As mãos da Rainha escrita por Alihhh


Capítulo 7
Capítulo 6 - A tarefa da dama


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!! ^^



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Sofi inspirou e expirou fundo três vezes em busca de calma. Estava tremendo, sua respiração entrecortada. As histórias eram verdadeiras. Os mitos relacionados ao misterioso castelo real não eram infundados. Sua pequena jornada pelos corredores provara que uma simples saída abriria portas para as mais diversas e absurdas possibilidades. De certa forma, ela estava preparada para isso. Sabia o que estava por vir, todavia presenciar em carne e osso era completamente diferente.

Olhando seu reflexo em uma colher que havia retirado da bandeja, percebeu que toda cor havia escapado de seu rosto. Somente respirar fundo, não estava funcionando. Beliscou delicadamente suas bochechas em busca de rubor, ajeitou sua roupa, fechou ou olhos e contou até dez.

Recomponha-se, você precisa estar em sua capacidade total para servir a rainha da melhor maneira.

Sofi abriu lentamente a porta e se dirigiu para levar o carrinho com a comida para dentro. Porém uma figura já bloqueara a porta. Rainha Veranda estava atônita e ofegante, sua postura era defensiva, porém ao mesmo tempo agressiva.

– O que você fez? O que aconteceu? - as palavras irromperam da boca da rainha. As palavras saíram rápidas e ligeiramente estridentes. Algo estava muito errado. - Me diga!

– Sua majestade, não aconteceu nada! - defendeu-se, Sofi. Sua mente procurou uma brecha, uma resposta plausível e uma justificativa aceitável. É claro. Era obvia a resposta, sim havia acontecido alguma coisa. Seu susto inicial deixara sua mente em branco, mas agora os últimos acontecimentos amedrontadores vieram a sua mente. Explodindo em sua consciência como uma cachoeira após uma tempestade. Porém, não sabia como colocar em palavras.

– Como nada? Pude ouvir o estardalhaço daqui! Queria sair e ver o que aconteceu, mas... O que exatamente aconteceu? Não ouse mentir para mim, eu sou sua rainha. Eu sei que você estava envolvida. - As palavras saíram mais calmamente, a ordem foi obliqua. Inclinando-se para a sutiliza. Mesmo na agressividade do significado literal, o tom amenizou o sentido, ocultou o tensão e suavizou a ordem.

– Eu me perdi... - Sofi suspirou envergonhada. Todavia, se perguntou como a rainha supôs que ela estava envolvida.

– Imaginei, esperava que fosse... só isso. - Após um ligeiro suspiro aliviado, Veranda se direcionou a mesma mesa que haviam conversado mais cedo. Entendendo a deixa, entrou no quarto com o carrinho e fechou a porta. Seguiu a passos largos até a rainha. Sofi ainda não havia se acostumado com a bipolaridade de Veranda. Ela acabara de chegar, e já havia presenciado a rainha mudar de humor mais vezes que qualquer pessoa que tivera noticia.

– Tentei te chamar. - Rainha Veranda continuou enquanto Sofi puxava a cadeira para a rainha se sentar - Queria ir atrás de você, mas... parece que você não me ouviu. Espero que tenha mais atenção no futuro, senhorita Sofi. Agora me conte, o que aconteceu?

– Sim, majestade. Eu me perdi e acabei me apavorando. Infelizmente esbarrei no rei no processo, eu não o vi e... -

– Entendo. Posso imaginar o que ocorreu em seguida. Você teve sorte de sair ilesa. Como já disse, tenha mais atenção no futuro. Nunca mais quero ouvir algo parecido. - informou, colocando um ponto final e mudando novamente de assunto. Sofi empurrou a cadeira para próximo da mesa. - Agora, me sirva. Vamos a sua primeira tarefa real como minhas mãos.

