Hikari Hyouga P.O.V.

Não sei bem ou como tudo aconteceu.
Só lembro de me distrair com aquela garota e quando ver já ter um tipo de sonífero no meu rosto.
Eu desmaiei.
Acordei com uns barulhos de pessoas discutindo. Eu estava nervosa, muito nervosa. Nervosa porque o idiota do Hiroto havia me trazido para lá e fugido, nervosa porque tinha que ser justo comigo e principalmente porque eu estava sozinha em um quarto escuro.
Tateei a parede em busca de alguma lâmpada que me ajudasse a ver onde estava, nada. Tentei empurrar porta e nada. Procurei mais uma vez por algo para acender a luz e encontrei um interruptor escondido. Onde é que eu estava?
Assim que a luz acendeu, a sala toda se iluminou mostrando um tipo de ambiente completamente diferente do que eu imaginava. Várias fitas, detalhes e quadros coloriam o quarto que tinha suas paredes azuis, atrás de mim haviam roupas de todos os tipos, principalmente de cor escura, fiquei tão distraída olhando as coisas que quando me virei notei um espelho que cobria toda aquela parte da parede e só então notei os meus trajes!
Um vestido curto da cor preta e diga-se de passagem, bem decotado era o que eu vestia agora. Na parte de trás, ele vinha com um rabo de mentira... Rabo de mentira! ARGH. Eu usava umas botas pretas fofinhas que vinham até o joelho, a única coisa que me fazia ficar um pouco contente era o fato de que eu ainda continuava de toca, não era a minha, era uma preta com orelhinhas.
Mas o que eu estava dizendo?
AQUILO era completamente idiota. Eu parecia um urso! Quem havia me vestido? Onde eu estava? Quem fora o maldito que me colocara naquele estado?
Então meu sangue ferveu e eu não hesitei em derrubar aquela porta. Sai correndo me dando de frente com um palco, ninguém pareceu me notar a príncipio e isso me enloqueceu! Por mais envergonhada que eu tivesse, eu queria as minhas roupas! Eu exigia os meus direitos!

Aisaka Taiga P.O.V.

