Somebody To You escrita por CarolHust


Capítulo 25
O Caso de Lucy Heartfilia. - Uma prova.


Notas iniciais do capítulo

Eu não morri! Só tive uma pequena crise de criatividade, por isso terminei o capítulo hoje de manhã. Sabem quando você ri, conversa, mas olha para tudo e fica meio: "aff...". Eu estava assim. Não foi o caso, mas eu sou do tipo que vai ao extremo de acordar cedo, com sono e pensar assim: "mas acordar tarde nem ia fazer tanta diferença, pq minha vida é horrível mesmo..." kkkkkk. Não gente, minha vida é ótima.
Boas vindas aos novos leitores, CristalStar (muito obrigada pelos comentários), RainbowGirl, Misaki Mei, Bonnie Wolff e Mel weasley *v* (especialmente aos três últimos por favoritarem/acompanharem). Obrigada pelos comentários de todos. HEHE, passamos de duzentos!
Tenho muito a dizer, mas tenho duas coisas importantes:
1- Dar às boas-vindas à KILL JOYS, que começou a betar a história ;). Não, não vou reescrever nem nada, mas estamos dando uma limpada nos capítulos.
2- É claro que eu tenho que agradecer especialmente a PetersGarcia pela linda recomendação! Surtei aqui hehe. Muito obrigada mesmo. Agora temos três!

Enfim, boa leitura ;)



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Eu tinha um grande problema. E não, não me refiro ao fato de que Levy me ligara informando a sua situação. Ou o fato dela simplesmente não ter conseguido ouvir a conversa entre seu tio e Gajeel – quando ela saíra do quarto, eles já tinham terminado. Ou às frequentes ligações do meu pai, perguntando se eu estava bem, e à pressão das competições. Isso tudo aumentava a tensão, mas não eram o fator principal. Esse, por sua vez, era Natsu.

O Dragneel se mostrava mais lento do que eu jamais pudera imaginar. Fossem abraços, beijos na bochecha ou ligações no meio da noite, ele encarava o meu comportamento como normal. Era verdade que antes da minha mudança de atitude nós já fazíamos tudo isso, ainda que em menor proporção, mas era diferente. Era estranho ele não ter notado nada. Isto é... Uma vez que eu descartava possibilidade de ele ter percebido tudo e simplesmente não estar interessado. Acreditava que ele iria preferir encarar as coisas de frente, e se importasse comigo o suficiente para me dar uma resposta concreta. E a espera me deixava muito inquieta.

− Capitã! – uma das líderes me chamou, tirando-me do meu estado letárgico. – Já terminamos os alongamentos, quer que nós repitamos a terceira dança?

Notei o quanto ela estava cansada. Todos estavam se esforçando demais naquela época.

− Não... Podem descansar e depois montarem a pirâmide para eu dar uma olhada.

Ela correu para junto das outras garotas, do outro lado da quadra, e de lá pude ouvir os gritos de alívio. Eu também me sentia assim – não tinha certeza se aquele descanso fora dado para que eu pudesse relaxar ou porque realmente queria deixa-las respirar.

Entre os treinos, as aulas e os torneios, eu não tinha muito tempo para pensar em como agir. Quase todas as minhas tardes estavam ocupadas com repetições das coreografias para os seguintes jogos de basquete. Sim, na Fairy Tail futebol não era o maior dos destaques, por isso não havia uma equipe de líderes para tal esporte. O time já vencera as estaduais e nacionais algumas vezes, mas não chegavam ao nível profissional das outras modalidades: basquete, natação e artes marciais eram o forte do colégio.

As equipes treinavam muito para isso. O que significava que, querendo nós ou não, todo dia, às quatro da tarde, tínhamos de liberar a quadra de basquete para o time masculino.

− Está na hora! – Gildarts entrou gritando. – Vamos, meninas!

Aff... – reclamaram as garotas enquanto recolhiam nosso material.

