Aisaka Taiga P.O.V.

Assim que terminei de me arrumar rabisquei mais um dia no calendário, notando que faltavam apenas uma semana e 3 dias para a partida e sorri animada porque já estava chegando o dia em que finalmente mostraríamos à Noboro e seu time nossas qualidades.

Enquanto caminhava em direção à escola, observava com nostalgia tudo o que tinha acontecido. Apesar de ser um pouco tempo, aquelas quase duas semanas tinham sido inesquecíveis me fazendo viver cada minuto intensamente e eu acreditava que essas três semanas acabariam de alguma forma do mesmo jeito que haviam começado.

—Yo Capitã. —Me virei para encontrar Emiko atrás de mim sorrindo divertida. —Você está com um sorriso no rosto? Aconteceu algo no fim de semana?

—Não, só estou lembrando de tudo o que aconteceu durante essas últimas semanas. —Falei e ela me olhou nostálgica assentindo. Voltamos à caminhar agora lado a lado.

—Maya não vinha sempre com você para escola? —Perguntou Emiko e eu sacudi a cabeça.

—Ela sempre passa por aqui mais tarde porque ela que acorda a Yumi para ir para a escola. —Falei e ela riu, olhando para a frente.

Não falamos nada pelo o resto do percurso que se sucedeu, mas ao mesmo tempo aquele silêncio parecia bem confortante. Era muito bom ter amigas. Mas uma figura morena me chamou a atenção, me fazendo sorrir por encontrar mais alguém familiar:

—Hey Gouenji... —Chamei-o acenando, mas assim que nossos olhares se encontraram, ele virou a cabeça e continuou a andar. Me virei para Emiko confusa, abaixando à minha mão.—Estranho, achei que ele tinha ficado mais amigável depois desse sábado, mas acho que me enganei.

—Gouenji sabe ser legal às vezes, mesmo que isso seja raro. —Emiko se manifestou sem me olhar, com os olhos presos no local onde Gouenji estivera á alguns segundos atrás. Sorri, colocando as mãos na cintura.

—Você realmente gosta dele, não é? —Perguntei e a vi corar na mesma hora, me fazendo perguntar o que tinha falado de errado. Voltei à andar, prosseguindo. —Você é uma boa amiga, defende ele de todos.

—Ah, sim, uma amiga. —Ela falou suspirando aliviada e voltando a andar mais rápido, dando um ponto final ao nosso assunto. Consegui alcançá-la e ficamos o resto do percurso conversando sobre coisas idiotas e normais, sem falar mais sobre aquilo.

Akie Kaori P.O.V.

Os papeis quase faltavam cair das minhas mãos enquanto eu avançava com um pouco de dificuldade pelos os corredores sem tentar ser acertada por algum ser mal-educado correndo, o que já quase acontecera uma vez. Eu estava me sentindo extremamente cansada ultimamente. Kyoko não vinha mais ao clube(e nem a escola, segundo o Fideo) e toda a responsabilidade caíra sobre minhas costas.

—Hey, quer ajuda? —Fubuki apareceu na minha frente apontando para os meus papeis todos bagunçados em minha mão. Ele riu ao receber um pouco dos meus papeis. —Sabe, organização é um ponto fundamental para alguém que trabalha com jornalismo.

Revirei os olhos, prendendo o riso:

—O que alguém tão honroso faz aqui, que não está no pé de uma das minhas amigas, a Taiga? —Perguntei sarcástica, enquanto organizava os papeis na minha mão.

—Ela ainda não chegou, —levantei os olhos para encarar um Fubuki fazendo um grande bico e arquei uma das sobrancelhas, prendendo o riso, fazendo-o ficar vermelho. —Mas isso não quer dizer que eu fique no pé dela, aliás, da onde tirou isso?

—De onde será, em? —Perguntei irônica olhando para a parede, esperando sua reação, mas parei a brincadeira quando vi Hiroto passar desanimado por mim. —Hiroto?

Ele olhou para mim indiferente, respondendo simplesmente:

—Oi.

—Onde está a Shine? —Perguntei curiosa.

