Somebody To You escrita por CarolHust


Capítulo 28
O Caso de Levy McGarden. - Uma história de amor.


Notas iniciais do capítulo

Então...
Teve o carnaval, e eu viajei. Voltei ontem.
Pronto. Explicação dada! kkkk
O capítulo eu terminei durante a noite, mas preferi postar agora para não fazer tudo na correria. Eu tenho que começar a fazer um bloquinho de anotações para me lembrar o que colocar nas notas iniciais...Sério, eu sempre esqueço algo O_O.
Antes que eu deixe passar! Alguém está lendo o mangá? Ou assistiu 413 dias? Gente, o que foi aquilo... Não vou dizer nada diretamente para n dar spoiler, mas eu quero muito saber onde Gray e Juvia estão. Provavelmente ela seguiu ele *v*. E eu ainda fico me iludindo imaginando eles viajando e trabalhando juntos. E casados... kkk
Vamos começar pelas desculpas pela demora nas respostas. Eu viajei na quarta, e estava cheia de deveres... Vou fazer isso agora.
Obrigada a todos os que comentaram e especialmente a Lady Aurorus Scarlet, Majuns DiLaurentis e Insanidade, por favoritarem a história. Bem-vindos ( você também, Ashe Ravenstark) ;).

Eu sei que eu disse que esse capítulo ia ser Gruvia, mas fazia mais sentido Gajevy agora. Talvez depois vocês me entendam.
A todos que leram até aqui e para os que gostam de ler ouvindo música: sugiro Love Story de Taylor Swift. O nome do capítulo é por causa da música e de todo o contexto da história que está acorrendo (depois de vocês lerem e descobrirem todo o problema vão compreender). Por que sabe quando você já tinha criado uma situação e uma música simplesmente se encaixa perfeitamente? Foi isso.



Boa leitura .... ;)



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− Levy, tem certeza que está tudo bem? – Jet me perguntou pelo que deveria ser a centésima vez.

Ele e Droy estavam sentados à minha volta, na sala de aula, e passavam o intervalo tentando retirar de mim alguma reação mais animada.

Eu assenti, sorrindo, e deitei minha cabeça sobre a carteira onde me sentava. De perto, podia ver todas as mensagens e desenhos que outros estudantes haviam marcado ali com canetas. Não estava deprimida ou algo do tipo, mas definitivamente estava diferente do normal. Mais tensa, preocupada, um pouco triste.

− Não, você não está.

Droy se levantou, decidido, e tentou me forçar a fazer o mesmo. Eu relutei, até que ele me carregou pelos braços e me colocou de frente para os dois.

− Vamos, você está viajando o tempo todo. Se concentre em algo... – os olhos dele pareciam buscar algo interessante na sala em que estávamos. – Ah! Conte-nos sobre aquele livro mais recente da sua autora favorita! Juliet...

Os dois se encaravam confusos, tentando relembrar do que mesmo estavam falando. Não pude evitar uma risada.

−Marillier?

− Exato! – Jet se animou com a minha reação. – Qual era o nome mesmo?

Rendi-me a eles ao me sentar novamente e começar a contar a história. Desde que toda aquela situação “estranha” ocorrera no meu quarto entre eu e Gajeel, e ele começara a correr de mim como se eu fosse algo perigoso, os dois estiveram lá para me animar.

Jet e Droy ainda não tinham a menor ideia de qual era o meu real dilema: eu nada lhes contara a respeito da minha confissão e de tudo o que a seguiu, muito menos sobre as horas desperdiçadas tentando descobrir sobre o que fora a conversa entre o metaleiro e meu tio. Ainda assim, não duvidava nada de que eles tivessem uma ideia de que o Redfox estivesse envolvido: principalmente quando a cada vez que eu o via passar, meu olhar fosse atraído por ele, e, diferentemente do normal, Gajeel fingisse não me notar e seguisse em frente.

Assim que eu estava chegando ao ponto mais animado do meu discurso, Gajeel irrompeu pela porta, rindo e conversando com sua melhor amiga. O modo como eu curvei a coluna, envergonhada e entristecida, além de suspirar, deu claras pistas claras a meus dois colegas, que imediatamente começaram a resmungar. A situação gerava neles um ódio explicável.

