The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 9
Now I See


Notas iniciais do capítulo

TA, GENTE
OI



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Blaine segurava o rosto de Kurt em suas mãos e apoiava a cabeça desacordada em suas coxas. Não, Kurt não podia passar por tudo aquilo... acordar confuso, e achar um ferimento de bala... não. Simplesmente não podia. Mas seria inevitável, uma vez que seu sangue jorrava para fora do corpo e seus batimentos ficavam gradativamente mais lentos. O moreno estava tentando manter a calma, mas ao ver os lábios do melhor amigo ficando roxos levemente... ele desmoronou.

– Kurt! Não, meu Kurt! – Choramingou Sebastian, só depois ajoelhando na frente de Blaine. – Eu vou beijá-lo. Preciso fazer isso, pelo menos uma vez. – À medida que o menino dos dentes tortos chegava mais perto, Blaine ficava mais nervoso, e tapou gentil e rapidamente a boca de Kurt com a mão ensanguentada. – Por que diabos você fez isso, Blaine?! Que merda!

– Você arruinou minha vida. Não vou deixar que banque o bonzinho no final da vida de Kurt. – Blaine tinha um fluxo mais intenso de lágrimas descendo por suas bochechas. – Você não vale nada, Sebastian, nada! Meu corpo morto vale mais que sua vida. E Kurt... Kurt vale mais que todos nós. Quando essa casa for destruída, ele vai reinar o céu, ele será o maior e mais poderoso anjo de todo o Paraíso. Porque ele sabia que eu estou morto. Ele sabia, e ainda assim pulou na frente de um tiro para que eu não passasse pela mesma dor novamente. E você não faria o mesmo por ele, por mais que eu tenha certeza que ele faria por qualquer um, sendo a pessoa um merda como você ou alguém honroso como, por exemplo, o pai dele. – Blaine contraiu a mandíbula enquanto chorava ainda mais. – Parabéns, Sebastian, você se safou novamente. “Pobre Kurt,” eles dirão. “Se matou para encontrar o melhor amigo...” adivinha só? Eu o amo! O amo de um jeito que você nunca vai saber como é, como é amar tanto uma pessoa que não consegue tirá-la da cabeça, e pensar nela apenas pode mandar embora cada memória ruim, e tudo o que você quer é beijá-la enquanto vocês conversam sobre absolutamente nada num domingo chuvoso... – Blaine disse, e Sebastian parecia chocado. O moreno olhou para a face pálida do melhor amigo. Quando ele levantou o olhar, viu Violet abraçada com Tate e Viven com Ben, além de Larry, Nora e Charles.

– Ele tem razão. – Violet se pronunciou, e Sebastian levou um susto. Tate ainda tinha seus braços em volta dela e a menina ainda chorava. – Vamos- Vamos colocar o corpo dele junto com o meu. – Propôs a menina, e todos concordaram.

– É uma ótima ideia, Violet. Vamos lá. Blaine, você quer ver? – Convidou Viven, e o moreno assentiu. Ela lhe estendeu uma mão, que foi pega com gratidão. – Ben, Tate, Charles, vocês sabem o que fazer com Sebastian. – Os três homens assentiram e carregaram o menino dos dentes tortos para fora da casa, jogando-o o mais longe que podia. Smythe saiu correndo pela rua, recebendo olhares.

– Eu só- eu nunca pensei que fosse ver isso. – Blaine soluçava no ombro de Nora, que afagava seus cabelos suados. Ela segurava um pé de Kurt, enquanto Violet segurava o outro e Viven as mãos. Sua cabeça estava jogada para trás, quase tocando o chão. Blaine não podia ver isso, nem Violet queria rever seu corpo. Os dois subiram e foram conversar.

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Kurt não entendia. Uma hora, ele estava indo para a casa de Blaine, na outra, pulando na frente de um tiro e depois caiu. Só que ele ainda estava caindo, e caindo... até que ele caiu: no sono. Um sono evidentemente pesado e profundo, e ele beijava Blaine e Sebastian dava socos em seu estômago repetidamente. Ele queria vomitar mas não conseguia nem mexer um dedo.

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– Você gostava de cantar, não é? Musicais, essas coisas. – Quis saber Violet, acendendo um cigarro. Blaine assentiu. – Eu sempre gostei de cantar, mas acho que nossos estilos são meio diferentes.

– No momento, não. Eu não tenho forças para pensar em outra coisa. Kurt vai estar tão assustado quando acordar, e confuso. Sozinho na poça do próprio sangue. – Blaine engoliu o nó em sua garganta. – Isso é tudo culpa minha... se eu não tivesse seguido ele até em casa no Halloween... merda, como eu sou idiota! Eu deveria aceitar a porra do esquecimento, mas não. Eu precisava tocá-lo, e beijá-lo. Como Tate resistiu todo aquele tempo? – Violet riu cinicamente. – Eu o quero feliz. Vivo.

