Fazer você acreditar escrita por KaH Barbosa


Capítulo 7
Capítulo 7 - Testamento




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Eu, praticamente, cai na cadeira. Como assim a Ash… Minha mãe estava morrendo? Como assim a Alison sabia disso e eu não? Fiquei na cadeira e segurando a lágrimas anunciei que estava indo para o Mirros.

– Nem pensar Hanna. Você não pode ir até lá.

– E quem vai me impedir? Você? Ela é minha mãe, okay.

– Eu não deveria ter te contado, se descobrirem me matam.

– To nem aí pra isso Alison. Disse levantando.

– Por favor, Hanna. Eu só achei que você devia saber.

Não disse mais nada. Parei de frente pra pista assim que sai do Gimme e chamei o primeiro táxi que passou. Alison ficou ao meu lado em silêncio, entramos juntas no carro e o caminho todos ficamos sem dizer uma palavra.

Eu não acredito que passei tanto tempo longe da minha mãe. Nunca pensei que isso iria acontecer. Mães deveriam ser para sempre, certo?

Finalmente as lágrimas deixaram os meus olhos. Não sei se a Alison estava olhando pra mim ou para a outra janela, não me importava o que ela podia pensar, eu só queria chorar.

Chegamos ao Mirrors e eu joguei uma nota bem alta para o motorista. Passei pelos seguranças que me cumprimentaram assustados e depois cumprimentaram a Alison. Eles devem ter a memória muito boa para lembrar dela.

Assim que apertei o botão do elevador notei a Samara, a ex-prostituta amiga da minha mãe que trabalha no check-in. Ela veio correndo e nem me cumprimentou, falou diretamente com a Alison.

– Por que você trouxe ela aqui? Você sab…

– Não tive escolha Sa. E ela tinha o direito de saber.

– A Ashley não vai gostar nada disso.

– Eu me entendo com ela. Disse entrando no elevador.

É claro que a Alison me seguiu. Aquilo já estava me irritando.

– Da pra você me explicar porque está me seguindo?

– Eu preciso estar com ela quando você aparecer.

– Precisa? Como assim Alison? Você não tem nada haver com isso. Ela é minha mãe, e eu…

– Ela é minha mãe também.

– Que?

A porta do elevador abriu na cobertura. Alison não disse mais nada e saiu, fui atrás ainda perplexa. Como assim a Alison era minha irmã?

O quarto da Ashley estava sendo vigiado por dois seguranças, passei por eles se cumprimentar, mas ouvi a Alison dizendo algo.

Ashley estava irreconhecível, fiquei estática olhando para a cama onde ela estava. Meus olhos encheram de lágrimas de novo. Ela estava super magra e quase sem cabelo, estava de olhos fechados e respirava com dificuldade. Caminhei até a cama e de joelhos encostei a cabeça nas pernas dela e comecei a chorar.

– Sol?

– Mãe!

Ela deu um sorriso e olhou para Alison que estava sentada em uma cadeira no canto do quarto.

– Não tinha como ela me impedir. Eu ia vim de qualquer jeito.

– Eu só não queria que você me visse assim...

Não consegui falar nada, só chorei. Não quis saber o que ela tinha, só queria ficar ali. Ela enxugou minhas lágrimas e me pediu para sentar ao seu lado.

– O que eu posso fazer… Pra… Minimizar tudo isso. Me sinto tão culpada…

– Você estando aqui ou não isso iria acontecer Sol. O câncer foi descoberto em um estágio muito avançando. - eu chorei mais - Mas eu sei o que você pode fazer?

– Qualquer coisa, mãe.

– Me conte tudo. Quero saber tudo o que você viveu esses anos, os amores, as brigas, as baladas. Mas você tem que prometer que não vai me esconder nada. Quero saber até os detalhes sórdidos.

– Prometo. Disse em meio a um sorriso.

Ficamos a tarde toda conversando, contei realmente tudo. Eu não ia mentir pra minha mãe que estava quase morrendo. Contei do meu primeiro beijo, primeira vez, das brigas, das coisas que eu e a Aria aprontávamos. A Alison ria e comentava alguma coisa, mas eu a ignorava sempre que possível.

– Agora vamos parar de falar de mim. Me conta essa história direito dona Ashley: como a Alison virou a minha irmã?

– Deixa que eu conto Ash.

