Dentro do Espelho escrita por Banshee


Capítulo 35
Eu Sou Uma Ruína


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capitulo ;-;



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Sinceramente? Eu não faço a mínima ideia do que fazer. Não me vi nessa situação, não pensei que a historia fosse terminar comigo em um confronto final e sim morta dentro de um hospital psiquiátrico.
Apaguei todas as luzes, joguei espelhos no chão, mas eles me encontrariam e eu não pensei no que faria se isso rolasse.
– Vamos Skye, sabemos que você está aí. – Disse o Sr. Pholberg, se é que esse era mesmo o sobrenome dele – De onde quer que esteja, apareça, não iremos mais fazer mal a você ou qualquer um deles.
Ele mentia, eu sabia disso. Com o tempo aprendi a não confiar em mais ninguém. No trajeto pra cá, Alaska e Glass me contaram toda a história: Gaby era uma traidora, da mesma forma que Diane era espiã de Liz que por sua vez era especial como eu, mas não souberam dizer como. Eu estou com assustada, muito assustada.
– Solte eles e eu me entrego. – Grito, estávamos no escuro e eles não poderiam me encontrar – Deixe-os ir embora e eu vou com vocês aonde quer que seja.
Eu realmente não falo sério, jamais falaria. Por maior que fosse meu desejo e anseio pela morte, eles me torturariam ou não a dariam para mim... Possivelmente me tornaria um rato de laboratório para suas experiências cientificas, abriram meu crânio e analisaram meu cérebro para então encontrar a razão da minha mutação e uma forma de reprogramar aqueles que fossem como eu.
Não, eu não me deixaria ser isso, mas eu poderia tentar escapar depois.
– Como podemos confiar que você não está mentindo. – Disse uma voz masculina que reconheci como sendo Moiseh, o pai de Liz e prefeito da cidade.
– Vocês não podem. – Digo – Mas terão que confiar em mim.
– Skye, por favor, não! – Grita Liz, mas ela arfou e acho que bateram nela.
– Não os machuquem! – Exclamo – Eu vou me entregar, mas não se estiverem mortos.
Minhas palavras ecoavam pelo teto, pelos espelhos e pelas paredes, não precisava me esforçar. O som calmo das gotas d’água caindo nas poças, à respiração e a escuridão... A sala de espelhos assombrou meus pesadelos desde meus oito anos de idade e quase não conseguia acreditar que era real, porém sim, era real, mas ao invés de um palhaço demônio havia vários deles, vestidos de cavalheiros de contos de fadas e empunhando espadas para matar o dragão... Que seria eu.
Mas estou assustada e, acima de tudo, acuada. Mesmo se eu sair da toca, o que posso fazer? Eu sempre fui orgulhosa demais para admitir minha fragilidade, mas sim, agora estou me sentindo como uma rosa vermelha e frágil que irá crescer na escuridão.
– Por quê? – Digo – Apenas me diga o porquê. Alguns fazem por dinheiro, outros por vingança... Mas você? Por que você fez tudo isso? Eu não entendo.
– Isso está muito além da sua compreensão, Skye. – Ele diz – Mas se você quer mesmo saber, eu lhe digo: Nós fizemos por poder. Esse tipo de situação está completamente além do que você pode saber, mas isso tudo é pela Nova Ordem Mundial.
Nova Ordem, essa palavra me deu um calafrio. Parecia-me tão familiar, só que de uma forma ruim, bem ruim, muito ruim, extremamente ruim.
– O quê é a Nova Ordem Mundial? – Pergunto enfim.
– A Nova Ordem Mundial? Ela é o nosso futuro e ninguém pode impedir, nem a própria Mãe Natureza, Skye. – Ele diz rindo – A tal da Mãe Natureza decidiu colocar na cabeça que isso não iria rolar e fez um processo natural seletivo, elegeu pessoas e os deram dons que ela realmente pensou que poderiam impedir a nossa Ascensão, mas ela se enganou. A natureza está aqui para nos servir e não ao contrário. Esse processo que no fim gerou Índigos, Serafins, Cristais... Wiccas.
– Ai, me solta! – Disse Raven, ouvi que alguém a segurava, creio que teve que ficar de pé.