– Todos nós queremos, não é mesmo? – Ela lamentou, um sorriso triste nos lábios. – Eu queria ter filhos, e ir para a faculdade. Assim como você, mas eu queria escrever, ser reconhecida...

– Sinto muito.

– Não sinta. Você está na mesma situação que eu, menino. – Ela o lembrou, e Blaine baixou os olhos, tomando um gole de sua água. Violet não havia dito se era ou não culpa dele, então Blaine apenas assumiu que sim.

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Finn achou estranho quando deu dez horas e o jantar de segunda familiar foi servido, e Kurt não estava ali. A família não comentou e comeu a refeição. Às onze, os pais foram para a cama. Finn podia não ser o mais inteligente, mas certamente havia notado a preocupação nos olhos de Burt quando ele lhe abraçou antes de ir dormir.

O menino estava esperando o irmão, e ficou preocupado quando não o encontrou em sua cama depois de meia noite. Ele havia saído do quarto para pegar água e não haviam sinais de Kurt. Determinado, ele colocou uma roupa e foi até a casa de Blaine, com uma faca razoavelmente pequena, caso ele fosse assaltado ou tivesse alguém na casa.

Ele finalmente chegou, ultrapassando as faixas de polícia e abrindo as portas. Finn tapou os ouvidos por causa do rangido alto, mas entrou. Havia uma luz alaranjada de fogo vinda da porta aberta do porão. Ele desceu as escadas sorrateiramente e viu muitas pessoas, todas de preto, ou enroladas em algo preto, e aparentemente tristes. Ele avistou Blaine, com um machucado no pescoço, do lado de um garoto loiro que beijava o topo da cabeça de uma loirinha a seu lado. Havia ainda mais gente, mas depois os olhos castanhos de Finn se focaram em apenas uma coisa.

O corpo de Kurt, nas roupas que o castanho vestia quando saíra de casa, manchadas de sangue principalmente na região do coração. Ele podia ver que todos, sem exceção, estavam de luto para seu caçula. Blaine soluçava fortemente, e todos sentiam pena. Uma mulher loira andava a seu lado, e, no fundo do porão, havia um casal que parecia muito Blaine, só que dividido por dois. Ah, é claro: os pais de Blaine! Sua mãe sorria pscicoticamente e seu pai estava sério, porém assustado.

– Intruso! Vivo! – Gritou uma ruiva, com cabelos flamejantes e uniforme de empregada. Ela usava uma lingerie por baixo no uniforme curto e tinha um espanador em mãos. Finn a ignorou completamente e, quando ele olhou novamente, ela havia se tornado uma velha, que assentira levemente para ele, como se para parabeniza-lo. Dois homens já estavam indo em sua direção.

– Finn? – Blaine perguntou, em um tom de voz elevado. – Parem! Parem, eu conheço ele! – Pediu, e o homem de barba e o loiro que antes estivera com a menina desceram as escadas novamente. – Este é Finn, ele é irmão de Kurt. Finn, por que você está aqui?

– Kurt me contou tudo, relaxa. Bom... eu ainda... eu não sei... ainda não caiu a ficha. Ele não voltou para casa. Eu só- Ele- Ele se matou?

– Não, Finn. Foi Sebastian. Volte aqui amanhã e eu te explicarei tudo. Agora, volte para casa, durma, e cabule a aula amanhã. Kurt vai ter acordado e eu poderei falar com você sobre tudo. Por favor. – Pediu Blaine, olhando o relógio. Ele tinha exatamente seis minutos até que Kurt acordasse (dez horas e vinte e quatro minutos depois da morte, como era para todos daquele local), seis minutos para que o corpo de Kurt fosse colocado junto com o de Violet. Digamos que ter o irmão do castanho confuso ali não seria boa ideia. Pelo menos, não quando Blaine precisaria explicar para Kurt que ele havia morrido.

Finn concordara em voltar para casa, e faltavam menos de um minuto quando a porta foi fechada. Alguns segundos depois, Blaine subiu para o quarto aonde tudo acontecera, e Kurt estava de olhos abertos. Foi ao mesmo tempo um alívio e desesperador ver aquelas maravilhas azuis em sua frente. Kurt não merecia nada daquilo...

– Kurt? – Blaine chamou, baixinho. O castanho começou a se mexer e se sentou, sentindo o sangue seco que endurecera suas roupas. – Kurt, posso entrar?

– Blaine? Blaine! – Kurt chamava, em pânico. Anderson estava imediatamente a seu lado, afagando suas costas. – Blaine, o que houve? Eu- Eu morri? – Perguntou Kurt, histérico. Blaine respirou fundo.

