Os raios de sol atravessam a janela, fazendo brilhar certos cabelos castanhos. A pequena garota dormia profundamente, sem nem ao menos se mexer. Era de esperar depois do árduo treinamento que tivera, mas era para a preocupação da mãe já que a filha estava atrasada:
—Taiga! —Ela chamava, enquanto tentava guardar inúmeras panelas de uma vez dentro do armário. Nem um barulho vindo do quarto. —Aisaka Taiga! Aisaka!
Como tamanho esforço feito para dizer essas palavras, a mãe acabou escorregando deixando todas as panelas caírem, fazendo um barulho enorme. Aisaka levantou rapidamente assustada, gritando em plenos pulmões:
—Eu sou inocente, juro! —Gritou e ao ver que estava em casa, suspirou cansada se jogando na cama, afundando a cabeça no travesseiro. —Mãe, é sábado! Me deixa dormir mais um pouco...
—Eu sei filha, mas... —Ela começou, colocando todas as panelas de volta ao lugar. —você não tinha uma reunião com suas amigas?
Taiga bateu a mão na testa, se levantando rapidamente, correndo em direção à porta.
—É mesmo, tinha esquecido! —Comentou irritada, enquanto corria. As meninas haviam combinado de fazer uma reunião neste sábado a respeito do treinamento e se o relógio da cozinha estivesse certo, a garota das orbes castanhas estava atrasada 15 minutos.
—Você tem certeza que não está se esquecendo de nada?—Perguntou a mulher arqueando as sobrancelhas, fazendo Taiga encarar a si mesma, percebendo que ainda estava de pijama. Ela cobriu o rosto com as mãos envergonhada, caminhando até o quarto de volta. —Você anda muito esquecida ultimamente, a escola está sendo tão dura assim?
Taiga mordeu o lábio inferior, enquanto tratava de escovar os dentes, trocando de roupa ao mesmo tempo.
—Não, é o clube de futebol...
—Olhe, espero que este clube não venha à prejudicar nas suas notas, okay? —Ela perguntou enquanto começava a pegar os ingredientes para o bolo.
—Entendido. —Taiga respondeu, aparecendo já pronta na cozinha. Sua mãe sorriu pensando se ela não deveria se arrumar mais como passar uma maquiagem e se produzir como ela fazia quando era mais nova, mas achou melhor não, porque já sabia a resposta que a filha lhe daria. "Desnecessário mãe, por que fazer essas coisas que não me fazem sentir à vontade?". Taiga empinou as narinas, respirando o ar fundo. —A senhora guarda um pedaço de bolo para mim?
—Claro, —Ela respondeu, mexendo em um grande pote. Se virou para Taiga, feliz. —A propósito, venho prolongando e prologando e resolvi que de hoje não passa. Tenho algo para falar com você.
—F-falar comigo? —A garota gaguejou apontando para si mesma.
—Isso, agora vá. Não quero que se atrase mais. —A mulher disse empurrando a filha de leve, que saiu, se despedindo assustada. Mas o que ela queria falar com ela?