Em questão de minutos, já estávamos no vestiário. Algumas tomavam banho e outras se arrumavam em frente ao espelho. Devido à minha confusão interior, eu vinha fugindo de Natsu na maioria das ocasiões. Isso ao menos o faria notar que algo estava estranho, considerando a repentina distância entre nós.

− E nós já estamos saindo há uns dois meses, mas a nossa relação ainda não está clara. Quero dizer, eu achei que fosse mais que amizade, mas ele não diz nem faz nada, eu fico meio confusa...

Minha atenção foi automaticamente atraída pela conversa entre três garotas do terceiro ano. Elas estavam sentadas em um banco logo atrás de mim, e a menor delas, ruiva, contava a sua história. Tentei ser discreta enquanto ouvia o que falavam:

− Por que você não chama ele para sair? – uma delas sugeriu.

Minhas sobrancelhas se ergueram.

− Eu já tentei isso, mas...

− Ele não nota o sentido do seu pedido? Acha que você é só uma amiga carinhosa?

A garota concordou.

− Então você não tem muitas escolhas a não ser arriscar tudo. Pergunte diretamente o que ele quer com você, ou...

Mostre o que você quer. Se ele estiver interessado, vai correr atrás. – uma delas insinuou o que aquilo significava.

Não pude mais ficar sentada em meu lugar. De súbito, me levantei e fui para perto delas, que ficaram surpresas.

− Capitã? – aquela que dividia o seus problemas olhou para mim.

Er... Eu não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. Vocês não acham que isso pode acabar com a relação deles? Digo, eu tenho uma amiga nessa situação, e... Não temos nenhuma comprovação de que isso dá certo. – expus o meu argumento para ser covarde.

− Na verdade, nós temos sim. – uma delas levantou o braço. – A maioria dos meus namoros – os dois – começou com amizade, e, infelizmente, nos dois casos, eu tive de recorrer a isso. E deu certo.

A ruiva ficou mais animada ao ouvir tais palavras. Já eu, meio desesperada. Porque tinha ficado claro para mim que eu podia e tinha que agir radicalmente.

...

Depois de pularem, arremessarem, e saltarem durante quase duas horas, o time de basquete foi aos vestiários. Natsu, como de costume, esperou que a maioria dos garotos fosse embora para ir tomar banho. Normalmente, eu o esperava terminar para que voltássemos juntos para casa (ainda que não vivêssemos perto um do outro), e resolvi que o melhor era aproveitar aquele momento para falar com ele.

O corredor onde eu estava sentada era bastante úmido e mal iluminado. Depois da saída de todos, o ambiente ficava escuro o suficiente para....

− Lucy! Você me deu um susto! – Natsu colocou uma das mãos sobre o seu coração. – Achei que já tivesse ido embora.

− Eu pensei em fazer isso. – respondi antes que ele começasse com as indiretas.

− E... ?

Eu não respondi.

− Lucy, você é a minha melhor amiga, pode me contar o que for. Está claro que tem algo acontecendo. – ele se aproximou e agarrou as pontas dos meus dedos. – Eu vou aceitar.

Suspirei pesadamente. A todo o momento eu considerava desconversar. Talvez não fosse o momento certo, talvez se eu contasse para ele o máximo que fosse acontecer era eu virar assunto de fofoca no colégio.

−Eu não quero que você aceite, eu quero que você... Sinta.

− Como?!

Pendi a respiração e apertei suas mãos o suficiente para elas ficarem brancas.

− Você já beijou alguém?

O garoto me encarou confuso. Era como se ele perguntasse: “era só isso?”. Pigarreou, tentando disfarçar que estava vermelho da cabeça aos pés.

− Sim, mas p-por quê? Não é uma coisa tão importante.

− Quem? – indaguei, me aproximando mais ainda.

