Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 43
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Queridos leitores, queria pedir um milhão de desculpas pelos séculos que passei sem atualizar essa história. Eu fiquei muito enrolada com a minha volta pro Brasil, obras em casa, gripe que não vai embora, etc etc etc. Queria ter conseguido postar muito antes, mas simplesmente não deu.

Bom, demorou mas finalmente chegou. Espero que gostem! Beijos.



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Dean pegou o celular e leu a mensagem enviada por Sam. Se a tivesse recebido segundos antes, teria ele mesmo ligado para o namorado. Mas, naquele momento, o menino apenas queria entender que desenho era aquele, e o que ele significava. Com o coração aos pulos, Dean respondeu a mensagem do namorado dizendo, em poucas palavras, que estava estava tudo bem, mas que não podia falar com ele naquele momento. Precisava de tempo...

Sam suspirou aliviado. A mensagem desesperada de seu amado com certeza tinha sido apenas uma atitude dramática sem importância. Coisa de adolescente... O moreno então dirigiu para casa calmamente e preparou-se para uma tranquila noite de sono ao lado do pequeno Ben.

Enquanto isso, Dean, boquiaberto, examinava e reexaminava o desenho. Depois pegou uma das cartas, que estavam juntas a ele, e leu. Era uma cartinha de amor, doce e romântica, escrita por Sam para seu irmão mais velho. Dean estava estupefato. Sentia como se lhe tivessem arrancado o coração do peito. Sem perceber, lágrimas escorreram de seus olhos, enquanto ele contemplava sem ação aqueles documentos que provavam o quanto ele era idiota. Como pudera acreditar que Sam gostava mesmo dele? Como haveria aquele homem lindo de se apaixonar por um pirralho sem graça? Agora tudo fazia sentido. Winchester jamais o amou de verdade. Ele gostava do seu irmão mais velho, não dele. E tudo o que queria era poder relembrar os bons momentos que teve ao lado do namorado que morreu.

Sim. Dean Ross era apenas isso: um objeto estúpido, que o ajudava a lembrar... Sam não se importava com ele de fato. Pouco se importou em mentir quando precisou para proteger seu segredo. Com um gesto brusco, Dean lançou o travesseirinho Sam cama abaixo. Jogou também a caixa com as cartas e fotos no chão, fazendo um grande barulho. Estava magoado, sofrendo e também com muita raiva.

– Que barulho foi esse aí? – perguntou Mackenzie, rispidamente, já abrindo a porta do quarto – Vai dormir, garoto!

– Me deixa em paz! – respondeu o louro, sem esconder a irritação.

Mackenzie nem respondeu. Saiu batendo a porta e largando Dean sozinho. Naquele momento, o menino até preferia que ela tivesse ficado. Talvez uma briga com a irmã pudesse amenizar por alguns segundos o vazio e a dor que sentia.

Dean fechou os olhos e respirou fundo, sentindo o sangue subir à sua cabeça enquanto seu coração batia freneticamente. Suas mãos estavam trêmulas, e as lágrimas não paravam de escorrer, sem pedir licença.

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Segunda-feira pela manhã, Justin e Misha se encontraram no Colégio, e conversavam entre si quando Jo e Ruby se aproximaram.

– Vocês viram o Dean? – Misha então perguntou de repente. Era estranho que o amigo ainda não tivesse chegado.

As meninas se entreolharam, e Ruby estremeceu. Ela não tinha ideia do que havia acontecido com o garoto depois que foi embora do colégio na quarta-feira a tardinha. Sentido-se culpada pelo que fizera, a morena apenas contou para Jo o ocorrido, e evitou qualquer contato com os outros colegas durante o feriadão.

– Não... Nós não vimos o Dean... – A ruiva respondeu então, notando o olhar arregalado da amiga.

– Ele em geral não se atrasa... Será que aconteceu alguma coisa? – Indagou Misha, pensativo.

– Também não tem falado com a gente esses dias. Não responde as mensagens de celular, nem no facebook... – completou Justin.

– Bem, nós não sabemos de nada! Por que estão perguntando pra gente? – Ruby respondeu um tanto irritada, puxando Jo para sair com ela dali, e deixando os garotos com cara de tacho. O que dera nela afinal?

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Ruby estava preocupada com o sumiço de Dean e notou o quanto Brian Scott parecia abalado. Estava com o olhar perdido e com olheiras profundas. Já Sam, estranhamente, parecia bem. Pelo menos assim que chegou... Depois o homem mostrou-se inquieto, olhando em todas as direções. Estaria ele procurando por Dean também? Será que Brian Scott nem chegou a confrontar o namorado, mas esperou o aluno em um beco escuro para assassiná-lo? Jo engoliu em seco.