Juvia não demonstrava estar muito a par da situação e tinha muito na cabeça, o que não me deixava com muitas opções além de perguntar diretamente a Gajeel sobre o que queria saber. Só que isso parecia inviável, visto que, assim que eu o encarei, ele parou por alguns segundos perto da entrada, e então exibiu seu novo e constante olhar de... Culpa. Por mais que não houvesse motivos aparentes para que ele tivesse tal sentimento.

“ –Eu... Já fiz muita coisa errada, Baixinha.− Gajeel me dissera uma vez enquanto eu observava ele desligar as luzes e trancar o portão da casa durante a noite.

A conversa tinha começado não lembro-me como, mas eu finalmente tinha juntado a coragem para questioná-lo um pouco a respeito do seu passado. Todos demonstravam estarem interessados na história de Juvia, e no passado comum entre eles. A história dele (só dele), no entanto, ninguém havia buscado saber. Era claro que a situação vivida pela nadadora fora bem mais alarmante quando considerado tudo o que ocorrera, mas eu ainda estava curiosa: Gajeel não podia ter saído da Phantom só por causa dela.

− Como assim? – eu tentei parecer o mais imparcial e desinteressada possível.

Ele deixou de lado o que fazia e se sentou ao meu lado, na escada que levava ao segundo andar da casa.

− Pode-se dizer que... Eu agi como um idiota durante muito tempo. Achava que o que fazia, por mais sem sentido que fosse, não poderia piorar a minha situação. Não importaria. Aquela escola nos dava essa visão de mundo: ‘Se você não é um completo vencedor, então está fadado à derrota. ’.

Ele parou como se tivesse dito tudo o que podia no momento.

−Então... Você saiu?

− Não. – ele riu. – Eu encontrei a Juvia. Ou melhor: ela me encontrou, sei lá. Nós já éramos amigos, mas foi só aí que passamos a... Compartilhar tudo. Não tínhamos a mais ninguém. E dividíamos um ódio profundo pelo diretor. – ele deu de ombros e eu sorri. – Então a coisa meio que deu certo.

− Até que ela saiu. – eu enfatizei e ele se voltou para mim.

− Isso. Eu não tinha mais nenhum motivo para ficar lá, então vim para a Fairy Tail também. Agora, eu quero fazer tudo... Certo. Dentro dos limites estabelecidos.”.

A lembrança veio à minha cabeça antes que eu pudesse controlar. Relembrar de cenas antigas para buscar alguma dica sobre a razão do seu comportamento era algo constante, e me fazia perder parte de conversas e aulas.

− Levy! – Droy balançava seu braço na minha frente.

Eu ergui a cabeça para encará-lo. Seu rosto estava vermelho, e ele perecia cansado de repetir o movimento. Jet, ainda sentando, observava a situação com uma ruga de preocupação na testa.

− Eu não acredito que ele continue te tratando assim... Levy, você precisa desistir de qualquer relação que você tenha com esse garoto.

O ruivo falava com força, arregalando os olhos. Desde que descobrira que Gajeel morava comigo, trabalhava para a minha família e ainda fizera aquela cena no corredor da escola, ele não precisava de muitos motivos para ter raiva do moreno. Eu entendia isso, mas ainda sim... Sentia que havia um motivo importante para Gajeel estar agindo de tal modo. Eles não sabiam tudo o que eu sabia.

− Ele não é para você, Levy... – Droy tentou, inutilmente, disfarçar que imaginava que eu nutrisse sentimentos pelo garoto.

Eu suspirei pesadamente. Estava cansada daquilo.

− Entendam que...

− Levy, é você que não está entendendo! Você não pode permitir...!

Antes que ele pudesse terminar a sentença, eu me levantei fazendo barulho suficiente para chamar a atenção da sala inteira. Em outro momento, no qual minha impaciência e raiva não estivessem tomando conta dos meus pensamentos, eu teria ficado envergonhada.

− Meninos, eu amo vocês, mas... – eles pareciam confusos diante do que eu dissera. – Por favor, calem a boca. Esse problema é meu.

Saí da sala o mais discretamente possível, imaginando se me arrependeria de tê-los tratado de tal modo. Definitivamente teria que pedir desculpas mais tarde. Mas isso podia esperar.

Já outras coisas – eu decidira −, eram bem mais urgentes.

...

Antes que Gajeel Redfox saísse do colégio, marchei em direção ao metrô. Era estranhamente solitária a caminhada, sem nenhum dos meus amigos ou o meu “guarda-costas”.