Eu estava desviando o assunto do foco, mas, sinceramente, o que eu esperava era um “não”. Era parte do meu problema eu – e toda uma sociedade – vermos Natsu com a mentalidade de uma criança para assuntos como amor.

O rosado coçou a nuca, constrangido.

− Só me diga.

− ...Foi com a Lisanna, quando estávamos no nono ano. Mas foi porque nenhum de nós tinha beijado, e nós perdemos juntos, mas não significou nada. Não teve muita graça já que nós nos víamos como irmãos.

Aposto que para ela teve bastante significado.

Tentei ignorar o sentimento de ciúmes e a compreensão final da tristeza da garota. Naquele momento, eu fiquei irritada com Natsu. Não com ódio, mas sim mais para revoltada. Alguém já estivera exatamente na mesma situação que eu e ele a deixara sofrer. Era como se a história entre eles me avisasse que não iria ser diferente comigo. Eu não era especial.

Odiava esse sentimento. Era esse tipo de sensação que fazia uma pessoa deixar passar as maiores oportunidades de sua vida. Se eu quisesse algo, tinha de lutar para consegui-lo.

− Não significou nada, né? – perguntei.

Ele franziu as sobrancelhas, em estranhamento, e assentiu. De modo algum, esperava pelo que eu fiz a seguir.

Que foi beijá-lo.

Não, não foi nenhum beijo apaixonado de cinema, e sim do tipo mais desajeitado possível. Eu não sabia muito bem o que fazer ou onde colocar minhas mãos, e tentei esconder a vergonha ao fechar os olhos com força e forçar meus lábios nos dele. Minha boca se manteve fechada e eu fiquei sem respirar durante vários segundos.

Eu não sabia que reação esperar dele também. No início ficou surpreso, claro, e tive medo de que ele me empurrasse para longe. Abri um de meus olhos só para fechá-lo novamente, ao notar que ele me encarava, embasbacado. Surpreendi-me quando uma de suas mãos foi para minha cintura e a outra para a base da minha cabeça, onde a pressionou. Ele estava tentando aprofundar o beijo.

Isso me animou e espantou o suficiente para que eu desse um pulinho, parando-o, e me afastasse. Já tinha feito o que pretendia, se eu quisesse ter alguma chance, não podia me deixar levar.

Isso significou alguma coisa? – perguntei ao garoto de olhos arregalados.

Natsu ficou parado, chocado. Nenhum de nós parecia entender a situação completamente, pelos seus próprios motivos.

Vacilante, estendi a ele um cartão de presente antigo, que encontrara em meio a minhas tralhas e guardava na mochila há semanas, esperando o momento certo. Os dizeres “Surpresa: Eu te amo!” brilhavam em um vermelho metálico. Ele pegou-o de minha mão e passou a olhar de mim para o cartão, e então repetir o gesto várias vezes.

Eu não queria ficar mais ali tentando compreender o porquê dele ter ficado tão quieto, vermelho, e ter tentado continuar o beijo. Principalmente o último item. Ignorei totalmente o olhar intenso que ele me lançava e fui embora pisando forte, fingindo que eu esperava que tudo ocorresse exatamente daquele jeito. Como se eu nem estivesse tonta ou com vontade de voltar lá e pedir desculpas.

Porque, depois daquilo, não dava mais para desistir. Se ele quisesse alguma coisa, ele teria que vir buscar.

Talvez porque eu estivesse um pouco cansada de ser a única que insistia naquilo.

...

Gray achou genial e nada precipitado o que eu fizera. A minha escolha por me declarar, demonstrar o que eu sentia e provocá-lo o deixara impressionado.

− Mas... E agora? – perguntei.

O Fullbuster estava sentado na bancada da minha cozinha, comendo um dos meus últimos pacotes de biscoito recheado. Já tinha percebido, há muito tempo, que um dos motivos dele me visitar de tempos em tempo era para comer alguma das porcarias que eu tinha em casa, coisa que Ur proibia. No momento, nem liguei para o seu lado interesseiro, considerando que eu que o havia chamado.

