A Dama da Lua escrita por Malcolm Beckster


Capítulo 1
A Pedido de Deus




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Dama da Lua… Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, embora especule-se que seja entre quinze a vinte mil anos no passado, sabe-se que veio da Terra, a Mãe do Homem e Primeiro Lar, foi quem difundiu o conceito da irmandade e tem-se certeza quase absoluta que a formou. Suas crenças mesmo que fossem de igualdade sexual acabaram por se desenvolver erroneamente de maneira que mais tarde o mundo fosse controlado especialmente por mulheres. É necessário ainda por cima ressaltar que ela foi considerada ainda em sua época como uma personalidade de grande importância e que provavelmente será lembrada pela eternidade como grande heróina da humanidade.

Livro de Urn Mahalla da Irmã Zora Minari

As palavras de Chorant soaram ásperas pelo medo, eram oito palavras e foram ditas no Idioma dos Deuses: Devai Amiarila Misani Abloartha Devanisa Azi Luperia Umarmia Abloartha, uma série de sequências. Devai Amiarila iria iniciar sua projeção astral após sua morte, Misani Abloartha permitiria que ele fosse visto por quem sua consciência astral quisesse, Devanisa Azi o transportaria para o futuro e Luperia Umarmia iria levá-lo de encontro à pessoa que se encontraria com ele.

Não saiu da Lua, mas foi para vinte mil’anos a frente onde a Lua era um pequeno planetoide fruto da terraformação Após a Segunda Queda da Humanidade. Aquela era não tinha tantos deuses após o Segundo Ragnarok, onde os Novos Deuses morreram sobrando apenas os Primeiros Filhos, embora dentro de segundos a distorção do paradoxo temporal fosse alcançar Chorant, eliminando-o do Plano Físico e o enviando para a Quinta Essência.

Demorou pouco até achar a pequena Sacerdotisa da Lua, recém-ingressada e que tinha terminado o Teste das Quatro Verdades há poucas horas. Então aproximou-se o deus, sentindo sua essência física se perder, era ele um fantasma. Ajoelhou-se e chamou a jovem com uma voz calma e doce, ela veio e reconheceu-no, abismada por ver um deus morto. Ele se esforçou para suavizar as camadas mentais da jovem, pessoas com baixa estabilidade psicológica costumavam enlouquecer quando se encontravam com essências místicas e até mesmo a própria Magia, apenas os mais fortes e mais bem treinados podiam de alguma maneira entender a Verdade, carregada pelos Primordiais.

- Chorant! Pelos Eternos, o que aconteceu?

- Não há tempo para falar - ele tocou-a, e por minutos se uniram.

O interior da mente de Luna Stone se adequou à sua mente, era um ambiente limpo pouco bagunçado e com manchas flutuantes de pensamentos obscuros, segredos e erros de sua vida, mas também bolhas límpidas com memórias de suas amigas, família e todas as coisas boas que ela lutou tantos anos para conseguir. Num canto estava encostado Chorant, ofegante.

- Eu preciso salvar sua memória.

- Do que está falando, Meu Deus.

- Pare com os títulos, minha filha, eu estou aqui para lhe pedir um favor.

- Os favores de deuses são ordens aos humanos, milorde, o que devo fazer?

- Conhece a Terra? Claro que sim, você sonha com ela, muitos anos atrás ela estava bem mais próxima do planeta e podia ser avistada facilmente. Mais ou menos numa época dessas haviam heróis como Apogeu, Estratego e a Dama da Lua, você já ouviu falar dela, não? - perguntou, sabia a resposta mesmo cego e sem suas habituais ferramentas de poder.

- Sim, foi ela quem criou a Irmandade da Lua.

- Isso, mas você sabe quem ela foi?

- Os registros a consideram como uma humana, mas todos sabem que ela era uma semideusa filha dos Novos Deuses.

- Quase isso. O nome verdadeiro dela era Elizabeth Moon, ela nasceu na cidade de Silver Fox, e era muito parecida com você, sabia disso?

- O que quer dizer?