– Sim, Kurt. Me desculpe, isso é tudo minha culpa. Se eu tivesse expulsado aquele babaca daqui... – Blaine se desculpou, beijando a bochecha de Kurt. – Me perdoe, me perdoe... – Kurt estava congelado. Ele estava preso. Dentro da casa. – Eu nunca quis que nada disso acontecesse! – Ele chorava, e Kurt soluçava também, agora. – Eu te amo, Kurt, eu te amo, eu não sei! Eu quero destruir essa merda de casa.

– E-Eu não sei, Blaine. Eu quero meu pai... quero ver minha mãe... – Kurt chorava. – Mas acho que estamos preso. Pelo menos... pelo menos eu tenho você. Eu estou tão assustado, Blaine. Me ajude, por favor.

– Vai passar, shhh, calma. Vai passar, eu prometo. – Assegurou o moreno. Ele não fazia ideia do que falava para Kurt, já que estava possivelmente mais assustado que o próprio.

Em torno de uma e meia da manhã, Kurt acabou pegando no sono no topo de Blaine depois de um banho. Eram quatro e meia quando o castanho acordou de um pesadelo, e Blaine estava com os olhos abertos, ainda. Ele tentava descobrir algum modo de ver Kurt sorrir novamente.

– Blaine? – Kurt chamou, tímido.

– Hmmm?

– Você pode- você pode me beijar? – Kurt perguntou, e Blaine sentou os dois na cama carinhosamente.

– Kurt, tem certeza? Você disse que queria pensar, porá estava confuso. Não que eu não queira! Acredite, eu quero. – Explicou-se Blaine, e Kurt o olhava, atento. – Mas... não quero que você ache que temos que ficar juntos por causa da nossa situação, está bem? Além do mais, isso é tudo muito confuso para nós dois e ainda estamos descobrindo nossos sentimentos em relação ao outro e-

– Deus, Blaine, fique quieto. – Pediu Kurt, e selou seus lábios aos de Blaine, puxando de leve os cachos na nuca do moreno, arrancando-lhe um gemido. Batidas foram ouvidas na parede e um “Quem é barulhento agora, Anderson?” na voz de Violet. Kurt o olhou curiosamente, mas Blaine sacudiu a cabeça sorrindo, e voltou a beijar Kurt.

– Então... – Disse Blaine, um pouco nervoso e sorridente. – Somos namorados?

– Eu... eu não sei. Me diga você.

– Bom, para começar, eu gosto de você. Assumindo que você gosta de mim também... – Kurt assentiu. – ...e nós nos beijamos... e conversamos... acho que sim. Tudo bem por você? Pense bem, Kurt. Eu não quero te forçar em nada.

– E você não está, Blaine. Eu juro, você não está. Desde os quinze anos eu quero isso, quero acordar com você e ir dormir ao seu lado... eu realmente quero isso, eu, Kurt Hummel, de dezessete anos, quero ser seu namorado.

– Eu... eu também quero ser seu namorado.

– Eu tenho que confessar... por mais assustado e triste e as outras milhões de emoções que eu esteja sentindo, você sempre me acalma, Blaine. Você me mantém com os pés no chão. Tenho certeza que isso não vai ser fácil, mas eu não me arrependo. – Kurt disse, trazendo lágrimas aos olhos de Blaine. – Não chore, vamos lá. Se você chorar, eu choro.

– Então acho que você vai ter que chorar. Você é perfeito, Kurt Hummel. Eu te amo. – Kurt ficou parado. – Ah meu Deus, foi muito cedo para isso, não foi? Me desculpe! Podemos fingir que eu não disse isso? Eu juro que-

– Eu também te amo, bobinho! – Disse Kurt, roubando um selinho rápido de Blaine antes de empurrá-lo na cama delicadamente com a ponta dos dedos. Blaine o beijou novamente.

– Eu poderia te beijar até o fim dos tempos e nunca me cansar.

– Eu poderia falar o mesmo de você, Blaine. Muito obrigado por tudo.

– Você está me agradecendo? – Blaine sorriu. – Não fui eu quem levou um tiro por você. – Ele disse, se inclinando para beijar a bochecha de Kurt, mas o castanho virou o rosto e roubou outro beijo de Blaine.

– Vamos dormir, B. Amanhã nós conversamos.

– Está bem, boa noite.

– Eu te amo.

– Eu também te amo. – E assim os dois foram dormir, um nos braços do outro, conseguindo esquecer seus problemas mesmo que por uma noite. Foi a primeira noite que nenhum dos dois teve um pesadelo sequer.


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Notas finais do capítulo

NHOMZI
bexu