Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros
Abro os olhos e vejo que o relógio de cabeceira marca meio dia e meio.
– Ah, bom dia! – diz Clary ao me ver levantar.
– Bom dia.
Meu corpo está dolorido e meu pés estão sujos e com alguns pequenos cortes do asfalto.
– Trouxe umas coisas para você – Clary diz me entregando uma sacola.
Dentro da sacola há roupas, escova de dentes e um sapato, todos com etiquetas.
– Clary, obrigada!
Eu a abraço e ela parece surpresa.
– Não foi nada.
Me solto do abraço e rumo em direção ao banheiro. Tomo um banho gelado e depois coloco as roupas que Clary trouxe para mim: calça jeans azul, camiseta e sapatilhas pretas. Depois de vestida escovo os dentes e saio do banheiro.
– Ah , que bom que as roupas serviram! – diz Clary ao me ver – O que vai querer de café ?
– Nada. Estou sem fome, mas muito obrigada.
– Mas filha, já são meio dia! Vai ficar sem comer nada ?
– Eu como alguma coisa indo pra academia, tenho que buscar minha bolsa que ficou lá.
– Quer que eu vá com você ?
– Não precisa, obrigada, quero ficar um tempinho sozinha.
– Tudo bem.
– Bom, eu já vou indo, obrigada por tudo.
– Não foi nada, apareça por aqui quando quiser.
– Obrigada.
– Ah, antes que eu me esqueça, estou procurando um apartamento na cidade.
– Ah sim, se precisar de ajudar, eu estou aqui.
– Obrigada.
– Tchau.
– Tchau.
Fora do hotel eu sigo a rua, a caminhada do hotel até academia é bem razoável. Cerca de meia hora depois eu estou parada na frente da academia. O carro do meu pai está parado aqui, mas nem a moto nem o carro do Jason estão.
Entro na academia sorrateiramente, sabendo que a essa altura todos já sabem sobre eu ter fugido de madrugada. As pessoas só me notam quando eu subo as escadas para a porta do escritório. Passo pela porta e dou de cara com meu pai sentado no sofá com as mãos na cabeça, ele está com os olhos fechados e ao seu lado, todos os objetos da minha bolsa estão jogados no sofá com a minha bolsa vazia ao lado.
– O que você pensa que está fazendo !? – digo andando furiosamente para onde minhas coisas estão jogadas.
– LIZZI! – ele grita se levantando.
John tenta me abraçar, mas eu desvio de seu abraço e começo jogar minhas coisas dentro da bolsa.
– Eu fiquei tão preocupado! Onde você esteve ? – não respondo – Elizabete, você sumiu por horas, onde esteve ? – continuo sem responder – Nem eu, nem Jason dormimos desde a hora em que você sumiu! Me diga logo onde você esteve!
– Não te interessa!
Saio pisando duro da sala. Desço as escadas consciente de que John está logo atrás de mim.
– Elizabete, você não pode sair assim!
Viro-me de frente para meu pai.
– Sim, eu posso. Aliás estou saindo de tudo, arrume um novo administrador, você ia ter que arrumar um de qualquer jeito mesmo.
Viro em direção a porta e quase nela, Jason entra na academia. Sua aparência está horrível, ele usa as mesmas roupas de ontem, só que amassadas, sob seus olhos há manchas escuras e ele parece muito cansado. Quando seus olhos pousam em mim, ele corre em minhas direção e segura meus braços analisando meu corpo.
– Onde esteve ? Alguém te machucou ? Por que não ligou ? – ele me bombardeia com perguntas que só servem para me deixar mais irritada.
– Estou perfeitamente bem!
Solto meus braços do aperto de Jason e saio pisando duro para fora da academia, as pessoas pararam para ver o que estava acontecendo e quando saio pela porta elas voltam.
– Filha, deixa eu te explicar! – meu pai sai da academia com Jason logo atrás.
– Explicar o que ? Que você pagou o Jason para fazer toda aquela baboseira ? Não muito obrigada , eu já entendi tudo perfeitamente!