Obedecendo as ordens dadas, Sofi se pôs a trabalhar. Com habilidades certeiras e bem treinadas, arrumou perfeitamente a mesa de almoço da soberana. Com tudo no devido lugar, a nova dama olhou em busca de aprovação e aguardou novas instruções. Acreditava no fundo de seu coração, que somente servir o almoço da rainha não era nem de longe sua principal função.

– No futuro, você não irá precisar buscar meu almoço. Pedi que fosse para se familiarizar com o castelo. Eu iria chamar alguém para te guiar, porém a senhorita saiu antes que tivesse a oportunidade. Eu não... utilizo minhas mãos, portanto preciso que fique sempre ao meu lado substituindo-as.

– Substituindo-as? - um pequena voz na mente de Sofi a incomodava, porém as palavras eram incompreensíveis. Em um estalo, percebeu. - Por isso você estava acompanhada mais cedo. A senhora que estava com a sua majestade veio abrir a porta! E foi por isso que não me seguiu no corredor, quando fui buscar o almoço. Não havia ninguém para fazê-lo, abrir a porta, quero dizer. Rei Adrian me informou o motivo por trás de minha tarefa. Pessoalmente fiquei encantada. Ele realmente te ama, pude perceber. Verdadeiramente adora suas mãos. É muito cuidadoso, penso eu.

Surpresa passou pelo rosto da rainha. Seus olhos arregalaram-se e sua boca abriu ligeiramente. Rainha Veranda tossiu um vez e desviou os olhos. Alguns segundo depois, recompôs-se, engoliu em seco e suspirou. Contudo, sombras nublaram os olhos da rainha e um sorriso negro pairava sobre seus lábios.

– Oh, sim. Ele realmente adora minhas mãos. Você não faz nem ideia do quanto. - um arrepio percorreu a coluna da nova dama. Todavia, novamente a rainha suavizou a expressão e seu sorriso tornou-se delicado. - Vejo que é observadora. Talvez isso seja bom, ajuda a entrar em sintonia. - Rainha Veranda indicou a mesma cadeira que Sofi havia se sentado mais cedo. - Sente-se ao meu lado, puxe a cadeira.

Sofi, assustada com a reação estranha da rainha, porém orgulhosa por tê-la surpreendido com sua pró-atividade e competência, rapidamente levou a pesada cadeira para a posição solicitada e sentou-se. Olhos atentos e mente alerta. Estalou os dedos e automaticamente percebeu o que deveria fazer.

– Como sou suas mãos, preciso te alimentar. Correto? - a rainha puxou seus lábios em um meio sorriso e acenou uma vez. Ela teria de dar a comida na boca de Veranda, como se faz com uma criança. Isso seria algo engraçado, se não fosse um tanto quanto constrangedor e perturbador. Principalmente diante das mudanças de humor repentinas e repetidas.

Sofi segurou o garfo e a faca e começou seu trabalho. Partiu a carne e colocou a quantidade exata de comida no garfo, a porção continha todas as especiarias e grãos, e levou a boca de Veranda. O processo se repetiu até que não houvesse um só grão no prato. As garfadas foram alternadas com goles do grosso e doce suco de manga.

As verdadeiras mãos da rainha, cobertas por lindas luvas rendadas em branco, estavam descansando em seu colo. Imóveis. Durante todo o processo, Sofi não percebeu nenhum movimento. Os modos e maneiras eram graciosos, tudo nela ostentava soberania. Assim como as mãos, os ombros não se moviam, a cabeça permanecia levantada. Se não fosse pelo constante movimento de mastigação, rainha Veranda se pareceria com uma estátua, a distancia.

– Não se preocupe em arrumar. - informou Veranda após terminar a refeição - essa não é sua tarefa. Agora, preciso limpar minha boca.

As duas se encaminharam a uma mesa com uma bacia d'água. Sofi molhou o pequeno pano de linho na água e adicionou a cheirosa mistura de ervas, flores e cinzas. Rainha Veranda já estava sentada em uma cadeira que havia logo ao lado de boca aberta.

