Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Caramba, já estamos no capítulo 9!!! Estou muito feliz por isso!
Espero que gostem do capítulo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528071/chapter/9

Chegamos em casa e eu vou direto para o meu quarto. A sapatilha está moendo meus dedos, eles precisam respirar. Sento-me na cama, tiro o sapato e encosto-me na almofada. Pego o celular e tem mensagem da Kriss e da Jane como sempre.
Kriss: Tá aí?
Três horas atrás.
Eu: Ooi, desculpa, tava no cinema com a Katherin.
Com o Thomas e o Peter também, mas isso eu não falarei obviamente.
Kriss: Ah sim, verdade kkkkk Como foi?
Eu: Achei muito bom o filme, muito engraçado e tudo mais.
Eu: Terminei a pipoca acho que na metade do filme apskapkspaks
Kriss: Preciso de contar uma coisa.
Ajeito-me melhor na cama.
Eu: Fala!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu nem sou curiosa.
Kriss: Jake me deu oi hoje!
Começo a rir. Jake é o crush da Kriss desde o ano passado, mas acho que ele nem sabia o nome dela.
Eu: Nossa, que fantástico ele te dar um oi kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ai, só ela mesmo.
Kriss: Não um simples “Oi”, foi um oi diferente.
Ah, claro.
Kriss: Eu to feliz demais.
Pra mim, Jake é um babaca sem noção, fora que ele não vale nem o pão que come. Ele é daqueles meninos que saem beijando todo mundo pra depois contar piada pros amigos, mas mesmo assim, Kriss tem uma quedinha fatal por ele. Ela diz que não é nada demais, que ela nunca irá namorar com ele mesmo, mas eu e Jane vivemos falando para ela tomar cuidado. Não queremos que ela quebre a cara.
Eu: Não fica tão animada não, pq o Jake não presta e você sabe bem disso.
Kriss: Ai, lá vem você de novo com essa história... Eu não vou ter nada com ele, entendeu? Nadinha mesmo, só acho ele bonito.
Jake é bonito, mas não tem caráter. Ruivo, olhos azuis, algumas sardas. É, ele é bonito, mas é idiota.Kriss acha que eu sou trouxa.
Eu: Sério, Kriss. Não se apague muito a ele, ele vai quebrar seu coração em mil pedaços.
Só falo a verdade.
Kriss: Fica tranquila, mãe. Não vai acontecer nada entre a gente.
Kriss: E aposto que ele não é todo esse monstro que você fica falando. Vai ver ele tem um coração bom.
Ai não, não pode ser. Decido não falar mais nada para não arrumar briga com Kriss.
Eu: Tá, vamos mudar de assunto que eu não suporto esse cara.
Eu: Hoje joguei boliche pela primeira vez.
Por que as pessoas simplesmente não ouvem os amigos ao invés de ficarem se arriscando? Eu hein.
Kriss: Sério? Que legal.
Kriss: Como vai o Thomas?
–Mas que droga! – grito muito alto e jogo o celular na cama. O problema é que ele desliza e cai no chão.
Agacho-me rapidamente e minha mãe abre a porta com os olhos arregalados.
–O que aconteceu menina? Quase me matou do coração!
Meu celular se divide em três: O próprio aparelho, a capa de trás e a bateria, que voou pra debaixo da cama. Tudo isso por culpa da Kriss!
Coloco a bateria no meu celular e “monto-o” novamente, o sangue fervendo. Minha mãe continua parada me observando.
–Vai me falar o que aconteceu?
–É a Kriss me perguntando como que tá o Thomas! – grito frustrada e irritada.
Se meu celular estragar vou fazer aquela loira comprar outro pra mim!
–Você podia muito bem ter respondido, afinal passaram a tarde inteira juntos. – diz ela suspirando.
Reviro os olhos e dou um soco em uma almofada. Será que até ela tem que ficar me zoando?
–Mãe, eu quero ficar sozinha.
–Lydia...
–Só me deixa sozinha! – falo um pouco alto demais e acho que ela vá me bater com o chinelo ou coisa assim. Mas ela só fecha a porta do quarto e ouço-a rir.
Felizmente meu telefone ainda funciona perfeitamente. Volto nas mensagens e clico na Kriss, pra descontar a minha raiva.
Eu: VOCÊ FEZ O MEU CELULAR CAIR NO CHÃO E SE REPARTIR EM TRÊS! ELE PODIA TER ESTRAGADO, ENTENDEU? E EU NÃO IA TER DINHEIRO PRA COMPRAR OUTRO!
Eu: E SABE DE QUEM É A CULPA? TODA SUA!
Cinco segundos se passam.
Kriss: VOCÊ NÃO GRITA COMIGO QUE EU NÃO SOU SUAS NEGA!
Kriss: Eu só fiz uma pergunta, você que interpretou errado.
Desligo o Caps Lock, um pouco mais calma, mas não totalmente.
Eu: Aham, claro!
Kriss: Você vai acabar tendo um infarto desse jeito, se controla menina.
Por que Thomas tinha que existir?
Eu: Tá bom, mas para de me encher! É você, é a Katherin, até a minha MÃE fica me enchendo sobre o Thomas! Caramba, para com isso...
