Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 37
Capítulo 36




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529199/chapter/37

– Que carinha é essa, meu amor? Tão pensativo... - comentou Sam, ao perceber o olhar vago do mais novo. Pelo jeito a notícia de que iria passar o feriadão fora, em um lugar ermo, sem sinal de internet ou celular, estava mesmo deixando o garoto triste. - Não fica assim, Dean... É por causa da minha viagem? - perguntou Winchester, sentindo-se culpado.

Dean estava deitado com ele na cama, debaixo das cobertas, para espantar o frio. Tinham passado uma manhã de sábado muito agradável, namorando e preparando o almoço juntos. Depois que comeram, assistiram um filme, e namoraram mais um pouco.

O louro estava mesmo pensativo naquele momento. Mas não tinha nada a ver com o fato do namorado ir viajar - apesar de sim, ele estar muito chateado com isso. Aquele seria o pior feriado de Ação de Graças da história da humanidade, com Sam longe, e Mackenzie no pé, puxando saco da mãe. A assinatura que a irmã tanto queria seria feita na segunda-feira pós feriadão. Depois disso, quem sabe, suas visitas se tornariam menos frequentes, apenas para descolar dinheiro pro aluguel ou pra gasolina... Dean torcia para isso.

– Não é isso... - suspirou o louro, apoiando a cabeça nos ombros do mais velho. Aquela cama recheada de Sam Winchester estava uma delícia... - Eu estou pensando no Christian, e no Pablo... O professor Scott continua levando eles pra verem aquele padre lá... O Christian está super preocupado, porque o Navalhada anda esquisito... Parece deprimido, sei lá... - desabafou o garoto.

Sam quis saber mais, e ouviu com atenção tudo o que Dean tinha a dizer sobre o assunto. Pablo andava desatento, cabisbaixo, não queria mais jogar basquete, e andava tirando notas baixas na escola...

– Mas o treinador acha isso tudo normal... Disse que é assim mesmo... - reclamou o garoto.

Sam fez cara feia.

– Brian Scott é louco! Sempre foi... Desde menino! - comentou, indignado com o que acabara de ouvir.

– Como você sabe? - perguntou Dean, com interesse. Há quanto tempo Sam e Brian se conheciam afinal?

– Eu conheço ele há muito tempo... - respondeu o mais velho, quase sem pensar. - Estudamos no Saint Peter mais ou menos na mesma época...

Dean achou o fato muito curioso. Ele não sabia! Sam nunca havia comentado sobre isso... Mas o louro não estava na verdade interessado em particularidades de Brian quando jovem. Ele queria sim, era saber mais sobre o seu irmão mais velho.

– Sammy! Se você era da mesma época que o treinador Scott, então deve ter conhecido o meu irmão também! Eles fizeram parte do mesmo time de basquete!

Winchester arregalou os olhos, pego de surpresa.

– Não! Não conheci! - afirmou ele, desesperado, e de imediato.

Dean não entendeu a reação do moreno, mas pouco se importou. Como Sam podia ter tanta certeza?

– Como você sabe? Deve ter conhecido sim! Você que não lembra... - insistiu o louro. - Se ele fosse vivo, teria mais ou menos a sua idade... Vai ver vocês eram até da mesma turma!

Dean estava empolgado com a possibilidade. Será que seu irmão, que ele não chegara a conhecer, tinha estudado com Sam, o amor de sua vida? Amigos não eram... Ou Sam teria se lembrado dele... Mas será que se falavam? Será que faziam trabalhos juntos? De alguma forma aquela possibilidade o conectava com o irmão, e também com o Sam do passado. Era uma coincidência no mínimo interessante.

– Bem... Eu não lembro... Não lembro de ninguém com o seu nome... - gaguejou Winchester, na defensiva, com a voz trêmula. - E ele era parecido com você, não era? Eu realmente não me lembro de ninguém tão bonito... - acrescentou o homem, fazendo Dean corar. O coração do moreno batia descompassado, e ele tentava esconder o pânico que sentia. Estava mentindo para seu bebê, agora mais descaradamente que nunca. Tudo o que queria era mudar o rumo daquela conversa...

– Que pena... - suspirou Dean. Mas assim como Winchester desejara, voltou o foco da conversa para Brian e Pablo. Sam prontificou-se a ajudar, deixando Dean um tanto aliviado. Afinal, ele era professor do menino, e podia interceder a seu favor... Sam prometeu falar com o diretor, recomendando que o garoto recebesse ajuda de um psicólogo, e seus pais fossem notificados dos sintomas depressivos do filho.

–---------------------------------------------------------------------------

O resto do dia, para infelicidade de Dean e Sam, passou depressa.

– Não acredito que já são quatro horas! - choramingou Dean, abraçado ao namorado. Richard estaria lá as cinco para buscá-lo.

Sam fechou os olhos, como se assim pudesse saborear melhor o momento. Queria poder congelar para sempre aquele abraço.

