Aisaka Taiga P.O.V.

Todas voltaram juntas, como se tivessem programado tudo aquilo. Esperei que todas falassem sobre como fora o desandar de suas missões para mim poder contar a minha ideia, que não podia ser mais louca possível. Maya e Emiko haviam conseguido várias tintas, adesivos, etc, de todas as cores e prometeram desenhar quando soasse o apito para o próximo intervalo, já que tinhamos aula daqui 2 minutos. Tanabe disse que havia conseguido marcar com sucesso a reunião, mas que tivera de utilizar diversos argumentos para convencer a todos, que eram por grande parte, homens e não ficaram convencidos de entrar em uma luta pelos direitos das mulheres. Stéfanni disse que colocou todos os seus escravos—que no caso são as pessoas que ela obrigou a entrar para o clube de música— a ajudarem a distribuir cartazes, etc. Shine disse que havia conversado com Hiroto e ele prometera—depois de muitos tapas—que iria procurar algo que desse dinheiro na festa e tentar nos encaixar a tempo. Yumi estava de braços cruzados e alegou que já que eu não havia deixado ela grafitar a escola—e não vou deixar mesmo—, aproveitara para ficar em frente ao bebedouro, descansando.
Então chegou a minha vez. E eu contei, mas nunca achei que viriam tantos tipos de expressões:
—Espera, a Aisaka está planejando quebrar as regras? —Yumi perguntou confusa, não conseguindo acreditar.
—Uhuuu!Finalmente algo divertido. —Stéfanni comemorou.
—Isso não parece arriscado? —Perguntou Maya pensativa.
—Mas a Aisaka tem razão, é a nossa única opção. —Emiko falou.
—Mas deve ter outro jeito... —Tanabe balbuciou.
—Isso não pode ser considerado um crime? —Shine perguntou preocupada.
—DÁ PARA FALAR TODO MUNDO, UM DE CADA VEZ? —Perguntei já irritada, por tentar entender a todos e não conseguir.
—A Aisaka está com uma TPM atacada hoje. —Stéfanni resmungou e eu respirei fundo, para não gritar mais uma vez.
—Deixem me explicar, só temos essa quadra na cidade toda e, —Encarei a todas. —não adianta termos várias jogadoras, precisamos também treinar, vocês não escutaram o idiota do Noboro? Ele também tem treinado bastante e eu digo por experiência própria, que se quisermos vencer esse jogo, temos que nos tornar mais fortes.
—Eu apoio a ideia da Aisaka desde o começo. —Stéfanni comentou animada.
—Se tomarmos cuidado, não há com o que se preocupar. —Emiko falou animada.
—Eu tô dentro! —Yumi e Shine exclamaram juntas.
—Se isso vai nos fazer mais fortes. —Tanabe deu de ombros.
—Só falta você, Maya! —Exclamei com os olhos brilhantes, me virando para encará-la.
—Fazer o quê, não é? São 6 contra um. —Todas nós comemoramos, agora só restava planejar como faríamos isso.

Hikari Hyouga P.O.V.

A primeira coisa que tivemos que nos certificar para que tudo ocorresse bem, foi que ninguém deveria saber sobre a nossa ideia.
A segunda coisa foi que todas nós deveríamos voltar para casa como quem não quer nada e depois arranjaríamos uma desculpa, para todas se encontrarem na frente da escola, as 19:00.
Nós só podíamos estar ficando doidas! Todas foram chegando aos poucos, menos a capitã. Encarei o relógio que já indicava 19:25 e suspirei, será que Aisaka tinha desistido? Talvez já fosse de se esperar, ela não tem cara de quem gosta de quebrar regras.
—Ah, alguém me ajude. —Todas correram em busca da dona da voz e acabamos por encontrar Aisaka jogada no chão, com uma mochila enorme nas costas e com várias bolas espalhadas pela rua.
—Por que tanta coisa? —Maya perguntou ajudando Aisaka com as coisas, e logo depois todas nós fizemos o mesmo.
—Para treinar, oé. —Aisaka respondeu, tentando ajeitar a postura. —Então, quem está com as chaves?
—Como assim chaves? —Perguntei confusa.
—Uma de vocês ficou encarregada de roubar as chaves do zelador, lembram? —Aisaka perguntou pegando algumas bolas do chão.
—É verdade. —Tanabe disse pensativa e logo se virou para Stéfanni. —Eu lembro de Stéfanni ter que ficar encarregada de pegar as chaves.
O rosto de Stéfanni se enrusbeceu:
—A Tanabe pode até estar certa, mas eu lembro de entregar para Emiko, porque eu iria despistar o zelador!
—É, mas depois eu entreguei para a Shine, porque ela falou que ficava próxima da sala da Aisaka. —Emiko explicou e eu finalmente lembrei, das chaves. Parte do nosso plano.
—É, mas eu não vi a Aisaka e entreguei para a Yumi porque elas são próximas.
—E então eu entre... —Yumi encarou Aisaka e bateu a mão na testa. —Eu entreguei para você.
—Sério? —Aisaka perguntou corada e rapidamente começou a mexer em todos os seus bolsos, mochila e logo voltou o olhar para nós, sorrindo envergonhada. —Oh, agora eu me lembro! Quando a Yumi me deu a chave, eu levei para a casa e... —Ela coçou a nuca nervosa. —Esqueci.
Yumi começou a bater a mão na testa freneticamente nervosa, e o resto de nós, suspirou cansada:
—Então só resta um jeito de passar para o outro lado. —Disse encarando o teto do muro, e todas acompanharam o meu olhar.
—V-vamos ter que passar por ali por cima? —Aisaka gaguejou assustada.