*X*

—É como o ditado diz, quem é vivo sempre aparece. —Emiko zombou assim que a capitã alcançou o grupo. Estavam todas as garotas lá, que sem as roupas da escola ficavam totalmente diferentes. Taiga inspirou, tentando recobrar todo o ar que perdera apressada.
—Se fosse pelas pragas que a Yumi jogou nela era para ela ter sido acertada por um raio, sido atropelado por uma bicicleta e ganhar uma tortada na cara. —Maya falou fazendo os olhos de Taiga se arregalarem.
—Desculpem, é que eu esqueci e acabei dormindo demais... —Ela falou envergonhada, mas logo sorriu. —Estão todas aqui?
—Não. A Tanabe não está. —Stéfanni respondeu, olhando para os lados para se certificar de sua resposta. Tanabe não estava mesmo lá.
—E olha que ela estava bem animada para discutir sobre o treinamento... —Comentou Hikari absorta.
Um silêncio se espalhou pelo local, tornando a situação um pouco ruim. Percebendo isso, Taiga estalou os dedos, chamando a atenção de todas:
—Deve ter acontecido algo, temos que lembrar que a Nara é bem ocupada. —Sugeriu, batendo as mãos umas nas outras. —Mas logo, logo ela aparece. Por isso, não podemos ficar atrasadas aqui. Também temos que discutir sobre o nosso treinamento!
—O Fideo disse que iriamos nos encontrar novamente lá às 6. —Kaori começou. —Mas acredito que ficar até as 6 sem fazer nada não vai render de nada.
—Podíamos, sei lá, bolar algo para o treinamento, sabe? —Sugeriu Yuuna.
—Mesmo que consigamos passar daquele treinamento, ainda temos que ter um bom ataque e uma boa defesa. —Jenny seguiu o raciocínio de Yuuna, dando de ombros.
—Nossa, nem me esperaram! —Tanabe comentou, se aproximando das meninas fingindo frustação, mas logo sorriu.
—Eu falei que ela viria. —Taiga comemorou e Tanabe à encarou confusa.
—Mas é claro que você deveria saber, eu te mandei uma mensagem avisando que iria me atrasar. —Respondeu e Taiga sorriu envergonhada, se lembrando de que não mexera no celular naquela manhã.
—Tem pessoas que meu Deus... —Yumi balbuciou irritada.
—Mas onde você estava? —Perguntou Emiko curiosa.
—Com o Kaze-kun. —Ela sorriu e algumas soltaram um suspiro, esperando que ela continuasse e assim fez. —Eu tenho duas boas notícias. Primeira, eu voltei para o clube de música!
Stéfanni revirou os olhos e as outras garotas a parabenizaram porque sabiam que ela tinha talento e era algo que ela realmente gostava. Ela se afastou dos abraços, levantando o dedo indicador e o do meio.
—E a segunda é que já sei como criar uma técnica especial. —Certamente essa notícia teve mais impacto que a outra, fazendo todas arregalarem os olhos surpresas.
—Sério, como?! —Perguntaram todas em coro, fazendo Tanabe recuar um pouco.
—Eu vi uma vez que nós temos que nos basear em um elemento, nossa personalidade ou algo que gostemos muito para criarmos nossa técnica e eu escolhi a música! —Ela respondeu, arrancando frustações de muitas ali.
—Mas eles não tem nada a ver! —Comentou Stéfanni.
—Mas para nós tem tudo a ver, —Ela rebateu levando a mão ao coração. —Eu amo jogar futebol e amo a música, por isso acredito que se conseguir juntar essas duas coisas...
—Uma força enorme vai nascer. —Kaori completou animada e Tanabe assentiu demonstrando a mesma empolgação.
—Isso parece ser ótimo! —Comemorou Yuuna.
Taiga ficou perdida em seus pensamentos. Técnica secreta? Elemento? Na verdade, ela não tinha nenhum. Como ela conseguiria criar uma técnica assim? Ela não participava de clube nenhum e o único esporte ou algo do tipo que ela amava, era o futebol. Sua personalidade? Ela duvidava conseguir desenvolver uma sendo desastrada e irresponsável.
—Sabíamos que vocês iam estar aqui! —A voz de Hiroto tirou a garota de seus devaneios fazendo-a se deparar com um quinteto—Hiroto, Kazemaru, Shirou, Atsuya e Gouenji—, este último deixou Taiga preocupada. O que ele estava fazendo ali? Mas o mesmo encarava a imensidão do outro lado do parque.
Mas Taiga não era a única a estar assustada com a presença de Shuuya. Emiko era certamente a mais preocupada ali. Ela odiava a facilidade que o destino tinha para pregar peças nela, sempre a fazendo se encontrar com ele, não importasse onde estava. Isso era muito azar.
—O que fazem aqui? —Foi Hikari quem perguntou, curiosa.
—Estávamos resolvendo uns negócios do festival de verão, acabamos de sair e quando estávamos passando por aqui, vimos Kazemaru, na verdade foi ele que falou onde vocês estavam... —Fubuki respondeu, fazendo as duas garotas entenderem o por quê do outro estar ali. Hiroto bufou irritado, por todo o seu encanto de 'prever o futuro' ter sido destruído.
—Por que não ficam aqui com a gente? Dessa vez, eu trouxe dinheiro! —Maya brincou, fazendo todos rirem, menos Hiroto que revirou os olhos, entendendo perfeitamente a piada. Para essas coisas você não é lerdo, né?, pensou Hikari.

Jenny Green P.O.V.