– Essa garota é uma Wiccana, Skye. – Ele diz – Ou uma bruxa. Lembra-se da minha pequena aula sobre o Massacre de Salém? Fomos nós que o organizamos. Após tantos e tantos estudos, encontramos a maior tribo de bruxas do Hemisfério, e adivinha? Salém. Você já deve ter ouvido várias e várias estórias a respeito, dizendo que aquelas mulheres não eram bruxas e afins, mas são todas mentiras, garota. Elas eram bruxas sim, mas fomos tolos e insensatos... Pouquíssimas sobreviveram, confesso, mas mesmo que não tivesse acontecido, não podemos parar a sua multiplicação. A filha de uma wicca sempre será outra wicca, mas uma wicca nem sempre precisa ser filha de outra. É como uma praga se multiplicando, brotando do pó.
– Você provavelmente já ouviu falar do Atentado Terrorista de 2001, não? – Disse Moiseh – Bem, não foi um atentado. Na verdade um míssil foi lançado nas torres, e este por sua vez, veio de dentro do próprio governo americano, a nossa sede. Há um motivo para o dólar ter o nosso símbolo num dos seus versos.
Ele estava falando sério? Nunca peguei um dólar na mão, mas lembro dos filmes e do desenho de uma pirâmide com um olho... O símbolo conspiratório Illuminati.
– Tudo isso não passa de um jogo de Xadrez, Skye, onde os peões podem se tornar as peças mais fortes do jogo, mas têm mais. Temos vassalos, valetes, duques e condes, cavalos e cabras... É mais complexo, mas segue exatamente a mesma linha de raciocínio, o mesmo objetivo...
– Dar o Mate. – Sussurro – Mas quem é o outro time? Quem são as peças negras do tabuleiro. Vocês começaram isso, então acho que vocês são as brancas.
– É aí que você entra... Savior é o outro time e você, minha criança cristal, é uma das várias Rainhas deles. – Diz Moiseh – E você está em Xeque. Agora eu te pergunto o que é de um exército quando a peça mais forte deles é roubada?
É aí que rola o grito de guerra... O Rei está morto.
– Mas se eu sou o inimigo, por que simplesmente não me mataram junto com meus pais? Por que não eliminaram a concorrência de uma vez por todas?
– Por poder! Pelo poder! – O homem da coroa diz – No xadrez não existe uma jogada que faça com que uma peça de um time vá para outro, mas nós estávamos dispostos a isso. Você seria a nossa Dama, mas não aconteceu como planejado e...
– E eu acabei matando alguns dos seus. – Digo – Robert, Edgar e até Florence. Não deveria ter acontecido e vocês não contaram com a possibilidade de que eu tivesse tanto potencial assim. Vocês não previram todos os movimentos e jogadas.
Continuei me movimentando no escuro para que não me achassem pela minha voz. Sim, eu não conseguia enxergar praticamente nada, mas já estive tantas vezes aqui em sonhos que já sabia a direção. Eles permaneciam quietos.
– Não vamos mentir pra você, de fato não contamos com seu potencial todo e deixamos correr livre. – Disse Moiseh – Você não significava perigo por que todos os outros Cristais que passavam pela reprogramação, na pior hipótese morriam, na melhor apenas perdiam seus dons. Por alguma razão você permanece com eles, mas com várias facetas. Com quem estamos lidando? Seria Skye mesmo ou com outra de suas diversas personalidades? Hope, Alaska, a tal da Glass ou outra que desconhecemos?
– Nós te vigiamos. Desde Saint Louis estamos atrás de você, um passo às suas costas. – Disse o Sr. Pholberg – Todo mundo sabe que seus dons foram distribuídos entre suas personalidades, enquanto você, o ego passivo não tem nada além da fragilidade e covardia. Do que adianta ter força, inteligência e assimilação sobre-humana se estes só podem ser acessados por pessoas dentro da sua psique?
– Você não pode fazer nada por eles, garotinha. Por que simplesmente não se entrega? – Disse Gaby, ou melhor, Harley.
Estavam certos. Não poderia fazer nada para salvá-los, apenas correr. Era injusto, muito injusto, mas aqueles dons não eram meus, da mesma forma que aquela missão também não era.
No fim de tudo, por quem eu estava vivendo?
Dou um passo para esquerda fazendo questão que me escutem. Eles podem me matar no fim de tudo, mas já não me importo por isso, me movo devagar, mas meus pés fazem um escândalo.
