The Pain In Between escrita por bia souto


Capítulo 10
Looking For You


Notas iniciais do capítulo

Estou no chão com esse capítulo, apenas.



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Kurt acordou com seu peito doendo, e na cama de Blaine. Ele se assustou, pois não havia dormido em casa e seu pai deveria estar doido atrás dele e- Oh. Kurt lembrou-se do que havia feito, pelo o que havia passado. Seu namorado, Blaine, dormia pacificamente, e o castanho sentira pena de acordá-lo, portanto saiu da cama e desceu as escadas.

– Bom dia, Kurt. Acordou cedo, querido. – Disse Viven, enquanto colocava uma fatia de presunto em seu sanduíche. Kurt checou o relógio que estava na parede da cozinha, marcando seis e quarenta.– Está com fome? Eu fiquei faminta em meus primeiros dias. – Quis saber a mulher, tentando ser amigável. Kurt, contudo, não respondeu e a encarou sem emoções no rosto. – Sente-se, Kurt. – O castanho obedeceu, e puxou uma cadeira na frente do lugar no balcão aonde Viven fazia seu café. – Vai ser difícil e, pelo o que Blaine fala de você, você é muito forte. Eu lembro de saber que eu estava, uhm, morta algumas horas depois. Foi aterrorizante, sabe? Mas temos que tentar passar por cada dia com pelo menos um sorriso. Eu tenho certeza que Blaine vai te ajudar, assim como a maioria dos outros aqui em casa. Nora e Charles, o primeiro casal que morou aqui, ficam mais quietos e no fundo do porão. Hayden não é de muita ajuda, ela tem muita raiva dentro de si e ainda não se livrou do sentimento. Aposto que você nem conheceu ela ainda, não é? – Kurt assentiu. – O casal que morreu aqui antes de mim e Ben vivem brigando. Acho que eles nem estão mais juntos. Enfim, para ter certeza, pergunte à Blaine. Mas pode falar comigo ou Violet ou até Tate à hora que quiser.

– Obrigado, Viven. – Agradeceu o castanho. – Eu contei para meu irmão dessa casa. Ele disse- ele disse que queria vir aqui.

– Oh, ele veio. Ele viu você, Kurt. Antes de colocarmos seu corpo junto do de Violet, nas profundezas da casa. – Kurt estava atônito, sem saber o que pensar. Finn o havia visto ali? Mas... – Ele vai voltar hoje, e Blaine vai falar com ele. Se você quiser vê-lo novamente, pode, está bem? Nós só não queremos que a casa vire uma atração turística ou algo do tipo. – Kurt assentiu. – Então faça certeza de que ele não contará à ninguém.

– E-Eu vou. – Nesse momento, Blaine desceu as escadas e podia ser visto da cozinha. O moreno beijou o topo da cabeça de Kurt e abraçou-o de trás docemente. – Bom dia, B.

– Bom dia, Kurtie. Quer comer alguma coisa? Acho que ainda temos leite e um pouco do cereal, se Beau ainda não comeu tudo. – Blaine ofereceu, e Kurt assentiu entorpecidamente. – Me desculpe, baby, mas você vai ter que usar as palavras. Temos material para sanduíche e cereal e leite, qual você quer? – Vivien observava a interação dos dois e sorria de leve. Ela sentia saudades de quando Ben a tratava assim, como se ela segurasse eu universo e mais um pouco. Todos os dias eram os melhores naquela época...

– Eu acho que vou aceitar cereal com leite, B. Obrigado. – Disse Kurt, as bochechas levemente vermelhas pelo apelido do namorado. – O que vamos fazer hoje?

– Bom, temos que conversar sobre tudo, Kurt. Como Finn sabe, acho que- Oh, Finn veio aqui ontem. – Ele percebeu o olhar do namorado. – Mas parece que você já sabe. De todo o jeito, ele vem aqui hoje e eu tenho que explicar tudo e mais um pouco para seu irmão. Enquanto isso, você pode aprender algumas coisas desse lugar e de você mesmo com Violet, ela é uma ótima professora. – Ao receber nada mais do que silêncio de Kurt, ele continuou: – Kurt, isso não vai ser fácil. Eu não vou mentir para você. Mas eu estou aqui e eu prometo que vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para te ajudar. Eu prometo.

– Eu te amo, Blaine.

– Eu também te amo, Kurt.

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As coisas estavam ficando feias na residência dos Hummels. Carole não mantinha a própria calma, e ela e Burt pareciam que criariam uma cratera no chão de tanto andar nos mesmos poucos centímetros que usavam enquanto falavam no telefone com diversas pessoas de diversos lugares para onde Kurt poderia ter ido. Finn estava desesperado pelos pais, e ainda estava completamente confuso sobre Kurt, era estranho, porque não parecia de ele havia... uh, morrido.

