Point Of View, Matheus.

– Cadê o Percy? E a Beatriz? – Grito para Giovana. Pólux estava na enfermaria, porque eu ACIDENTALMENTE atirei uma flecha com meu arco na sua perna. Agora estava lutando com Noel, do chalé de Hefesto e Giovana com Yuri do chalé de Díonisio.
– NÃO FAÇO A MÍNIMA IDEIA! – ela grita de volta, enquanto se desvia de uma flecha atirada por uma caçadora, Maísa. – E o Logan?
– Uma dica: Não seja atingida pelas flechas das caçadoras! – ela faz que sim.

Percebendo que eu não estava tão atento como antes, Noel desfere um golpe na minha barriga. Dobro meu corpo para a frente e sinto o sangue escorrer por minha cintura; Ignoro a dor e chuto sua canela, fazendo-o cair.
Coloco a mão no corte e vejo o sangue em minha mão. Olho fixamente para Giovana, até obter sua atenção. Lanço lhe como quem diz “Me ajuda” e ela rapidamente entende. Desfere um golpe nas costas do Yuri e quando ele se contorce pela dor, ela soca seu ombro e ele cai no chão. Derrotado.
– A onde a bandeira está? – ela pergunta e olho para o Campo de Morangos. – Vai conseguir ir até lá?
Olho para o corte. Estava ardendo. Suspiro assentindo.
– Vamos fazer assim: Você vai pelo Arsenal, que é mais seguro e eu vou por aquele seja-lá-o-que-for, tudo bem?
Assenti mais uma vez.
– Boa sorte, digo antes de sair correndo em direção ao Arsenal.

Passo por uma série de pessoas e me desvio de inúmeras flechas atiradas pelas caçadoras. Meu corte ainda ardia e sangrava muito, mas não foi problema porque tinha um pedaço de ambrósia nos bolsos. Fui comendo até chegar ao arsenal.

Já tinha me recuperado e minha barriga havia parado de sangrar então entrei no Arsenal pra pegar algumas flechas e mais uma adaga, já que a minha estava caída em algum lugar do bosque.

Ao sair, vejo Logan indo para a enfermaria, inconsciente e abro um sorriso ao perceber o quão idiota ele foi. Observo o lugar por alguns segundos para me certificar de que era realmente seguro. Aperto o passo para chegar mais rápido e depois de alguns minutos caminhando, encontro Giovana se aproximando da bandeira. Para nossa sorte (ou não) James que estava na defesa da bandeira e pelo que ele me contara, Giovana era uma ótima lutadora.

Ao me aproximar um pouco mais, percebo que o objetivo de Giovana não era pegar a bandeira e sim vigiar Ana – a filha de Deméter – e James. Ela andava cuidadosamente na direção de Ana, com sua espada sacada. Quando estou perto o suficiente, consigo ouvir a conversa dos dois.
– Vamos James! Assuma! - ela dizia se aproximando mais, enquanto ele se preocupava demais em se afastar.
– Assumir o quê? – ele parece confuso. Vejo Giovana revirar os olhos e esboço um sorriso.
– Que você me ama, oras! – Ana sorria maldosamente - Aproveita que a novata... como é o dela mesmo ? Giovana? Mas que nome ridículo.
Aproximo-me cuidadosamente de Giovana e percebo que ela cerrava o punho. Ela nota minha presença e faz menção para permanecer calado. Continuo ouvindo.
– Cale a boca! – James diz mudando de expressão.
– Calma amor. – ela pousa a mão em seu ombro, mas ele a afasta rapidamente.
– Amor? – ele gargalha – Qual a dificuldade em saber que EU NÃO SOU APAIXONADO POR VOCÊ?
Giovana solta um riso e cubro sua boca, rindo também.
– Não minta para você mesmo James! É só mandar aquela morena seca pastar, que tudo se resolve.
Giovana bufa e revira os olhos ainda cerrando os punhos.
– Vamos fazer assim – ela sussurra – Eu vou lá e dou uma “pequena crise de ciúmes” o que vai chamar a atenção dos dois, fazendo-os se distrair. Ai você pega a bandeira e corre o mais rápido possível.