Brian, por sua vez, estremeceu ao olhar para o Winchester. Ele continuava com raiva do professor de teatro, apesar de seu semblante tranquilo sugerir que este estava ainda alheio ao que havia acontecido. Mas e se não estivesse? Talvez Sam já soubesse de tudo, e no fundo tivesse até apreciado à tragédia... Agora que os pais de Dean estavam mortos, o menino estava mais indefeso do que nunca. Era preza fácil... Mas ele, Brian, não deixaria que o outro homem tivesse mais nenhum contato inadequado com o garoto. Ele protegeria Dean. Faria o que fosse preciso, nem que tivesse que entregar Sam à Polícia.

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Antes do inicio das aulas, alunos e professores foram chamados para o pátio, para um pronunciamento do diretor. Sam, que já estava apreensivo pela ausência de seu amado, quase perdeu os sentidos quando o homem começou a falar do acidente.

– Infelizmente os pais do nosso aluno e colega perderam a vida. Dean Campbell precisa muito do apoio de todos nós. - disse o homem, mantendo o semblante sério.

Misha, Justin e também Jo e Ruby foram pegos de surpresa, e sentiram muito pelo que acabavam de ouvir. Pobre Dean... Que acontecimento trágico! Christian também ficou muito triste pelo colega, e até Navalhada, apesar de não ir muito com a cara dele, abalou-se com a notícia.

Sam não podia mais conter as lágrimas. Para não ser visto chorando, correu para longe e escondeu-se em um cantinho isolado. Como assim Dean estava órfão? Por que o menino lhe respondera que estava tudo bem? Aquilo não fazia sentido nenhum! Com quem ele estava? Com Mackenzie? Será que a moça o estava maltratando? O moreno engoliu as lágrimas e, trêmulo, pegou seu celular. Precisava falar com Dean e saber o que estava acontecendo.

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– Vai ficar aí no quarto chorando pro resto da vida?

Dean não saía do quarto desde a noite anterior, e não sentia a menor vontade de fazê-lo. Quando ouviu a voz de Mackenzie do outro lado da porta, apenas resmungou.

– Me deixa em paz!

– Eu não sou sua babá não, está ouvindo? Nem estou a fim de ficar te consolando e te levando comida no quarto... Se quiser morrer de fome, o problema é seu. - respondeu a loura, de mau humor.

– Eu não estou pedindo nada!... - retrucou o garoto, irritado.

Pouco tempo depois o celular e Dean tocou. Era Sam. O louro sentiu um frio na barriga. Pensou em não atender, mas resolveu enfrentar logo o homem. Queria dar um ponto final naquela história.

– Dean... Eu... Soube do acidente... - A voz de Winchester estava chorosa.

– Não quero mais nada com você, Sam. Nosso relacionamento termina aqui. - respondeu o mais novo de forma seca e resoluta.

O professor não entendeu nada. Ao ouvir aquelas palavras, apenas desesperou-se ainda mais.

– Do que você está falando, Dean? É a Mackenzie? Ela está te mandando falar isso pra mim? Pelo amor de Deus, me conta o que está acontecendo!

– Não é a Mackenzie. Eu que descobri tudo sobre você e o meu irmão. E não quero mais ser feito de idiota. Então tchau. E até nunca mais.

E dizendo isso, Dean desligou o telefone. Sam sentiu como se houvesse levado um bofetão no estômago. Então seu namorado descobrira tudo? Naquele momento, pouco importava como. Eles precisavam conversar, e depressa! Sem perder tempo, o professor discou novamente o número do celular do aluno. Mas Dean estava decidido a não atender.

Chorando como uma criança, Sam insistia sem parar. Aquela história não podia terminar assim. De jeito nenhum... Dean era o amor da sua vida, e reencarnara para ficar ao seu lado!

– Sam, para de me ligar! Não quero falar com você. Acabou! – Disse o garoto, depois de ignorar umas dez chamadas. Em seguida terminou a ligação e desligou o celular, sem dar ao ex-namorado a chance de dizer nada.

Dean ignorara também as ligações que recebera de Misha e Justin. Não estava a fim de falar com ninguém... Não queria que perguntassem se ele estava bem. Não queria ouvir palavras de consolo... E não tinha nada a dizer pra ninguém.

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Enquanto isso, Brian Scott, ao notar o sumiço de Sam, resolveu que precisava urgentemente encontrá-lo. Afinal, o que o professor de teatro estaria fazendo logo após ouvir sobre a morte dos pais de Dean? Provavelmente ligando pro menino e prometendo ir encontrá-lo para se aproveitar dele. Depois de algum tempo procurando sem sucesso, Brian chegou a pensar que Winchester havia saído da escola para encontrar o aluno. Estava muito nervoso quando finalmente localizou Winchester sentado em cantinho escondido, com a cabeça baixa.