Eu estou ficando muito irritada com elas, isso é meio que um insulto a minha pessoa. Se eu já disse que não gosto dele, por que raios elas continuam insistindo no assunto? Não mereço isso!
Eu: Ah, e se você quer mesmo saber, ele tá ótimo. Hoje encontramos ele no shopping junto com o filho de uma amiga da minha mãe, e eles andaram com a gente. Tô te falando pra vc não ficar falando depois que eu “ocultei” as coisas!
Minha esperança é que com isso ela pare de me zoar, afinal estou contando que ele andou comigo hoje, então se eu escondesse poderia parecer que eu gosto dele. Faz sentido? Sei lá se faz.
Eu: E você nem vem com os seus “Hmmmmmmmmmm”
Kriss: Mas eu não disse nada!
Respiro fundo e clico em Jane, devia ter feito isso antes.
Jane: E aí, Lyd? Hoje eu tava organizando as minhas caixas de fotos e encontrei umas nossas de quando tínhamos uns oito anos, a gente tava com fantasia de princesa.
Ela anexou a foto e enquanto vejo, provavelmente estou com um sorriso bobo na cara. Como eu era fofinha! Na verdade, nós três éramos muito fofinhas.
Lembro-me desse dia. Era halloween na escola e teve uma festinha de tarde. Nós três combinamos de irmos todas iguais e o resultado foi que nossas mães levaram meio que no pé da letra a questão de irmos com a mesma roupa. O modelo era o mesmo, só a cor variava. O de Kriss era azul claro, o de Jane verde e o meu amarelo. Meus olhos começam a lacrimejar e pisco para afastar as lágrimas.
Jane: Sinto falta de você aqui com a gente : (
Eu também sinto tanta falta dessas duas, parece que faz anos que não nos vemos, quando na realidade nos falamos na terça feira dessa semana.
Eu: Também sinto muita falta de você : ( E de Kriss, apesar de ela andar me enchendo ultimamente...
Jane é a única que não está me zoando, que milagre!
Jane: E ela está te zoando por...?
Falo ou não falo?
Eu: Ela acha que eu gosto do Thomas.
Jane: Mas que bobagem.
Aleluia alguém sensato nesse mundo!
Jane: Como assim ela “acha”? Eu tenho CERTEZA.
Não, não pode sair. Cai na armadilha dela que nem um patinho. Com certeza Kriss falou de Thomas pra ela além do primeiro dia de aula quando eu estava conversando com as duas.
Eu: Chega de internet por hoje.
Desligo o celular sem ao menos esperar uma resposta de nenhuma das duas e vou até meu armário. Coloco um pijama de frio, então tiro as lentes, lavo o rosto e vou dormir. Amanhã é dia de não fazer nada.

Sonho que meu pai está vindo me visitar, de avião. Ele anota alguma coisa na papelada, está sentado ao lado de uma janela. Tem uma mulher ao seu lado, também escrevendo alguma coisa em uma prancheta. Parecem trabalhar na mesma empresa.
Senhoras e senhores, estamos passando por uma turbulência. Não saiam de seus lugares.
As luzes são todas desligadas e por algum motivo, eu começo a temer pelas pessoas que estão dentro do avião.
Meu pai e a moça trocam olhares, parecendo preocupados, mas logo voltam a preencher a papelada.
De algum modo, consigo sentir o avião balançando muito e as máscaras de oxigênio de repente caem e a aeromoça fala as instruções para que coloquem-nas.
–Mantenham a calma.
As pessoas não parecem escutar, elas gritam em pavor. Crianças choram, mesmo sem estar entendendo direito a situação.
–Repito, mantenham a calma.
O avião começa a perder altura, ele está caindo. Caindo no oceano. Meu pai agarra a mão da moça, desesperado. Ele fecha os olhos e parece estar rezando. Então, tudo fica escuro e sei que o avião caiu. Todos morreram.
–Não! – grito. –Não, pai! Não!
Sinto lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. Acorda, Lydia, acorda! Mas não consigo, continuo com a visão escura e gritando desesperada. Sinto alguém tocando meus ombros.
–Não, por favor, não vá! – grito e finalmente, consigo abrir os olhos.
Estou no meu quarto, a porta do quarto aberta. Vejo que minha mãe está ao meu lado. Ela me abraça e soluço sem parar.
–Lydia, o que aconteceu querida?
–Eu... Meu pai... – não consigo concluir a sentença, estou muito abalada. –Preciso falar com ele.
–Agora? – pergunta ela acariciando meus cabelos.
–Agora.
Ela não discute. Minha mãe se solta de mim e se levanta.
–Só um minuto, querida. Vou pegar o telefone.
Isso é loucura, ele deve estar dormindo agora. Mas simplesmente preciso ouvir a voz dele, saber se ele está bem.
Minha mãe volta uns minutos depois, ainda choro um pouco, mas o pior já passou. Ela disca o número.
–Alô? – diz ela e parece ouvir uma resposta. –Sei que está tarde, Andrew, mas Lydia precisa muito falar com você. – diz ela me olhando. -Não sei o que aconteceu, ouvi os gritos dela e ela disse que precisa falar com você.