—Algodão-doce é tudo de bom! —Comentou Yuuna sentando ao meu lado, animada. Eu estava transitando minha visão por todos os lados, encarando os 'casais' que estavam espalhados pelo parque.Vê-los felizes assim, me fazia lembrar de um certo alguém. —Eu achava que era raro venderem esse tipo.
Acho que ela só notou que eu estava um pouco perdida à meio tudo aquilo, quando parou para me encarar. Yuuna e eu éramos amigas à muito tempo, sabíamos dos segredos uma das outras e até para entrarmos para o time, tínhamos feito uma decisão juntas. Mas às vezes, era natural que uma de nós, quisesse ficar sozinha. E eu só torcia para que Yuuna percebesse que eu estava precisando daquilo naquele momento.
—É aquele garoto, né? —Ela perguntou séria, me fazendo corar envergonhada. Balancei à cabeça, mas ela não pareceu notar. —Como é o nome dele mesmo? Hm, Haguna Naruya? Não... Hamuna Nayura...
—É Haruya Nagumo. —Corrigi irritada, roubando um pouco de seu algodão doce. Ela riu.
—Eu sei que você gosta dele e tals, mas sabe... Vocês nunca se viram! —Ela exclamou. —E sabe, não é muito seguro essas coisas de conhecer alguém pela internet.
—Mas eu não tô apaixonada nem nada. Ele é só meu amigo! —Expliquei, fazendo-a revirar os olhos, balançando à cabeça fingindo acreditar. Bufei irritada, empurrando-a de leve. —É sério! E aliás, já faz um tempinho que a gente não se fala.
—Oh, você gosta dele. —Ela disse sem cerimônias, tocando meu rosto animada. Acho que é nessas horas que você precisa de um espelho, para ver se suas expressões faciais estão te entregando, porque era mais ou menos isso que eu imaginava.
—Cale-se. —Falei, roubando mais um pouco de seu algodão-doce. —Você não pode falar nade de mim, garota que tem namorado, mas nunca beijou.
Ela corou envergonhada e eu mostrei a língua para mostrar que era uma brincadeira, roubando mais um pouquinho do seu algodão-doce, fazendo-a rir:
—Vai comprar um para você, sua gorda! —Ela gritou, se levantando.
Dei de ombros, à seguindo. Eu não deveria me prender à essas coisas ficando triste, porque eu tinha um time de futebol inteiro para me apoiar e mais importante do que isso, elas eram minhas amigas.

Hikari Hyouga P.O.V.

—Para onde você tá indo? Não me diga que você só vai embora por minha causa! —Hiroto gritava enquanto eu andava mais rápido com o intuito de me afastar do parque e chegar logo em casa.
Não respondi. E nem pretendia. Por que diabos ele tinha que estar em todo o lugar? Por que ele insistia em me seguir? Sempre achei que eu fosse mais um fardo do que uma amiga para ele, devido à ele ser parte do conselho-estudantil e —acredite se quiser—ser bastante popular com às garotas. Ele tinha tudo o que queria. Ele tinha tudo o que eu queria. Ele tinha amigos. E agora, eu estava aprendendo o quanto era bom ter eles, por causa das meninas.
Por isso, eu estava tentando me afastar um pouco dele. Talvez ele fosse meu amigo por pena, e eu não o odiava por isso. Nos conhecíamos desde pequeninhos, ainda quando eu morava nos Estados Unidos. Ele me defendeu das garotas que praticavam bullying comigo e então começou a andar comigo para todo lado, como um guarda-costas.
Eu senti a falta dele quando ele foi para o Japão, mas voltamos à nos encontrar de novo aqui. E ele voltou à me seguir para onde quer que fosse. Acho que ele tem medo de que voltem à fazer isso comigo novamente.
Mas estando errada ou não, eu quero pôr um fim nisso.
—Hikari!?
Continuei à andar, mas não pude manter o ritmo porque senti alguém tocar meus pulsos, me fazendo virar para trás. Hiroto. Ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração aguçada perto da minha. Eu podia jurar que meu coração estava batendo mais forte que o normal e os seus olhos verdes, pareciam ainda mais reluzentes.
—Me solta! —Gritei irritada, não gostando de toda aquela aproximação. Por que eu tinha que ficar daquele jeito? Ele só estava perto de mim. Isso já tinha acontecido uma vez. Se eu estava com medo? À primeira impressão seria, mas... Não era isso. —Me solta, você está me machucando!
E agora, era ele que não respondia. Engoli em seco. O que ele estava planejando fazer? Tentei soltar do meu pulso, o que naturalmente daria certo antes, mas agora ele parecia estar mais forte. Diferente do que achei que fosse.
—Me diga, Hikari... —Ele começou, soltando um pouco meus pulsos e me encarando com um semblante sério, completamente diferente do Hiroto que eu conhecia. Do qual, eu só havia visto uma vez. Naquele dia do jornal. —Algum dia você já pensou em mim mais do que um amigo?