Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 22
Capítulo 22




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Sam afastou-se do refeitório, e Ruby e Jo acharam por bem segui-lo. Queriam e iriam descobrir alguma coisa sobre ele! Bancar as detetives estava sendo muito divertido... As meninas, resolutas, se esgueiravam pelos corredores, vigiando o professor à distância. Estavam espiando escondidas quando viram Brian se aproximar de seu "alvo".

– O que é isso?! - perguntou o treinador, parecendo alarmado.

– Isso o quê? - Sam não entendeu.

– No seu pescoço!

Brian parecia tão exaltado, que Sam nem se lembrou do pequeno hematoma. Passou as mãos pelo pescoço a procura de algo compatível com o olhar que o colega lhe lançava: um vampiro alienígena cheio de tentáculos, sugando sua jugular...

– Um hematoma, Sam... - explicou o homem.

– Ahhhhh. - o Winchester sorriu ao se lembrar da boquinha linda que tinha feito aquela marca. - foi meu namorado... - explicou sem hesitar.

Brian arregalou os olhos, e gesticulou com aflição, pedindo silêncio.

– Shiiiiiii! Fale baixo! Os alunos podem te ouvir!

– E daí?

– E daí que você não pode ficar expondo a sua homossexualidade assim desse jeito... Nós somos exemplo para essas crianças!

Sam rolou os olhos. Não estava muito a fim de ficar discutindo com homofóbicos religiosos.

– Tá, tudo bem...

Mas Brian não se convenceu. Se algum aluno perguntasse, iria Sam Winchester contar com a maior naturalidade do mundo que tinha recebido um chupão de seu namorado homem!? Imagina se Pablo, Christian, ou algum outro aluno com tendência ao pecado ouvisse... Podiam acreditar que seguir o caminho do mal era certo!

– Toma, coloca isso pra disfarçar... - disse então o treinador Scott pegando um cachecol de dentro da mochila que carregava consigo.

– Ahhh Brian, que bobagem... - Winchester franziu o cenho. Acabou cedendo, entretanto, ao ver o olhar desesperado do outro. Há tempos havia decidido não mais discutir com ele. Estava provado que aquele homem era louco... - Tá certo, valeu. - disse por fim, enrolando o cachecol no pescoço de qualquer jeito.

Brian sorriu. Sam forçou um sorriso em resposta e despediu-se com um aceno de mão.
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Ruby e Jo se entreolharam. Deram-se as mãos e saíram correndo e rindo. Haviam presenciado a cena toda, embora não pudessem escutar o que os professores falavam. Mas não era preciso... Estava tudo claro. Claríssimo... Brian e Sam estavam juntos, e o treinador não queria que professor de teatro saísse por aí exibindo suas mordidas de amor. Sua expressão apavorada e o cachecol já eram provas suficientes.

– Não acredito, Ruby! O professor Winchester e o professor Scott juntos? Que babado! - Jo estava vermelha de tanto rir.

Ruby, chocada, olhava arregalada para a amiga. Também nunca pudera imaginar que Sam estivesse namorando Brian Scott. Logo Brian, que fazia questão de parecer tão macho! Agora estava claro que aquela pose toda era para disfarçar...

As garotas passaram o resto do dia confabulando, aos risinhos, e ignorando os meninos.
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– Clark? Até que enfim! Estou te ligando e mandando mensagem desde sábado... Está tudo bem?

Clark se desculpou. Não queria ter deixado Sam preocupado, mas tivera um fim de semana maravilhoso ao lado de Trevor, e desligara o celular para não ser incomodado.

– Sabe como é advogado... Volta e meia um cliente liga enchendo o saco. - justificou-se.

Mas Sam não ligara para conversar sobre clientes chatos. Precisava contar para o amigo sobre o sábado maravilhoso que tivera ao lado do seu amor. Contou tudo, desde o momento em que Dean vira os quadros de Ross, até quando trocaram carícias mais íntimas.

– Você acha que eu exagerei, Clark? Na hora, tudo o que eu queria era ficar junto dele, e fazê-lo sentir prazer. Eu estou tão apaixonado... Tive que me segurar para não ir ainda mais além... - explicou Sam sentindo-se um tanto culpado.

