou ao redor. Seu Romero? Será que tinha sido um sonho?

– Não, não foi um sonho...

– Seu Romero! - exclamou o professor de teatro ao ver o espírito de seu velho amigo. - O senhor atendeu meu chamado. Graças a Deus... Você sabe o quanto estou desesperado?! - exclamou o homem, sem esconder o alívio que sentia.

– Sim, consigo perceber... - respondeu o fantasma, de maneira um tanto vaga.

– É o Dean, Seu Romero... Ele é a minha alma gêmea! Mas não quer saber de mim... Disse que não gosta mais de mim... - reclamou Sam. Sem esperar por responta, continuou seu protesto - E isso tudo por uma mentira idiota. Mas o que eu poderia ter feito? Contado toda a verdade? De qualquer maneira, o Dean teria ficado chateado comigo... Não teria? - perguntou.

– Isso nunca iremos saber. Talvez sim, talvez não... O que não pode é um homem feito, como você, não cuidar da própria vida e ficar chorando e pedindo ajuda ao seu mentor... - O espírito olhava para ele com seriedade.

– Castiel reclamou com você? - surpreendeu-se Sam, um tanto magoado. - Eu não pedi nada pra ele, por anos a fio. Não pedi nada desde que o primeiro Dean morreu! Mas é que agora, Seu Romero, eu realmente não sei o que fazer... - o homem enxugou uma lágrima que brotou de repente. - Por que ele não aparece pra mim?

– Sam... Você sabe que o seu mentor não pode aparecer pra você, pra resolver seus problemas... Não é porquê consegue nos ver que deveria ter tratamento especial! - em seguida ele ficou pensativo, e esboçou um sorriso - mas tem certeza que Castiel não aparece quando você chama? Diversas vezes eu o vi se aproximar com palavras de apoio, em momentos difíceis. Ele tem ajudado como pode...

– Então sou eu quem não consegue mais enxergá-lo? - exasperou-se o professor. - Mas como eu consigo enxergar o senhor?

– Eu resolvi me tornar visível, com a aparência de minha encarnação como Romero. Castiel não tem essas escolha. Seu corpo é físico, e ele não pode escolher como se apresentar a você para que o reconheça...

Winchester demorou uns belos segundos para processar aquela informação.

– Ele reencarnou? Há quanto tempo? E eu conheço?

Seu Romero apenas acenou a cabeça afirmativamente. - Sim, mas não é para falar de Castiel que vim até aqui. Não quero cometer o mesmo erro dele e te contar coisas demais...

– Mas Seu Romero... Espera... Se Castiel reencarnou... Eu estou sem mentor? - Sam sentiu um frio na barriga ao pensar na possibilidade. Talvez fosse por isso que sua vida estivesse de pernas para o ar!

– E eu não estou aqui!? - perguntou o espírito. Sam não estava sozinho. Jamais ficaria...

–Você é o meu mentor agora? - o homem parecia surpreso, porém aliviado.

Romero apenas acenou com a cabeça. Estava lá apenas para acalmar Winchester e deixar seu recado. Ele tentara evitar a visita... Como o próprio espírito dissera, não era porque Sam conseguia enxergá-lo que deveria ter tratamento especial... Apesar disso, não podia negar a facilidade de se mostrar visível e falar com seu pupilo diretamente.

– Sam, você precisa parar de pedir ajuda. Eu sei dos problemas que está passando e tento te ajudar como posso. Mas as decisões, quem tem que tomar é você... Já é um homem adulto...

– Mas seu Romero - protestou Sam - o que eu posso fazer se o Dean não me aceita mais? Alguém tem que ir lá falar com ele. Explicar que eu o amo de verdade, e que o que falei pra ele sobre reencarnação não é mentira!

– E por que isso? - perguntou Romero reticente.

– Porque ele não me ouve! Está de birra comigo... Falou que não me quer mais, e que podia escolher seu destino... - nessa hora Winchester deu um leve sorriso, como se o que acabasse de dizer tivesse sido total absurdo.

– E não pode?

– Não! Claro que não! Ele pode não saber disso, mas reencarnou pra ficar comigo! - protestou o moreno.

– Ahhhh... Então ele reencarnou para ficar com você, mas não sabe disso... E você quer que eu faça o favor de informá-lo?

Sam olhou para Romero atentamente. As palavras do mentor saíram um tanto sarcásticas... Mas sim... Era mais ou menos isso.