Quando seu despertador tocou, ele levou um susto. Ainda não havia ido dormir e estava sentado na cama, com seu laptop, livros de escola que ele havia usado para fazer as tarefas de casa, seu celular e algumas roupas, mas não era novidade. Ele fechou o site sobre fenômenos sobrenaturais com as pessoas, colocou uma roupa descente e desceu as escadas. Burt estava aparentemente à beira de lágrimas, e Carole já estava chorando nos braços do marido. Finn se controlou e engoliu o nó em sua garganta.

– Bom dia, gente. – Ele disse, e pegou um copo de leite já frio da garrafa térmica que estava em cima da mesa. – Eu- uh- Eu estou atrasado. Então acho que vejo vocês mais tarde. – Os dois adultos apenas assentiram e Finn ajeitou a alça da mochila no ombro, saindo pela porta, mas não para a escola.

Ele virou na esquina ao invés de parar e esperar o ônibus como sempre. Eram sete e vinte, e Finn se apressou em entrar na rua de Blaine, pois aquela era a hora que o ônibus chegava. Ele bateu na porta de madeira coberta com faixas policiais amarelas e pretas, e esperou alguns segundos antes de ver Blaine à porta, ainda de pijamas.

– Finn, entre. Por favor, não faça muito barulho, os ouvidos dos espíritos são extremamente sensíveis nos primeiros momentos. – Pediu Blaine, levantando as faixas que ficavam entre eles para que o cunhado pudesse passar. O grandão se assustou ao ver os destroços da casa à luz do dia, que pareciam muito piores. Ele foi guiado pelo moreno até a cozinha, aonde Kurt estava encolhido. – Kurt, Finn está aqui, amor. – Blaine disse, colocando uma mão no ombro do namorado, e Finn arqueou uma sobrancelha ao apelido, mas decidiu que aquilo não era hora de se fazer perguntas sobre a vida-após-a-morte amorosa de Kurt.

– Finn. – O castanho disse, soltando uma respiração enquanto se lançava desesperadamente nos braços do irmão. – Eu sinto tanta falta de tudo... – Ele balbuciou, e ambos os outros homens sentiram seus corações doerem ao verem Kurt tão frágil e pequeno.

– Burt e Carole estão preocupados, eles já ligaram para todos os lugares possíveis. Eles- Eles não sabem para onde você veio ontem. – Explicou Finn, e Kurt começou a chorar no abraço. – Eu estou confuso, quem é Sebastian? É aquele Sebastian, que Kurt gostava na sétima série? – Kurt assentiu. – Mas... mas... o quê?

– Sebastian veio aqui ontem, a fim de me torturar... ele queria me ver passando pela mesma dor que eu passei quando ele me matou, mas Kurt chegou no final e pulou na frente do tiro... por mim. – Finn estava incrédulo, ele não acreditava. Por que diabos Kurt havia pulado na frente de um tiro por Blaine?! Blaine estava morto!

– Por quê? Kurt, você comeu algum tipo de merda? Blaine está morto, ele não vai voltar! Você deveria ter continuado sua vida, você poderia tê-lo confortado depois, não morrer, Kurt! Merda, você tem noção do tamanho da burrada que você fez? Você está desperdiçando sua vida! – Finn explodiu, e a cabeça de Kurt começou a doer tanto quanto seus ouvidos ao som alto. O castanho se afastou do irmão e tropeçou nos próprios pés enquanto tapava os ouvidos, caindo com tudo no chão. – Kurt! Kurt, ai meu Deus, me desculpe, me desculpe.

– Blaine, fale com ele. – Kurt sussurrou, ainda com a mão nos ouvidos. – Mas Finn, eu quero falar com você novamente antes que você parta. Eu vou me deitar um pouco. – Ele se inclinou um pouco e deu um selinho rápido em Blaine, indo para o quarto. O moreno se sentou e gesticulou para o cunhado fazer o mesmo.

– Então... vocês estão namorando? – Finn perguntou, tentando fazer com que o clima estranho no ar desaparecesse.

– É, estamos. Bom, você terá que falar para Burt o que está acontecendo, mas não pode revelar nada dessa casa, entendeu? O que você vai falar é que Kurt se matou para ficar próximo de mim ou qualquer coisa que você preferir. Nós podemos escrever uma carta e você apenas diz que não achou o corpo ou sei lá. Eles nunca vão achar nada aqui. – Blaine disse, rapidamente. Ele queria acabar logo com tudo aquilo, queria segurar Kurt para o resto da eternidade. Ele não queria que o castanho visse seu pai e Carole chorando nos braços do outro, porque eles certamente iriam procurar pelo filho lá.