Graças a Deus! Ainda dava tempo de ter uma conversa com o homem antes que ele fosse atrás de Dean. Naquele momento o treinador só queria que os dois parassem de se encontrar, sem que isso viesse a trazer mais prejuízos a ninguém. Mas se Sam não cooperasse, é claro, precisaria envolver a polícia.

– Winchester! – Chamou Brian, de forma autoritária.

Sam não levantou o rosto, o que fez com que Scott tivesse que chamá-lo novamente, dessa vez com a voz ainda mais forte.

Com os olhos vermelhos e fungando, o professor de teatro então olhou para o outro homem, sem saber exatamente que tipo de acusação sofreria agora. Pouco importava... Brian surpreendeu-se com o semblante sofrido de Sam. Seu coração amoleceu um pouquinho. Era óbvio que a notícia da morte dos Campbell o deixara bastante abalado. Mas Brian estava ali para tratar de um assunto importante. Não poderia esperar...

– Eu sei sobre você e o Dean... – disse ele.

– O que tem eu e o Dean?

– Eu sei que vocês estão tendo... Sei lá... Um caso... – Brian não sabia exatamente que expressão usar. – E você mentiu pra mim, descaradamente...

Sam sentiu mais lágrimas escorrerem, e se limitou a secar os olhos enquanto Brian prosseguia.

– Essa história entre vocês tem que acabar! Ele é menor de idade. – disse o treinador, começando a mostrar a raiva e a mágoa que tinha dentro de si. – Só não vou te entregar pra polícia, porque o Dean já sofreu demais. Mas isso se você tomar a atitude decente de deixar o garoto em paz... Se encostar um dedo a mais nele, Sam, eu juro, te entrego sem pensar duas vezes... – completou de forma ameaçadora.

– Já acabou... Ele não quer mais nada comigo. – Winchester respondeu simplesmente. Sua voz estava embargada. Não, dessa vez ele não estava mentindo, e Brian pôde perceber isso.

O treinador estava surpreso. Graças a Deus Dean resolvera dar um fim àquela história. Talvez a morte dos pais o tivesse ajudado a colocar algum juízo na cabeça... Então era por isso que Sam sofria daquela forma... Brian sentia muito por ele, mas também, quem mandou se relacionar de forma indevida com um aluno?

– É melhor assim... – Scott então disse, com a voz mansa. – Esquece o menino, Sam... É melhor pra vocês dois.

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– Dean, eu trouxe um lanchinho...

O louro estava debaixo das cobertas, com os olhos ainda inchados, apesar de não estar mais chorando. Foi pego de surpresa ao ver Saul ao seu lado, segurando um sanduíche e um copo de suco. Mas o que espantou o menino não foi o ato gentil do namorado da irmã, e sim o fato do homem estar só de cueca.

– Não, obrigado... – respondeu o louro.

Ao contrário do que se possa esperar, entretanto, Dean não teve medo. Mesmo Saul sendo um pervertido, que queria se aproximar dele... Que fosse pro inferno. O que aquele homem podia fazer contra ele afinal? Rasgar seu coração ao meio como Sam fizera ele não conseguiria... Deixá-lo com o vazio e a tristeza infinitos que sentia com a perda dos pais, ele não também não podia. ..

– Você precisa comer... Uma pena um rapazinho tão lindo ficar magro demais... – falou o homem, deixando o lanche que trouxera em cima da escrivaninha. Em seguida aproximou-se da cama e tocou em seu membro de forma lasciva.

Dean pensou em chamar Mackenzie. Pensou em virar o rosto pro lado, e mostrar sua indignação. Ao invés disso, tudo o que ele conseguiu fazer foi ignorar o sujeito completamente. Bocejou, pegou e bebericou o suco que Saul lhe trouxera, e agradeceu-lhe novamente com pouco entusiasmo. Era como se não estivesse vendo nada demais no que o homem fazia.

Saul olhava para o menino, tocando-se cada vez com mais intencidade, mas Dean recusou-se a presenteá-lo com alguma reação. Ele estava mesmo pouco se importando.

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Sam Winchester queria se controlar, mas ver Brian Scott ali ao seu lado, quase com pena dele, o fazia se sentir ainda pior. O professor de teatro baixou a cabeça e rompeu em prantos, deixando o outro homem desconsertado.

– Você devia ir pro seu quarto... Não quer que te vejam assim, quer?

Em um gesto amigável, Scott ofereceu a mão para Sam se levantar. Prometeu a ele que diria ao diretor que o colega não estava passando bem. Winchester não estava em condições de dar aulas...


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