Aisaka Taiga P.O.V.

Eu queria MATAR a Stéfanni!
Ela havia nos dividido como se fossemos casais! Esperei que Shirou também se irritasse por ela ter feito isso, mas ele não estava nem aí.
Ele estava bem relaxado, diferente de todas as vezes que eu vira, e por Deus, eu estava começando a achar que ficava melhor com o Fubuki arrogante, já que com o relaxado, eu não conseguia parar de corar!
—Então, como vai a preparação para o time? — Ele perguntou, encarando seu sorvete.
—Ah, vai bem. Estamos com novas jogadoras para o time, a Stéfanni é uma delas. —Disse apontando para ela, que se encontrava perdida, tentando conversar com Atsuya, que descobri ser o irmão de Shirou.
—Ela é bem animada. —Ele comentou e se virou para mim sorrindo, não teve como sorrir também. —Obrigada por ontem, me ajudou muito.
—Ontem? — Perguntei confusa. —Eu disse algo?
Ele assentiu rindo e um pontinho de curiosidade me fez perguntar:
—No que eu te ajudei?
—Isso você saberá em breve. —Ele disse calmo, comendo uma colherada de seu sorvete e mudando de assunto logo depois.
Mudando o que eu disse, eu prefiro, muito, multissímo mais, esse Shirou Fubuki.

Emiko Ominae P.O.V.

Inspira, respira, inspira, respira...
Calma.
Me perdi diversas vezes durante o processo.
Por quê Gouenji insistia em me acompanhar?
Se eu deslizava até a parte de sorvete de morango, ele me acompanhava, mesmo que quase imperceptível, eu conseguia perceber.
Eu queria perguntar diretamente para ele, mas duvidava que aguentaria receber mais de umas de suas respostar extremamente arrogantes, respirei fundo, eu tinha que tirar aquela história a limpo:
—Por que está aqui? — Ele hesitou por alguns minutos, apenas me encarando com seus grandes olhos negros.
Me encolhi um pouco, corada e ele respondeu, voltando a olhar seu sorvete:
—Pegando sorvete, é obvio. —Algo em seu tom de voz me fez perceber que ele não estava tentando ser arrogante, e pelo o que eu conhecia Shuuya Gouenji, podia apostar todas as minhas cartas, que ele estava mentindo.
—Não me parece que você está pegando sorvete. —Ele levantou os olhos e eu apontei a colher para o sorvete dele. —Olhe, ele ainda está vazio.
—Claro, não encontro nenhum que preste. —Ele parecia irritado, mas por algum motivo, não me olhou nos olhos depois.
Perdi toda a minha coragem de insistir naquele assunto. Eu precisava parar por ali ou o meu ego ficaria ferido depois. Decidi que o melhor seria terminar logo de montar o meu sorvete e voltar logo para a mesa, comer tudo, me despedir de Aisaka e os outros, dando o fora dali logo depois.
Passei por Gouenji para pegar um sorvete de flocos e posso estar sonhando, mas vi irritação em seus olhos quando fiz isso.
—Olhe, tem mais sabores melhores do outro lado. —Ele enfatizou a penúltima palavra e eu pude perceber que ele não me encarava e sim, algo atrás de mim.
Me virei para trás e vi um garoto, que deveria ser do 3º ano, sentado em uma das mesas, olhando diretamente para nós. Assim que nossos olhares se encontraram, ele soltou uma piscadela e deu um sorriso malicioso.
Encarei Gouenji que tinha os punhos cerrados e fitava ferozmente aquele garoto.
Senti meu coração acelerar.
Ele estar sempre me acompanhando, me deixando sempre do outro lado, inventando que estava pegando sorvete, encarando aquele garoto daquele jeito, ele só podia estar...
—Gouenji, você está com ciúmes? — Seus olhos se arregalaram, ele me encarou assustado e eu estava completamente corada.
Afinal, ele estava mesmo com ciúmes?

Tanabe Nara P.O.V.