Normalmente, eu ia e voltava com o grandalhão, em silêncio completo e constrangedor. Eu intencionalmente o despistara na saída da escola. Para fazer o que eu desejava, precisava estar sozinha.

Ele geralmente trancava a porta da casa dos fundos assim que saía, para que ninguém mexesse em suas coisas. Quando estava por perto, havia mais uma barreira para entrar no local. A única pessoa que poderia ter as chaves, exceto ele, era a cozinheira. Se eu mentisse e pedisse-as para “pegar algo que Gajeel me pedira”, talvez tivesse a oportunidade de entrar no recinto e tentar descobrir mais sobre o que estava ocorrendo.

A primeira parte do processo não foi das mais difíceis. Antes mesmo de almoçar ou cumprimentar meus tios, corri para a cozinha e pedi para a velha senhora me entregar as chaves. Não era muito comum que eu lhe pedisse algo em especial, o que a fez levar meu pedido a sério (ainda que não interpretasse a situação corretamente):

− Vai aproveitar para dar uma espiada enquanto ele não está por perto? – ela me atirou o objeto tilintante piscando os olhos, como se fosse minha cúmplice.

Enrubesci imediatamente, entendendo o olhar pervertido dela.

− N-não! Não é isso! – eu negava veemente com a cabeça.

− Tudo bem, Levy. A juventude precisa de diversão...

Antes que eu pudesse contradizê-la novamente, lembrei-me que meu tempo era curto. Aquela era mais uma situação que eu teria que esclarecer mais tarde.

Corri para o quintal, com o coração batendo forte. Nunca tinha feito algo tão... Errado. Isso apenas me fazia pensar nas consequências, em como a protagonista sempre é pega no pior dos momentos fazendo exatamente aquilo que deveria ser mantido em segredo.

− Coragem... – murmurei para mim mesma ao virar a chave e abrir a maçaneta.

Entrei rapidamente, e imediatamente fechei a porta, trancando-a pelo lado de dentro. Esperei alguns segundos até me acalmar. De olhos fechados, a minha impressão do local era a mesma de todas as vezes que anteriormente eu ali entrara.

A verdade, nem um pouco escondida, era que eu tinha receio de saber exatamente o que estava ali. Era a primeira vez, que eu me lembrasse, que já tinha me sentido diferente a respeito de alguém. E não era como uma quedinha. Eu ainda não tinha descoberto a intensidade da minha afeição por ele, mas era forte com certeza. Isso me fazia temer uma rejeição ou um abandono.

Ao abrir os olhos, o que eu vi não foi lá muito diferente disso.

Nos cantos do quarto, pilhas de caixas cheias estavam arrumadas e estrategicamente colocadas. Em cima da cama, no centro do local, estava a mesma mala que eu o vira ir desfazendo desde que chegara ali.

Desesperada, abri seu armário em busca da bagunça habitual. Quase vazio. Até no banheiro existiam poucos objetos: tudo indicava que o que não tinha sido guardado seria utilizado por mais alguns dias e então...

Fiquei paralisada. Ele estava mesmo indo embora. Sem dizer absolutamente nada.

O choque foi tão grande que perdi a noção do tempo. Deitei-me em sua cama, deixando que o cheiro dele me rodeasse. O meu peito doía, e me senti mais imponente do que nunca.

Levy? – uma voz acusatória me chamou quando eu já nem me lembrava de que o quarto era de outra pessoa.

Sentei-me rapidamente, e por instinto me dirigi até a porta, envergonhada por ter invadido o local. Antes mesmo que eu chegasse à conclusão que ele me devia uma explicação, o garoto me parou:

− O que você... Está fazendo aqui? – ele estava vacilante.

O que eu estou fazendo aqui? – ironizei, enquanto me virava lentamente, tremendo. – A pergunta não é essa. V-você... Está indo embora.

Gajeel suspirou pesadamente, como que se rendendo ao inevitável, e largou a mochila no chão. Conduziu-me para uma poltrona, onde me recusei a sentar-me.

− É por isso que eu não queria que você entrasse aqui...

O jeito como ele parecia estar considerando a minha reação um exagero me levou à fúria.

− Para que você pudesse fugir sem que eu notasse? Só por que não tem coragem de recusar uma confissão?!

− Como?!

− Você sabe muito bem do que eu estou falando. Gajeel... Eu entendo que você não queira nada comigo, mas pedir para se demitir para não ter que me dar um fora é demais! Ir pedir para o meu tio...!