Eu não sabia se ficava feliz por Shine está bem ou chocada pela forma que ela estava vestida.
Por Hiroto ser tão boca aberta, quase que foi acertado por um microfone que a Shine atirou nele, Emiko estava mordendo o lábio freneticamente o que me fez pensar que ela estava se segurando para não rir da cena, Yumi não disfarçava, estava rindo de tudo. Maya estava distraída encarando a decoração da sala de música e Tanabe, estava discutindo com a garota da sua frente, Stéfanni.
E eu? Estava só vendo tudo de longe, prendendo o riso.
—Eu nunca fiz nada do tipo. — Tanabe disse com certa agressividade. — Eu sempre me esforcei para ser a melhor guitarrista de todas, não foi minha culpa o clube falir e caso você não saiba, eu fiz de tudo para ele ser reestabelecido.
Stéfanni riu:
—Não foi isso que eu ouvi.
—Talvez você tenha ouvido errado, porque crianças tendem a inventar coisas, não é? — O rosto de Stéfanni ferveu. Tanabe Nara sabia com certeza como comprar uma briga.
—Você pode ter sido a melhor guitarrista da escola, mas isso não significa que não foi sua culpa o fim do clube! Porque você ser a melhor guitarrista da escola foi o que estragou tudo. — Tanabe franziu as sobrancelhas. —Todos saiam do grupo porque se consideravam as suas sombras, por mais esforços que fizessem nunca iam se igualar a você, essa é a verdade. Mas ainda bem que você saiu, porque assim todos voltaram, claro, com a minha ajuda.
Tanabe recuou um pouco, mesmo que tenha sido quase imperceptível:
— E você acha que esse é o melhor jeito de conseguir pessoas para o clube? — Tanabe girou o dedo em volta da sala. — Forçando as pessoas e deixando o clube com mal reputação, desculpe, mas eu não chamo isso de conseguir jogadoras justamente.
Nossa! Tanabe sabia mesmo como usar argumentos, talvez fosse por causa da aula de debate...
Para falar a verdade, eu não estava absolutamente nada, nadinha do que acontecia ali.
Era tãããão ruim ser a novata.
— Dá para prestar atenção em mim, por favor? — Shine gritou interrompendo a briga das duas. — Eu quero as minhas roupas!
—Não posso dar as suas roupas a menos que aceite o desafio. — Stéfanni respondeu sorrindo. Como ela poderia sorrir falando tal coisa? Eu não entendo mesma as pessoas.
— Que desafio? — Shine arqueou uma das sobracelhas.
—Terá que cantar contra mim, se ganhar receberá suas roupas e poderá ir embora, se perder terá que ficar aqui no clube. — Esperei que ela dissesse algo depois dizendo que era brincadeira, mas seus olhos eram sinceros. Ela realmente faria isso?
— Mas... Eu não sei cantar. — Shine baixou os olhos.
—Então é assim que você consegue pessoas para o clube? — Tanabe disse furiosa, seus lábios e punhos estavam cerrados, porque ela se importava tanto com o clube? — Você está desmoralizando a imagem do clube, isso é tão infantil da sua parte! Eu irei participar.
—Não, você não vai.
—Ah, está com medo? — Tanabe desafiou Stéfanni.
—Não! — Ela retrucou imediatamente. — Então vamos, se você perder, todos terão que fazer parte do clube. — Ela encarou Tanabe com certo desprezo. — Menos você, é claro. Você não me interessa.
— Pelo o que vejo, é recíproco.
Elas lançaram olhares desafiadores uma para a outra e depois foram em direção ao palco, Tanabe seria a primeira. Sentamos em um banco: Eu, Yumi, Maya, Emiko, Hiroto e Shine. A última ainda continuava emburrada pelos seus trajes.
Tanabe Nara era muito boa! Apesar de doer os meus ouvidos pelo volume e por não estar acostumada, ela tocava e cantava muito bem e parecia gostar do que fazia.
As portas se abriram impedindo que Tanabe continuasse, um garoto dos cabelos azuis longos e presos, entrou dentro da sala e ao ver as pessoas que tinham lá, seu rosto enpalideceu, principalmente quando seus olhos se voltaram a Tanabe.
— V-você?

Ichirota Kazemaru P.O.V.

Meu rosto enpalideceu.
Ela não podia estar ali, não, não podia.
Desde que ela me dera aquela notícia, a notícia que não permaneceria mais no clube, nunca mais voltamos a nos encontrar. Primeiro eu havia a ignorado por achar que ela tinha abandonado tudo, mas depois entendi que não fora a culpa dela. De alguma forma, ela se sentia culpada pelo o que acontecera com o clube.
Tanabe Nara.
Só de dizer seu nome, eu já ficava diferente. A única garota, e pessoa, que me fazia ficar vermelho e gaguejar.
— O que está acontecendo aqui? — Perguntei tentando não encontrar seus olhos mais uma vez e me concetrando no que realmente estava acontecendo ali, um grupo de alunos estavam sentados no banco, fazia tempo que eu não via aquilo...
—Digamos que essa garota. — Tanabe disse séria, mas sem olhar nos meus olhos. Na verdade eu não sabia, já que fitava a janela atrás dela, mas eu sabia que ela estava apontando para Stéffani D' arc, a garota que se responsabilizara a conseguir mais pessoas para o clube e de certa forma, dava certo. Apesar de eu não fazer ideia de como. — Está se aproveitando da boa vontade e ingenuidade das pessoas, ela faz as pessoas virem aqui, para depois forçá-las a batalharem contra ela, o que já é certo de quem é a vitória, já que ela tem muito mais experiência que eles. —Me tentei a encará-la, pelo seu olhar, ela estava furiosa. —E então ela os força a entrarem para o clube, faz ideia da reputação que tem esse clube agora, Ichirota Kazemaru?
Se eu já estava pálido, fiquei mais ainda. E meu rosto ficou parecendo uma pimenta, porque ela me encarava, mas me limitei apenas a encarar Stéffani:
— Isso é verdade?
Pelo seu rosto vermelho e sua respiração inquieta, eu poderia apostar que iria receber um 'sim', mas ela não respondeu:
— Por que nunca me contou que esse era o seu jeito de conseguir reeguer o clube? — Repeti o que ela havia me dito e ela abaixou mais a cabeça. — Faz ideia do quanto isso é sério? Se denunciarem o clube pode fechar! Fechar! —Ela ergueu a cabeça aflita.
— Não era isso o que eu queria...
—Mas foi o que você conseguiu.