Assenti. A ideia não era ruim, mas acho que essa crise de ciúmes não será totalmente encenação.
Giovana se levanta, com os punhos cerrados. Franze o cenho e joga seu cabelo para trás.
– Desculpe, o que disse? – pergunta, delicadamente.
Ana se vira esboça um sorriso maldoso.
– A morena seca ficou ofendida!
Giovana parte para cima de Ana, prensando-a em uma árvore e apontando a espada para o seu pescoço.
– Retire o que disse.
– Ou o quê?
– Acho que você não quer ficar conhecida como "A menina que morreu ao lutar com uma morena seca"
Ana gargalha e Giovana encosta a espada em seu pescoço.
James corre na direção delas. Era hora de agir.
– Giovana, calma! - ele diz segurando seu braço.
– Cale a boca. - ela responde fria.
Caminho cuidadosamente, passando pelos morangos e fazendo de tudo para não pisar neles.
– Giovana, para com isso! - James diz, limpando a garganta.
– Deixa ela, amor. - Ana abre um sorriso - Ela só está assim porque sabe que é verdade.
Acho que há esse ponto, Giovana não está mais encenando.
Ela levanta a espada, e ia ataca-la quando James segura a sua mão, e a arrasta. Ana cai no chão, tentando recuperar o fôlego.

Estava perto o suficiente da bandeira para pegá-la, então estico meu braço e finalmente consigo tocar na bandeira Azul.
James e Ana estavam distraídos. Ok. Mas e o resto? Quem garante que iria conseguir me desviar de todas as flechas da caçadora? Paro e tento me lembrar do bosque agora. Tentei bolar alguma estratégia, mas em vão.
Observo o bosque por um instante e meu olhar encontra o de Amy, que vê a bandeira em minha mão e sorri vindo em minha direção.
– Graças aos deuses! - ela sussurra quando chega mais perto. A coisa boa de ser da mesma equipe que o chalé de Hermes, é que eles são especialistas em roubo. Principalmente Amy e Nicolly.

Uma vez, Calipso ficou longe por dois meses e elas me arrumaram um laptop e um celular para Calipso.
Calipso.
Lembro dela e sinto uma pontada no peito. Mas não posso me distrair com isso. Talvez depois, mas não agora.
Mas... ela está escondendo algo de mim. E ela nunca esconde nada de mim. Até da sua paixão por Percy e todos os outros heróis que caíram em sua ilha. O que é tão sério que nem eu possa saber?
– MATHEUS! - ouço a voz de Amy e alguns estalos diante do meu rosto.
– Desculpe. - digo e olho para Giovana, que ainda discutia com James. Ana o abraçou por trás, mas James a empurro e eu ri.
– Vamos fazer assim: você corre com a bandeira e eu te dou cobertura. - ela passa a mão em sua testa, que suava.
Faço que sim com a cabeça e limpo a garganta.
Amasso a bandeira com a mão direita na tentativa de esconde-la. Creio que não preciso dizer que a tentativa foi falha.
– Vá! - Amy gritou e reuni todas as minhas forças para correr.

Saí em disparada. Maísa atira uma flecha em mim mas desvio. Então ela começa a me seguir, atirando flecha após flecha. Não sei como consegui me desviar de todas. Mas então ouvi:
– Droga!
E esbocei um sorriso. Suas flechas haviam acabado. CHUPA ESSA CAÇADORAS!
Corro mais um pouco, e encontro Chris, que lutava com o Yuri. É! Aquele que a Giovana havia derrotado.
Assovio, na esperança de atrair a atenção de Chris, o que dá certo. Paro de correr e observo ao redor. Amy não está mais atrás de mim.
Ele olha para mim novamente e levanto a mão, mostrando parte da bandeira. Ele sorri e corre na minha frente, abrindo caminho.
Falta pouco.
Uma flecha - que por sorte, não era das caçadoras - Atinge minha perna.
Quanto mais eu corro, mais a dor se espalha. Minha coxa ardia.
Podia ser hábio em qualquer coisa, mas em corrida eu não era. Vejo que Chris havia parado de correr. Esta há uns 10 metros de mim.
Tiro a flecha da minha perna e arde. Quando mais eu me movimentava mais doía.
Sinto o sangue escorrer em minha perna.
Vamos lá Matheus! Só mais alguns passos.
Só me lembro de ter caído no chão, ouvir uma trombeta e gritos de vitória.
Havíamos vencido.

***

Estava sentado no Punho de Zeus. Eu mesmo fiz um curativo em minha ferida e estava tomando Néctar. Já me sentia melhor e já pudia caminhar sem me machucar.
Vários campistas vieram me parabenizar, com tapinhas nos ombros e tudo mais. Pra mim, não é nada demais. Eu quase não consegui chegar lá.
Mas cheguei.
De repente, uma névoa se forma ao meu lado formando uma imagem embaçada. E do nada, Calipso está lá: Vestida com um macacão de Jardinagem roxo, com as mãos sujas de terra.
– Cal!
– Math! - ela esboça um sorriso.
– O que foi?
– Fiquei sabendo que meu Math é um vencedor.
Sorri, sem graça.
– Parabéns, amor. - ela volta a dizer.
Abro a boca pra falar, mas um trovão me interrompe.
Olho para cima. O céu estava escuro.
– O que foi? - Calipso dobrava seu corpo para frente na tentativa de observar o que estava acontecendo.
– Depois a gente se fala. - passo a mão na névoa, fazendo a imagem se dissipar.