− Se você queria que ele ficasse mais inquieto do que já é, conseguiu. Nas últimas noites tenho recebido torpedos às duas da manhã, muito obrigada.

− Não há de quê. – me curvei, imitando uma situação formal.

Isso amenizou a seriedade da conversa. Gray me explicou que Natsu estava muito confuso, e, apesar de não ter dito muito sobre o que sentia, não demonstrava querer me dispensar também. Como conclusão, eu agir tinha trazido resultados positivos. Talvez, ao pensar mais em mim, ele percebesse algo que ainda não tinha notado. Tipo um amor à primeira vista que fora confundido com simpatia.

Não depois de muito tempo, o celular de Gray começou a vibrar. O nome de Natsu piscava na tela, e ele me perguntou se eu desejava ouvir a conversa. Não era a mais honesta das coisas a se fazer, mas eu disse que sim. Chamada foi então colocado no modo viva voz, sem que Natsu soubesse.

− Pode falar agora, Olhos Caídos?

− Diga. – Gray respondeu. – É sobre a Lucy, não é?

Pude ouvir um suspiro do outro lado da linha.

− É. Eu não sei o que fazer para demonstrar como eu me sinto sobre o que aconteceu. Eu sempre me senti de certo modo, você sabe. Eu fico tentando deixar pistas, mas... Ela vem me evitando.

− Tipo o que? Que pistas?

− Tipo o papelzinho que eu passei para ela durante a aula de história hoje.

Tentei me lembrar do mesmo.

O com o desenho de uma flor? – sussurrei e Gray riu. – Eu nem sabia que tinha sido ele.

Natsu continuou esperando algum tipo de resposta, e passei a mimicar e balbuciar o que Gray deveria dizer para ele.

− Talvez você possa... Ser um pouco mais emocional do que isso?

− É uma pergunta?

− Não! – apesar de Natsu não poder vê-lo, Gray negou veemente com a cabeça. – Talvez...

Comecei a gesticular feito uma louca para ele.

− Talvez ela só queira uma prova concreta de como você se sente. Algo grande. Sabe como a Lucy é.

Só para constar, as últimas palavras de Gray foram da autoria do garoto, o que me levou a lhe dar alguns tapas. Ainda bem, aquelas palavras só pareceram animar Natsu.

− Acho que tive uma ideia. – rosado disse, para imediatamente depois desligar. – Com certeza eu vou impressioná-la.

Fiquei paralisada. Meu plano de ignorá-lo e força-lo a descobrir e expor seus sentimentos porque não estava tudo bem em continuarmos como estávamos deu certo. Até desisti de bater em Gray tanto quanto tinha planejado.

− Está vendo? Deu certo. Uma vez que você se faz notar por um garoto e depois dá um gelo nele, ele com certeza vai agir de algum modo.

Eu assenti repetidas vezes, até me lembrar de um detalhe.

− Ah, e como assim “Eu sempre me senti de certo modo, você sabe.”? Quer dizer que ele já te contou como se sente?

Que porcaria. – ele notou a situação em que estava.

− Gray...

Ele levantou os braços, se rendendo ao mesmo tempo em que parecia dizer que não tinha culpa.

− Você meio que... Tem sido a queda dele desde o primeiro ano. – arregalei os olhos. – Ele nunca deu essa nomenclatura, mas Natsu meio que sempre se sentiu diferente ao seu redor. De modo carnal, inicialmente. – Gray fez questão de ressaltar. – Não sei se ele não queria entender porque ainda não estava pronto para isso, mas toda vez que eu insinuava que ele poderia estar gostando de você ele negava.

E como você não me conta uma coisa tão importante?!

Ele deu de ombros.

− Simples. Sou amigo dos dois, sou leal aos dois.

Depois disso, eu o chamei de uns nomes bem feios.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? *v*