Can't Run From It Anymore escrita por Me


Capítulo 6
Capítulo 6




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Depois daquela discussão superboba, eu e a Duda voltamos a ficar numa boa. O almoço no domingo com os meus pais e meus irmãos também foi superagradável. Minha mãe conseguiu se “redimir” com a Duda pela grosseria do dia que a apresentei como minha namorada. Tudo estava perfeito.

As artes para o Bistrô do Cadu ficaram superlegais, o Galpão Cultural foi inaugurado, terminei de tirar as fotos que estavam faltando do espaço para colocar no site, o Cadu estava muito feliz com o bom fatuamente do Bistrô, os trabalhos na agência estavam fluindo perfeitamente. Tinha até esquecido que em alguns dias a Marina estaria de volta ao Rio de Janeiro com a sua 3ª exposição, primeira em sua cidade natal.

– Pessoal, reuni vocês aqui só para lembra-los da exposição da fotógrafa Marina Meirelles sobre nuo feminino que ocorrerá sexta-feira. Ela me ligou pessoalmente e disse que faz questão que todos da agência estejam na exposição, principalmente a dupla de criação responsável pelo material de divulgação da exposição. Ela quer muito conhecer vocês pessoalmente. Meninas, ela elogiou muito o trabalho de vocês e disse que nunca sentiu que tinha conseguido trabalhar com uma dupla de criação que a entendesse de forma tão plena e fácil como vocês a entenderam e conseguiram traduzir este entendimento no material gráfico produzido. - disse o Gustavo no final do expediente de quarta-feira - Boa noite para vocês.

– Tá com moral, hein Clara?! - disse a Duda deixando transparecer um pouco de ciúme na voz. - Mesmo depois de tanto tempo sem se falar, parece que vocês ainda se compreendem perfeitamente.

– Duda, ela elogiou o nosso trabalho. A dupla de criação. Foi um trabalho conjunto. Nós conseguimos compreender a artista que ela é. Não fiz nada sozinha. O elogio é para nós duas. Às vezes, juro que não entendo essa sua insegurança. Você é tão firme e decidida para algumas coisas e tão insegura em relação a outras.

– Você tem razão. Bobagem minha. Ela elogiou o nosso trabalho! - disse Duda agora mais confiante.

***

Chegou o dia da exposição. Não acredito, que depois de quase 5 anos de silêncio quase que absoluto entre nós duas, vou ficar cara a cara com ela de novo. Bem que eu tentei inventar uma desculpa para não ir, mas o Gustavo não me deixou pular fora de jeito nenhum e se eu insistisse era bem capaz da Duda ficar desconfiada e encucada. Não que ela tivesse algum motivo para ficar assim. Posso apostar que depois de tudo que aconteceu, ela não iria nem olhar na minha cara direito e, provavelmente, assim como eu, deve estar namorando ou em relacionamento aberto com alguém. Ela definitivamente não é o tipo de pessoa que fica muito tempo sozinha.

Seria estranho encontrar alguém que foi sua melhor amiga por muito tempo, mas não precisava ser mais estranho do que tinha de ser. Só preciso agir calmamente, sem supervalorizar a situação. Recentemente passei por isso com o Cadu e tudo correu superbem, sem magoas e voltamos a ser amigos, porque isso não poderia acontecer comigo e com a Marina também?!

Passei para buscar a Duda na casa dela. Ela estava linda com um vestido estampado solto na altura do joelho e um cinto para marcar a cintura.

– Oi. - disse dando um selinho, assim que ela entrou no meu carro.

– Oi. Animada? - disse ela com um sorriso de orelha a orelha.

– Pow, você sabe que eu curto fotografia e o trabalho dela é muito bom. Ela consegue captar a alma das pessoa com usas fotos. Acho que é por isso que já está conseguindo ganhar este prestígio todo, principalmente, no ramo da fotografia autoral. O que é bem difícil.

– Verdade. Ela manda bem!

Chegamos ao local da exposição. O banner que criamos estava bem na porta do evento e tudo estava perfeito. Painéis gigantescos expunham mulheres nuas das mais diversas classes sociais e dos mais diversos tipos de corpos preenchendo aquele salão gigantesco com as fotografias da Marina. O som ambiente dava o clima da exposição. Garçons passavam com petiscos e taças de espumante pelo salão. As fotografias eram incríveis. Eu estava fascinada. Cheguei a ver alguns de seus trabalhos na internet, mas vê-los daquele tamanho em uma exposição me deixaram impressionada.

Eu e a Duda estávamos admirando as fotos e conversando quando senti alguém tocar no meu ombro. Viramos e demos de cara com o Gustavo acompanhado da Marina. Tive de me esforçar para não deixar transparecer a minha surpresa em revê-la após tanto tempo mesmo sabendo que esse encontro seria inevitável em algum momento da noite.