—Eu não sei. —Ele deu de ombros, se virando para continuar seu caminho.

Olhei para Fubuki que também parecia tão confuso como eu. Espera, Shine e Hiroto não andando juntos? Não vindo juntos para a escola? Minha mente de jornalista começava a trabalhar naquele momento e não acho que precisava dessa mente para perceber que tinha algo de errado.

XXX

—Aqui está, eu vou para a sala do conselho ali do lado. Se quiser posso te acompanhar até a sala do clube. —Fubuki sugeriu, mas eu neguei com à cabeça. Ele deu de ombros e saiu em direção ao conselho-estudantil. Ele havia mudado bastante desde que certa garota chegara. E isso era bom. Pena que isso não acontecia com todas as pessoas.

Voltei à andar sozinha em direção à sala do clube de jornalismo, mas fui impedida quando senti dois braços fortes agarrarem meu braço direito para dentro de uma sala minúscula, que reconheci por ser a sala do zelador por causa do esfregão que senti no meu cabelo. Já ia começar a gritar quando senti uma mão sobre a minha boca e o ambiente foi iluminado, mostrando o culpado de tudo aquilo. Kyosuke Tsurugi.

—Shhh... —Ele falou baixinho próximo à mim, me fazendo corar. Mordi sua mão me levantando atordoada.

—O que você pensa que está fazendo?

—Eu pedi para não gritar. —Ele falou calmo, me deixando ainda mais indignada.

—E você quer que eu faça o quê? Você quase me matou de susto! —Disse e ele riu baixinho, se levantando também.

—Sempre dramática. —Ele era maior do que eu, por isso sempre ficava com os olhos sobre mim sem tirá-los um segundo. Talvez um ano atrás eu ficasse toda derretida por causa disso, mas atualmente aquilo me incomodava.

—O que você quer? —perguntei ríspida. Se ele achava que só por ter passado todo este tempo sumido eu havia o perdoado, ele estava enganado.

—Vamos lá... Sabe como é, você sempre gostou de jornalismo. Fazia chuva ou sol, você estava lá bolando uma nova matéria e por isso evitava um pouco as pessoas e elas às vezes também te evitavam. —Ele começou eu cruzei os braços, não entendendo onde ele queria chegar. Isso era uma chatice no Tsurugi, ele sempre costumava enrolar bastante antes de ir direto ao ponto como da brincadeira de mal gosto dele e agora. —Por isso eu não me importava muito, sabe como é, garotas assim não são muito atraentes.

—Obrigada pela parte que me toca. —Falei sarcástica evitando olhá-lo nos olhos.

—Não estou dizendo que você não é atraente. —Ele falou e eu podia ver que sorria brincalhão. —Na verdade você é bastante, mas só quando está sem as inúmeras folhas de papel na mão. —Franzi as sobrancelhas. —E você continuou assim até esse ano, quer dizer, até conhecer aquela garota otimista. —Ele fez careta e eu quase quis começar uma discussão dizendo que aquilo não era um defeito da parte da Taiga. —Sabe, esse grupinho de vocês é bem famoso na nossa escola e como você sabe, eu sou bem possessivo com o que é meu.

—E como você já deve saber, eu não sou sua. Não sou sua namorada, então você não tem o direito de querer me dizer essas coisas. —Falei ríspida em aproximando dele indignada. Por que ele era tão insolente? Ele queria me enlouquecer?

—Só estou dizendo, —Ele parecia calmo como sempre. Eu não entendia isso nele. Ele podia estar morrendo de raiva, mas ainda continuava com a mesma personalidade de sempre. Ele se aproximou ainda mais de mim, deixando nossos rostos próximos. —Uma vez minha para sempre é, e isso vale para você, Akie.

E abriu a porta, saindo sem ao menos se despedir. Deixei meu corpo escorregar por conta própria até chegar ao chão e abracei meus próprios joelhos, não entendendo porque meu coração estava tão acelerado. Uma vez minha para sempre é, e isso vale para você, Akie. Kyosuke gostava de me enlouquecer e eu não sei por quê, sempre funcionava comigo.

Hikari Hyouga P.O.V.