Emiko Ominae P.O.V.

Meu maxilar tremeu só de pensar. Não que eu fosse medrosa ou algo do tipo, mas era preocupante, como iríamos subir aquele muro enorme sozinhas?
Fui tirada dos meus desvaneios com a alta discussão das meninas de como atravessar o muro:
—E se fizermos escadinha? Assim todo mundo vai passando aos poucos. —Me intrometi e todas me encararam como se eu fosse uma heroína.
—Mas precisamos da garota mais alta daqui para que quando ela passe do outro lado, não se machuque tanto! —Maya opinou e todas assentiram.
—Emiko é a garota mais alta daqui. —Aisaka comentou e só então eu comecei a me preocupar de verdade.
—O que a Maya quis dizer com ' não se machucar tanto' ?—Perguntei assustada.
—Ela quis dizer que no máximo você pode quebrar um braço, uma perna... —Yumi foi contando no dedo, mencionando o que podia acontecer.
—Você não está ajudando, Yumi. —Maya advertiu séria.
—Por favor! Você é nossa heroína, Emiko. —Aisaka pediu segurando as minhas mãos com um olhar suplicante.
—Okay, eu vou tentar. —Disse me soltando do aperto de Aisaka e me virei para as meninas. —Espero que vocês sejam fortes para me aguentar.
Todas sorriram e foram ajudando umas as outras para montar uma escadinha.

Stéfanni D'Arc P.O.V.

Que horas será que é?
Argh, não devo me preocupar com esse tipo de coisa agora, mas talvez seja bom, porque se eu me concentrar no que estou fazendo agora, vou lembrar que meus braços estão doendo demais por ter que segurar todas as garotas.
Até agora já foram Emiko, Tanabe, Yumi e a Shine.
E já devemos ter derrubado todo mundo, falhando nas tentativas e derrubando todo mundo que estava em cima.
Talvez isso possa até ser considerado um tipo de treinamento.
Finalmente conseguimos entrar depois de muitas tentativas e fomos engatinhando em direção à dentro da escola, na direção da quadra. Eu tinha vontade de perguntar o por quê de estarmos engatinhando, sendo que não tinha ninguém. Mas achei melhor não. Tanabe ia me chamar de burra se eu perguntasse e então iriamos começar a discutir, de novo.
Finalmente chegamos a quadra, Aisaka começou a arrumar as coisas e logo depois arrumou sua postura, nos encarando antes de começar a falar:
—Prometem que não vão ficar brava comigo depois do que eu disser aqui? —Todas assentimos confusas e ela mordeu o lábio inferior nervosa. —Eu achei que a melhor forma de nos adaptarmos a selvageria dos jogadores que vamos enfrentar, seria conseguirmos aguentar pesos.
—Qual é, vamos fazer ginástica agora? —perguntei confusa.
—Está aí, alguém que consegue ser mais lerda que a Taiga. —Yumi murmurou irritada e eu revirei os olhos, como se não bastasse a Tanabe, também tinha a Yumi agora?
—Vamos, deixem a Taiga continuar. —Maya falou séria.
—Agora todos vão me chamar de Taiga também? —Aisaka perguntou animada. —Okay. Mas aí é que está a proposta, eu estava pensando em pegarmos aqueles grandes sacos de pancada do clube de boxer emprestado, eu já planejei até nosso treinamento com eles!
—Meu Deus, a Aisaka está nos incentivando a roubar tudo. —Yumi disse surpresa, fazendo todas nós rirem.
—Por favor! Sério, é só hoje, prometo! —Aisaka se ajoelhou, e juntou as mãos. —Ladras só por um dia, okay?
—Já ouviram falar que roubar vicia? Podemos estar indo por esse caminho. —Shine comentou de repente.
—Eu não quero ser presa. —Comentei assustada. —Pelo menos, não por isso.
—Genteee, ninguém vai ser preso, não tem ninguém na escola. —Tanabe anunciou. —Vamos, se a Aisaka deu sua palavra que isso vai nos ajudar a ficar mais fortes, eu estou do lado dela.

Tanabe Nara P.O.V.

Eu estava muuuuito nervosa.
Em todos os anos que eu ficara naquela escola, mesmo sendo uma guitarrista e conhecida por ser a Dark,—a garota rebelde—nunca fizera nada parecido, nada tão excitante e ao mesmo tempo tão assustador.
Nós podiamos ser mais do que suspensas! Aquilo poderia dar até expulsão ou mais.
Mas tínhamos que tentar.
Chegamos finalmente até a sala do clube de boxer, aparentemente vazia. A porta estava trancada e infelizmente não haviam janelas disponíveis e nem outro lugar por onde púdessemos entrar.
—A culpa é toda da Taiga. Se ela não tivesse perdido as chaves, podíamos estar treinando a muuuito tempo. —Yumi reclamou, cruzando os braços irritada.
—Não podemos arrombar. Aí seria crime. —Emiko falou preocupada, observando o local.
—E agora? —Shine perguntou completamente perdida.
—Agora, teremos que pensar em outro jeito. —Prôpus Aisaka. —Vamos gente, deve ter outro jeito de conseguirmos!
—O que pensam que estão fazendo na escola, em um horário desses? —Meu cerébro parou quando ouvi aquela voz masculina por trás de mim. Eu não me lembrava de nenhuma das meninas terem vozes graves. Havíamos sido pegas. Esse era o nosso fim?