– Isso mesmo, venha para nós. – Alguém diz.
Era assim que terminaria minha história? Entregue de braços abertos para pessoas com as quais eu tinha pesadelos desde criança? Isso não passava de mais uma das várias ironias da minha existência.
– Skye... Eles mentem, você sabe disso. – Tess grita.
– Cale a porra da boca, sua vagabunda! – E alguém a chicoteia, pelo menos foi o que pareceu.
– Eles no matarão Skye, você sabe disso. Toda essa cena não passa de só mais uma de suas várias mentiras. – Diz e ouço mais uma vez o som de uma chibata e o impacto com a pele, seguido do grito de Tess – Nunca pensei... Nunca pen-pensei que isso doesse tanto. Skye, minha filha, Deus jamais lhe daria dons se... se você não pudesse usa-los.
E mais uma vez, o mesmo som do chicote. Porém, dessa vez sentia que estava certa. Dou um passo para trás de um espelho rachado.
– Mesmo com seus poderes... Mesmo que consiga acessa-los, você já está arruinada. – Diz Moiseh – Mas foi divertido enquanto Du...
– Você diz que quer que vá, mas por quê? – Pergunto – Estão se negando a dizer o que farão comigo.
– Você não precisa saber.
– Mas eu quero, caso contrário eu não vou.
A iluminação atrás daquele espelho era melhor, eu senti um cheiro podre, um cheiro de carniça.
– Cara, você não vai saber por que não pode escolher se vai ou não. Deixa de ser trouxa. – Disse Harley.
De repente foi como se o tempo tivesse parado. Eles se calaram, o cheiro podre desapareceu e as gotas paralisaram em meio ao ar. Eu conseguia enxergar a luz branca no céu, não sei dizer ao certo se estava prestes a morrer, quase como uma parada cardiorrespiratória e a luz da morte, que todos falam, chegasse para mim, mas não foi isso que rolou.
– Você está com medo, eu consigo sentir o cheiro em você. – Disse Hope, dentro do espelho – Isso não é nada digno da gente.
Agora ela decide dar as caras, no meio do confronto da minha vida.
– Eu sei, mas... Diga-me o que tenho que fazer.
– Você tem que ser o que és, Skye . – Disse Alaska, em outro espelho próximo. – Apenas Skye.
– Eu não entendo. – Exclamo – Vocês poderiam parar de usar metáforas? Isso já basta pra mim!
– Não são metáforas. O que estamos dizendo é a verdade literal. – Diz Glass, sorrindo – Você tem que ser a Skye.
– Mas... Eu já não sei mais que é a Skye.
– A Skye é aquela garota patética que não chorou para ir pra primeira série no primeiro dia de aula , por que tava bem em se separar da mãe que não amava. – Disse Hope.
– Essa Skye é a mesma que matou o próprio estuprador com o senso de justiça cego. – Disse Glass.
– Não, essa não fui eu, foi Hope.
– Você é Hope. – Disse Alaska – Não percebe? Não percebe que esses nomes e estes títulos são só fantasias para o que você é?
– Eu não... Não sei.
– A Skye é aquela garotinha que cantou Dollhouse para uma órfã há cinco anos, para reconforta-la e mostrar que ter pais nem sempre é tão legal. – Disse Glass.
– Mas... Eu não lembro disso.
Mas era mentira, eu lembrava sim. A sensação era a mesma de quando Hope se apossava, mas desta vez não foi ela, foi Alaska.
– Alaska não existe. – Ela diz– É só um nome de uma identidade falsa. O nome real dela é Skye. Skye Marie Delevingne.
– Skye Marie Delevingne é a mesma que se negou a fugir de Saint Louis sem o corpo de Faith, pois achou que aquilo não era certo. – Disse Glass – A mesma que não terminou Convergente, pois sabe que a Tris morre nos últimos capítulos.
Sim, sim, sim. Eu sabia disso, sempre soube, desde que notei que Tobias narrava também.
– Essa Skye é a mesma que sempre se preocupou se Anthony havia tomado suas vitaminas. – Disse Hope – A mesma que se nega a matar, mas que o faz quando necessário. Quando ferem a ela ou àqueles que a amam.
Nunca pensei que estivesse disposta a matar, mas estava. Sim, se fosse necessário, eu estava.