– E você acha que ele não gostou? - perguntou Clark.

– Gostou! Claro que gostou... Eu fui carinhoso com ele, e cuidadoso. Mas sei lá... O Dean é só um menino... Isso que eu fiz dá até cadeia...

Sam suspirou e Clark tentou colocar-se na situação do amigo. E que situação... Ele tinha razão. O que estava fazendo com Dean podia dar cadeia. Mas não porquê fosse errado... Não havia nada mais certo no mundo do que aqueles dois juntos. O problema era da sociedade, que julgando sem saber, veria o seu amigo como um pedófilo manipulador, corruptor de menores. Algo que ele não era...

Conversaram bastante sobre isso, e Sam ficou muito feliz ao ouvir o ponto de vista de Clark. Era ótimo poder contar com ele. Chegaram a conclusão que Sam só precisava ir devagar, e tomar cuidado. E todo cuidado era pouco...

Depois a conversa tomou outro rumo. Sam contou a Clark que finalmente perguntara sobre o nome Dean Ross, mas que tudo o que conseguira ouvir de Dean fora algo que já sabia: o primeiro nome era uma homenagem ao irmão morto.

– E você contou pra ele que conheceu o primeiro Dean?

Sam negou. Ele estava com medo... Muito medo de contar a verdade, e do namorado se voltar contra ele. Era bem provável que o garoto achasse que Sam só estava com ele por causa da paixão que teve pelo irmão mais velho.

– Mas Sam... Você precisa conversar com Dean sobre isso... E logo! Imagina se ele descobre através de outra pessoa?

– Isso não vai acontecer... - retrucou Sam, ficando irritado só de pensar na possibilidade. Afinal só quem poderia contar para Dean eram seus pais ou Brian, e nenhum dos três haveria de querer expor a homossexualidade do primeiro Dean... Bem, tinha Mackenzie também... Mas além de não estar falando com o restante da família, Sam imaginava que a moça nem mesmo soubesse a respeito do namoro.

– Mas tudo pode acontecer... - ponderava Clark, preocupado. Acabou convencendo o amigo que a melhor coisa a fazer era contar a verdade, e o mais depressa possível.
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No final da tarde de segunda-feira os pais de Dean foram buscá-lo no colégio para tirar o gesso. No dia seguinte, cedo pela manhã, Brian já estava no pé do garoto, perguntando sobre quando voltaria para os treinos de basquete.

– Ainda é cedo, professor... O médico ainda não me liberou pra praticar esportes... - retrucou Dean. A verdade é que ele não queria mais voltar para o time. No pouco tempo que sobrava após namorar, desenhar, escrever e suspirar em homenagem a Sam, ele precisava estudar...

– Claro, Dean. Eu sei... Mas assim que puder, saiba que o time precisa muito de você! - exclamou o homem com entusiasmo.

O menino sorriu, se despediu e saiu de perto depressa. Tinha certeza que não fazia falta alguma pro time... Na melhor das hipóteses, era um jogador medíocre. Era difícil entender o que Brian via nele...

De qualquer forma, Dean estava de muito bom humor. Estava feliz por ter se livrado finalmente do gesso, e também por estar prestes a encontrar seu amor na reunião da peça de teatro.
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– Clark? Eu ainda não falei com o Dean, mas vou falar... Assim que eu conseguir um momento com ele a sós! - Reclamou Winchester ao telefone. Fazia menos de 24 horas que falara com o amigo. Pelo jeito Clark estava mesmo a fim de insistir...

– Não liguei por causa disso... - retrucou o outro. - É que... Eu queria te contar uma coisa...

– Então fala! - pediu Sam, curioso. Existia um certo nervosismo na voz de Clark que deixou-o ansioso pela resposta.

– Eu fui selecionado para a leitura de um papel na Broadway, para a "A gaiola das Loucas"! É um papel secundário, mas estou tão ansioso... Eles viram o vídeo que eu mandei, Sam, e gostaram de mim!