Era como se eu quisesse aproveitar cada parte, cada pedacinho, daquele momento.
Enquanto encarava Kazemaru deitado na grama observando o céu, eu só conseguia enxergar ele ali. Eu já não via mais ele como o meu parceiro baterista. Eu não era mais a garota guitarrista que abandonou o clube e nem a garota surda do debate. Eu era a Tanabe Nara e ele era só o Ichirouta Kazemaru:
—Nara... — Ele se levantou para me encarar, tirei uma folha que deslizava sobre seus cabelos, fazendo o sorrir. —Por que você passou todo este tempo, me evitando?
—Eeer... —Gaguejei, eu realmente não achei que ele fosse perguntar aquilo. —No começo, eu achei que você estivesse bravo comigo, depois eu comecei a ficar com mais raiva de mim porque...
—Por quê? — Ele me incetivou a continuar.
—Porque... — Mordi os lábios, eu não poderia contar aquilo a ele. —Porque eu estraguei a nossa amizade.
Respirei aliviada, eu não poderia contar a ele o que sentia, depois de tantos anos. Ele pareceu desapontado por alguns segundos, mas logo sorriu depois:
—Não se preocupe, continuamos a ser amigos, não é? — Ele perguntou deitando novamente na grama, sem me encarar.
Ótimo, eu perdi mais uma chance.

Stéfanni D' Arc P.O.V.

Sinceramente, eu estava começando a ficar irritada com o Atsuya.
Ele não respondia minhas perguntas como eu desejava, ele ao menos olhava para mim!
Eu estava começando a me sentir humilhada.
Humilhada.
Nunca achei que fosse me dirigir a mim mesma, usando essas palavras:
—Você se acha muito, sabia? — Perguntei irritada, me levantando. —Acha que com esse jeitinho rebelde, com nariz empinado e sendo arrogante, pode ser superior as outras pessoas. —Ele me encarou, confuso, mas sem ainda demonstrar nenhum interesse pelo o que eu dizia. —Atsuya, não é? Desculpe não saber seu nome, mas eu não consigo guardar direito nomes que...
—Com essa sua cabeça oca, seria um milagre conseguir só guardar o seu. — Ele me cortou, desviando os olhos.
Meu sangue ferveu, eu nunca tinha me sentindo tão humilhada na minha vida:
—QUER SABER? SABE AQUELE LUGARZINHO QUE... —Sacudi a cabeça ao ver que todo mundo me encarava assustado. Atsuya não merecia o prazer de me ver sentir algo por ele. —Meninas, eu já estou indo.
—Espere... —Aisaka Gaguejou trocando várias vezes, o olhar de mim para Shirou, por fim, parou nele, lhe dando um sorriso triste. —Temos que ir. Eu também estou meio... Atrasada.
—Tudo bem. —Shirou disse, correspondendo um sorriso da mesma forma.
—Eu vou me despedir da Emiko. — Aisaka disse se levantando.

Emiko Ominae P.O.V.

Gouenji não respondeu quando lhe perguntei sobre estar com ciúmes e ficou calado, apenas fitando o chão. Aquilo estava me irritando:
—Gouenji, você está com ciúmes? —Repeti, só que desta vez meu rosto não estava vermelho de vergonha e sim de raiva. Raiva de ele enrolar tanto para dizer as coisas. Raiva de ele ser tão estranho. Raiva de ele ser ignorante comigo e dar uma de namorado ciumento depois. Raiva de tudo.
—Emiko. —Aisaka me chamou, me fazendo virar para ela. —Houve uma discussão feia na mesa. Eu estou indo com a Stéfanni para a casa, vim me despedir.
Encarei ela, que parecia se sentir mal por ter nos atrapalhado, troquei o olhar para Gouenji que fitava o chão ainda:
—Eu vou com vocês! — Disse para a Aisaka, e logo depois lancei um olhar para Gouenji. —Eu também acho que a sorveteria não é um lugar tão agradável.
Ela assentiu e sorriu aliviada, temendo talvez, ter atrapalhado um momento entre nós. Na verdade ela tinha atrapalhado, mas eu prefiria assim. Me desiludir com aquela possibilidade só faria mal para mim, afinal.

Aisaka Taiga P.O.V.

Claro que eu não fiquei tão contente por deixar a sorveteria, mas eu estava feliz, afinal aquele dia tinha me reservado bastante surpresas e todas, ótimas.
Mas acho que era só eu que estava assim.
Enquanto caminhavámos notei o quanto as meninas estavam carisbaixas. Emiko estava extremante pensativa, não havia dito nenhuma palavra em todo o caminho. Stéfanni tentava sorrir, mas parecia tão... triste. E diferente de como era com Emiko, eu sabia o por quê.
Sei que tenho essas dificuldades em perceber as coisas, mas não sou idiota. Eu percebi o quanto Stéfanni parecia estar interessada naquele garoto. Emiko também parecia conhecer o vice-presidente do conselho estudantil, melhor que todas nós.
Eu estava começando a desconfiar, mesmo, que haviam mais coisas que eu não sabia sobre as minhas colegas de time, do que eu achava realmente...