Amassei mais uma vez uma folha que eu havia rabiscado e a joguei no lixo, me preparando para rabiscar outra. Estava em aula, mas era impossível me concentrar. Eu simplesmente, não conseguia. Parei a caneta antes de fazer sequer um rabisco naquele papel limpo e juntei minhas mãos, apoiando meu queixo nelas. Rabiscar não iria adiantar de nada. Não iria me ajudar à esquecer o que acontecera entre mim e Hiroto. Eu não iria conseguir entender o que eu tinha feito e muito menos, o que ele queria dizer.

—Hikari!?
Continuei à andar, mas não pude manter o ritmo porque senti alguém tocar meus pulsos, me fazendo virar para trás. Hiroto. Ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração aguçada perto da minha. Eu podia jurar que meu coração estava batendo mais forte que o normal e os seus olhos verdes, pareciam ainda mais reluzentes.
—Me solta! —Gritei irritada, não gostando de toda aquela aproximação. Por que eu tinha que ficar daquele jeito? Ele só estava perto de mim. Isso já tinha acontecido uma vez. Se eu estava com medo? À primeira impressão seria, mas... Não era isso. —Me solta, você está me machucando!
E agora, era ele que não respondia. Engoli em seco. O que ele estava planejando fazer? Tentei soltar do meu pulso, o que naturalmente daria certo antes, mas agora ele parecia estar mais forte. Diferente do que achei que fosse.
—Me diga, Hikari... —Ele começou, soltando um pouco meus pulsos e me encarando com um semblante sério, completamente diferente do Hiroto que eu conhecia. Do qual, eu só havia visto uma vez. Naquele dia do jornal. —Algum dia você já pensou em mim mais do que um amigo?

Ele ainda continuava segurando meus pulsos, mas isso nem me importava mais. Eu estava paralisada, procurando o sentido daquela palavra. Mais que amigos? Se eu já havia o considerado mais do que aquilo? O Hiroto estava fazendo uma brincadeira comigo, não estava? Só podia ser algo assim...

Fiquei apenas encarando seus olhos verdes reluzentes procurando algum vestígio de piadinha ou alguma marca de riso na sua face, mas não encontrei. Ele estava falando sério. Ele estava falando sério! O que eu iria responder?

Senti meu coração começar a bater mais forte quando ele soltou meus pulsos e se afastou se virando na minha direção contrária. Suas mãos pousaram sobre o bolso da sua jaqueta e seus cabelos cobriram totalmente seus olhos.

—Te peguei. —Ele voltou ao Hiroto habitual de sempre, rindo. Mas de alguma forma, aquilo não pareceu convincente. E por mais que eu quisesse bater nele por ele ter feito uma brincadeira idiota (Se aquilo havia sido realmente uma brincadeira), meu psicológico ainda estava abalado com o que ele havia dito. Era normal Hiroto fazer brincadeirinhas, mas eu sempre sabia distinguir e acaba entrando ba brincadeira também. Ele pareceu confuso, se afastando de mim. Sorriu. —Vamos para a sua casa. Que tal um videogame?

Assenti correndo até ele. Sacudi à cabeça, tentando mostrar empolgação:

—Claro!

Mas enquanto eu o acompanhava, eu lembrava do que estava pensando em alguns minutos atrás. Eu sabia quando Hiroto estava brincando pelo jeito que seus olhos ficavam mais claros e ele não parava de rir. Podia estar sendo idiota ou ainda estava abalada, mas eu podia jurar que seus olhos não brilharam na hora e ele não riu, de jeito nenhum.

Amassei mais um papel escondendo no fundo da mesa. Os olhares estavam ficando curiosos e aquilo era a última coisa que eu queria. "Brincadeira, é?", pensei. Hiroto parecia mais distante, apesar de que hoje ele não esperara como sempre. E além de que, tudo parecia mais forçado entre nós.

Eu realmente não conseguia entender o que estava acontecendo.

EndoYuuna P.O.V.

—Hoje vamos treinar na casa do Fideo de novo, não é? —Perguntou Jenny ansiosa e Taiga assentiu.