– Ok, Blaine. Eu falo com eles. Você acha que Kurt poderia escrever a carta? – O moreno abaixou o olhar. Kurt estava machucado demais para escrever a carta. – Tudo bem, eu volto amanhã. Ou sei lá... eu volto essa semana, ainda. Ainda não caiu a ficha, sabe?

– Eu sei bem como você se sente, Finn. – Kurt disse, reaparecendo do corredor. – Eu... me desculpe. Eu reagi abruptamente demais, e não consegui dormir, então... – Desculpou-se o irmão mais novo, e Finn sorriu de lado.­ – Eu posso escrever a carta. Não ficará pronta hoje, mas com Blaine do meu lado eu consigo. – Ele sorriu docemente para o namorado, que retribuiu o ato, andando até Kurt e beijando sua bochecha.

– Que bom que Blaine está aqui. – Concordou o mais velho, e os dois assentiram. – Então... eu acho que vou para a escola agora. Eu falo que perdi a hora.

– Está bem, cuide-se. – Disse Kurt, mas nenhum dos dois se moveu.

– Eu não quero te deixar.

– Você não vai me deixar, Finn. Eu vou sempre estar no seu coração, aconteça o que acontecer.

– Eu sei, mas... eu vou sentir saudades suas, irmãozinho.

– Idem, grandão. Agora vá, não queremos que você perca a aula tão interessante do Mr. Phil sobre como as mulheres são consumistas. – Brincou Kurt, secando uma lágrima. Finn o abraçou apertado mais uma vez e deu um high five em Blaine, saindo pela porta enquanto secava algumas lágrimas.

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Carole e Burt estavam sentados no sofá da sala, ambos com o telefone nas mãos, olhando para o nada. Tudo doía sem Kurt, tudo perdia o brilho quando Kurt não estava por perto. Naquela noite, Burt havia acordado com um pesadelo que Kurt havia morrido. Mas ele não queria pensar naquilo, por mais que seu coração se sentisse vazio do mesmo jeito que ele sentira quando Elizabeth morrera.

Era estranho, ele sempre pensou que fosse Kurt quem estaria ao seu lado quando ele estivesse bem velhinho, num asilo, ou quem sabe num hospital. Então ele diria: “Eu te amo, filho, cuide bem de Blaine e de meus netos, está bem?” e partiria seu caminho em paz. Mas agora, tudo parecia incerto.

– Nós vamos encontrá-lo, Burt. – Carole assegurou, colocando uma mão gentil no joelho do marido. – Kurt é forte e nos ama, ele voltará para nós.

– A questão é se ele ainda pode voltar, Carole. – Burt sussurrou, secando uma lágrima. – Kurt é meu único filho. Eu não quero perder ele, não quero, Carole. Eu devia ter conversado com ele, devia ter ouvido o lado dele antes de aceitar aquela merda de emprego em Washington. É tudo minha culpa. – Antes que a mulher pudesse protestar, Burt continuou. – Eu me lembro de um dia que ele reclamou disso, ele pediu para que eu não fosse trabalhar em um dia que ele estava doente, aos dez anos, e eu disse que não. Mas quando voltei, ele estava dormindo, e me disse que havia dormido o dia todo. Quando eu perguntei por quê, ele respondeu: “É que como você foi trabalhar, eu fiquei sozinho... e não como mamãe teve que trabalhar hoje em Nova York, fiquei sem ninguém para brincar de chazinho.” Eu o olhei e nós brincamos até de noite, quando ficamos famintos demais para beber chá imaginário... Kurt é uma ótima pessoa. Ele é a pessoa mais pura que você vai conhecer, eu te garanto. – O pai tinha lágrimas escorrendo suas bochechas e ele olhava para uma foto de Kurt e Elizabeth que ele tinha em cima da mesa da televisão. – Ele não machuca uma mosca de propósito. A não ser que seja necessário, é claro. Então ele se torna o ser humano mais corajoso de todos, e enfrenta os próprios medos com a cabeça erguida. Eu não sei o que seria de mim sem Kurt...

– Finn chega da escola em algumas horas, que tal descansarmos um pouco até lá? Tenho certeza que ele terá notícias de Kurt.

– Parece ótimo. – Concordou o mais velho, e o casal subiu as escadas e deitaram-se na cama, mas nenhum dos dois dormiu bem, pois a esperança que tinham havia acabado.


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Notas finais do capítulo

Burt, tadinho D:
Beijos fjlksdjf