– Vai chegar um dia em que nós não vamos nunca mais precisar nos separar... Vamos ficar juntinhos pra sempre... - prometeu então o mais velho, acariciando os ombros do louro e beijando seus lábios com suavemente.

– Eu quero agora! - gemeu Dean, agarrando Sam com mais força. "Um dia" parecia exageradamente distante e vago pra ele.

– O tempo passa depressa, Dean... Você vai ver... - suspirou Winchester, sonhador - quando você menos esperar, vamos estar morando juntos, em uma casinha branca...

– Nas montanhas! - completou Dean, sorrindo, e embarcando na fantasia. - E com um casal de filhos lindos.

– Ou quem sabe mais...? - especulou o moreno, bem humorado.

– E um cachorro. Eu quero um cachorro! - anunciou Dean, fazendo o coração de Sam derreter de felicidade.

– Amarelinho... - Completou Winchester. Seu dois lourinhos formariam uma bela dupla! Em seguida atacou Dean de beijinhos e cosquinhas, que fizeram o mais novo rolar da cama de tanto rir.

–------------------------------------------------------------------------------

– Fernandos! Chamando todos os Fernandos! - Brian anunciou com um megafone. Era segunda-feira de manhã, e o pátio do colégio estava vazio. O treinador chamou mais uma vez, e só aí poucos garotos começaram a surgir de trás de moitas e muros, e foram, timidamente, se aproximando dele.

– Chamando todos os Nandos! Todos os Fernandos, por favor, se apresentem! - gritava Brian, cada vez mais empolgado, a medida que mais jovens iam chegando, e se enfileirando a sua frente.

O homem estava satisfeito. Iria achar o culpado e puni-lo, como deveria. Ele assustou-se entretanto, ao perceber que agora já eram centenas deles. Centenas não, milhares... O pátio estava completamente lotado.

Finalmente estavam todos os Fernandos ali. Todos reunidos... Brian limpou a garganta.

– Muito bem... - disse com a voz firme - qual de vocês andou escrevendo histórias a meu respeito?

Fez-se silêncio, até que alguém perguntou em voz alta. - Que história? Aquela em que você é namorado do Sam Winchester?

Brian olhou em direção à voz. Iria pegar aquele desgraçado. Mas, em seguida, foi outro rapaz quem gritou:

– Fui eu que escrevi a parte em que você chupa o pau dele!

– E eu que te vesti com roupa de mulher, e te botei pra dançar! - contou um terceiro.

Choveram gargalhadas. Todos os Nandos riam sem parar, gozando da cara dele, e conversando sobre passagens da história. Brian tapou o rosto com as mãos, corando horrorizado.

De repente o homem sentiu algo macio roçando sua perna. O treinador abriu os olhos, e desesperado, constatou que um dos garotos estava nu, e esfregava-se nele. De repente todos os Fernandos estavam pelados e dançavam de mãos dadas, formando uma roda. Seus pênis estavam eretos e balançavam de um lado para outro. Por vezes, esfregavam-se em Brian.

– Parem! Parem com isso! - vociferou o homem, desesperado, principalmente quando notou uma ereção se formando no meio de suas pernas. Aqueles garotos deviam ser filhos do demônio...

Scott finalmente abriu os olhos, suado, ofegante e assustado. Ele havia ejaculado, e seu membro pulsava. Que pesadelo terrível... A imagem dos rapazes dançando nus ainda estava viva em sua memória, e o atormentava. Talvez fosse prudente conversar com Matthews a respeito... O homem suspirou. Era hora de se levantar, tomar uma ducha fria e e ir procurar o tal Nando. Precisava colocar um ponto final naquela história, antes que enlouquecesse de vez.

E foi isso que Brian fez. Logo na segunda-feira pela manhã começou sua pesquisa por alunos de nome Fernando, analisando os arquivos do Saint Peter.

–-----------------------------------------------------------------------------

Ainda na segunda-feira, Dean recebeu a feliz notícia de que os pais de Pablo tinham sido chamados à escola. A notícia, entretanto, não viera de Sam, e sim, de Christian. Sam falara com o diretor, que chamara Pablo para uma conversa. Em seguida o garoto encontrou com Christian e lhe contou o ocorrido. Christian, na primeira oportunidade, contou para Dean.

– Pablo está preocupado... Com medo de levar bronca... - explicou o garoto. - Porque o diretor falou que ele anda desatento... Mas Dean, graças a Deus alguém percebeu e resolveu fazer alguma coisa! - comemorou o garoto.

Dean concordou com o amigo. Os dois meninos estavam muito satisfeitos. Finalmente Pablo teria a ajuda que precisava...

–----------------------------------------------------------------------------

Outras que estavam felizes eram Ruby e Jo. As duas perceberam um clima mais amigável entre Brian e Sam. É claro que eles não se cumprimentavam efusivamente. Tinham que ser discretos... Mas era perceptível que os olhares enraivecidos haviam cessado. Eles tinham feito as pazes de fato...

– Ai amiga! Eles bem que podiam dar alguma bandeira, né? Eu queria tanto ver alguma coisa... - suspirava Ruby.

