— Então o plano é o seguinte... — Aisaka repassou mais uma vez, girando a cabeça para ver se todas estavam prestando atenção no que dizia.
Por sorte do destino, foi o que Emiko disse animada, elas ficariam sem aulas pelo o resto do dia, já que acontecera um imprevisto na secretaria e os alunos poderiam ficar livres para se interagir com seus devidos clubes, o que significava que elas ganhavam mais tempo para fazer o que queriam:
— Iremos nos dividir... — Shine continuou e encarou a garota do seu lado, Maya.
— E procurar por... — A outra lançou um olhar significativo para próxima, Yumi.
— Novas jogadoras para o time e blablá! — Yamazaki disse revirando os olhos, fazendo todas bufarem irritadas.
— Você quebrou a ordem, idiota. — Murmurou Emiko irritada.
— Eu só estou cansada. Estamos perdendo tempo aqui e tá na cara que todas nós já decoramos o que temos que fazer... A menos que a Aisaka queira que fiquemos igual a ela, repetindo sem parar as coisas! — Yumi disse imitando mais uma vez os olhos brilhantes da garota das orbes castanhas, fazendo a outra rolar os olhos.
— Eu não sou toda assim. — Aisaka retrucou emburrada.
— Agora que estamos perdendo tempo. — Maya interrompeu, cruzando os braços. — Já que todas sabemos o plano, temos que colocá-lo em ação agora. — Ela se levantou andando até a porta, se abaixando para calçar suas sapatilhas. — Como vamos nos dividir?
— Se fizessemos em par, uma ficaria sozinha, — Falou Aisaka pensativa. — então...
— Podem deixar, eu vou ir sozinha.
Todas encararam Shine, que apenas deu um sorriso para dizer a todas que ia ficar tudo bem. Ficou decidido então que Shine iria sozinha, Maya iria com Emiko e Aisaka com Yumi. Essa última dupla não foi aceita de cara, já que Yumi reclamava que iria ter que ver os micos que sua companheira de dupla pagaria e a outra reclamava que sua parceira era muito rígida. Porém assim que Maya perguntou se elas gostariam de trocar, nenhuma deu o braço a torcer.
Então todas saíram em direções opostas...

Emiko Ominae P.O.V.

Maya e eu seguimos a direção contrária a das outras.
Enquanto Shine ficaria com o 3º andar, que ficavam os clubes de musíca e jogos — para nerds—, Aisaka e Yumi ficariam com o 2º e eu e Maya, com o mais calmo, o 1º.
Não que eu não estivesse feliz por isso, eu só me sentia brava porque de todos os lugares que eu teria que ficar, seria perto dele... Sacudi a cabeça.
'Não tem que pensar nele agora, lembra do que você prometeu a si mesma? Esqueça aquela noite em que vocês...'
— Ominae? — Maya me chamou com aquele tom de 'Planeta Terra, chamando', me fazendo levantar os olhos. — Não precisa se sentir envergonhada, todos temos nossas fraquezas.
— C- como você descobriu s-sobre nós... — Perguntei desesperada. Eu estava tão na cara assim? Será que ela tinha descoberto sobre o meu segredo? Oh, não... Mas antes que eu pudesse continuar, notei seus olhos ficarem mais confusos a cada palavra que eu soltava. — Ohoh, do que você estava falando mesmo?
Ela riu e eu ri também para aliviar a tensão. Senti meu rosto corar de leve, quase que eu contara a ela TUDO! Mas talvez não fosse tão ruim, talvez quando as meninas soubessem, combinariam de fazê-lo sofrer...
Okay, definitivamente, eu não estou bem.
— Ah, é que vamos entrar nesse clube aqui e você me pareceu tão envergonhada. Se tiver algum medo desse clube, não precisa esconder, okay? — Assenti confusa e levantei meus olhos para a placa que indicava o nome do grupo em letrar graúdas 'CLUBE DE JARDINAGEM'.
Eu? Medo do Clube de Jardinagem?
Definitivamente. Agora eu tinha certeza, que estava ficando louca.

Aisaka P.O.V.

Depois de cometer vários micos, como Yumi chamara, finalmente estavámos andando calmamente pelos corredores. Não entendia o por quê de sua implicância. Sua primeira implicância foi quando entramos no Clube de Boxer e eu acidentalmente, na tentativa de chamar a atenção das jogadoras que praticavam, atirei o boneco de borracha que elas socavam em cima delas e fomos expulsas à socos.
Isso não é tããão ruim, não é?
E outro acontecimento, mesmo Yumi dizendo que era impossível haver alguém interessado naquele clube, consegui convencê-la a ir comigo no clube de Xadrex. Quem sabe, não é? Mas mal entramos e disseram que se quisessémos continuar lá dentro, teríamos que jogar uma partida de xadrex. Eu menti para a Yumi dizendo que sabia jogar e durante o jogo, derrubei todo o tabuleiro no chão achando que aquilo era um campo de futebol.
Fomos expulsas de novo. Por minha causa.
— Desculpa. — Disse envergonhada, Yumi me encarou por alguns minutos e depois revirou os olhos.
—Já deveria saber que essas coisas iriam acontecer, — Ela suspirou. — parece que chega por hoje.
Olhei ao redor. Terminar sem nenhum jogador? Isso era tão... Triste.
— ah, não. — Murmurei ofendida. — Ainda temos aquele clube.
Apontei e Yumi me encarou sem acreditar, antes de dizer o nome dele, sem saber se ria ou se me batia:
— Fala sério... Clube de debate?

Hikari Hyouga P.O.V.