– Só que, Sam, o Dean está certo... -completou o espírito, seriamente - Ele pode fazer o que bem intender, pois tem livre arbítrio.

– Como assim? E eu? Tive que aguentar a morte do Ross, depois do Dean... E agora isso? - Os olhos de Sam enxeram-se de lágrimas. Aquilo era uma tremenda injustiça. - E você vem me dizer que o Dean Ross pode fazer o que bem quiser e eu que me dane?!

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– Mackenzie, o meu braço está doendo... Acho que o corte infeccionou...

Dean tirou o casaco e mostrou o cotovelo para a irmã. De fato os pontos haviam arrebentado, e o machucado parecia horrível, com muita pus. Quem sabe se Saul não conseguisse convencer Mackenzie de não leva-lo à escola, aquilo poderia. Encontrar com Sam na Igreja já havia sido ruim o suficiente. Demorou uma eternidade até seu coração desacelerar, e suas pernas pararem de tremer, depois que saiu de perto do moreno. Ele simplesmente não aguentaria viver naquele estado 24h por dia...

– Ahh, nossa, como você é descuidado, Dean! - reclamou a irmã. - Eu é que não sei o que fazer com isso... Que nojo! Mostra lá na enfermaria do Saint Peter amanhã, que eles te dão algum remédio.

Só de ouvir as palavras "Saint Peter" e "amanhã" na mesma frase, o estômago de Dean revirou. Mas como assim descuidado? O menino teria ficado irritado com a acusação da irmã em outras circunstâncias. Afinal, se ele estava todo arrebentado era culpa dela e de Saul! Mas aquele machucado infeccionado vinha a calhar... E Dean tinha um ótimo argumento contra a enfermaria do colégio.

– Mas se eu for à enfermaria do colégio... O que eu falo se me pedirem pra tirar a camisa, e perguntarem sobre os hematomas? Será que posso dizer que foi do acidente de carro?

Mackenzie não era burra, e Dean sabia muito bem disso. Aqueles machucados não eram compatíveis com os causados por um acidente automobilístico. Qualquer enfermeira ou médico que os visse, desconfiaria de abuso. A loura não poderia correr esse risco...

– Não! - protestou Mackenzie. - Melhor não... - Em seguida examinou novamente o machucado do irmão. Será que ficaria bom sozinho? Provavelmente não... Pelo jeito o garoto ia precisar de antibiótico.

– Aiiii... - choramingou o menino, exagerando na dor que sentia ao mexer o braço.

– Melhor não te levar ao colégio amanhã, pode piorar... - suspirou Mackenzie, um tanto desgostosa. Precisaria levar Dean para algum tipo de enfermaria clandestina. Saul talvez conhecesse alguém que pudesse ajudar...

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– Sim, Dean Ross pode fazer o que bem entender! - respondeu o espírito de Romero, resoluto. - E eu vim aqui para te incentivar a seguir sua vida. Você não pode passar seus dias choramingando pelos cantos!

Sam engoliu em seco. Pelo jeito aquele espírito não estava muito disposto a ajudá-lo. Por que não lhe deram Oliver como mentor? Ele com certeza haveria de ser mais benevolente com ele...

– Já que Castiel reencarnou, será que não posso conversar com o Oliver? Só um pouquinho... - pediu Winchester.

– Oliver também reencarnou, Sam... Aliás, me admira que não tenha reconhecido os dois... - Falou Romero, arrependendo-se em seguida. Talvez já fosse hora de ir embora, não queria falar nada a mais que o planejado.

– Não reconheci! Me conta, Seu Romero... Quem são eles? - Quis saber o rapaz, curioso.

– Não importa... Eu vim aqui apenas para lhe dizer que pare de chorar e de se lamentar. Vá viver sua vida! A sua felicidade não está no Dean, e sim em você mesmo. Não espere por ele...

Só de ouvir aquelas palavras, os olhos de Sam voltaram a marejar. Ele já ia abrir a boca para protestar quando Seu Romero disse que precisava ir embora.

– Ir embora agora!? - desesperou-se Sam. - Não! Seu Romero, pelo amor de Deus... Eu tenho ainda muitas perguntas! Eu preciso entender porque os pais do Dean morreram assim tão de repente. O Roger está bem?

– Desculpa, Sam. Isso não cabe a mim te responder. Já dei o meu recado. E nem adianta ficar me chamando... Não quero ser repreendido pelo meu supervisor. Agora, vá abrir a porta. Tem alguém que veio de longe para vir te consolar...