– Eles são muito controlados... Muito discretos... Acho que vai ter que ficar só na imaginação mesmo, Ruby... - opinou Jo.

A morena deu um risinho de lado. Talvez Jo não soubesse do que ela era capaz. Ruby não desistia facilmente! Naquela mesma noite arrastou a amiga com ela para vigiar os corredores, como fizeram na semana anterior. Viram Sam e Brian irem recolher-se em seus respectivos quartos, e esperaram. De certo um dos dois iria se juntar ao namorado em algum momento, e a morena faria o possível e o impossível para conseguir ver pelo menos um beijinho. Afinal, precisava buscar inspiração para escrever "Teachers in Love".

Após ficar escondidas por horas, morrendo de sono, Jo revoltou-se e foi dormir. Ruby ainda esperou mais um pouquinho, mas acabou desistindo também. Aqueles dois não iriam se encontrar aquela noite... Era fato.

–----------------------------------------------------------------------

Na terça-feira, Brian acordou cedo para terminar sua pesquisa. No dia anterior havia verificado mais da metade das turmas. Para sua sorte, ao contrário do que ocorrera em seu sonho, existiam poucos Fernandos matriculados no Saint Peter. Afinal, aquele era um nome incomum, de origem portuguesa.

O homem estava concentrado, quando foi interrompido por uma voz feminina.
– Brian? O que está fazendo aqui tão cedo?

O treinador espantou-se ao ver a professora de geografia, Susan Breen, surgir ao seu lado de repente.

– Vim fazer uma pesquisa... - respondeu o homem, sem dar detalhes. - E você? Por que chegou tão cedo? - perguntou de volta, mais por educação que por curiosidade.

– Bem... Eu... - falou a professora, parecendo sem graça - vou te contar um segredo! - disse em seguida, colocando um sorriso nos lábios. - Eu tenho um blog! Estou sem internet em casa... e vim pra cá atualizá-lo.

Por que a mulher guardava segredo sobre ter um blog? Brian Scott não sabia, e nem se importava. Só queria poder continuar o que estava fazendo em paz. Estava quase acabando... Mas Susan, pelo jeito, estava disposta a falar.

– Eu sei que pode parecer coisa de adolescente, mas eu adoro escrever... Sobre vários assuntos... Desde esmaltes de unha a corridas de camelo, e sabores de chiclete... E tenho muitos seguidores, sabia?

E blá blá blá blá, blá blá blá blá blá. Brian não conseguia prestar atenção à mulher, nem à sua pesquisa. Sem opção, apenas olhava para a colega esperando que se calasse.

O treinador então foi pego de surpresa quando Susan enfiou o laptop na sua frente. - Veja você mesmo como o layout está bacana!

Brian olhou para o Blog da mulher, e o que lhe chamou atenção foi o nome: "Blog da Lily".

– Lily? Quem é Lily? - perguntou ele sem entender nada.

– Sou eu, ora! - respondeu a professora.

– Mas... Seu nome... Não é Lily...

– É o nome que uso no blog... - explicou ela.

– Mas por quê? Por que você não usa o seu próprio nome?! - Brian estava visivelmente irritado. Quase transtornado, de fato.

– Eu gosto de Lily... Qual o problema? - respondeu a mulher, impaciente. Como Brian Scott era chato! Estava pouco se importando com o layout de sua página, e implicava com coisas sem importância... A professora então se sentou, calando-se finalmente.

Brian olhou para sua listinha de nomes e suspirou, desapontado. A verdade é que jamais descobriria o culpado... Assim como o Blog da Lily pertencia a Susan Breen, as histórias de Nando podiam ter sido escritas por qualquer aluno daquela escola... Como ele pudera ser tão ingênuo? A vontade de encontrar um culpado havia, com certeza, nublado seus pensamentos. Mas Brian Scott estava cansado de cometer injustiças e tirar conclusões precipitadas. Em um impulso, rasgou a lista de nomes e saiu da sala, emburrado, e sem se despedir. Talvez tivesse mesmo que ligar para a polícia...

–---------------------------------------------------------------

– Olha, lá vai o treinador Scott! - comemorou Ruby ao ver o homem passar. Sua teoria era de que ele e Sam se encontravam escondidos, em algum cantinho da escola, em horários pouco convencionais. Não necessariamente de noite.

Jo bocejou, sonolenta. Não podia acreditar que Ruby a obrigara a acordar cedo, depois de fazê-la dormir tão tarde, para perseguir aqueles dois. Aquela brincadeira já estava ficando chata... A ruiva agora apenas desejava que Ruby visse logo o casalzinho se beijando e a deixasse dormir em paz na noite seguinte.

As meninas observaram cada passo de Scott, mas infelizmente para elas, não viram nada.

– Que droga! - esbravejou a morena, assim que o sinal tocou, e o inspetor Benbow fez questão de tocá-las para dentro da sala de aula. - Como eles conseguem namorar sem ninguém ver?

A noite, inconformada, a garota arrastou a amiga novamente para ficar de tocaia. E mais uma vez, não viram nada...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!