Met me trouwen? escrita por Clarinha


Capítulo 1
Capítulo Único




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Era uma manhã de sexta que apenas parecia comum. O despertador tocou às sete. Queria passar na estufa antes de ir á loja, então levantei uma hora antes do normal. Tomei um banho quente e demorado, ainda com preguiça de sair de casa. Vesti um jeans, sapatênis e uma camisa de botão branca, que dobrei até o cotovelo. Ajeitei meu cabelo rapidamente e tomei apenas uma xícara de café forte.

Eu morava em um prédio simples e antigo, na zona residencial de Amsterdã. Não era exatamente uma cidade pequena, mas eu tinha apenas uma bicicleta para me locomover. Era bem sucedido, podia ter um carro se quisesse, mas eu não queria.

No estacionamento havia uma área apenas para bicicletas, assim como qualquer lugar por aqui. A minha, como sempre, estava presa com corrente e cadeado, que abri com normalidade. Ela era bem simples, azul. Sem muitas bobagens, desenhos ou slogans.

Andei pelas ruas sem pressa, passando as pontes e observando distraidamente as pessoas, sentindo a brisa gelada em meu rosto. Talvez a cestinha de minha bicicleta fosse vista como feminina, mas minha profissão também era então tudo bem. A parte mais rural de Amsterdã não ficava muito longe da minha casa, e eu havia escolhido-a por isso.

Não demorou muito para que o asfalto fosse substituído pela terra e o ar poluído da cidade pelo limpo do campo. Enormes mantos verdes dos dois lados, o vento empurrando os moinhos preguiçosamente. Tulipas que não estiveram sempre ali acompanhavam a margem da estrada e com o perfume delas pude sorrir.

Logo cheguei a minha estufa, era apenas oito e 15 da manhã. Alguns dos meus funcionários já estavam por ali. Era um lugar maravilhoso. Enormes canteiros de tulipas de todas as cores por uma grande área. Visto do céu parecia um arco íris no chão. As minhas tulipas eram a alegria da minha vida. Entrei na estufa sorrindo, sentindo o perfume delas por toda parte.

Não apenas o campo de tulipas era enorme, mas ali também. Havia 3 estufas com flores de todos os tipos, que eu vendia no centro da cidade em uma floricultura. As tulipas eram mandadas, em sua grande maioria, para o exterior. Estar no campo me fazia um bem enorme, foram anos de esforço para conquistar tudo isso, mesmo que minha mãe tenha me deixado grande parte de herança.

– Ruben!

A voz alegre do meu tio logo se fez presente, vinda dos campos. Ele acenava e sorria, bem humorado como sempre. Era irmão de minha mãe, mas poderiam dizer que era meu pai. Os cabelos hoje grisalhos já haviam sido negros em sua juventude e os olhos de um verde muito límpido, mas escuro, eram idênticos aos meus. Sorri pra ele e acenei de volta, apontando para uma das estufas. O velho gargalhou, mas assentiu. Dei-lhe um sorriso maior e o vi se virar, indo em direção ao nosso moinho.

Entrei na estufa das rosas sorrindo, procurando por Heidi. Não demorei muito a encontrá-la. Seus cabelos de um castanho muito claro estavam presos em uma trança lateral bonita, a franja curta parando exatamente em cima de suas sobrancelhas. Vestia uma roupa simples. Camiseta e uma blusa de frio fina por cima. Ela sorria enquanto conversava com uma mulher, molhando as rosas.

Nós fomos amigos de infância. Crescemos ali, naquela fazenda. Nossas famílias eram vizinhas e seus pais haviam ajudado minha mãe a aguentar quando o meu pai morreu. Heidi e eu estávamos sempre juntos. Corríamos pelos campos de tulipas de meu pai (ainda o mesmo de hoje) rindo e brincando de forma que só duas crianças poderiam. Conforme fomos crescendo me apaixonei por ela. Ela virou uma moça linda, alegre, divertida. Começamos a namorar quando eu estava com dezenove anos, ela 16, e hoje, dez anos depois, eu iria pedi-la em casamento.

Ela havia escolhido ficar na fazenda, enquanto eu fui para a cidade administrar a floricultura. Ela também ia pra lá e nos víamos todos os dias de qualquer forma, mas eu pretendia voltar a morar na casa da família. Com ela, é claro. Já estava formado na faculdade e possuía uma estabilidade financeira, pronto para formar uma família.

Abracei Heidi por trás, cheirando seus cabelos e depositando um beijo ali. Depois do susto ela riu e virou-se de frente pra mim, colocando a mão no meu ombro.

– O que faz aqui? – Dei-lhe um selinho, sorrindo.

– Hoje é um dia especial, certo? – Ela sorriu pra mim de um jeito perfeito, seus olhos castanho-esverdeados brilhando.

Minhas mãos estavam perfeitamente encaixadas em sua cintura fina. Sorri pra ela, ajeitando sua franja. Ela corou de forma doce e eu ri antes de me aproximar e beija-la. Nem mesmo depois de tanto tempo seu beijo deixara de ser perfeito para mim. Era doce e suave, como ela. Ainda tínhamos uma viagem até a cidade, então tive que deixar de beijá-la cedo demais. Dei-lhe um selinho por fim e lhe estendi a mão.

Andamos calmamente até nossas bicicletas, conversando calmamente e rindo um pouco. A minha estava logo ao lado da dela, uma bicicleta rosa e cheia de adesivos de flores. Na cestinha ela colocou a mochila e uma tulipa rosa (sua preferida) que havia pegado no caminho. O caminho foi feito com velocidade. Estávamos rindo e competindo pra ver quem ia mais rápido.