– Também é a Skye irônica, sarcástica e cínica que odeia que a contrariem. Um saco cheio de ossos, cuja única defesa é ridicularizar seus agressores. – Disse Glass, que agora sorria – Entende agora o que queremos dizer?
Elas já não estavam mais dentro dos espelhos , e sim, ao meu lado. Quatro Skye’s, uma ao lado da outra, olhávamos no espelho, mas apenas um reflexo aparecia: O meu. Eu, Skye. Eu, Alaska. Eu, Glass. Eu... Hope? Sim, eu era Hope. Eu era gótica, emo, indie e urban conceitual, hipster.
Eu era todas elas. Todas aquelas que eu conheci em algum momento da minha vida.
– Eu ainda não sei o que fazer. – Digo ao espelho.
– Você é forte. – Diz Hope – Eu odeio admitir o quão errada eu estava, mas você é mais forte do que imagina.
– Não... Eu não sou forte.
Hope segurava meu rosto, nossos narizes se colam e fito seus enormes olhos azuis... Mas um deles, sim, um deles estava se tornando verde. Olhos heterocrômicos.
– Você é forte. – Ela diz, e assim noto que as outras já não mais estão ali. Estávamos sós – Mais forte do que pensa, Skye, você é mais forte que eu. Isso não é uma fanfic onde tudo pode acabar bem, mas se acabar mal, não morra dizendo que não tentou. Você sabe o que és? – Soltou-me, caminhou devagar até o espelho e entrou nele e ali estava meu reflexo: Skye. Eu. – Não sabe?
Sim, sim e sim. Eu sempre soube o que eu era e o que poderia fazer, do que sou capaz? Sim, sim eu sei.
Eu sou forte, sou muito, muito forte.
E ali, naquele exato momento, pude me olhar no espelho e constar o que nunca constei: Aquele reflexo, sim, pela primeira vez aquele reflexo verdadeiramente parecia ser eu. Aquela era eu.
E eu soube de alguma forma que elas haviam ido embora. Embora pra sempre.
E assim a gota d’água que parara em pleno ar caiu no chão, o cheiro de carniça voltou, mas as vozes não estavam mais lá. Pelo reflexo do espelho vi um par de olhos brilhantes e alaranjados, cintilantes como duas borboletas monarcas... Mas eu já não sentia mais angustia.
O palhaço saiu das sombras empunhando uma espada. Reconheci seus olhos e reconheci seu sorriso... Era Callum.
– Surprise, bitch. – Diz, investindo contra mim.
Segurei o cabo da lamina que ele trazia, estávamos disputando o poder, realmente me pegou desprevenida, deveria estar me caçando desde o inicio do dialogo com os outros dois. Droga! Era uma armadilha desde o principio!
Callum tinha a vantagem do movimento surpresa, mas estávamos no escuro. Chutei sua barriga com força o suficiente para se afastar, no instante seguinte estou no escuro, ele parecia confuso, procurava-me, mas não me via. Ninguém via, mas eu enxergava tudo. Quase com olhos espirituais.
Estou olhando para ele, tenho raiva, o ódio arde dentro de mim como fogo. Eu tenho força o suficiente? Sim, eu sou forte. E acima de tudo, não gritarei sempre que ver um palhaço.
Dessa vez a ave de rapina sou eu, ele não passa da minha presa. Invisto com força contra seu corpo, agarro o punho de sua arma com toda a força, eu tenho equilíbrio o suficiente, ergo minha perna direita, mantenho a esquerda firme no chão e acerto seus testículos fazendo-o urrar de dor e largar a espada. No instante seguinte já não estou mais em mim, quando vejo de novo a cabeça de Callum está rolando no chão e minha lamina mergulhada em sangue.
Eu matei o palhaço.
Agora aqui estou eu, caminhando na linha de frente,empunhando uma espada e indo em direção a batalha da minha vida. Já posso ouvir as chamas gritando pelo meu nome: Skye!
As luzes se acenderam, não sei como, mas sei que fui eu quem o fez! Eles conseguiam me ver, eu conseguia encarar vários deles na minha frente, empunhando minha lamina e me sentindo uma ninja super suicida.
O que rolou depois disso foi apenas dez segundos de silencio, seguindo de um grito de guerra.
– ATACAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR!