Clark parecia emocionado, assustado e eufórico ao mesmo tempo. Seu sonho sempre fora trabalhar na Broadway. Sam sentiria sua falta, caso se mudasse para Nova York, mas torcia incondicionalmente pelo sucesso do amigo.

– Que maravilha, Clark! Fico tão feliz por você! - exclamou o professor.

Clark contou que o teste para a peça seria já no próximo sábado.

– Mas já? - surpreendeu-se Winchester.

– Eles avisam em cima da hora... - suspirou Clark.

– Trevor vai com você? - quis saber Sam. O namorado de Clark era médico, e volta e meia fazia plantão no fim de semana. Talvez fosse difícil para ele conseguir se livrar de seus compromissos com tão pouca antecedência.

Foi só aí que Clark contou a verdade. Trevor nem mesmo sabia...

– Achei melhor não comentar nada... Se eu não passar no teste, ele nem precisa ficar sabendo... Por que eu sei que ele não vai ficar nada feliz de eu estar pensando em me mudar pra Nova York... Se eu passar, aí eu conto, né?

Sam quis reclamar. Se ele não podia esconder nada de Dean, por que Clark podia esconder de Trevor? Mas sentiu que aquela não era hora para falar de si. Além de tudo, concordava com a decisão do amigo... O que Sam fez em seguida foi oferecer-se para acompanhar Clark, que estava inseguro. Era um passo importante que o amigo dava e precisava de alguém para chorar ou comemorar ao seu lado. Winchester lhe daria o apoio que precisasse.
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Ruby e Jo se entreolharam e soltaram risadinhas. Ele não estava de cachecol, e uma queria empurrar a outra para fazer a indiscreta pergunta "professor, o que é isso no seu pescoço?". Dificilmente ele diria a verdade, mas ambas se divertiam só em pensar o quanto o homem ficaria sem graça. Dean por sua vez, olhou o professor Winchester nos olhos e corou, com a lembrança do que tinham feito no último sábado...

– Boa tarde! - cumprimentou Sam, notando o quanto os jovens pareciam dispersos. Em seguida convidou os alunos a sentarem em torno da mesa de reuniões. O tempo estava passando depressa. Faltavam dois meses apenas para o dia da apresentação. Era hora de checar o que já havia sido feito, e o que tinham ainda que preparar para a peça.

– Meninas, a quantas anda o figurino?

– Já temos os tecidos e os esboços de todas as roupas. A costureira vem aqui na quinta-feira tirar nossas medidas... - respondeu Jo, já recomposta.

– Ela disse quando ficam prontas?

– Em um mês, professor.

– Ótimo! - respondeu Sam. Dava tempo de sobra. - E o cenário, Dean? Eu sei que já está bem adiantado...

– Já estou quase acabando... Acho que em umas duas semanas já vou ter tudo pronto.

– Que bom! Precisa de mais algum material?

O olhar do menino se encontrou com o do professor e ele corou novamente. Sabia o que "precisar de material" poderia significar. Um passeio a sós com seu amor. - Hmmmmm... Hmmmmm... - Ele pensou e pensou, mas infelizmente não conseguia lembrar de mais nada... Notando o que acontecia a sua volta, Misha resolveu ajudar.

– Uma bola de isopor! - exclamou o moreno de olhos azuis.

– Uma bola de isopor? Pra que? - surpreendeu-se Dean.

– É pra cena final. Imaginei que uma lua cheia no céu deixaria o clima ainda mais romântico!

Dean sorriu de uma orelha a outra, feliz com a idéia. Mal podia esperar para finalmente estar cara a cara com Sam, e a sós. Precisava de seus beijos e de seu carinho. Era só nisso que o menino pensava desde que deixara a casa do professor, no final da tarde se sábado. Devia mais uma ao seu grande amigo! Misha era mesmo um anjo...

Sam sorriu também e deu uma piscadinha sem que as meninas percebessem, derretendo Dean por completo. Estava feliz também, é claro, mas ao mesmo tempo assustado em ter esse tempinho a sós com o namorado. Teria ele coragem de finalmente contar para Dean que fora também namorado de seu irmão?


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