– Princesa, não é is...
– E você hein ?! Achou que isso tudo era o que ? Uma boa brincadeira?
– Brincadeira? Acha que eu estava brincando ? – Jason parece magoado.
Apenas viro de costas e saio andando.
– O que queria que eu fizesse Elizabete? – meu pai grita como se apenas houvesse eu e ele – Você não tem amigos. Não venha me dizer que tem, só tem Sam e nem com ela você fala direito. Fica o dia inteiro nessa droga de academia e a noite vai pra casa. Acha que eu ia deixar você passar seu tempo assim ?
– Ainda bem que você me dá crédito por querer passar os meus dias com você.
Depois dessa frase em meio lágrimas eu volto a andar, nem meu pai, nem Jason dizem mais nada. Ouço os soluços do meu pai enquanto caminho, escondendo os meus. Viro a esquina e desabo no banco na frente de onde o ônibus para. Minutos depois do meu choro incessante o ônibus para e eu entro nele.
Vou parar no mesmo posto em que fiquei no dia que Clary apareceu.
– Lizzi! – diz Mary ao me ver entrando no café.
– Ah, oi Mary.
– Andou chorando de novo ? – ela diz e me acompanha até a mesa – Aquele dia não podemos conversar porque eu tinha coisas pra fazer, mas então, o que houve ?
– Está mesmo disposta a ouvir ?
– Claro que estou, eu ganhei uma super simpatia por você naquele dia, principalmente depois que o cara bonitão veio te buscar – ela dá uma piscadela brincalhona para mim e eu forço um sorriso.
– Então, aconteceu o seguinte...
Conto a Mary sobre tudo, sobre eu estar morrendo, sobre meu pai e Clary, sobre Jason.
– Oh, eu sinto muito – ela diz.
– Tudo bem.
– Não, não, eu realmente sinto muito. Não sabia que tudo isso estava acontecendo com você, achei que só tinha brigado com o boy ou coisa assim.
– Sério, tudo bem. Se importa de me trazer uma água ?
– Não, magina!
Mary se levanta e volta com uma garrafa de água e um copo.
– Por conta da casa.
Passo o resto do dia no café apenas olhando as pessoas entrando em saindo, em alguns momentos Mary disse para eu comer alguma coisa, mas eu não estava com fome. A única coisa que mudou durante o dia foi quando o céu começou a ficar laranja e Jason entrou no café.
Ele olha ao redor e encontra meu olhar.
– O que está fazendo aqui ? – pergunto quando ele para ao lado da mesa onde estou sentada.
– Posso ? – ele aponta para a cadeira na minha frente.
– Não, não pode – mas ele senta mesmo assim – por que perguntou se ia sentar?
– Você está sendo péssima, sabia !? Seu pai só queria que você tivesse amigos, embora eu não entenda a necessidade de arrumar amigos pra você, já que você não está disposta a ter.
– Não venha me dar lição de moral, Jason. Você nem sequer sabe o por que dele fazer isso.
– Então me conta.
Faço uma pausa.
– Não.
– Por que não ?
– Porque eu não quero, isso é coisa minha, não é nada com que eu quero que você brinque.
– Eu não estava brincando.
– Jogando, brincando... não sei, chame como quiser.
– Eu não estava brincando – ele repete – era real, cada palavra.
– Não finja que foi, porque eu sei que não foi. Realmente, foi muito estranho o fato de você, de repente, querer me pedir desculpas de uma maneira especial...- faço outra pausa - quer saber o que é pior ? – ele balança a cabeça negativamente – Eu acreditei em você.
Me levanto da cadeira, e vejo um olhar preocupado de Mary vindo em direção a mim, forço um sorriso e vou em direção a porta, mas antes que eu a alcance o restaurante começa a rodar e eu me seguro em uma cadeira perto de mim.
– Princesa ?
Jason está perto de mim me apoiando, sinto sua mão segurando minha cintura e eu a afasto.
– Estou be...
Desmaio.
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