- Um dia surgiu na Terra um ser poderoso chamado Golias, ele era um fruto da coexistência dos Novos Deuses com os Antigos Deuses, um guerreiro criado para servir. Quando os Antigos Deuses foram mortos, o Golias atacou todos os planetas com remanescentes, um deles era a Terra, mas acontece que há algo muito importante para o destino de todo o Universo lá. Chama-se Motriz Universal, e os próprios Primordiais me pediram para colocá-la lá.

- Sim. Mas o que aconteceu?

- Aconteceu que haviam deuses lá, não como eu ou como os Novos Deuses, eram seres poderosos, e um deles chamado Apogeu conseguiu derrotar com muito esforço o Golias - disse, sabendo que com a morte do Triunvirato isso pudesse nunca ocorrer, embora para ele nunca tivesse ocorrido e sua cegueira o fizesse dizer premonições baseadas na soma de todos os eventos do Universo, com chances cada vez menores de realmente ocorrer.

- Entendo.

- Mas isso só foi possível acontecer porque você aparece nessa equação, eu criei sua entidade no ano necessário para que nascesse e se tornasse a Dama da Lua, mas então houve a presença de um fator que mudou todas as minhas equações, dessa maneira eu nunca poderei dar à sua entidade primária os poderes da heróina, então vim nessa realidade onde todos os fatos ocorrem adequadamente para lhe enviar de volta para o tempo dos heróis.

- E por que não pode simplesmente dar os poderes à essa primeira entidade? - disse, entendendo a presença de Entidades Vitais diversas ao longo da história.

- Por que esse fator mudou minha propriedades, e como você sabe, as sacerdotisas recebem capacidades especiais ao passar pelo Testes das Quatro Verdades.

- Mas não são como os poderes da Dama da Lua.

- Nem perto, acontece que era uma outra Terra, uma outra época, e como deus tenho certeza que suas capacidades serão ampliadas com esforço.

- Sim, Meu Deus, mas o que devo fazer?

- Você irá para uma cidade, seu nome é Nova. Você será Elizabeth Moon, e ela não existirá quando chegar lá - disse, percebendo cada vez mais a ausência de seus poderes - Eu preservei sua mente de maneira a se lembrar da verdade dessa realidade, embora ela não exista quando abrir os olhos. Em Nova, crie a sua personalidade, você deve esquecer Luna Stone e abrir os braços para Elizabeth Moon. Entendeu?

- Sim, milorde. Mas como alcançarei esse tempo?

- A esfera na qual meu corpo se transformará lhe levará até lá - disse antes de se deitar no chão - Era apenas isso, minha jovem - disse percebendo que nem podia mais sustentar a Imersão Mental - Adeus para todo sempre, que os Eternos a acompanhem.

Ela nada disse, acordou e percebeu que as construções eram menores e mais baixas, as pessoas usavam tecnologias digitais e naves sobrevoavam sua cabeça. Tinha chegado a final numa outra realidade, seus pais não eram mais os mesmos, suas roupas nem as peças que carregava, as estátuas eram de bronze e não de ouro e até mesmo as ruas tinham orientações diferentes. Pegou a esfera e pensou na Terra, em heróis voando pelos céus e na Dama da Lua.

Abriu os olhos tomada por uma súbita sensação de desespero, sentia que estava caindo, conseguia respirar e ver os prédios ao longe, embora abaixo dela conseguisse ver apenas um enorme lago esverdeado com o qual se chocaria, mas ela decidiu pensar na estabilidade, no fim do movimento, no ato de parar, mas não era tão fácil, e por isso, depois de uma súbita pausa, ela voltou a cair.

Se chocou contra o lago e saiu dele ofegante quase não conseguindo respirar para ser encarada por dois firmes olhos de um homem alto com barba rala e que carregava uma arma, uma espécie de arma que ela via nos muses de Dafne.

- Quem é você? - perguntou, de alguma maneira, disse isso em seu idioma.

- Eu sou - falou com um sotaque carregado - Elizabeth Moon.

- Muito prazer Elizabeth, meu nome é Smith - disse antes de erguer a mão e dizer o nome completo - Thomas Smith.


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