Espero que as meninas não tenham entendido errado quando disse que queria ficar sozinha, mas é que... Ainda não me acostumei com a ideia de ter amigas, depois de tudo que passei.
Já deveria fazer meia hora que eu rondava o 3º andar e nenhuma jogadora interessada. Sempre que eu falava sobre o time de futebol, elas me olhavam com medo e depois me perguntavam se eu estava ficando louca, o que me fez pensar em ficar louca de verdade na frente delas.
Quando estava cogitando a ideia de desistir, senti alguém colocar a mão em volta dos meus olhos, o que eu ODEIO e como reação, o empurrei longe:
— Já pensou em fazer aulas de luta? — Me deparei com o idiota do Hiroto, amaciando a cabeça que batera na parede.
— Você por acaso é um fantasminha, para aparecer do nada? Poderia ter feito coisa pior... — Ele riu, me interrompendo de continuar. — Qual é a graça?
— Eu só não entendo porque você só não é gentil comigo. — Eu o encarei confusa e ele levantou as mãos em rendição. — Esquece! O que está fazendo aqui, não deveria estar treinando?
— Sabe mãããe, — Fiz questão de enfatizar a palavra. — nos dividimos para procurar jogadores.
— E já achou alguém? — Era engraçado o fato de ele ignorar todas as minhas provocações com tal facilidade.
— Ninguém, faz ideia de alguma pessoa que esteja interessada para entrar no time? — Ele fez menção de pensar. — Uma garota que seja raivosa, fria, brava e que esteja disposta a se arriscar... Metade dos alunos do clube de música.
O encarei assustada, mas pelo o seu olhar não era brincadeira. Era minha única chance. Engoli em seco.
Era tudo ou nada.

Tanabe Nara P.O.V.

Estavámos em mais uma das discussões do grupo de debate, eu por minha vez já estava cansada de discutir tanto. Era uma das principais representantes do clube e apesar de gostar tanto daquilo, as vezes sentia que aquele não era o meu lugar...
Era como quando antes tocava como guitarrista na escola. Eu era popular, tinha muitos amigos, mas apesar de tudo isso, sentia que aquele não era meu lugar. Mas eu já não podia mais ficar trocando sempre de lugar... E se na verdade, meu lugar não fosse lugar nenhum? Eu passaria a vida toda me deslocando?
Respirei fundo e prestei atenção nos argumentos do garoto que competia comigo, eram inuteis e eu saberia derrubá-los fácil, mas tudo foi interrompido quando duas garotas entraram dentro da sala fazendo todos os olhares caírem sobre elas. Uma de cabelos cor-de-mel empurrava a outra contra sua vontade, mas parecia que só reparou que havia conseguido entrar, tarde demais.
— Oi. — Foi o que ela disse, provocando múrmurios de todos da sala como 'Ela para nossa discussão para dar um oi?' ou 'Quem ela pensa que é?'. Eu reconheci uma delas por ser da mesma sala que eu, Yumi.
— O que fazem aqui? Querem assistir o nosso debate? — A que eu não sabia seu nome assentiu confusa e veio caminhando até a mesa para se sentar onde eu apontara. Yumi a acompanhava, mas batia com frequência a mão na testa.
— Oh, vocês tem uma bola de futebol! — A garota das orbes castanhas exclamou animada. Ao ver a bola de futebol seus olhos brilharam e por algum motivo me fez lembrar quando peguei uma guitarra pela primeira vez, a sastifação de poder desembrulhá-la, a felicidade de poder tocá-la... Mas isso foi em vão, porque descobri que aquele não era o meu lugar.
— Ganhamos na nossa última competição com outras coisas. — Ela começou a brincar com a bola fazendo embaixadinhas sem ao menos perguntar, o que rendou mais múrmurios. Yumi deu uma cotovelada de leve nela com a esperança que a fizesse parar, mas a mesma perdeu o equílibro e caiu em um monte de caixas, fazendo a bola voar em direção ao nosso troféu do mês passado.
Um grande troféu cheio de detalhes que brilhavam como o vidro e que se aquela bola encostasse, o quebraria em pedaços. Seria milhares de esforços em vão. Isso não podia ser possível, por mais que eu tivesse indecisa em relação a outras coisas, aquele troféu havia sido conquistado por tanto custo. Tanto trabalho e treinamento duro.
A bola se aproximava do troféu, eu não poderia deixar aquilo acontecer, mas o que fazer?
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Alguém dominou a bola e impediu que o troféu quebrasse.
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Abri meus olhos lentamente e vi com clareza quem tinha pegado a bola. Ela estava deslizando sobre o meu pé, como se eu tivesse feito aquilo um milhão de vezes... Eu a havia pegado? Um sentimento de nostalgia tomou conta do meu corpo, era como eu tivesse voltado ao tempo, quanto tinha só 6 anos.
— O que acha de entrar para um time de futebol? — Olhei para baixo e vi uma garotinha com os olhos brilhantes, a garota das orbes castanhas, a garota dos boatos que eu ouvira, Aisaka Taiga. A dona do folheto que eu pegara no dia anterior no refeitório.

Narrador P.O.V.

Shine seguiu o conselho de Hiroto e entrou dentro da sala do clube de música, mas ao olhar para trás não o viu.

Medroso, fi...

Ela teve que tapar os ouvidos para não ser esmagada pela música que parecia querer explodir todos os seus tímpanos.
Talvez o que Hiroto dissera tivesse um pingo de verdade...
Antes que ela pudesse raciocionar, uma luz invadiu todo aquele lugar e um brilho ensurdecedor surgiu em volta de um corpo feminino... Aquele lugar era cheio de doidos! Quando ela ia dando meia volta, dois garotos apareceram na porta bloqueando sua passagem, permitindo apenas que ouvisse uma voz ao longe:
—Quem entra no paraíso musical, só sairá se virar um de nós.