– Clara?! - disse Marina surpresa, assim que viramos em direção a eles.

– Oi! - disse com um meio sorriso no rosto - Quanto tempo!

– Parece que vocês já se conhecer, mas vamos a apresentação formal... - disse o Gustavo nos apresentando - Marina, essa é a Clara e a Maria Eduarda, dupla de criação responsável pelo material gráfico da sua exposição. Meninas, esta é a Marina Meirelles, a fotógrafa responsável por esta exposição belíssima.

– Oi. - disse a Duda e estendeu a mão para cumprimenta-la.

– Oi! - respondeu Marina cumprimentando-a - Gostei muito do trabalho de vocês. Acho que mesmo a distância e o tempo não fez com que perdêssemos nossa conexão, né Clara?! Foi a primeira vez que aprovei um material gráfico de primeira. Geralmente, o material vai e volta várias vezes.

– Obrigada, mas foi um trabalho conjunto. O mérito é tanto meu quanto da Duda. Ficamos muito feliz que você gostou. - disse meio sem saber como reagir diante dela e da minha atual namorada.

– Verdade. Ficamos muito feliz que você gostou! - disse Duda meio incomodada com a indireta da Marina - Tem um ditado popular que diz: “Se quer chegar rápido vá sozinho, se quer chegar longe vá acompanhado”. Acho que a nossa parceria na vida pessoal está refletindo de forma cada vez mais positiva na nossa parceria profissional.

– É... - gaguejou Marina e completou com um certo pesar na voz - É sempre bom quando conseguimos unir as coisas que amamos. Ser amigo de quem amamos é o segredo de uma relação feliz e duradoura, pelo menos eu acredito nisso.

– Verdade. Acho que não tem como manter uma relação sem companheirismo e lealdade. - disse com um certo pesar na voz. O e-mail que ela me mandou ainda rondava meus pensamentos. Aquelas palavras me marcam de verdade e, vez ou outra, voltavam para me assombrar.

– Clara, vou pegar uma bebida ali. Você quer? - questionou Duda espantando dolorosas memórias que estavam querendo voltar a minha mente.

– Vou com você. - disse - Marina, parabéns pela exposição. As fotos estão muito perfeitas.

Ficamos mais um pouco na exposição, deixei a Duda na casa dela, fiquei dirigindo pelo Rio e quando percebi estava em Copacabana novamente, bem em frente ao local da exposição. Congelei. Fiquei um bom tempo com o carro parado ali na frente olhando para o banner gigante que anunciava a exposição da Marina. O som de uma buzina me trouxe para a realidade novamente. Olhei para os lados e lá estava a incrível praia de Copacabana. Precisava ficar sozinha. Precisava pensar na vida. Estacionei o carro e fui sentar na areia. A noite estava linda e silenciosa. Só ouvia o som do mar indo e vindo e as vozes das memórias do passado em minha mente.

Estava feliz com a Duda. Nos dávamos muito bem, inclusive, no trabalho. Como podia aquele breve encontro com a Marina, mexer comigo deste jeito depois de tanto tempo de silêncio e distância entre nós duas. Memórias feliz da nossa época de escola surgiam em minha mente e eu não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto. A Marina sempre mexeu comigo, mas sempre fugi desses sentimentos. Não sei exatamente o motivo. Medo, insegurança, família tradicionalista?! Não sei. Sei que esse mix de sentimentos fizeram eu entra em pânico quando ela me contou que gostava de meninas. Ficamos uma semana sem nos falar. Até que criei coragem e fui pedir desculpas pelo menu comportamento idiota. Não que eu fosse preconceituosa ou algo do gênero, mas saber que ela era lésbica despertou sentimentos em mim que até então estava tentando ignorar nesses breves dois meses de amizade e frases de duplo sentido, por parte dela.

Eu tinha um namorado. Como poderia cogitar sentir algo a mais por uma garota que conhecia a apenas dois meses?! Não poderia deixar isso tomar meus pensamentos. Me apeguei ao meu namoro para ignorar o que sentia por ela e focamos na nossa amizade. Não sei se foi o nosso rompimento de uma semana ou o modo que reagi após ela me contar, mas depois que voltamos a nos falar ela simplesmente parou de mandar frases de duplo sentido quando estávamos sozinhas. Ela se tornou minha melhor amiga, minha confidente. Sentia que podia falar qualquer coisa para ela, só não tinha coragem de admitir o que sentia realmente por ela. Vê-la saindo com outras garotas me deixava um pouco enciumada e incomodada, mas o que eu poderia fazer?! E também não tinha nem o direito de falar alguma coisa. Ela era minha amiga. Apenas amiga!

Estava sentada nas areias de Copacabana naquela noite silenciosa e maravilhosa quando senti algo encostar no meu ombro. Acordei das lembranças e olhei para o meu lado esquerdo e lá estava ela novamente.


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