Bom, a história é seguinte: um ano depois que eu fui embora a avó da Alison faleceu. Ela descobriu que além de não ter dinheiro nenhum guardado, a casa, o único objeto de valor, iria ser hipotecado. Então ela decidiu procurar emprego, mas não conseguiu nenhum e foi recorrer a minha mãe. É claro que a Ashley a acolheu com carinho, não deixou ela trabalhar e disse que ela podia ficar até conseguir alguma coisa. Um mês depois ela descobriu sobre as prostituas e resolveu trabalhar nesta área para juntar dinheiro.

– A Ash me pegou em flagrante dois anos depois. Em flagrante assim, um dos meus clientes apaixonados queria me comprar dela. Foi um auê Hanna!

– Fiquei louca quando descobri. Não sabia se batia no cara ou trancava a Alison em dos quartos.

Eu apenas sorri para ser gentil. Não achei graça nesta história. Tudo que envolve prostituição me irrita, odeio pensar que sou fruto dessa prática.

– Bom, despachei o cara e tive uma conversa séria com essa mocinha.

– Foi aí que ela resolveu me adotar.

Ficamos conversando mais um pouco até o jantar chegar. A Alison não parou de falar um minuto sobre a vida dela, ela ainda estava terminando o último ano. Pois por causa do “emprego provisório” ela acabou bombando em muitas matérias.

– Mas quero fazer faculdade de jornalismo, ou então moda, não sei ainda.

Antes que ela falasse mais alguma coisa, meu celular tocou, era a Aria.

– Cadê você Hanna? A Emily já vai sair com Wren. Vou ficar sozinha.

– Foi mal Aria. Mas… Vou ficar aqui.

– Aqui aonde? Vai dormir no Gimme.

– Não garota! Depois te conto tudo. Amanhã de manhã a gente se vê na aula.

– Mas eu vou dormir sozinha, Hanna. E se aquelas loucas invadirem o nosso quarto de novo?

– Pede para a Emily dormir aí. E por falar nisso, o quarto está limpo?

– Impecável!

– Ótimo. Eu preciso desligar, amanhã a gente se fala.

– Ela não sabe né? Disse Alison atrás de mim.

Eu tinha saído do quarto para poder conversar a vontade. Nem escutei aquela víbora me seguindo.

– Não, não sabe. Mas porque a mãe d…

– Eu sei. A Ella trabalhou com a Ash.

Ignorei ela e fui caminhando para o quarto.

– Ela pediu pra gente tomar um banho e depois se juntar com ela para assistir um filme.

– Certo. Vou para o meu quarto.

Ela ia dizer alguma coisa, mas calou imediatamente. Só quando eu abri a porta que percebi o que ela iria dizer. Aquele não era mais o meu quarto. Todos as minhas coisas tinham sido trocadas por almofadas cor de rosa, tapete rosa, papel de parede rosa.

– Me da uma toalha.

– Olha desculpa. Não queria modificar nada, mas sua mãe insistiu… Ela achou que você nunca mais iria voltar.

– Tranquilo Ali. Só quero tomar um banho.

Ela foi até o guarda-roupa e eu fiquei observando cada detalhe. Tinha coisa de mais para o meu gosto.

– Você não largou o “emprego provisório” né?

– Que?

– Você ainda atende seus clientes.

– Ficou esperta hein Hanna. - ela me jogou a toalha - Não da pra sobreviver com o que sua mãe me dar.

– Vem cá. - disse ainda observando o quarto - Por que você fez questão de me contar sobre a doença da Ashley?

– Porque eu acho que você dev…

– Sem essa Ali. Eu te conheço muito bem. Você não faz nada que te beneficie também.

– Certo, Hanna. Eu te conto, mas você não vai falar para a Ashley dos meus clientes.

– Ok.

– Eu li o testamento dela. Ela me colocou como administradora do Mirrors e que você receberia 50% de todo o lucro. Odiei isso! Eu quero curtir e não ficar cuidando disso aqui.

– Ainda não entendi.

– Também não quero ficar recebendo dinheiro sem mover uma palha. Eu posso ser tudo Hanna, menos preguiçosa. A minha ideia é o seguinte, você diz pra Ashley que quer administrar o Mirrors e que eu vou cuidar da parte dos eventos. Assim ela fica feliz, eu posso continuar com os meus clientes e você… Bom, você vai cumprir o último pedido da sua mãe.


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Notas finais do capítulo

A Alison é sempre a Alison né kkkkk O que vocês acham do que ela propôs?



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