Ele colocou uma de suas mãos sobre a minha boca. Novamente, ali estava o olhar culpado.

− Você não entende. Eu não podia simplesmente... Sem o seu tio...

− Diga! Que você não tinha coragem de rejeitar a filha do patrão!

− Eu não estou indo embora por causa disso! Que desgraça! Eu não quero ir embora ou rejeitar você! Eu não “pedi demissão”!

A discussão estava tão acalorada que eu nem dei tanta atenção ao que ele dizia. Não conseguia mais acreditar no que saía daquela boca.

− Então por que está partindo?! O que falou para meu tio para ele te mandar embora?!

Que eu só tenho segundas intenções em relação à sobrinha dele!

Silêncio.

Um longo período foi necessário para que eu processasse o que tinha acabado de ser dito.

Ambos estávamos ofegantes, e Gajeel ficara corado como uma criancinha. No momento de estresse, ele soltara uma informação que não queria.

− M-me explique isso.

O moreno passava as mãos pelos cabelos repetidamente. Daquela vez, decidiu ele mesmo se sentar, enquanto eu fiquei parada à sua frente.

− Quando eu cheguei aqui... Seu tio estabeleceu uma regra clara: nada de envolvimentos amorosos ou qualquer relação muito íntima com você.

Eu levantei as sobrancelhas, achando a exigência não tão inesperada, mas definitivamente exagerada.

− Para mim − ele continuou. –, não havia nenhum problema nisso. Eu queria seguir de acordo com esse pedido, e não seria tão difícil (ou tentador) evitar que isso ocorresse. Quando você ficou com medo de mim, no início, achei até bom. Isso te impediria de desenvolver qualquer esperança de viver um amor com o empregado. E tudo seguiu muito bem. Nós nos tornamos “amigos”, e eu não pensava em nada disso. Bem, tinha algo estranho no modo como eu te via, mas... Isso não vem ao caso. – ele tentou desconversar. – Então, quando eu comecei a perceber o quanto eu me importava com você... Eu não soube como agir. Não sabia exatamente o que aquilo significava. Foi aí que surgiu a ideia de achar um namorado para você. Esperava que assim as coisas se acalmassem.

− Mas aí eu... – murmurei enquanto meu rosto esquentava.

− Exatamente. E foi só nesse momento que eu percebi o que aquilo significava. Eu tinha toda a intenção de te beijar ali, no seu quarto, e depois quebrar seu coração, mostrar que eu não me importava. Mas... Eu não quis.

Ele notou o duplo sentido da frase, se apressando para explicar-se:

− Q-quero dizer! Eu quis muito te beijar, mas não pelo motivo planejado. Não queria tirar suas esperanças, queria alimentá-las. Foi por isso que eu decidi que era a hora de falar com o Sr. McGarden. Eu... Não quero enganar ninguém, Levy. Não poderia fazer isso escondido. Então... Ele pediu para que eu me retirasse do emprego. E é o que eu vou fazer. Depois que eu fosse embora, eu planejava... – ele gesticulou para me fazer entender que viria até mim.

Eu não sabia o que ele esperava. Um grito de alegria, um beijo apaixonado, um choro de tristeza e felicidade misturadas, um abraço de compreensão. Ou talvez nada disso.

Acontece que, eu tenho certeza, a minha reação não foi nenhuma daquelas que ele poderia ter considerado. Eu estava magoada. Claro, lá no fundo, havia um local em que meu interior berrava da alegria por ele ter dado a entender que me amava, mas havia muito mais do que isso na minha mente.

E você esperava que eu ficasse quieta? Sofrendo e esperando você vir me salvar da solidão? – meu tom era cortante. – Gajeel, você podia ter me contado. Sabe, eu estou cansada de todo mundo vir me dizer o que eu devo fazer ou como devo pensar! Até como devo me sentir! Todos dizem: “Levy, aja assim que tudo acabará bem. Espere. Nós vamos te ajudar.”. Eu odeio isso! Não quero ninguém me protegendo como se eu não pudesse aguentar nada! Eu... – pressionei meu dedo indicador sobre o seu peitoral. – Eu achava que você entendia isso. Você não disse que me compreendia?

− Baixinha...

− E ir embora?! Essa não é a melhor solução e muito menos a mais justa! Não é correto você ir embora se não fez nada errado!