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– A minha tia pode ajudar! - Disse Saul examinando o cotovelo de Dean. - Ela já trabalhou em hospital. Foi enfermeira um tempo...

– Então vamos levar ele logo! Assim, quem sabe, o Dean até já possa ir ao colégio amanhã... - comemorou Mackenzie. Mas nem Saul, nem Dean, ficaram felizes com a ideia.

– Já te falei, Macky, Dean só quer ir ao colégio pra namorar! - resmungou Saul. - Deixa o garoto em casa. Já estudou tempo suficiente... Talvez possa arranjar um emprego na delegacia, e trabalhar junto comigo! - sugeriu, sorridente.

Dean engoliu em seco. Trabalhar na delegacia com Saul? Talvez até mesmo encontrar com Sam diariamente no Saint Peter fosse melhor do que aquilo...

– Não! - retrucou Mackenzie... Já se esqueceu que se eu fizer isso o conselho tutelar cai em cima da gente?

Saul teve que concordar. Eles tinham dinheiro para bancar os estudos do garoto. Não havia justificativa alguma para tirá-lo do colégio. Uma pena... O jeito era tentar adiar o máximo possível.

– Tudo bem. Mas agora já é tarde. Minha tia dorme cedo. Amanhã de manhã nós levamos o garoto...

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Sam, abalado, viu Seu Romero sumir no ar. Menos de um minuto depois, assim como alertara o espírito, bateram na porta. Para enorme surpresa do moreno, era seu grande amigo Garth, que chegara do Japão.

– Meu Deus, mas que surpresa! - exclamou Winchester, ajudando o outro com as malas.

– Pois é... Tirei umas férias do trabalho. - contou o homem. - E pensei... Para onde ir? Caribe? Ilhas Malvinas? Alasca? Peru? Ou para o apartamento do meu amigo Sam, que anda precisando de uns conselhos? - Garth deu um leve sorriso, e conseguiu arrancar de Winchester um sorriso também.

– E Yoko e as crianças?

– As crianças estão em aula... E as vezes é bom tirar umas férias da família... - brincou Garth, fazendo uma careta engraçada.

A verdade é que tanto Garth quanto Tom andavam bastante preocupados. Ambos sabiam o quanto Dean era importante para Sam, e sabiam também o quanto o amigo andava desesperado por causa do rompimento do namoro. Tom morava mais perto, isso era bem verdade... Mas tirar férias era mais fácil para Garth

– Você não se importa que eu fique aqui, se importa? Achei que ia ser legal chegar de surpresa...

– Claro que não! Você só não pode é reparar na bagunça... - respondeu Winchester, já tentando colocar algumas coisas no lugar. Desde que Dean terminara com ele, Sam deixara de se importar com coisas banais, como arrumação e limpeza do apartamento.

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Horas mais tarde, depois que Garth tomou um bom banho e arrumou suas coisas no quarto de hóspedes, ele e Sam se sentaram para jantar e finalmente conversar sobre os últimos acontecimentos.

Winchester então desabafou com o amigo. Contou sobre a conversa que teve com Dean, e a que teve com Seu Romero em seguida.

– Você conversou com um espírito logo antes de eu chegar?! - surpreendeu-se Garth Como Sam podia reclamar de qualquer coisa, quando nem precisava sair de seu apartamento para viver grandes aventuras?

Sam confirmou. Mas a visita de Seu Romero não havia sido assim tão agradável. Afinal, ele basicamente lhe comunicara que destino nenhum era garantido... Dean poderia sim, escolher não ficar ao seu lado.

– Você, mais do que ninguém, devia saber que o destino não é garantido... - retrucou Garth - Não era pra vocês ficarem juntos antes na última encarnação do Dean?

– Pois é... Mas não ficamos, por causa do Roger. - a voz de Sam embargou. Idiota que ele era... Se pudesse voltar atrás jamais teria ajudado o pai de Dean. Agora era ele que se ferrava. E Roger ainda atrapalhava tudo morrendo.

Winchester abaixou a cabeça, deixando que as lágrimas inundassem seu rosto. Mas dessa vez, ele não precisava chorar sozinho. Logo ele sentiu o abraço do amigo que viera para consolá-lo.

– Vai ficar tudo bem, Sam. Eu vou te ajudar a superar tudo isso. E esse seu amiguinho peludo aqui também vai! - disse Garth, erguendo Ben do chão e colocando o cachorrinho nos braços do dono.


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