Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 14
Capítulo 14




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Abro os olhos e vejo que o relógio de cabeceira marca meio dia e meio.

– Ah, bom dia! – diz Clary ao me ver levantar.

– Bom dia.

Meu corpo está dolorido e meu pés estão sujos e com alguns pequenos cortes do asfalto.

– Trouxe umas coisas para você – Clary diz me entregando uma sacola.

Dentro da sacola há roupas, escova de dentes e um sapato, todos com etiquetas.

– Clary, obrigada!

Eu a abraço e ela parece surpresa.

– Não foi nada.

Me solto do abraço e rumo em direção ao banheiro. Tomo um banho gelado e depois coloco as roupas que Clary trouxe para mim: calça jeans azul, camiseta e sapatilhas pretas. Depois de vestida escovo os dentes e saio do banheiro.

– Ah , que bom que as roupas serviram! – diz Clary ao me ver – O que vai querer de café ?

– Nada. Estou sem fome, mas muito obrigada.

– Mas filha, já são meio dia! Vai ficar sem comer nada ?

– Eu como alguma coisa indo pra academia, tenho que buscar minha bolsa que ficou lá.

– Quer que eu vá com você ?

– Não precisa, obrigada, quero ficar um tempinho sozinha.

– Tudo bem.

– Bom, eu já vou indo, obrigada por tudo.

– Não foi nada, apareça por aqui quando quiser.

– Obrigada.

– Ah, antes que eu me esqueça, estou procurando um apartamento na cidade.

– Ah sim, se precisar de ajudar, eu estou aqui.

– Obrigada.

– Tchau.

– Tchau.

Fora do hotel eu sigo a rua, a caminhada do hotel até academia é bem razoável. Cerca de meia hora depois eu estou parada na frente da academia. O carro do meu pai está parado aqui, mas nem a moto nem o carro do Jason estão.

Entro na academia sorrateiramente, sabendo que a essa altura todos já sabem sobre eu ter fugido de madrugada. As pessoas só me notam quando eu subo as escadas para a porta do escritório. Passo pela porta e dou de cara com meu pai sentado no sofá com as mãos na cabeça, ele está com os olhos fechados e ao seu lado, todos os objetos da minha bolsa estão jogados no sofá com a minha bolsa vazia ao lado.

– O que você pensa que está fazendo !? – digo andando furiosamente para onde minhas coisas estão jogadas.

– LIZZI! – ele grita se levantando.

John tenta me abraçar, mas eu desvio de seu abraço e começo jogar minhas coisas dentro da bolsa.

– Eu fiquei tão preocupado! Onde você esteve ? – não respondo – Elizabete, você sumiu por horas, onde esteve ? – continuo sem responder – Nem eu, nem Jason dormimos desde a hora em que você sumiu! Me diga logo onde você esteve!

– Não te interessa!

Saio pisando duro da sala. Desço as escadas consciente de que John está logo atrás de mim.

– Elizabete, você não pode sair assim!

Viro-me de frente para meu pai.

– Sim, eu posso. Aliás estou saindo de tudo, arrume um novo administrador, você ia ter que arrumar um de qualquer jeito mesmo.

Viro em direção a porta e quase nela, Jason entra na academia. Sua aparência está horrível, ele usa as mesmas roupas de ontem, só que amassadas, sob seus olhos há manchas escuras e ele parece muito cansado. Quando seus olhos pousam em mim, ele corre em minhas direção e segura meus braços analisando meu corpo.

– Onde esteve ? Alguém te machucou ? Por que não ligou ? – ele me bombardeia com perguntas que só servem para me deixar mais irritada.

– Estou perfeitamente bem!

Solto meus braços do aperto de Jason e saio pisando duro para fora da academia, as pessoas pararam para ver o que estava acontecendo e quando saio pela porta elas voltam.

– Filha, deixa eu te explicar! – meu pai sai da academia com Jason logo atrás.

– Explicar o que ? Que você pagou o Jason para fazer toda aquela baboseira ? Não muito obrigada , eu já entendi tudo perfeitamente!