A nova dama limpou meticulosamente os dentes da soberana. Terminado o trabalho, serviu água limpa em um copo e segurou a pequena bacia abaixo do queixo de Veranda para que ela pudesse cuspir. Repetiu o procedimento mais duas vezes.

Neste momento uma menina, um pouco mais nova que Sofi, entrou nos aposentos reais. Após saudar a rainha, começou a arrumar os restos da refeição, ignorando a presença da nova dama. Com exceção de Geni, todos havia a tratado desta forma.

A imagem de Guarda: 604 passou rapidamente pelos pensamentos dela. Talvez ele não tenha me tratado assim. Porém rapidamente descartou o pensamento. Ele fora o único que a ignorara descaradamente, apesar de tudo.

– Venha, irei lhe mostrar seus aposentos. - Veranda informou, interrompendo seus devaneios. Ela a levou até a porta que Sofi havia aberto em sua exploração inicial. Como já havia visto, era um segundo aposento, menor que o principal, mas confortável e muito mais luxuoso que o quarto da menina em Dante.

– Irei dormir aqui? - perguntou, Sofi embasbacada. Somente para confirmar o obvio. O quarto era três vezes maior que o de sua casa. Suas paredes eram beges e o pé direito media algo entre quatro e cinco metros. À direta se encontrava a penteadeira, com vários produtos de beleza e higiene, o armário e uma mesa com uma bacia d'água. À esquerda, um baú ornamentado, uma escrivaninha e um grande espelho. No fundo havia a grande cama com acolchoados rosa e azul turquesa rendados e duas grandes janelas mostravam um jardim no pátio do castelo.

Sofi ficou encanta, não havia percebido a beleza do aposento na primeira inspeção do local. Seu estado de animação era tamanho na hora que nem se deu ao trabalho de entrar por aquela porta. Este quarto nem se comparava ao da rainha, obviamente. Porém, era mais do que qualquer coisas que a nova dama já tivera.

Neste momento, ela pensou em sua pequena irmã caçula, Flávia. Em sua casa, em Dante, as duas dividiam o quarto. A menina sempre reclamara que deveria ter um quarto só para si. Porém, quando fora anunciado que iria ao castelo, Flávia não vangloriou-se por ficar com o quarto, não alegrou-se por ter seu desejo realizado. Ela, mesmo ficando feliz com a noticia, chorou de antecipação pela partida definitiva da irmã. Sofi queria dividir este quarto com Flávia. Aposto que ela nunca reclamaria de nada.

– Sim, você irá. É mais fácil para chamá-la se precisar de algo durante a noite. - informou a rainha. - Irei te deixar por ora. Você deve estar cansada da viagem, afinal você mal chegou e já se pôs a trabalhar.

– Eu não me importo, majestade.

– Mesmo assim. Descanse um pouco, estarei em meu quarto. - Veranda caminhou lentamente para fora do aposento.

Ela não fechou a porta, obviamente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Algumas perguntas foram respondidas neste capítulo, em?

Obs: Estou escrevendo uma nova história. Quem quiser dar uma olhada.. sejam bem vindos.
NOME: Ininterrupto
TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=I2nfHQURqgQ
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/551007/Ininterrupto/
SINOPSE: No futuro a tecnologia é obsoleta. Não existem ruas ou estradas, cada local foi ocupado pela crescente população. A ciência conseguiu resolver o problema da demanda e poluição causada por seus antepassados. Uma nova gnose sustenta os alicerces da nova sociedade: o desenvolvimento de ki, vulgarmente chamado Magia. Força, precisão, expertise, teletransporte, levitação podem ser facilmente adquiridos em lojas de departamento por pequenas quantias de dix de prata.
O futuro está aqui, seu destino ao alcance de suas mãos.
Você aceita?

Não deixem de dar sua opinião!! E se você não sabe o que escrever, um: está bom ou não gostei serve!! kkkkk Preciso de vocês para poder evoluir!!!
Obrigada e até!