Eu apenas queria que alguém pudesse ter registrado aquele momento. Nós dois, rindo e brincando. Pedalando nossas bicicletas por uma estradinha de terra ladeada por tulipas, grandes terrenos verdes se prolongando e moinhos antigos salpicados. O céu estava ligeiramente nublado, mas isso de forma alguma tirava a beleza da cena.

As ruas de Amsterdã nos saldarão como sempre. Passamos em meio a bicicletas e pessoas, atravessamos as pontes necessárias e logo estávamos na floricultura. Começara a chuviscar ha alguns minutos, mas como não estávamos com guarda-chuva tivemos apenas que nos apressar. Guardamos nossas bicicletas e entramos abraçados na floricultura. Era nove e quinze da manhã, apenas quinze minutos depois do comércio ter sido aberto.

Logo estávamos trabalhando. Como em todos os dias variados clientes apareceram. Maridos querendo agrado para a esposa, uma senhora, alguns adolescentes, uma noiva. Todos querendo a minha paixão: flores. A ultima cliente do dia foi uma mãe com as crianças, querendo flores azuis.

Despedi-me de Heidi as seis, combinando de pegá-la na porta de sua casa nove horas. Observei-a enquanto partia pelas ruas frias até que não pude mais vê-la e fui para casa. Comi uma fruta apenas e arrumei tudo que estava fora do lugar, apenas para ter o que fazer. Tomei um longo e demorado banho, vestindo uma calça jeans e blusa social branca, dobrada até o cotovelo. Coloquei a jaqueta e fui preparar tudo. Peguei a cesta e coloquei vinho e taças, envolvidas por um tecido xadrez grosso. Preparei sanduiches caprichados, morangos com chocolate e bombom. A aliança que fora da minha avó estava dentro de uma tulipa rosa, cuidadosamente colocada dentro da cesta.

Peguei as chaves e minha carteira e saí de casa. Pedalei rapidamente por todo canto. O trajeto cansava, mas era um cansaço que valeria a pena. Eu dormiria na antiga casa dos meus pais com minha linda Heidi. Parecia perfeito, ela precisava apenas dizer sim. A casa antiga de sua família logo surgiu pra mim. Algumas árvores enfeitavam a fachada. Eu estava três minutos adiantado.

Bati na porta sorrindo. Sua mãe me atendeu. Ela me abraçou e beijou meu rosto, como uma mãe. Ela me disse para esperar que Heidi logo desceria. Sentei-me no sofá da sala, a cesta deixada no chão, aos meus pés. Seu pai estava ali também e conversamos apenas brevemente, pois logo ela desceu as escadas.

Estava linda. Seu cabelo caía em cachos bonitos pelas costas. Ela estava com uma maquiagem forte e escura, mas não escondia seus lindos olhos. Ela usava um vestido preto decotado e justo até sua cintura fina, abrindo uma saia rodada até o joelho. Ela vestia um casaco de lã tricotado por sua mãe rosa choque e uma sapatilha preta. Estava deslumbrante e delicada.

Quando saíamos costumo alugar um carro, assim ela se surpreendeu quando fomos caminhando até a casa que agora era minha. Fomos conversando, logo ela notou a cesta de piquenique em minhas mãos. Conversamos um pouco e entramos em meio ao campo de tulipas, em direção ao moinho. Chegando lá a conduzi até a parte de trás dele. Forrei o chão com a manta e sentamo-nos lá, encostados ao velho moinho.

Conversamos sobre tudo e sobre nada. Bebemos vinho em meio a essas conversas e comemos nossos sanduíches. A noite estava sendo apenas perfeita. As nuvens haviam sumido do céu, as estrelas brilhando lindamente. Comemos o chocolate entre brincadeiras e risadas. Ela parecia estar tão feliz quanto eu. Não estava nervoso, sabia que ela me amava, nosso futuro juntos estava certo.

Coloquei uma musica para tocar no meu celular e lhe puxei para dançar. Rodopiamos sozinhos, assistidos apenas pelas estrelas. Era uma noite sem lua. Dançamos até que ela pediu para parar. Sorri pra ela, fazendo um carinho suave em sua bochecha. Aproximei-me devagar, ela foi a primeira a fechar os olhos. Seu beijo era lento e carinhoso, cheio de amor. O ritmo do beijo aumentou, suas mãos segurando em minha nuca, se embrenhando por meus cabelos. Separamo-nos arfantes, mas felizes. Dei-lhe um beijo delicado na testa e me afastei um pouco. Peguei a tulipa e fui até ela. Seu olhar para mim era confuso, mas ela tinha um sorriso no rosto.

– Linda, desde que te conheci soube que eu nunca encontraria outra menina tão linda e tão especial. Já passamos por muitas coisas juntas. Você esteve comigo na morte dos meus pais e eu estive contigo quando precisou do meu apoio, prometo sempre estar. Eu pensei que lhe perdia para a leucemia, meu amor, e não sabe como foi difícil, mas superamos isso juntos. - uma lágrima escorreu por seu rosto e eu a limpei - Eu quero que saiba que vou estar sempre com você, para te apoiar e ajudar. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. - delicadamente deixei que a aliança caísse em sua mão e me ajoelhei, segurando sua outra mão - Eu quero que esteja comigo pelo resto de minha vida. Heidi, casa comigo?

Sua mão estava em sua boca e ela chorava. Seu sim saiu sussurrado, mas audível. Eu deslizei a aliança por seu dedo e me levantei, puxando-a para um beijo repleto de amor, carinho e respeito. Sabia que logo estaríamos na minha casa, nos amando, e que, daqui em diante, estaria sempre com ela. Para sempre.


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