Comecei a circular pelo quarto, pisando forte e raciocinando para elaborar bons argumentos. Toda vez que ele tentava dizer algo, eu o impedia.

− Eu vou falar com meu tio.

Virei-me para a direção da saída e encaminhei-me para ela. Gajeel, no entanto, não permitiu que eu completasse meu percurso. O grandalhão me enlaçou e grudou meu corpo no dele, pressionando nossas testas uma na outra.

− Levy, eu aceitei isso. Eu gosto de você. Muito. E acho que esse é o único jeito de ficarmos juntos.

O hálito quente dele vinha em direção ao meu rosto, fazendo com que eu ficasse levemente atordoada. Exatamente o que ele queria.

Quando ele me beijou – sim, ele o fez −, todos os pensamentos e sentimentos de revolta se dissiparam por alguns segundos. Deixei-me levar, enquanto ele me erguia pela cintura e eu passava os dedos entre as mechas dos seus cabelos. Ele sabia exatamente onde e como me tocar, e era muito mais delicado do que no outro dia no meu quarto.

Ainda que igualmente intenso.

Sua aparente experiência no assunto contrastava com a minha falta de jeito. Apenas deixei que ele sugasse meus lábios, beijasse meu rosto e então me pousasse no chão. De volta à realidade.

Quisesse ele ou não, aquilo só aumentara minha determinação. Gajeel notou isso quando ajeitei minha roupa, corada, e lhe direcionei um olhar carinhoso, porém rígido.

− Você. Venha comigo se quiser. – fui até a porta da casa dos fundos, onde ele mal conseguia me ver. – Se tem uma coisa que eu aprendi nos meus “livros idiotas”, é a não desistir até o último momento.

Bati a porta com força só para mostrar-lhe a minha determinação.

...

Só a ação de subir as escadas até o escritório do meu tio foi diminuindo minha empolgação. Comecei a perceber que animação demais apenas causaria desastre. Então a minha ideia de entrada triunfal gritando foi substituída por uma abordagem mais tranquila, em que eu educadamente lhe pediria o que eu desejava e o explicaria a situação.

Esperei na porta por alguns minutos, mas Gajeel não apareceu. Fiquei meio desapontada, mas não deixei que isso me abalasse.

Bati na porta.

− Tio?

A mesma foi aberta lentamente e me deparei com o senhor de meia-idade e com óculos fundo de garrafa. Sua aparência fazia com que a maioria das pessoas duvidasse da sua rigidez quando em relação a namoros e a trabalho. Nesses momentos, ele sabia ser bem mais intimidador que a esposa.

− Pode entrar, Levy.

Eu me posicionei perante a sua escrivaninha, esperando ele terminar de digitar o que parecia ser mais uma de suas pesquisas. Ele copiava algumas anotações, franzindo o cenho. Depois de alguns minutos, desligou a máquina e retirou os óculos.

− Pode dizer.

− Eu quero falar a respeito da...

Duas batidas ressoaram na porta de madeira. Não havendo resposta, o visitante colocou a cabeça para dentro.

− Com licença.

Gajeel entrou, ainda que sem a permissão direta, e se postou ao meu lado. Ele tinha demorado, mas ao menos estava ali.

− Acho que sei muito bem sobre o que vai ser essa conversa. – meu tio levantou-se.

A situação, por si só, já era desconfortável o suficiente para fazer com que eu tivesse vontade de me esconder em algum local. Nunca tinha ouvido de mais alguém que tivera que, minutos após descobrir um sentimento correspondido, ter que exibi-lo a um parente.

− E-eu não acho justo o que o senhor está fazendo. – tentei me manter firme.

− Levy, eu não acho que você esteja entendendo. Em nenhum momento eu fiz algo que não tenha avisado antes. – ele exibiu as mãos, como se mostrasse que estavam limpas.

− Sr. McGarden, eu sinto muito. Sei que prometi algo ao senhor, e sabe muito bem que não cumpri. Mas, ainda assim, gostaríamos...

Gajeel entrelaçou nossos dedos e apertou minha mão com força. Meu tio dirigiu o olhar para nós dois, nos analisando de cima a baixo, e então pareceu chegar a uma conclusão.

− Acho que ele não deve ser demitido.

− E se eu disser que não? Você tem certeza do que está me sugerindo, Levy? – o olhar dele era intimidador.