—Claro. Resta pouco tempo para enfrentarmos o Noboro, por isso temos que estar bem forte até lá. —Ela respondeu, sorrindo de canto.

—Vai ser ótimo, já vamos entrar nas férias de verão como representantes da nossa escola. —Yumi disse convencida.

—Nossa, que pessoa confiante! —Falei surpresa, enquanto mexia nas máquinas para pegar um refrigerante.

—Mas é assim que tem que ser! —Taiga interviu determinada.

—Taiga nunca desiste, não é? —Perguntou Maya sorridente.

—É claro! —Taiga cerrou as mãos, sorrindo. —Eu acredito que sempre podemos nos esforçar um pouquinho mais e é por isso que nunca vou desanimar!

—Meninas, meninas! —A voz de Kaori um pouco atordoada atrapalhou nossa conversa, fazendo nós nos virarmos assustadas, mas ao constarmos um sorriso, ouve um uníssono de suspiros aliviados. Ela respirou fundo, sentando ao nosso lado. —Eu tenho uma notícia para vocês.

—Boa ou ruim? —Perguntou Emiko curiosa.

—Depende do ponto de vista. —Deu de ombros. —A equipe do colégio feminino, Ohimesama, que se auto titulam Muteki no ohimesama se interessaram pelo o nosso time e querem ter uma partida contra nós.

—Mas nem somos um time oficial... —Comentou Hikari confusa.

—E o que tem? Diga para elas que nós aceitamos! —Aisaka falou para Kaori sorridente, que recuou um pouco assustada.

—Você sabe pelo o menos quem são as Muteki no Ohimesama? —Perguntou Yumi parecendo irritada.

—Não? —Ela respondeu na dúvida.

Yumi bateu a mão, se levantando:

—E ainda se diz uma admiradora de futebol. —Resmungou.

—Capitã, as Muteki no Ohimesama são a única escola feminina que compete no futebol fronteira. —Kaori explicou, mexendo em sua prancheta. —Mas não deve subestimá-las por causa disso, já que elas são as melhores candidatas à vencer o futebol fronteira desse ano, já que vêm ganhando todos os jogos com diferenças enormes à do oponente.

—Fora que empataram com a equipe da nossa escola ano passado, no futebol fronteira. —Tanabe observou.

—E elas vêm crescendo bastante desde então, apesar de sempre perderem para nós...

—Não teve aquela partida amistosa esse ano? Entre as Muteki No Ohimesama e a nossa equipe? —Perguntou confusa Maya.

—Ah sim, eu assisti essa partida. A nossa equipe quase perdeu, mas sabe como eles são, sempre fazendo jogadas violetas ou até sujas. —Stéfanni deu uma risadinha, mas sua face ficou séria. —Elas são ótimas jogadoras mesmo, por que será que teriam interesse em um simples time não-oficial como nós?

—Acho que não deveríamos... —Comecei.

—Agora eu fiquei empolgada! —Taiga se levantou animada, olhando para Kaori. —Diga para elas que aceitamos, pode dizer!

—Hey, você não pode decidir isso sozinha! —Yumi disse irritada.

—Vamos, vai ser muito legal! —Pediu Taiga.

—Eu vou! —Stéfanni e Emiko falaram juntas.

—Vai ser um ótimo treino... —Disse Hikari.

E todas foram falando suas opiniões sempre positivas sobre à partida e acabou que só eu ainda não havia falado nada sobre o assunto. Eu não sabia por que estava hesitando tanto, mas apenas decidi não me manifestar e as meninas pareciam tão animadas que acabei me deixando levar.

As aulas passaram milagrosamente rápidas e pequenas gotas de água começaram a escorrer pela janela ficando cada vez mais fortes. Resolvi ir logo para a casa sozinha, pegando meus materiais e abrindo meu guarda-chuva. Eu morava longe da escola, por isso pegava um ônibus todos os dias.

Cheguei no ponto e fiquei encarando o céu confusa. Por que eu estava tão nervosa com tudo aquilo? Acho que era essa sensação que os livros chamavam de "borboletas no estômago". Eu estava ansiosa, não podia negar.