Sinto um alívio, meu pai está vivo.
–Vou passar pra ela. – diz minha mãe e me entra o telefone.
–Pai? – pergunto ofegante.
–Oi, filha. O que aconteceu?
–V-você tá bem? – pergunto caindo no choro novamente.
–Sim, querida. Eu acabei de chegar de um jantar, já ia me deitar. Estou muito bem.
–Que bom, pai! – falo com uma alegria imensa.
–Vai me dizer o que aconteceu, filha?
Conto para ele sobre o pesadelo e é inevitável, eu acabo chorando e soluçando.
–Fique calma, seu velho ficará aqui nessa terra por muito tempo.
Solto uma risadinha.
–Eu te amo muito. – diz ele. –Sei que às vezes pode não parecer, Lydia, mas eu amo você mais do que tudo nesse mundo.
Nossa, eu esperei tanto tempo para ter essa conversa. Minha mãe se retira do quarto, vendo que é uma coisa pessoal, e fecha a porta. Agradeço-a por isso.
–Pai, por que nunca vem me visitar?
É muito trabalho, Lydia. Muito mesmo, e vivo do outro lado do mundo. A passagem é cara.
–Se for por isso, faço uma transferência bancária para você com todas as minhas economias. – falo. –Eu só queria te ver, pai. Semana que vem é dia dos pais e você de novo, não estará aqui comigo.
Respiro fundo. Ficamos alguns segundos sem falar nada.
–Eu não sou o melhor pai do mundo, e não fui nem o melhor esposo do mundo.
–Pessoas cometem erros.
–Eu fico envergonhado, sua mãe sempre foi tão boa e às vezes... Às vezes eu era um completo imbecil.
Isso é verdade, mas errar é humano.
–E também... será que você gostaria de ter um pai como eu?
–Você é meu pai, te aceito do jeito que for. Você trabalha, faz uma coisa da vida. Você é gente do bem. É óbvio que eu tenho orgulho de ser sua filha, pai.
Não sei quanto tempo faz que temos uma conversa longa por telefone.
–Talvez eu tenha errado em nunca ter ido te visitar. – diz ele. –Meu emprego é muito importante, trabalho para uma das maiores empresas do mundo e por isso, estou sempre ocupado. Sempre a procura da perfeição, sempre tentando melhorar cada vez mais.
Ele dá uma pausa.
–Nos últimos anos venho dando mais valor a empresa do que a minha vida. – ele respira fundo. –E quer saber de uma coisa? Acho que eu fiz tudo errado, se eu pudesse voltar no tempo, eu voltaria.
–É, mas não dá... – murmuro chateada.
–Mas dá para decidir o que fazer no futuro, e acabei de tomar minha decisão: irei ir aí mês que vem te visitar.
De imediato, não entendo o que ele falou. As palavras me atingem de uma forma tão estranha, eu começo a pirar e a sorrir.
–Isso é sério? – grito no telefone. –Sério mesmo?
Ele dá uma risada.
Sério mesmo, Lydia. Pedirei uma semana de folga e ficarei aí com vocês. Já trabalhei demais, essa folga é mais do que merecida!
–Pai, eu estou muito feliz!
Eu também, filha. Quero muito te ver de novo. Gostaria de ir essa semana mesmo, mas creio que não vai dar. Sinto muito.
–Tudo bem, pelo menos você vai vir mês que vem!
Eu estou a felicidade em pessoa.
Querida, eu preciso ir agora. Mande um abraço para sua mãe e dê as notícias. Assim que eu souber da data, eu te aviso. Prometo.
–Tudo bem!
–Boa noite,tenha bons sonhos.
–Você também. E se cuida, eu fiquei muito preocupada com o pesadelo!
Provavelmente o pior sonho que eu já tive na minha vida.
Não se preocupe, querida. Beijos.
Beijos, te amo.
Te amo também.
Desligo o telefone e vou até o quarto da minha mãe. Ela está sentada lendo um livro e levanta o olhar quando me vê.
–Nossa, o que aconteceu para estar tão feliz? – diz ela fechando o livro e abrindo um sorriso.
–O papai vai vir nos visitar!
Ela parece surpresa.
–Quando?
–Mês que vem! Isso não é ótimo?
Não sei se ela está tão feliz quanto eu, talvez não esteja, afinal eles se separaram e tudo mais.
–Não tenho nada mesmo contra o seu pai e vai ser bom revê-lo. E além do mais, estou feliz por você. – diz ela com sinceridade.
Vou até ela e dou um abraço apertado.
–O que deu em você, menina? – pergunta ela rindo. Não que eu seja uma péssima filha, mas não costumo abraça-la.
–Te amo muito, mãe.
–Também te amo, Lydia. – diz ela emocionada.
Se eu não sair logo daqui, vai começar o drama e muita choradeira. E eu já chorei muito por hoje.
–Vou dormir, boa noite mãe.
–Boa noite, filha.
Volto para o meu quarto saltitante e me jogo na cama, mais contente do que nunca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Everything Has Changed" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.