Fazer você acreditar escrita por KaH Barbosa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prazer, Hanna Marin




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Crianças normais crescem em uma casa grande com jardim e um balanço, frequentam parquinhos de areia, dormem na casa de outras crianças e vão a várias festas comer muito doce. Esse não foi o meu caso, cresci em um grande hotel de luxo, meu jardim era a recepção, meu balanço o carrinho de malas, frequentei banheiras de hidromassagem, dormi nos quartos mais caros até os mais baratos e as festas que ia nunca tinha uma criança, pelo menos sempre tinha chocolate.

Fui entender o que realmente era o Palace Mirrors quando completei 15 anos. Minha mãe, Ashley Marin, nunca me deixou fazer festas no hotel, ela alugava outro lugar com o mesmo perfil de luxo e me deixava gastar em tudo o que eu queria. Naquela noite ela me disse que muitos conceitos iriam mudar, estava na hora de pensar em trabalhar no hotel e para isso eu tinha que saber exatamente o que ele era.

A minha festa de 15 anos foi fantástica, alugamos o Palace Hotel Dreams, contratamos aquele ator famoso da série de televisão que eu amava para ser meu príncipe e toda a decoração foi baseada na história infantil Cinderela. Assim que todos os convidados foram embora, a limousine me levou de volta ao Mirrors e quando abri a porta do meu quarto minha mãe já estava na minha cama me esperando.

- Como terminou a noite sol?

Minha mãe sempre me chamou de sol, ela dizia que assim que nasci iluminei a vida dela.

- Incrível mãe. Me senti uma princesa.

- Você é uma princesa, Hanna.

- Acho que ninguém da minha escola teve uma festa tão fantástica como a minha.

- Eu tenho certeza disso.

- Mãe… A senhora não veio me esperar só pra saber como foi o final da festa né?

- Não sol. Você lembra que eu te prometi que te contaria algo essa noite que pode mudar todos os seus conceitos?

- Sim mamãe.

- Então querida… - ela respirou fundo e segurando a minha mão começou a falar - O Palace Mirrors não é somente um hotel… Ele é… Uma casa de prostituição.

- Que?

- Sol… Não se assuste, tudo aqui foi criado para despistar as autoridades e deixar os clientes mais a vontade.

- Eu moro num prostíbulo!!! Gritei.

- Hanna minha filha, escute.

- Não quero escutar. Quer dizer que todo mundo sabe disso? E só agora você me conta!

- Só agora você iria entender.

- Eu não entendo mãe, não entendo…

Naquela noite sai do quarto com a mesma roupa que estava. Eu não queria ficar naquele lugar, eu podia ouvir ou pior ver coisas que eu não queria. Sai do hotel e caminhei até o parque, sentei em um banco e comecei a chorar. Tudo começou a fazer sentido. Era raro mulheres fazerem o check-in no hotel; as empregas eram dividas em duas categorias, uma que realmente arrumava os quartos e outra que sempre estava com uma mala - essas eram as mais bonitas; eu nunca podia circular nos corredores dos quartos a não ser quando minha mãe estava junto e o nosso apartamento ocupava a cobertura toda, lá em tinha tudo o que precisava pra se sentir em uma casa.

Não consegui ficar muito tempo na rua, o frio estava me congelando e eu não tinha pra onde ir. Nunca entendi porque os pais não me queriam na casa das suas filhas. Voltei para o hotel com a intensão de esclarecer tudo, assim que cheguei a rua vi minha mãe na porta do Mirrors conversando com os seguranças, na certa estava mandando eles me procurarem.

- Hanna! Ela gritou e correu assim que me avistou.

- Preciso saber de tudo.

- Eu sei sol. Vamos para a nossa casa, lá você poderá me fazer todas as perguntas.

Ashley me contou que foi prostituta a 15 anos atrás, ela trabalhava para um argentino junto com outras dez meninas. Um certo dia conheceu meu pai e ele se apaixonou por ela, pelo menos era o que ele dizia, ela também se apaixonou e por um descuido ficou grávida. Assim que soube meu pai mandou ela me tirar, mas ela não quis, estava decidida a mudar de vida, queria construir uma família. Meu pai, ao contrário, queria cuidar das suas coisas sem mulher ou filha para atrapalhar. Então eles fizeram um acordo, ele financiava um empreendimento para ela e ela nunca mais o procurava.

- Eu pensei em várias coisas Hanna, mas nada me encantava. Eu queria ajudar meninas como eu a trabalharem dignamente e poder parar quando quisesse. Muitas não escolheram essa vida, mas muitas, assim como eu, acharam esse o caminho mais fácil para conseguir sobreviver. Então eu decidi que queria um hotel, mas não um hotel qualquer. Um lugar onde as pessoas pudessem vim sem ter vergonha de entrar ou trabalhar.

Meu pai achou a ideia incrível, comprou um lote, construiu o hotel e resolveu toda a papelada. Minha mãe estava com seis meses e para o empreendimento dar certo ela precisava das amigas. Antes de sumir, meu pai deu uma boa quantia para o argentino e ele liberou as amigas da minha mãe. Apenas cinco delas estão trabalhando no hotel até hoje, não como prostitutas, mas na área administrativa.

- Como… Isso aqui… Funciona? Falei pela primeira vez.

- Os clientes reservam o quarto e a garota. Aquelas que sempre estão com roupa de arrumadeira, mas andam com uma mala.

- Imaginei…

- Ele especifica tudo o que quer e na hora do check-in assina um termo de confidecialidade e quando sai paga pelo quarto, pelas horas e pela garota.

- Todas que trabalham aqui… Com as malas… Estão por vontade própria?

- Claro sol. Nunca obriguei nenhuma delas, até assino a carteira, mas como arrumadeira é claro. Você ainda é muito nova querida, mas muitas mulheres gostam desse trabalham e quando descobrem que aqui não são exploradas ficam.

- Não consigo entender… Mas… Por que está me falando isso?

- Por que agora você tem que aprender a administrar esse lugar, quando eu morrer essa é a sua herança.


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Notas finais do capítulo

Comentem queridos(as)!!!