No instante seguinte lá estava eu cercada de cavalheiros do time adversário, mas eu os apunhalei, um seguido do outro, me sentindo como um anjo de luz. Os inimigos tremiam perante minha presença, enquanto banhava-me com seu sangue. Um deles literalmente se atirou de cima de um espelho com o florete em mãos, iria me fatiar, porém foi como se o tempo tivesse desacelerado, fui mais rápida e cravei minha arma no seu peito, interceptando-o em pleno voo. Projetei meu próprio corpo no ar dando um salto de altas magnitudes, decapitando mais e mais deles.
Não vi o tempo passar, mas já não estava mais em mim... Quando me dei conta, havia cometido um erro.
Abri meus, não que realmente estivessem fechados, mas eu era selvagem demais. Quando retornei a mim vi minha espaça cravada no peito de alguém, mas este alguém não usava uma lamina, uma mascara, não era um cavalheiro com um terceiro olho na testa. Ele já estava ferido, seus grandes olhos verdes fitavam-me e neles pude ver apenas uma pergunta: Por quê?
– Tony... Não. – Sussurro, rapidamente tirando o florete de seu peito.
Ele se ajoelha devagar, lentamente coloca a mão sobre o peito como se tentasse entender o que rolava ali, naquela hora, quando o sangue escarlate fluía dele e o nariz sangrava junto. Ele caiu dentado, olhando para o céu e me ajoelhei junto a ele.
– Não Tony... – Digo, segurando-o forte junto a mim – Tony, por que você se meteu na minha frente? Por que, Tony? Seu idiota! Idiota!
– E-eu só queria... Eu só queria ajudar você. – Ele diz tossindo um liquido vermelho.
– Não, não, por favor não. – Exclamo – Rápido, fica em pé, eu vou te levar até o hospital, mas fica em pé. – Digo, colocando minhas mãos nas suas costas, mas ele se nega a erguer-se. Tento usar minha força, mas ele se foi – TONY, FICA EM PÉ! TONY! TONY FICA EM PÉ, EU NÃO VOU TE DEIXAR! EU NÃO VOU!
Eu não queria deixa-lo, não iria, porém ele mesmo se negava a ir comigo, e as lagrimas? Sim, as mesmas lágrimas que jurei a mim mesma que não deixaria cair, que desde que esse pesadelo começou, me neguei a deixar rolar... Essas mesmas lágrimas, agora, estava vertendo dos meus olhos.
– Por favor, Tony. Fica comigo, fica, você não pode... Não pode m...
– Xiu! – Ele coloca sua mão ensanguentada na minha boca, e com a outra acaricia minha cabeça – Promete pra mim que vai fic-ficar bem?
– To-tony... Tony, não. TONY, NÃO!
– Pro-prometa pra mim, Skye... Prometa que vai sobreviver.
– Tony...
– Prometa. – Ele diz, mas agora sua voz soa como um sussurro. – Jure pra mim. Jure de dedinho.
Anthony ergueu o mindinho esquerdo, mas apenas um pouquinho.
– Eu... Eu juro de dedinho. – Digo, ainda chorando, ainda doendo, erguendo meu mindinho e engatando no seu. – Por favor... Fica mais um pouquinho... Só-só mais um pouco... Eu ainda... Ainda tenho tanta coisa pra te dizer... Tony... Tony por favor.
Mas era tarde. Seus olhos verdes musgo e belos olhavam para o teto da sala de espelhos e pude ouvir o ultimo suspiro.
– Eu te amo. – Sussurro, para que só ele pudesse me ouvir – EU TE AMO, SEU IDIOTA!
E como uma ultima tentativa, como um alento final, eu o beijo. O beijo com a esperança de que seu coração torne a bater, que seus pulmões trabalhem, que seu corpo se regenere. Mas não, ali, naquela hora, apenas estava uma garotinha heterocrômica beijando um cadáver de um nerd estranho.
– Eu realmente te amo. – Digo uma ultima vez.
Não lembro direito o que rolou depois disso, mas escutei algo parecido com um adeus. Sim, um sussurro de alguém se despedindo, e quando me virei com a espada em mãos... Ninguém. Nada. Eles sumiram. Todos eles desapareceram.
Eu queria dizer que tudo vai terminar bem nessa trama, mas não, não vai. Eu cruzei meus dedos.


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Notas finais do capítulo

Vocês só têm que entender que doeu mais em mim.



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