Kiyama Hiroto P.O.V.

Enquanto todos encaravam assustados a discussão daqueles três, eu olhava discaradamente para Shine, que se retorcia desconfortável com aquela roupa:
— Quer trocar? — Perguntei e ela me encarou confusa. — A roupa. Quer trocar? Ninguém vai perceber se sairmos daqui.
Ela sorriu:
— Essa roupa está me matando, nem precisa falar duas vezes.
Levantamos e fomos caminhando sorrateramente em direção a uma porta no fundo daquela sala, ninguém nos notou. A sala era enorme, havia ínumeros equipamentos de música espalhados por ela, espelhos pequenos haviam em toda extremidade da sala, uma mesa de escritório se encontrava no canto e havia algumas roupas espalhadas:
— Rápido! — Shine me empurrou. — Temos que ir, antes que nos descubram!
— E por onde começamos?
Ela olhou em volta atordoada:
—Essas roupas jogadas no chão. — Ela suspirou. — São muitas, mas tenho quase certeza que está entre elas.
Assenti e logo nos separamos, em busca da roupa da Shine! (Isso soa tão pervertido)
Achamos a roupa dela, escondida entre várias, ela me encarou sem eu entender o por quê e disse irritada:
—Já passamos por essa situação embaraçosa duas vezes, você poderia por favor, pelo menos dessa vez, agir certo? — Eu virei a cabeça confuso. Ela ergueu a roupa, eu continuei sem entender, ela mexeu ela, eu fiz menção de pensar.
— Ah sim, você... — Quer trocar de roupa, foi o que eu quis dizer, mas ela não deixou, me expulsando da sala. — Tarde demais.

Aisaka Taiga P.O.V.

Todos estavam confusos, até a determinada, Stéfanni D' Arc.
Depois de muito pestenejar, ameaças, suplícas e arrependimentos, eu entendi realmente o que tinha acontecido.
Aparentemente, à algum tempo atrás, Tanabe Nara participava do clube de música. Ela era a guitarrista e vocalista mais talentosa de todo o clube e sempre se apresentava em festas ao lado de Ichirota Kazemaru, o baterista que também era muito talentoso.
As coisas foram ficando complicadas quando os participantes do clube começaram a sair aos poucos, cada um. Tanabe e Kazemaru tentaram e fizeram de tudo para conseguir restabelecer o clube, mas era tarde demais.
Alguns boatos começaram a se espalhar pela escola, como os que a Stéfanni ouviu e foram parar nos ouvidos de Tanabe, que no estado que estava, se sentiu extremamente culpada pelo fim do clube e então ela desistiu.
Ela desistiu.
Stéfanni retornou logo depois, não a culpo por odiar a Nara. Ela nunca teve a oportunidade de conhecê-la pessoalmente e o que sabia dela, eram boatos. Boatos extremamente ruins e crueis.
E foi assim que a confusão começou. Stéfanni acabou bolando toda aquela ideia maluca, de roubar as roupas dos alunos e fazê-los batalhar contra elas. Desesperador, foi o que ela havia dito.

Era tããão bom saber de tudo.

— Me desculpem. — Stéfanni repetiu mais uma vez.
—Está tudo bem. — Nara sorriu. — O que acha de tomarmos um sorvete?
Todos assentimos animados, um sorvete não era nada mal depois daquele dia tribulante:
— Hey, esperem por nós! — Shine gritou enquanto puxava Hiroto pelas mãos, que parecia quase fora de área. Eles são amigos... Estranhos.