– Princesa, não é is...

– E você hein ?! Achou que isso tudo era o que ? Uma boa brincadeira?

– Brincadeira? Acha que eu estava brincando ? – Jason parece magoado.

Apenas viro de costas e saio andando.

– O que queria que eu fizesse Elizabete? – meu pai grita como se apenas houvesse eu e ele – Você não tem amigos. Não venha me dizer que tem, só tem Sam e nem com ela você fala direito. Fica o dia inteiro nessa droga de academia e a noite vai pra casa. Acha que eu ia deixar você passar seu tempo assim ?

– Ainda bem que você me dá crédito por querer passar os meus dias com você.

Depois dessa frase em meio lágrimas eu volto a andar, nem meu pai, nem Jason dizem mais nada. Ouço os soluços do meu pai enquanto caminho, escondendo os meus. Viro a esquina e desabo no banco na frente de onde o ônibus para. Minutos depois do meu choro incessante o ônibus para e eu entro nele.

Vou parar no mesmo posto em que fiquei no dia que Clary apareceu.

– Lizzi! – diz Mary ao me ver entrando no café.

– Ah, oi Mary.

– Andou chorando de novo ? – ela diz e me acompanha até a mesa – Aquele dia não podemos conversar porque eu tinha coisas pra fazer, mas então, o que houve ?

– Está mesmo disposta a ouvir ?

– Claro que estou, eu ganhei uma super simpatia por você naquele dia, principalmente depois que o cara bonitão veio te buscar – ela dá uma piscadela brincalhona para mim e eu forço um sorriso.

– Então, aconteceu o seguinte...

Conto a Mary sobre tudo, sobre eu estar morrendo, sobre meu pai e Clary, sobre Jason.

– Oh, eu sinto muito – ela diz.

– Tudo bem.

– Não, não, eu realmente sinto muito. Não sabia que tudo isso estava acontecendo com você, achei que só tinha brigado com o boy ou coisa assim.

– Sério, tudo bem. Se importa de me trazer uma água ?

– Não, magina!

Mary se levanta e volta com uma garrafa de água e um copo.

– Por conta da casa.

Passo o resto do dia no café apenas olhando as pessoas entrando em saindo, em alguns momentos Mary disse para eu comer alguma coisa, mas eu não estava com fome. A única coisa que mudou durante o dia foi quando o céu começou a ficar laranja e Jason entrou no café.

Ele olha ao redor e encontra meu olhar.

– O que está fazendo aqui ? – pergunto quando ele para ao lado da mesa onde estou sentada.

– Posso ? – ele aponta para a cadeira na minha frente.

– Não, não pode – mas ele senta mesmo assim – por que perguntou se ia sentar?

– Você está sendo péssima, sabia !? Seu pai só queria que você tivesse amigos, embora eu não entenda a necessidade de arrumar amigos pra você, já que você não está disposta a ter.

– Não venha me dar lição de moral, Jason. Você nem sequer sabe o por que dele fazer isso.

– Então me conta.

Faço uma pausa.

– Não.

– Por que não ?

– Porque eu não quero, isso é coisa minha, não é nada com que eu quero que você brinque.

– Eu não estava brincando.

– Jogando, brincando... não sei, chame como quiser.

– Eu não estava brincando – ele repete – era real, cada palavra.

– Não finja que foi, porque eu sei que não foi. Realmente, foi muito estranho o fato de você, de repente, querer me pedir desculpas de uma maneira especial...- faço outra pausa - quer saber o que é pior ? – ele balança a cabeça negativamente – Eu acreditei em você.

Me levanto da cadeira, e vejo um olhar preocupado de Mary vindo em direção a mim, forço um sorriso e vou em direção a porta, mas antes que eu a alcance o restaurante começa a rodar e eu me seguro em uma cadeira perto de mim.

– Princesa ?

Jason está perto de mim me apoiando, sinto sua mão segurando minha cintura e eu a afasto.

– Estou be...

Desmaio.


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