Nunca diga que algo é impossível porque no outro dia tudo pode simplesmente acontecer...

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Narração Bruno - On

Acordei com a cabeça martelando de dor e lembrei-me do sonho que eu tinha tido essa noite, um sonho que estava mais para um pesadelo. Eu já sabia quem era a Fernanda, ou melhor quem ela foi, eu já tinha juntado as peças desse quebra-cabeças, era ela, meu amor de infância, era para ser minha garota, mas o Harry a roubou de mim. Até hoje ainda sinto ciúmes daquele beijo que ela deu nele, ou teria sido ao contrário: o beijo que ele ROUBOU dela, assim como ele ROUBOU ela de mim e ROUBOU minha mãe de mim também!

Ah Droga minha cabeça vai explodir de dor! Queria que ela tivesse me acordado como ela sempre faz... Eu sou um idiota mesmo, estou deixando ele roubar ela de mim mais uma vez!

Suspirei e vaguei meu olhar pelo quarto, Jason não estava na cama dele. O que deu nesse cara para acordar tão cedo assim...

Olhei de relance para o despertador e levantei da cama em uma pulo, droga! acordei muito tarde!

Corri para o banheiro, fiz minha higiene matinal e tomei um banho apressado, troquei a farda e peguei minha mochila, não tive tempo nem de tomar café, eu estava muito atrasado mesmo. Já fazia 20 minutos que a aula tinha começado.

Bati na porta da sala três vezes e o professor de Biologia a abriu. Que merda, hoje é aula de Biologia! Minha pior matéria, esse cara me odeia. Sinceramente o dia já começou ruim, não tem como piorar.

5 minutos depois...

É, esse dia tinha sim como piorar!

Eu sabia que aquele professor me odiava, mas não pensei que ele fosse mesmo me mandar para a diretoria! E aqui estou eu! Sentado de frente para a peituda escutando um sermão para ser mais responsável com horários e blá blá blá.

Eu não queria prestar atenção no que ela estava dizendo porque minha cabeça estava latejando de dor, mas mesmo que eu quisesse prestar atenção não daria certo, eu só conseguia pensar nela... Não gosto de pensar que o Harry poderia ter beijado ela ou até mesmo abraçado ela, não quero perder ela para ele, não de novo.

Eu já a perdi uma vez em um baile, mas agora não se trata de baile e eu não tenho mais 13 anos, eu tenho 17 e desde aquele baile tantas coisas mudaram, eu nunca deixei de pensar nela, nunca. E no dia que eu confirmei meu palpite de ela parecer muito com a "Fernanda de 13 anos" eu me senti tão completo, parecia que ela tinha voltado para a minha vida só por minha causa, confesso que eu achava impossível revê-lá, afinal ela morava em outra cidade! Mas isso só me ensinou que as impossibilidades são imprevisível, nunca diga que algo é impossível porque no outro dia tudo pode simplesmente acontecer...

A peituda terminou o sermão e eu apenas concordei com a cabeça e peguei a autorização para entrar na sala.

Adentrei a sala e sentei no mesmo lugar de sempre, atrás dela. Ela estava tão bonita, os cabelos ondulados, eu gosto quando deixa os cabelos assim e o rosto natural, sem maquiagem.

Ela era linda, sempre foi, desde que ela tinha 13 anos, era perfeita, mas era tão ingênua, ela sempre me contava sobre os sentimentos dela pelos outros garotos, mas ela não pensava que eu poderia ter sentimentos por ela... Eu a amava, e ainda amo, mas ainda sou muito idiota para deixar Harry tomar ela de mim assim, talvez eu deva falar com ela, pedir desculpa ontem, afinal eu sei que a culpa foi minha, eu devia ter confiado nela, assim como eu sei que ela confiava em mim, mas eu tinha medo e é isso que eu sou, um medroso.

Tenho medo de perder ela, tenho medo de perder minha mãe, tenho medo de perder coisas tão importantes da minha vida , coisas que eu amo. Eu sei que a grande culpa de tudo isso é minha, sempre foi. Sou eu quem tem medo de visitar minha mãe e quando chegar lá não encontrar mais, sei que é errado simplesmente abandonar minha mãe desse jeito, mas eu nunca iria suportar a ideia de chegar lá e descobrir que ela morreu, o Harry vai lá todo final de ano e eu vejo como ele sempre volta abatido dessas "viagens" , mas a cara dele é cínica o suficiente para colocar um sorriso falso, ele está sempre tentando conversar comigo sobre a minha mãe, mas eu nunca falo sobre isso com ele, oque eu sinto fica guardado só comigo, a única pessoas com que eu falei sobre os meus sentimentos foi a Fê...

Fechei os olhos fortemente quando uma pontado de dor de cabeça se fez presente.

– Bruno você está bem? - a professora perguntou

– Sim eu... - antes que eu pudesse terminar minha frase outra pontada de dor de cabeça se fez presente e u repeti a ação: fechei os olhos fortemente tentando alivia a dor.

– Bru você está pálido - a voz da Fê se ecoou pelos meus ouvidos, eu me tranquilizei ao ouvir ela me chamar de "Bru" significa que ela não está com raiva né?

– Não se preocupe eu estou bem - falei sentindo a cabeça latejar.

A professora se aproximou de mim colocou a mão sobre a minha testa.

– Você está ardendo de febre, senhorita Collins, você poderia levar ele até a enfermaria? - a professora perguntou á Fernanda e ela assentiu com a cabeça.

Mal eu volto para a sala e já tenho que sair de novo, sinceramente, minhas notas vão cair esse semestre.

– Você está bem? - a Fê perguntou quando estávamos caminhando até a enfermaria.

– Sim eu eu... Fê eu... Bom... Me desculpa? - perguntei e ela me olhou surpresa - Eu fui grosso e não confiei em você... Eu não sei se ele te contou sobre seis anos atrás, eu ia te contar isso ontem, mas eu... - Eu não terminei a frase e outra pontada de dor aparaceu. Mas que droga de dor de cabeça é essa agora!

– Hey, está tudo bem. - ela disse e colocou uma das mãos em meus rosto. Minha pele se arrepiou com o toque e eu sorri, a mão dela é tão delicada - Harry me contou Bruno, me contou tudo - ela disse e meu sorriso se desfez

Ah que ótimo, com certeza Harry a colocou mais contra mim do que nada!

– E oque ele... Bom... Disse... - perguntei

– Tudo, ele me disse tudo, ele não me colocou contra você como eu sei que você deve estar pensando, ele me disse só a verdade. - ela falou e eu a encarei perplexo.

– Eu não sei oque dizer sobre tudo isso... - falei

– Sua mãe porque você... abandonou? -

– Eu nunca abandonei ela, eu penso nela todos os dias, só que eu... -

– Você oque? - ela perguntou acariciando meu rosto com a mão que estava pousada sobre ele.

– Eu tenho medo - falei em um suspiro - Medo de não encontrar ela... Viva - falei e baixei o olhar, repousei minha mão sob a mão dela que estava em meu rosto e ela se aproximou de mim e me abraçou.

– Naquele dia, no baile eu... Eu ia aceitar a sua declaração - ela disse em um sussurro e eu arregalei os olhos.

Todos esses dias pensando nisso... E ela ia aceitar...

– Vem, vamos lá fora - ela disse e eu a segui

Eu ainda precisava dizer muitas coisas para ela, e esse era o momento.

Narração Bruno- Off