Começa a chover. ESPERA! PORQUE DIABOS ESTÁ CHOVENDO?
– Todos para o Arsenal! - Quíron grita e vira uma verdadeira bagunça. Logan toca meu ombro.
– Vem comigo. - ele corre e o sigo até chegarmos ao campo de morangos.
Olhei para o chão e vi Ana inconsciente. Vejo James tentado acordá-la em vão. Nada adiantava. Levo meus olhos para cima, e vejo Giovana. Seus cabelos negros flutuavam com o vento. Sua expressão era de raiva.
Ajudo James com Ana. Coloco a mão em sua testa. Está frio.
Olho para os pés de Giovana. Ou penso que os vejo.
Levo meu olhar para cima e... ELA ESTAVA VOANDO?

Point Of View, Giovana

Não sabia o que estava acontecendo. Só me lembro de ter cansado das tentativas de Ana de abraçar o MEU namorado e explodi. Ouvi o barulho de um trovão e o vento batendo contra meu corpo.

Tento andar até James, para me desculpar mas não sinto meus pés sob o chão. Abro o olho realmente não estava no chão. Olho para baixo e vejo Logan, Matheus e James boquiaberto. O vento bateu mais uma vez contra o meu rosto, levando o meu cabelo para trás.
Quíron aparece.
– Para trás! - ele grita.
Não sabia o que estava acontecendo comigo. Tentei descer e não consegui.
Mas só de lembrar das palavras daquela vadia... "James! Você já esqueceu do nosso verão passado?". Meu sangue ferveu e minhas bochechas esquentaram.
Ouço mais um trovão.
– Não é possivel! - Ouço Quíron gritar.
Tentei descer para o chão mais uma vez. Em vão.
A ventania aumentou, as arvores balançavam e pude ouvir algumas coisas do que Quíron dizia para James.
– Reclamada-Zeus-Impossível.
Vejo Ana no chão e sorrio um pouco. O mesmo logo se desfaz quando lembro que estou nos ares.
O vento lutava para me deixar em pé.
– Giovana! - James grita. - Faça o que eu disser tudo bem?
Faço que sim com a cabeça. Mais um trovão.
– Quanto mais brava você ficar, mais tempo você ficará ai. Então tente se acalmar. - Me acalmar? Me acalmar? Ele só podia estar de brincadeira. Abri a boca para responder, mas as palavras mão saíam. Eram levadas com o vento.
Então fecho os olhos e tentei fazer o que ele havia mandado.
Me concentrei em coisas boas, tipo James.

Tentei lembrar de todos os nossos momentos juntos: Quando nos conhecemos; Nosso primeiro encontro; Quando ficamos bêbados depois dele fazer um show com Big Time Rush; Nosso aniversário de 1 ano; Nossa noite de ontem.
Sorri ao lembrar do que quase acontecerá. Lembrei dos nossos corpos colados e só algumas camadas de roupas nos impedindo de qualquer coisa.
A ventania diminui. Está dando certo.

Penso em como conheci Beatriz; A nossa primeira ida ao shopping; O nosso primeiro desabafo; A nossa primeira briga; A nossa primeira balada juntas.
Parou se chover.
– Continue assim! - Grita Logan com a voz trêmula.
Penso em minha mãe. Imagino ela conhecendo meu pai, que segundo Quíron, é o Senhor dos Ares.
Será que ela estava arrependida por me deixar na mão de Maicon, mesmo sabendo do que ele era capaz de fazer? Lembro de Maicon e sinto um gosto ruim na boca. Lembro do que ele fazia conosco. Será que ela estava cansada de sua vida? Tão cansada a ponto de se jogar de um arranha-céu?
Eu sabia do que ele era capaz e se não fosse por Beatriz, Logan e James já teria o feito a muito tempo.

Sinto meus pés no chão novamente e desabo nos braços do James.
– Vamos levá-la para a Casa Grande. Beatriz também está lá.
– Ela foi reclamada? - Logan pergunta com os olhos arregalados.
– Foi depois de você ter desmaiado. - James diz.
Estava tão cansada, que mal podia levantar. Não sei o porque, nem como. Mas me sentia uma nova pessoa.