− Sim, eu tenho. Se eu estiver errada e cometer uma besteira, desculpa. Mas eu... Amo ele e acho que tudo vai dar certo. E se você disser que não... Não sei o que vou fazer ainda, mas definitivamente não vou ficar quieta, aceitando tudo.

Minha fala foi como um teste: eu acreditava em tudo o que dizia, mas esperava, com uma falsa confiança, a sua reação. Nunca fora tão direta e agressiva com ele. Seria sua resposta ela raivosa? Explosiva? Mais uma vez, ele nos encarou de perto, para então me dizer o que eu queria:

− Pois bem. Isso é uma escolha de vocês, por isso terão que aceitar as consequências e as novas regras. – meu coração bateu forte, de felicidade e ansiedade, e notei Gajeel suando frio ao apertar minha mão ainda mais. – Primeiro: a relação de vocês, é claro, vai ser séria. Você não pode magoar minha sobrinha ou fazê-la chorar, senão serei obrigado a demiti-lo de verdade.

Meu tio o encarou de perto, desafiador, ao que Gajeel respondeu concordando com a cabeça.

− Pode deixar.

− Como eu disse, nada de brincadeiras. Eu permito à Levy que ela faça besteiras, mas você não. E como segunda exigência, que fique claro que a relação de vocês não pode empatar ou modificar em nada o seu trabalho. Até terminar sua carga horária, esqueça esse namoro. Sem privilégios, sem mudança de quarto, sem jantares conosco enquanto não for convidado.

A cada ordem dele, nós assentíamos em conjunto. Nem eu nem Gajeel podíamos esconder a felicidade que nos tomava naquele momento.

− Por fim: vão com calma. Se você me desobedecer e for um idiota, vai ter que me encarar não só como patrão, mas como sogro também.

A ameaça pairou no ar por alguns segundos, até que meu tio desatou a rir estranhamente, e o seguimos.

Sem precisarmos falar nada, compartilhamos tudo o que sentíamos com olhares de canto.

...

− Isso é meio estranho, não acha? – Gajeel indagou a mim alguns dias depois.

Nós estávamos sentados em frente à TV, assistindo um dos meus filmes de romance prediletos. Como já havia se tornado natural, eu estava sentada entre as pernas dele – havia espaço para duas de mim ali –, ele me envolvia com seu braço esquerdo e encostava-se no sofá.

− O que, exatamente? – eu engoli uma das últimas pipocas do pacote que fizera mais cedo.

− Está tudo muito... Amoroso. – ele estremeceu. – Água com açúcar.

Eu ri nasalmente.

− E desde quando isso é ruim?

− Você sabe, Baixinha. Eu não sou muito... Acostumado com essas coisas. Tipo... Namoro? Nunca me imaginei nessa situação.

Virei-me para ele, sentando sobre a sua perna esquerda, e chequei se a cozinheira depravada estava por perto. Meus tios estavam viajando novamente, mas depois de presencia-la insistir que não havia nada de errado no meu “hábito de roubar roupas íntimas dos garotos”, evitava qualquer demonstração de afeto na sua frente.

− Mas, sabe... Água com açúcar também pode ser muito bom.

Eu sorri, corada, fazendo-o rir.

− Tipo como? – ele me forçou a ser mais direta.

Un... Tipo assim.

Inclinei-me sobre ele e pressionei nossos lábios. Antes que ele pudesse aprofundar o beijo, eu mesma – pela primeira e última vez na vida – o fiz, nos deixando mais próximos ainda.

Quando o soltei, ele estava com falta de ar, e sorrindo como um idiota.

− Ok. Acho que agora você me convenceu.

Eu gargalhei, escondendo meu rosto no seu pescoço.

− Ah, mais uma coisa, baixinha.

− Diga.

Ele começou a brincar com meu cabelo, e exibiu um misto de seriedade com um sorriso maroto. Podia notar que ele estava preocupado com algo.

− Bem, você sabe como a escola está cheia de problemas... Juvia ia surtar se soubesse sobre a gente.

A menção do nome dela já deixou claro para mim que ele estava pensando no mesmo problema que eles passaram horas discutindo, em outra noite.

− Ao menos por enquanto... Vamos manter isso em segredo. – ele segurou meu rosto próximo ao seu. – Assim é mais gostoso.


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Notas finais do capítulo

Por favor, por favor, por favor.... comentem XD.
Ah, e...
Gajeel é um fofão. (Só para constar). kkkkkk



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